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domingo, 31 de julho de 2011

MEU AMIGO LUCA.


Amigos de infância. Quantos sobrevivem ao tempo ou às adversidades da vida? No meu caso, eu poderia dizer que nenhum. Estão todos vivos (espero), mas nos separamos em algum ponto do caminho e nunca mais convergimos. Alguns foi porque bastou a idade madura despontar para ficar claro que não havia de fato pontos em comum, nada que justificasse visitas constantes, cartas ou telefonemas. 
Os primeiros amigos que tive na vida foi na mais tenra idade, se tornaram muito importantes para mim. Adulto, tentei reaproximação de todas as formas. Como eu e minha família nunca criamos raízes num só lugar devido às constantes mudanças (e consequentemente isto trás experiencias diversas), acredito ter me tornado um corpo estranho entre eles. Eu tentei de todas as formas me inserir como outrora, te-los como se fossem extensão da minha família, até por causa da amizade entre nossas mães, mas não teve jeito, os laços nunca mais seriam fortes como antes. Pensando de forma fria hoje, creio que se nossos rumos tomaram direções distintas, boa parte da culpa cabe a mim. Eu sempre tive esta tendência ao isolamento, à auto negação, mesmo que de forma inconsciente (acho), e nem todos conseguem discernir e aceitar de forma clara. Resultado, um dia fui embora e nunca mais voltei.
Alguns outros do mesmo período eu encontraria anos mais tarde só para constatar que a vida nos tornara diferentes no agir e no pensar, estranhos enfim.

Como citei várias vezes, em 1975 aportamos em Brasília, e os amigos feitos no período da pré- adolescência teve importância capital, começavam a surgir os primeiros interesses reais pelo sexo oposto, então além de amigos, eles se tornavam também cúmplices. Ouvíamos um mesmo tipo de música e muitos curtiam quadrinhos do Capitão América, do Hulk, do Homem-de-Ferro e gostavam de seriados de TV, como Ultraman e Thunderbirds. Nada mais natural que tenham marcado bastante minha vida. Achava que aqueles primeiros camaradas seriam brothers pra vida toda. Ledo engano. Bastava aparecer um primo distante ou uma nova garota de outras plagas para ser dispensado como um guardanapo usado. Aliás, tô pra ver período mais volúvel na vida de certos homens que nesta fase da adolescência.
Seria eu uma exceção? Não sei responder a esta pergunta.

