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quinta-feira, 29 de abril de 2021

ASSOMBRADO PELOS FANTASMAS DAS LEMBRANÇAS.

 Tenho passado meus dias desde a última postagem entre lágrimas, trabalho, dor provocada por uma saudade que não pode ser mitigada e pequenos afazeres cotidianos como ir à uma pequena compra ou enxugar a louça, levar o lixo, essas coisas. Tenho tentado também ler um pouco mais amiúde. Concluí "Nos Bastidores do Pink Floyd" (agora nem sei se antes ou depois dessa última perda avassaladora), achei um bom livro, já que o Floyd é uma das minhas bandas favoritas, mas havia ali pouco que eu já não soubesse a respeito dos integrantes e dos discos, atualmente recomecei a "Estrada da Cura" do Neal Peart, o falecido baterista do Rush, sobre suas andanças de moto por mais de 90 mil quilômetros de estradas do Canadá, Alasca (ainda não terminei o livro, então não posso dizer mais) como um fantasma desiludido após perder a filha num acidente automobilístico e a esposa de câncer, meses depois. Tudo a ver comigo, né? Em parte. Na verdade eu tinha começado a ler  há mais de um ano, dois, talvez, e parei por falta de tempo e eu e ele somos muito diferentes em diversos aspectos, ele um agnóstico e eu um cristão, ele com grana para gastar numa viagem que bem poderia ser suicida e eu mal consigo pagar minhas contas. Mas, sim, a tragédia, a ferida da perda nos une na mesma dor desesperada, e quando ela chega, tanto faz ser famoso, ter sucesso e dinheiro ou não. Não se pode fugir das lembranças, aquele olhar, aquela palavra, aquele gesto e todas as pequenas e grandes coisas vividas juntos e a falta de sentido que surge quando nos vemos mais e mais sozinhos num mundo cada dia mais louco (quem poderia imaginar que seríamos obrigados a colocar uma focinheira para interagir com os outros?), o livro relata paisagens, hotéis, iguarias e reflexões muito interessantes sobre perda e o sonho de poder se livrar dos espectros de nefastos dias idos. Mas falta concluir para dar um veredito. Leio também "Minha Coisa Favorita é Monstro" da ilustradora Emil Ferris, uma graphic novel sensacional (pelo menos até onde li, não terminei ainda, mas falta pouco). Antes de tudo isso eu reli "A Ilha do Tesouro" e permanece sendo um ótimo livro, principalmente imaginando-o com as ilustrações do fabuloso N C Wyeth (que descobri há uns vinte anos trás e se tornou uma fonte de inspiração).  

Continuo a trabalhar na HQ com roteiro do Elton Borges Mesquita, provisoriamente intitulada "Caçadores de Algures" e numa quadrinização que por enquanto deve permanecer em segredo pois envolve um filme de terror ainda em pré produção. Então, atividade eu tenho e desta maneira consigo pagar as contas, entretanto, meus projetos pessoais estão suspensos, talvez até  definitivamente, não vejo o porque me afadigar em uma tarefa que não dá retorno financeiro se minha mãe, e principalmente meu irmão não estão mais neste mundo para partilhar. Certo, ainda tenho mais dois irmãos muito amados e queridos, além de filha e sobrinhos, mas eles não coparticipam das minhas teimosias artísticas, tem suas vidas para cuidar. O Gil era o meu Theo e mamãe me achava o artista injustiçado. DEUS, QUE SAUDADES!!! Está difícil prosseguir! Esses dias a melancolia apertou com sua mão gélida meu coração e minha garganta fazendo brotar um pranto amargo, um desespero que dá pra sentir nos meus músculos cada dia mais magros e não encontra eco. Evito constranger a esposa, familiares, amigos e conhecidos, acho que esta é uma vereda que tenho que seguir sozinho. Sei que a dor não vai passar, mas devo esperar que a minha alma se acostume com ela, como já se habituou a tantas desditas no passado. Este também é o motivo pelo qual escrevo aqui.

