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domingo, 20 de maio de 2018

O MAL QUE SE ESCONDE NOS CORAÇÕES HUMANOS.

Ah, esses dias próximos do fim! Quão lentos parecem na tristeza! Quão rápidos passam em momentos de bonança!

Eu nunca mais tinha comprado quadrinhos, mas esta semana passei na revistaria que costumava frequentar e me deparei com um "Coleção Histórica Marvel" dedicada ao Shang-Chi, o Mestre do Kung Fu. Adquiri na hora! A primeira vez que li este gibi foi em 1975, ano em que fui morar em Brasília. Por aquele período eu era fissurado em artes marciais, viciado nos filmes do Bruce Lee e na série televisiva Kung Fu (já declinei isso aqui um porrilhão de vezes!). Como minha leitura anda muito lenta devida ao tempo escasso, ainda estou nas primeiras histórias, mas dá para sentir que aquilo não envelheceu nada, tem o mesmo frescor, continua muito bom e me transportou àqueles dias ensolarados na Capital Federal. Ainda tem mais três edições para sair, fico no aguardo.

Esta semana fiz muitos esboços para trabalhos que estão em andamento e finalizei a arte do enigmático O Sombra. Mítico personagem criado na década de 30 para o rádio e depois adaptado para a literatura pulp, cinema e quadrinhos. A iustração foi encomendada pelo André Araújo, um cara muito legal que diz gostar dos meus traços e cores. Valeu a confiança, André!


Nos últimos tempos tenho recebido retornos muito emocionantes de pessoas que gostam do que eu crio. Bem, não chega a ser uma novidade, sempre leio comentários gentis de alguém que começou a desenhar depois que conheceu meus rabiscos. Mas teve dois episódios recentes que me marcaram e que vou guardar no coração com muito carinho. Antes de ter um computador eu frequentava uma lan house que ficava a umas quadras de distância da minha casa para escanear minhas artes e mandar para a editora Escala. Um menino que também comparecia ao local, certa vez, muito educadamente, me abordou: "O senhor é desenhista?" Eu: "Um pretenso desenhista, sim." Ele: "Eu também gosto muito de desenhar." Eu: "Que bom!" Ele: "Seus desenhos são demais!" Eu: "Obrigado!" Não lembro bem o restante do breve papo mas eu incentivei ele a continuar a se desenvolver no desenho. De lá para cá eu o encontrei algumas poucas vezes no bairro e sempre trocamos algumas ideias sobre quadrinhos. Ele sempre polido. É um mocinho miúdo de muito boa aparência. Gosta muito mais da DC do que da Marvel. O caso é que umas duas semanas atrás eu cruzei com ele (agora um rapaz - ainda pequeno em estatura - bem vestido e de cavanhaque) em uma esquina e no breve colóquio que tivemos ele me disse que na verdade não continuou desenhando, mas que  havia se formado em designer gráfico e ganhava seu dinheiro com isto, e acrescentou que isso só aconteceu pelo incentivo que dei a ele naqueles dias da Lan House. Fiquei feliz por ouvir de viva voz.
O outro caso foi uma mensagem que recebi no Facebook de um rapaz que disse que sofre de depressão crônica (sei bem o que é isso, e como sei!) e que numa das piores crises que ele teve o que o ajudou a superar foram meus textos neste blog e ao ler Zé Gatão - Crônica  do Tempo Perdido ele se sentiu "em casa", se não fosse isso ele não sabe o que poderia ter acontecido.
Deus trabalha de muitas maneiras misteriosas - eu creio nisto! - e parece que minha escrita e meus quadrinhos tiveram funções um pouco além do que meramente entreter.
Sinto-me recompensado.

Escrevo estas palavras hoje um tanto na pressa, portanto perdoem algum erro. 

Que todos vocês tenham uma ótima semana!