Afirmo hoje que meus irmãos são meus melhores amigos, mas naqueles tempos eles eram muito novinhos, o caçula sequer tinha vindo a este mundo, mas foi pelo período de seu nascimento que conheci um amigo, dois anos mais velho, que marcaria muito a minha vida.
Ao chegar à Capital Federal, moramos primeiramente na SQN 104, foi por um ano apenas (mas como é estranho pensar que pareceu muito mais tempo, dado às tantas coisas que se sucederam naquela época!). Depois fomos morar na SQS 202. 
É interessante como são os hábitos, na quadra anterior morávamos no terceiro andar, a nova residência era no quarto, de forma que eu apertei o botão errado do elevador, indo parar no terceiro, um dos apartamentos estava com a porta aberta, havia um rapaz deitado no sofá vendo TV, num pulo, ele se levantou e veio até mim: É morador novo no prédio?, perguntou. Sou, respondi. O indivíduo em questão era o Davi, o primeiro amigo que conheci na nova quadra. Só a história trágica dele já daria uma postagem longa, então fica, quem sabe, pra uma outra ocasião, mas foi na casa dele que encontrei uns dias depois um jovem moreno, atlético, de aspecto intelectual. Fomos apresentados, "este é o Eduardo, Eduardo este é o Luca". A educação do rapaz e seu refinamento me cativaram no mesmo instante, e saber do seu gosto por desenho e quadrinhos só reforçaram a simpatia que pareceu ser mútua. Daí a pouco ele ia embora e convidei-o a me visitar em tempo oportuno. Não pensei que ele fosse aparecer, mas apareceu daí a não muitos dias abastecido com seus desenhos. 
Eu sempre gostei de desenhar, nos colégios onde estudara era a única coisa que me dava algum destaque. Se pensava que sabia alguma coisa, meu queixo caiu ali, eu nunca tinha visto nada como aquilo; a revista Mad, ainda era bastante popular naqueles idos de 1970, mas eu não conhecia nada, e os desenhos do Luca tinham muito daquelas coisas loucas do Dom Martin, não os desenhos, pois o traço do meu novo amigo tinham outras peculiaridades, mas os temas dos quadrinhos que ele fazia iam por esta vertente. Fiquei embasbacado, eu precisava aprimorar meus rabiscos e minhas idéias, se não quisesse ficar para trás. Aquele, definitivamente foi meu ponto de partida (ainda que não tivesse consciência disso) para a vida como ilustrador e quadrinista. Minha influência primeva, a mais forte, foi o desenho do Luca.
Nos tornamos íntimos a partir dali, o rapaz, de família privilegiada, tinha HQs importadas do Spirit, era um ávido leitor de livros, principalmente do gênero ficção científica estilo Perry Rodhan, e como eu, um fanático por animais selvagens e fissura por séries de TV de todos os tipos, de Nacional Kid a Kojak, ao mesmo tempo, um mundo inteiro se abria para mim através dele.
Claro que haviam outras pessoas em sua vida, amigos mais antigos como Cesar e Ariel, e ele sempre foi extremamente fiel a estes amigos, que por tabela se tornaram meus conhecidos com o tempo. Mas verdade seja dita, nunca me senti muito à vontade naquele meio, é como se eu fosse de uma casta inferior e estivesse forçando minha entrada naquela sociedade. Quando criança não temos o poder de discernimento, se eu tivesse, teria evitado muitas situações vexatórias que me marcaram a vida. Não culpo ninguém, ninguém tem culpa se você é pobre, corcunda ou anão. E muitos reagem aos "esquisitos" conforme os ditames do seu tempo.
Eu e Luca, tínhamos uma espécie de mundo próprio. Um sonho comum à ambos, era um dia casarmos com a mulher ideal, e viver uma vida plena de felicidades.Ele idealizava um tipo de garota e eu outra, e isto era estampado nas histórias que criávamos. Muito profícuos na adolescência, e fanáticos por todo tipo de filme de cinema, fazíamos nossas próprias peças de teatro. Era uma coisa meio louca, escolhíamos um tema qualquer, e íamos improvisando. Até aí nada de mais, só que apenas um de nós representava todos os papéis, dublando vozes, dando personalidade aos tipos, desenvolvendo a trama até onde desse. Depois era a vez do outro tentar superar. Ríamos como doidos. Curtíamos em particular cenas de ação, lutas corpo-a-corpo, era algo bizarro, como se batêssemos num homem invisível (ou apanhássemos dele), nos jogávamos no chão como se alguém poderoso nos atirasse com fúria, suávamos e nos machucávamos com frequência (ainda bem que minha mãe não via).  As vezes tínhamos assistência, em geral, meus irmãos e alguma empregada que trabalhava em casa. As gargalhadas eram uníssonas, e até hoje não sei se era por ser ridículo ou hilário de fato, a nós dois isto pouco importava, éramos os mestres de cerimônias e dávamos vazão a algo que urgia em sair, fosse loucura ou criatividade, ou ambas. Claro que o Luca era infinitamente mais criativo e muito melhor ator. Sempre admirei a facilidade com que ele criava situações divertidas.
Antes da chegada da década de 80 eu fui embora para o Rio de Janeiro atrás da primeira mulher que amei de verdade, lá vivi uma vida muito infeliz, não muito tempo depois a garota me deixou, não tive cara de voltar para casa da mesma forma que tinha saído, então tentei vencer por lá sem sucesso. Umas das coisas que me ajudaram a sobreviver foram as cartas do Luca. Trocávamos histórias cheias de dramas e muita violência, algumas de faroeste, outras policialescas, a maioria era ilustrada. Dividíamos em capítulos, e a ansiedade por uma nova carta era grande. 
Lembro das séries que ele criou, havia uma em particular que foi batizada de "Restaurante Babinha Flutuante"; uma pessoa qualquer chegava no local e o maitre lhe apresentava o cardápio que era composto das maiores podridões possíveis. Escatologia pura. Cheguei a colaborar com uma ou duas HQs. Tem que ter criatividade para desenvolver algo realmente enojante. Na boa, aquilo era motivo de muita diversão, éramos garotos e, pelo menos no meu caso, uma forma de fugir da realidade.
Já faz muitos anos que não vejo meu amigo Luca, inevitavelmente nossos caminhos se dividiram. Ele se casou, hoje é um bem sucedido professor de história da Fundação Educacional do DF. Recentemente voltamos a nos corresponder por e-mail, ele parece feliz aos 50 anos, e eu fico alegre por ele. Soube que ele ainda guarda pedaços de nossas juventudes naquelas antigas e finas folhas de cartas. É alentador saber disto.
Esta página de HQ foi desenhada por ele e eu finalizei com uma esferográfica preta. Lembro de um sem número de historinhas deste naipe que fazíamos, cada qual no seu estilo.