E sobre Zé Gatão - Siroco, não há notícias e sinceramente, o que isso importa?

Até qualquer momento!

quinta-feira, 22 de abril de 2021

ADEUS, MEU QUERIDO E AMADO GIL!

 Meu irmão não sobreviveu à maldita praga chinesa, alcançou as mansões celestiais neste último dia 20, um dia antes de completar dois meses que nossa mãe partiu. Amadas e amados, é muita dor, tanta que nem sei como suporto. Eu me agarrei a toda esperança possível, aflito a cada minuto do dia pelo novo boletim médico e houve um que mostrava uma melhora e eu dizia, ele ainda é jovem, vai se recuperar, mas depois houve uma piora e......bem, hoje é lágrimas e desencanto. Foi tudo tão rápido que nem deu tempo de absorver a ideia direito....nem sei como me expressar, não sou bom com as palavras, um réquiem aqui jamais faria justiça a ele. Mas devo registrar este momento doloroso. Se homenageei ídolos da cultura como Corben, Van Halen, Neal Peart e muitos outros, como deixaria em segredo a partida daquele que foi como um pai para mim, mesmo sendo sete anos mais novo?

Eu sentia que eu e Gil éramos como Theo e Vincent, quem conhece a história sabe que foi o Theo que sempre incentivou Vincent a pintar, era quem mandava dinheiro, comprava as telas e as tintas e sempre acreditou no irmão mesmo ele nunca tendo vendido um quadro em vida. E quando Vincent morreu Theo o seguiu meses depois. Eu sempre me vi como Vincent, o artista depressivo e esquizofrênico que não fez sucesso com a arte e o Gil como o mecenas que sempre incentivou, se eu precisasse de grana para pagar meus boletos ele me enviava, mesmo não tendo muito, tantas e tantas vezes ele comprou papéis, lápis, canetas, tintas, nos últimos anos eu não podia mais comprar gibis ou livros e ele mandava o dinheiro ou mesmo comprava e enviava pelo correio, por conta disso completei a coleção dos primeiros 60 números da Marvel da Salvat, alguns números do Pato Donald (fase Barks da Abril) e o Lobo Solitário (que faltam três números para completar a saga). Isso sem falar que nos meus piores momentos de depressão ele sempre retornava minhas ligações a cobrar, me ouvia e me aconselhava quando eu pedia direção. Nunca se portava como o dono da verdade.  Mas aqui no meu mundo real foi o Theo que partiu primeiro e eu confesso que não me importaria de segui-lo sem demora. 

O Gil era difícil as vezes, inteligentíssimo, pragmático e extremamente organizado, sempre se impacientava quando não conseguíamos acompanha-lo. Eu e meus outros dois irmãos, cada um com uma história com ele, nos vemos tristes e perplexos. Ele foi o primeiro de nós a encontrar a Cristo, o primeiro a se libertar do marxismo cultural que nos impingiram desde a infância nas escolas, e a mim, em particular, abriu os olhos para muitas coisas, outras culturas, outras artes.

O primeiro e único livro que ele escreveu.

Tem a história deste livro que ele escreveu, um livro de contos que saiu pela Editora Novo Século logo no início do novo milênio. São cinco histórias que ajudei ele a burilar, narrativas que prenunciavam um grande escritor, claro, era o início, o forte aqui não era exatamente a forma da escrita, mas as ideias. Fábulas do cotidiano, narrativa de horror, situações absurdas e até cômicas. Era pra eu ter feito um post exclusivo para ele mas fui adiando e falho como sou, nunca me lembrava de fazer (me perdoe, meu querido). Tem para vender nos sebos virtuais da vida. Nossa ideia para a capa e título eram bem diferentes do que que foi usada pela editora. O título seria "Loiras, Curvas e Cigarros", na capa eu queria uma foto em preto e branco do rosto em close da minha filha Samanta (na época adolescente) com uma guimba de cigarro na boca, a única cor seria um vermelhão nos lábios. Cagaram pra nossa ideia. Ele, ao invés de assinar Agildo Schloesser preferiu o pseudônimo de Manga Filho e a editora batizou de Contos e Causos. Na capa, uma ilustração medíocre de um velho lendo um livro. Vendeu até bem nos primeiros meses, depois os royalties foram escasseando e ele nem procurou mais saber da editora como estava o livro. 