8 comentários:

  1. Viu só a baita responsa de postar na internet, Schloesser? A gente nunca sabe quanto nem quando está influenciando alguém. Tenho o maior medão disso. Já pensou se eu resolvo desistir da vida porque um tal de Flaubert disse que sou feita pra dor e que o destino do meu coração é viver mergulhado em lágrimas? ;) Brincadeiras à parte, seu desenho ficou sensacional! Parabéns!

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    1. Obrigado, Carla! Brrrr, até que você tem razão, da mesma forma que alguém se identificou com meus lamentos e decidiu prosseguir em frente, podia ser o contrário também. É um negócio complicado. Será que Rezso Resess imaginaria que sua canção, Gloomy Sunday, seria responsável por mais de 100 suicídios? Tema bom para discusão.

      Grande abraço!

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  2. O Sombra conheci numa reportagem da Heróis do Futuro, falando que ele foi uma das influências na criação do Batman e através do filme com Alec Baldwin. No YouTube, tem um seriado legendado, que ainda não terminei de assistir.

    Muito que fui a lan houses quando não tinha computador e internet em casa.

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    1. Poxa, Anderson, legal saber que tem um seriado no YouTube, curto muito O Sombra!
      Valeu, man!

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  3. Vale a pena desenhar Eduardo,acredito muito na arte como escape do cotidiano,terapia,um presente de DEUS para aliviar a alma,muito emocionante este relato!!!!

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    1. São palavras muito gentis, Rita, agradeço imensamente! Concordo, a arte para mim sempre foi um grande lenitivo.

      Abraços!

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  4. Caro Eduardo, eu gosto muito d'O Sombra! Meu primeiro contato com ele foi através de uma revistinha da Ebal com desenhos dele feitos pelo Mike Kaluta (um mestre pouco reverenciado). Lembro que na época eu achava estranho o visual antigo, as roupas, os carros, as armas etc. Mas, aos poucos fui conhecendo e descobrindo mais sobre ele. Um dia, ao passar na livraria da Ediouro na Conselheiro Crispiniano, no centro velho de São Paulo, e passei na loja Museu do Disco, quase do lado da livraria. Minha intenção era comprar uns livrinhos de bolso do Sherlock Holmes e do Perry Rhodan (dois universos fictícios completamente díspares!). Mas no Museu do Disco me deparei com um vinil importado sendo vendido a um preço bem honesto: uma novela original do Sombra. Tinha até uma foto meio borrada do Orson Welles no verso com os dizeres "The voice of the Shadow!". Por causa desse disco, que ouvi até gastar, comecei a pesquisar e estudar o fenômeno que foi o sombra nos pulps e em outras mídias. Mas os pulps me abriram um universo literário que eu não conhecia até então. Creio que o mais próximo que nós tivemos dos pulps no Brasil foram os famosos "bolsilivros" de faroeste e histórias policiais (que consumi bastante na adolescência). De repente, me vi encantado por aqueles personagens de moral e valores em preto e branco que hoje caíram em desuso. É um universo fantástico este do Sombra e dosoutros heróis dos pulps americanos! E aqui, lendo sua postagem no seu blog, penso na responsabilidade que temos ao escrever ou dizer algo publicamente. Quase nunca pensamos no efeito que nossas palavras podem ter nas pessoas, mas, com o tempo, aprendi o quanto podemos mudar o dia de uma outra pessoa com simples gestos como um sorriso, um "bom dia" ou uma palavra gentil. Acho que isso deveria ser uma regra de ouro no convívio com outras pessoas. Se estamos caminhando aqui na terra e, muitas vezes nos deparamos com enormes pedras no caminho, uma palavra amiga ou um bom conselho fazem toda a diferença. E acredito que devemos nos superar para praticar o bem. Nos faz dormir melhor e sonhar melhor! Abraço, meu amigo!

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    1. Obrigado por compartilhar aqui essa sua experiência com os discos radiofônicos, você já tinha me contado isso em um de nossos bate papos, eu também tenho uma grande nostalgia e apreço por "novelas" de rádio. Também li muito livro de bolso (e fotonovelas) nos anos 70.
      No mais, endosso cada palavra sua.
      Abração, meu caro!

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