Obrigado por tudo meu velho, se eu fosse escrever tantos momentos memoráveis que tivemos, eu passaria muitos dias aqui. A mim basta para matar um pouco as saudades daqueles tempos.
Que Deus te abençoe. 


sexta-feira, 29 de julho de 2011

CRISTÓVÃO


Me deram uma informação errada. Falaram que São Cristóvão era o padroeiro dos motociclistas, juntamente com os motoristas. Pesquisando na net descobri que a verdadeira padroeira dos que viajam em duas rodas é a Nossa Senhora Medianeira. O que isso tem a ver? Bem, quando me pediram alguns cartuns envolvendo motocicletas, me falaram do Cristóvão, aí fiz estes esboços. Não foram usados (por causa do engano, será?)  mas fica aqui o registro, só pra fechar a semana.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

CARNAVAL E QUARTA-FEIRA DE CINZAS.


Os desenhos que acompanham a postagem de hoje foram criadas para um livro de poesias, seguindo as orientações do autor. Foram um total de oito artes que procurei fazer sem seguir aquele clássico estilo de ilustração a bico de pena. Eu os criei como criaria alguns dos meus quadrinhos. Não foram publicadas no final das contas. Algo até corriqueiro neste ramo, mas nem por isto menos desalentador. Recebi pelo trabalho, claro, mas quando se empenha em realizar uma tarefa com toda dedicação, deseja-se que as emoções que brotam no trajeto sejam compartilhadas pelos chamados "artistas observadores" (sim, para se deleitar com arte, precisa ser um artista também). Nós que criamos, precisamos da aprovação dos expectadores, ou mesmo de sua rejeição, pois esta, de alguma forma, é uma reação à arte, prova que o produto de tanta labuta não passou despercebido.
Hoje, com a NET e espaços como este as artes não precisam mais ficar restritas ao fechado círculo de amizades, felizmente, contudo, não parece a mesma coisa. É como atirar num pato e acertar um pardal. Ok, menos mal, pelo menos acertamos em alguma coisa.
Não foi culpa do autor, ele, uma pessoa muito gentil, deve ter ficado mais frustrado ainda, até porque gastou dinheiro para ver algumas formas às suas palavras. São estas editoras e suas políticas próprias. Assim é a vida.
Fica aqui registrado meus agradecimentos a este talentoso escritor e poeta, e o desejo de muito sucesso em suas publicações.

terça-feira, 26 de julho de 2011

NOVO ÁLBUM DE ZÉ GATÃO A VENDA.

Queridos e queridas, bom dia.
Conforme prometido, estou informando sobre como adquirir o novo álbum do Zé Gatão. É só acessar o link abaixo:
http://www.bodegadoleo.com/DetalhesProduto.aspx?Pub=GPADA&Num=1

Também há uma cobertura do evento Os Melhores da PADA neste link: 
http://www.prismarte.com.br/pada/?p=958

É cedo e já estou de saída. O dia hoje será cansativo, pouco tempo para trabalho inclusive, por isto minha passagem por aqui é breve.
Nem sei se poderei me encontrar com vocês regularmente esta semana. Vamos ver.
Por hora, fiquem com mais uma imagem do felino taciturno.
Tenham todos um ótimo dia.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

ZÉ GATÃO E OS MELHORES DA P.A.D.A.


Ok, eu sempre soube que Zé Gatão não era lá muito popular, eu então nem se fale, nos tempos de colégio, cheguei a pensar que era invisível; eu mesmo olhava pro meu rosto no espelho e pensava: Acho que já vi este cara em algum lugar. Daí não deveria ser motivo de espanto que houvesse tão pouca gente no MAMAM na sexta-feira (tinha o que, vinte pessoas? Acho que nem chegava a tanto). Mas junto ao lançamento do novo álbum do gato taciturno, haveria a entrega de prêmios dos Melhores da PADA. Um assunto que diz respeito a todos que curtem HQs e se dizem batalhadores pela produção nacional. E eu sei que a coisa foi amplamente divulgada. Ok, é natural que por motivo de força maior alguns não puderam comparecer, mas um número tão pífio de pessoas num evento que era pra ser prestigiado por todos que insistem em afirmar que são fãs deste importante meio de comunicação, responde (em parte) por que os quadrinhos nacionais não decolam.
Meu amigo Nestablo, que ao contrário de mim procura ver o lado positivo de tudo, diria que não importa o número de pessoas ausentes e sim a qualidade dos que estavam presentes. Concordo plenamente, quem ali estava, são verdadeiros guerreiros dos Comics, são pessoas que juntam grana do bolso para editar Gibis, gastam tempo com reuniões, promovem premiações, vão atrás de patrocínios e etc, mas serão somente estes? Peralá. A casa deveria estar cheia.
Sei que muitos vão dizer que falo isto por dor de cotovelo, mas na boa, não é isso não, eu até que tive meu ego bem massageado, elogios não faltaram ao personagem, ao álbum e à minha pessoa, e sou grato aos realizadores e quem compareceu para prestigiar, autografei uns 15 álbuns, o que não julgo pouco em se tratando de um material 100% underground como é o caso deste Zé Gatão pela Graphic PADA.




Cheguei ao evento uns 10 minutos atrasado, e não foi só eu (ainda bem). Nestablo Ramos Neto veio da minha amada Capital Federal, para receber seus prêmios por sua obra ZOO .
Apertos de mão. Elogios. Álbuns vendendo. O talentoso e premiado Luciano Félix fez uma caricatura minha. Odeio tirar fotos, mas não havia como fugir, relaxei e deixei a onda me levar.




No auditório, para minha surpresa, fui chamado ao palco para falar sobre o felino e seu mais recente álbum. Fui lá morrendo de vergonha mas dei o meu recado. Várias perguntas, algumas respostas.
Nestablo levou quase todos os prêmios. Ele merece. Sorteios. Alegria geral. Hora de autografar os álbuns.
A cobertura completa você confere no Zine Brasil, da Michelle ramos http://zinebrasil.wordpress.com/2011/07/25/cobertura-pada-2011/


Saí de lá bastante satisfeito. Minha profunda gratidão a todos os realizadores, não vou nominar para não cometer a injustiça de me esquecer alguém.
O álbum, como já disse, totalmente underground, superou as minhas expectativas. Ainda não sei se já está disponível no site da Prismarte, mas assim que tiver confirmação eu aviso aqui.


Grato pela a atenção de todos.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O NOVIÇO ( 03 )


Hoje temos mais duas imagens de O Noviço, do Martins Pena.
Eu tento dar um acabamento diferencial para as artes de cada livro. Obviamente a estrutura do meu desenho não muda, mas na forma de finalizar eu procuro dar um "tom" que eu sinta que casa com o clima da história. Tem mais a ver com meu feeling do que qualquer outra coisa. No caso desta obra, que na verdade é uma peça teatral, uma comédia, pra ser mais exato, achei por bem evitar muitas firulas.

Hoje é o dia do lançamento do novo álbum do Zé Gatão, sou averso a ambientes com muitas pessoas (haverá na mesma ocasião uma entrega de prêmios) , mas todos estão falando pra eu aproveitar o momento, e estão certos, a atmosfera que vai se respirar lá tem tudo a ver com este nosso universo de quadrinhos, caricaturas e etc, algo que eu respeito e gosto muito.
Então se nosso Eterno Pai der Sua permissão, na segunda estarei aqui para comentar como foi, se possível, com fotos.
Bom fim de semana a todos e até lá.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O MISTERIOSO CASO DOS LOBISOMENS GIGANTES ( CENA 01 )


Dizem que a idade trás experiência e sabedoria. No meu caso, há controvérsias; como já disse aqui outras vezes, sinto-me como um adolescente babaca preso num corpo em decadência. Meus devaneios e idílios não mudaram substancialmente desde a época em que tinha meus 10 anos. Ao contrário, o passar do tempo só me tornou mais misantropo e covarde. Digo covarde por não ter mais a coragem de arriscar certas empreitadas, ou por culpa das experiências passadas, achar que não vale mais a pena perder tempo com certas fantasias, o que é uma pena, pois ainda gosto bastante de certas idéias que não me abandonam a cabeça quando começam a tomar forma. Foi assim com a maioria das HQs que criei. Lutei para dar corpo a elas e no final das contas não atingi o alvo objetivado (pelo menos não ainda).
Certos conceitos surgem ao acaso, uma palavra, uma cena na rua, as vezes inspirado por algum artista que admiro, geralmente quando estou caminhando. Alguns ganham vida no papel, outros morrem antes de germinar, outros ainda, eu mesmo mato por constatar após rascunhar, que não são funcionais. Li certa vez, não lembro qual músico (não sei se foi o Paul MacCartney), que ao sonhar com determinada melodia ele acordava no meio da noite e rabiscava as notas num papel para não esquece-las. Mais tarde, ao tocar, algumas funcionavam, mas a maioria eram descartadas, pois eram uma merda. Comigo acontece assim também.

O Misterioso Caso Dos lobisomens Gigantes foi concebido não lembro bem de que forma, nem quando, mas era pra ser uma série de pinturas a óleo. Eu uniria num só conjunto duas coisas que sempre me fascinaram, gigantes e lobisomens. Com o passar dos dias, eu comecei a me questionar do porque. Quem se interessaria por uma coisa que só dizia respeito a mim? Quem iria comprar? Quem colocaria uma arte deste tipo na parede?  Talvez algum adolescente fã de filmes de horror, mas este mesmo garoto ao se casar com uma mulher que compra quadros para combinar com o sofá, iria descarta-lo, quem sabe guardar num canto para ser embolorado e esquecido.

Nós que admiramos a arte fantástica, vemos valor neste tipo de trabalho, mas a grande maioria não pensa assim; lembro quando certa vez levei meu portfólio para um amigo que admirava meus desenhos dar uma conferida, e a esposa dele, perplexa com o que viu, exclamou: "Como alguém tão talentoso se presta a criar coisas tão grotescas?". Ficamos todos calados e constrangidos.
Este tipo de arte, afinal, parece mesmo destinada às capas de livros, ou se eu morasse num país onde fosse possível ter meu próprio livro de portfólios e tivesse público pra isso. Nem quero pensar se o Boris Vallejo nunca tivesse saído do Peru. Ou se o José Roosevelt e o Juarez Machado nunca tivessem ido embora do Brasil.

Como já disse, a idade me tornou um poltrão, então desisti das pinturas, mas como ainda achasse o tema instigante, optei por criar uma HQ, ou contos ilustrados para dar corpo ao que se revolvia em minha mente. Mas eu não tinha uma história com começo, meio e fim muito claro na cabeça, o objetivo era mesmo uma pintura que falasse por si. Há também o fator tempo hoje em dia, e para agravar, como me dar ao trabalho de fazer quadrinhos sem a certeza de que será publicado?

Com isto tudo, restou apenas alguns desenhos que fiz para não ficar frustrado. E depois, quem sabe tudo não mude e estas pinturas um dia ganhem vida?

quarta-feira, 20 de julho de 2011

ZÉ GATÃO, PRÉVIA DO PRÓXIMO ÁLBUM.

Até o presente momento não fui informado sobre o andamento do novo álbum do felino taciturno, imagino que já esteja impresso e pronto para o lançamento na próxima sexta. Eu mesmo, ao que tudo indica, só poderei conferir no evento.
Mesmo assim, segue um preview do que será visto nele.
Pra falar a verdade, estas histórias curtas não seriam publicadas num primeiro momento, isto porque são bem antigas e foram criadas de forma, digamos, urgente. Ou seja, batia a ideia e eu interrompia qualquer trabalho que estivesse fazendo e riscava no papel sem muito planejamento, para isto eu usava os materiais mais fáceis de se manusear, como esferográficas e canetas de retroprojetor num papel sulfite. Importava mais o conteúdo que a forma. Evidentemente que não são todas, tem uma história a cores e a "NOTURNO", teve um acabamento formal. São coisas mais intimistas. Reflexões que tomaram formas de HQs.
Até que o roteirista e editor Leonardo Santana afirmou ser fã de Zé gatão, e como estas páginas já envelheceram a muito, perguntei se ele não estaria interessado em publicar algumas. Ele se entusiasmou e depois de uma reunião com outros caras da P.A.D.A. resolveram que cinco daquelas narrativas comporiam o primeiro número do que será chamado Graphic Pada. Eu adorei, é claro. Será uma tiragem limitadíssima e só será vendida pelo site da Prismarte. Assim que tiver mais informações  eu aviso aqui.
Vamos às histórias:

O álbum começa com "Right Here, Right Now", isto é quase uma brincadeira com estes telejornalismos sensacionalistas tipo "Aqui e Agora". E que fique claro desde já, ela será publicada no álbum em preto e branco.




Noturno fazia parte do CRÔNICA DO TEMPO PERDIDO da Via Lettera, mas no final acabou ficando de fora. É a história mais antiga, feita ainda num velho estilo.



A Place Where We Used To Live, é uma espécie de homenagem ao Mark Knopfler, um dos meus músicos preferidos, o título da história é também nome de uma canção do guitarrista.



Cemitérios é, assim como Noturno, baseada em fatos reais.



Por último a do talk show, criei esta HQ quase de uma tacada só. Algumas reflexões que visam satirizar os vários comentários que ouvi desde que publiquei quadrinhos pela primeira vez.



Então é isto. Se tudo der certo, a gente conversa mais amanhã, ok? Até.

terça-feira, 19 de julho de 2011

SKETCHBOOKS.

Sketchbooks.
Muitos artistas do passado tinham seus cadernos de rascunhos, lembro de um do Al Williamson que era de cair o queixo. Sempre houve isto, mas hoje parece até que virou moda, dá até pra imaginar que os desenhistas fazem suas artes "rascunhadas", com intuito de vender ou publicar neste formato. Claro, todos gostamos de ver o processo criativo de nossos autores prediletos, mas não sei, muita coisa não me convence, soa oportunismo. Mas sei lá, deve ser, como sempre, paranoia minha. Possivelmente alguns artistas consagrados (como o Crumb), venderam por uma fábula seus cadernos de rascunhos, que todos intuíram que seria um negócio bastante rentável; bom, se há quem pague bem por eles, tudo bem. Mas o caderno original, né? Só que muitos estão publicando em forma de livro o que deveria ser algo pessoal do autor. Ah, não tenho nada com isto, foi só um comentário.
Eu tive vários cadernos de estudos, na verdade nem eram rascunhos, mas pequenos desenhos malucos que brotavam da minha cabeça, muitos destes desenhos ficavam nas bordas de cadernos da faculdade. Todos se perderam. Devo ter em algum lugar uns destes caderninhos de desenho com estudos de caricaturas, mas nem imagino onde, talvez na casa da minha mãe, ou dentro de algumas das caixas aqui em casa que não são abertas faz anos.
Hoje em dia raramente faço desenhos de observação, mas as vezes me pego rascunhando alguma coisa, como este da Verônica vendo TV. É gozado, não tenho mais tanta paciência. Pena, porque é divertido ver o resultado de algo tão espontâneo.

  

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O DIA ESTÁ CHEGANDO.


Hello, friends, a segunda hoje amanheceu ensolarada, um sol tépido, bem incomum por estas paragens, portanto merece registro. Mas isto se deve aos dias predecessores que foram chuvosos e úmidos em boa dose. Não que eu me queixe (apesar das ruas quase intransitáveis neste período), é bem mais acolhedor que o calor matador que faz nesta parte do país.
Nestes dias de água caindo do céu quase ininterruptamente, estive boa parte deles no meu reduzido estúdio produzindo minhas artes, mais especificamente as ilustrações do novo livro em que trabalho, e sempre me espanto com a passagem rápida do tempo. E nesta sexta-feira próxima, o novo álbum de Zé Gatão será lançado. Sobre ele, pretendo tecer alguns comentários em breve; na verdade tais comentários, bem como a capa que pode ser conferida aí no alto, eu pretendia fazer às vésperas do evento, mas os responsáveis pela publicação já postaram informações em redes sociais, então, não posso ficar de fora. Portanto, fiquem com dois borrões que fiz aproveitando sobras de tinta só pra relaxar.
Por hoje é só.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

APENAS DEVANEIOS.


Faz tempo já, parei de me preocupar em agradar os outros através do meu trabalho. Sempre inseguro e extremamente exigente com meu traço, eu procurava um jeito de encontrar um público que se identificasse com as coisas que crio. A fantasia é a melhor forma que encontro para me expressar e demonstrar a maneira como vejo as coisas ao meu redor, ou melhor dizendo, como eu traduzo os acontecimentos que protagonizo ou que testemunho. Daí porque, não vejo necessidade de criar uma obra autobiográfica para transmitir meus pensamentos, ou desabafos se preferirem; pode ser numa boa história de ação, se ela vem recheada de violência e sexo, é porque não gosto de maquiar a realidade apenas para tornar o terreno mais confortável para o leitor. Quanto ao desenho em si, durante anos procurei um estilo que fosse inconfundível, como os do Colin ou do Mignola por exemplo, sem conseguir um resultado satisfatório. Mas aí é que está, ele surge quando você menos espera, sem se dar conta, seu método de se colocar no papel, sem que se perceba de maneira racional, fica ali impressa como uma digital.
Minhas influências são bem conhecidas: Corben, Wrightson, Liberatore e um ou outro detalhe que fui roubando de alguns outros mestres pelo caminho como Moebius e Eisner. Esta fusão, acho, deu este visual que alguns dizem identificar sem nem olhar a assinatura. Fico orgulhoso quando alguém me diz que viu algo em banca e imediatamente reconheceu meu trabalho apenas pelo estilo. Se tem personalidade própria, então valeram os esforços de todos estes anos.
Um detalhe como o movimento do corpo, a maneira como se desenha um rosto ou uma parte dele, pode até mesmo ser o que muitos chamariam de "defeito", mas que vira uma marca registrada do autor, ou seja, aquele pé ou mão, só tal desenhista poderia faze-lo.
As artes que mais me agradam não são aquelas em que tenho que me esforçar para agradar gregos e troianos, como nas lições de anatomia ou nas ilustrações para livros, mas aqueles que faço para descansar a mente, sem obrigação de ser coerente, deixando a mão riscar com uma esferográfica qualquer diretamente no papel, desconectada da cabeça o máximo possível, como demonstram estes exemplos postados hoje. Se são carregados de luxúria, castração ou tristeza, eu deixo para os psicólogos de plantão. Meus quadrinhos sempre foram carregados de simbolismos, e acho que ninguém percebeu, ou não deu a mínima, mas como eu disse no texto de inauguração do blog, acho que eu dou uma dimensão ao meu trabalho muito maior do que ele tem na verdade.
Ah, seria tão bom se eu pudesse pintar ou desenhar de olhos fechados, captando de dentro dos sentidos direto para a prancha, e ainda assim dar a forma precisa, que coisas poderia produzir! Não falo de abstrato, aquela coisa sem forma, cheia de cores caoticamente misturadas, nem do surrealismo, mas do desenho perfeito, saido diretamente da emoção para a tela, sem a interferência do olho lógico. Parece doidera, né? Bem, taí o porque muitas das minhas HQs serem como são.
Bueno, por hoje já filosofei demais. Nos vemos de novo na segunda? Quem sabe? Deus sabe.
Cuidem-se.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

SANGUINEA.


Amadas e amados, voltei.
Espero estar aqui com mais frequência. Estes últimos dias tem sido particularmente complicados, as vezes o trem sai dos trilhos e recoloca-lo é uma questão de paciência, esforço e tempo. O meu está de voltando aos poucos.

A arte de hoje é uma sanguinea antiga que fiz para um dos cursos de desenho (parte que trata de anatomia). Foi uma sugestão do editor, inclusive mandaram o modelo a ser retratado. Por motivos que desconheço, acabou não sendo publicada. Mas fica aqui o registro, embora esteja longe de ser um dos meus trabalhos preferidos.

Meus esforços estes dias tem sido todos direcionados para as ilustrações do livro "Memórias De Um Sargento De Milícias". Me pergunto se voltarei a ter tempo para meus projetos pessoais. Estão todos parados, inclusive a biografia do Edgar Alan Poe, que não chega a ser um trabalho particular (pois foi encomendado), mas me entusiasmei tanto com ele que lamento profundamente que ninguém me pague para dar continuidade. Fico prometendo a mim mesmo todos os dias, tirar um tempinho a noite para tocar estas coisas devagar, mas o cansaço não permite, e são tantas pequenas e aborrecidas coisas que surgem ao longo do dia que minam a vontade no final do expediente.
Este é o problema deste tipo de profissão, o sucesso, se é que posso chamar assim, muitas vezes chega tarde, quando a resistência de outrora não é mais a mesma. Eu pensava que quando tivesse uns 50 anos (tô quase lá), poderia relaxar depois de tantos rabiscos, mas me vejo obrigado a trabalhar mais que nunca, afinal algum reconhecimento só está chegando agora, e com ele as encomendas. Felizmente tenho dois álbuns inteiros do Zé Gatão para publicar (além do amargoso "Phobos e Deimos"). Era um tempo em que eu não era casado e morava com meus pais. Mas hei de concluir algumas obras paralisadas, se Deus quiser.

Devo estar precisando de óculos, só assim para explicar a irritação nos olhos e esta cefaléia onipresente. E o dia de voltar ao dentista se aproxima (alguém me acuda!).

Está chegando também o dia do lançamento do álbum do Zé Gatão pela P.A.D.A.
Novidades no http://www.prismarte.com.br/pada/?p=918 

Nos vemos amanhã? Combinado então, estarei aqui se o bom Deus permitir.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

MAIS UMA SEGUNDA DIFíCIL.

Definitivamente há dias complicados. Felizmente não é questão de saúde, apenas dinheiro. Não sei, não sou perdulário, até pelo contrário (odeio quando a fraze rima, acho que empobrece a sentença), mas por mais que corra, a solução de certos problemas estão sempre alguns passos de distância à minha frente. É frustrante. Como enxugar gelo. Hoje, para piorar fui fazer um saque, e a máquina não soltou o dinheiro, mas constava no visor que o saque fora feito. Detalhe, eu estava dentro do banco e a funcionária ficou surpresa de que aquele terminal já não estivesse desligado, uma vez que estava apresentando problemas. Respirei fundo e fui fazer minha queixa no setor de serviços. Pegaram o número do meu cartão e farão uma verificação, de qualquer maneira, disseram que levam 24 horas, para o dinheiro voltar à conta. Eu tinha que fazer um pagamento hoje. Lógico que não vão me reembolsar os juros pelo atraso da fatura. 
Fico pensando se estará tudo resolvido amanhã, ou se vão dizer que saquei o dinheiro. Cara, odeio estas coisas!
Infelizmente não é o único problema, mas sobre o outro, bem mais grave, não posso declinar.
Mas calma, sobriedade, ainda há trabalho (que estes dias irá atrasar) e consequentemente novos pagamentos que me ajudarão a sanar as questões. O Senhor Jesus já havia nos advertido que no mundo teríamos aflições, mas que tivéssemos bom ânimo, afinal, Ele venceu o mundo.

Este desenho foi um lápis de cor aquarelado para um dos manuais de desenho. Não gosto dele.
Um abraço a todos.

RESENHA DE ZÉ GATÃO - SIROCO POR CLAUDIO ELLOVITCH

 O cineasta Claudio Ellovitch, com quem tenho a honra de trabalhar atualmente (num projeto que, por culpa minha, está bastante atrasado) tem...