Bolamos juntos um detetive tipo Dylan Dog para uma mini série para a tv (confesso que pensamos na Rede Globo) depois, como vimos a dificuldade para tal empreitada, ele usou o personagem para ser o protagonista de seu romance Lua Azul. Uma obra de suspense e terror gore. Ali começava a se desenvolver o escritor mais maduro. No entanto ele nunca passou do terceiro capítulo. Casamento, filhos, concursos, trabalho por melhores salários e ele deixou as veleidades de artista para um dia no futuro, talvez quando estivesse aposentado. Algo que para minha imensa tristeza, não acontecerá.

Uma boa parte de mim morreu com minha mãe, outra grande parte morre agora com ele. Cinquenta e um anos, deixa esposa, uma filha adulta de um primeiro casamento, e três miúdos do segundo (e bem sucedido matrimônio)........será muito difícil prosseguir sem ele. Está sendo um fardo muito, muito pesado.

Sabem, estou cansado de vir aqui e dar más notícias, talvez eu devesse encerrar este blog, já não tenho mais o que comunicar, a não ser tristeza e pesar. Mas acho que ele não ia querer que eu desistisse. E não vou. Não sei quanto tempo me resta, mas o que eu fizer agora, faço dedicado a ele e minha mãe, inspirado por ambos, mesmo que ninguém saiba.

Há muito a dizer, mas não creio que seja do interesse de ninguém, vocês já tem seus próprios problemas para cuidar.

Lágrimas perdidas na chuva.

Obrigado por lerem meus desabafos.

Deus abençoe vocês todos!

sexta-feira, 16 de abril de 2021

DEFINITIVAMENTE ESTE É O PIOR ANO DE TODA A MINHA VIDA!

 Boa noite a todos!

Há 12 anos comecei  timidamente a escrever aqui. Não estava habituado a me abrir e o meu objetivo era mostrar algumas artes, somente; aos poucos fui me acostumando a contar casos pessoais, comentar sobre o cotidiano e virou uma espécie de diário. Nem sei bem porque, talvez para  deixar um registro de quem realmente sou e o que penso às futuras gerações (se futuras gerações houverem), caso alguém realmente se interesse em saber. Não ver as faces dos que me leem creio que facilita a tarefa de me expor. O tempo foi passando e notei que eu me repetia muito, sempre reclamando do cansaço, do enfado da vida, da falta de reconhecimento da minha arte e a grana sempre escassa. Entretanto insisti, cometendo alguns contos (gostaria de escrever mais alguns) e fazendo o possível para divulgar meus trabalhos, livros publicados e meu personagem.

O tempo foi ficando reduzido e tive que me abster de estar aqui com frequência. Os tempos mudaram pra pior, isto já era esperado, mas quando ficamos cara a cara com a desgraça vemos o quanto somos frágeis! Nem  fazem dois meses que minha mãe partiu e agora quem luta pela vida numa UTI, vítima da Covid 19 em Brasília, é meu irmão Gil. 

Meus irmãos são meus melhores amigos, OS PRESENTES QUE DEUS ME DEU, digo sempre, mas o Gil se destaca por talvez por ser o mais próximo de mim em idade, apesar de ser sete anos mais novo. Se eu preciso de algo ele não mede esforços para me ajudar - e eu quase sempre preciso de ajuda, não só financeira - se ligo para ele, ele retorna com precisão e me ouve sem questionar e só dá conselhos se eu pedir. A maioria das pessoas, quando você desabafa com elas, sempre vem com alguma pretensa solução, o que muitas vezes atrapalha, gerando sentimento de culpa. O Gil, não. Ele sempre foi aquele ouvinte que conforta com seu silêncio, como quem oferece o ombro para que você descanse e se sinta livre para ser você mesmo, livre para fazer suas escolhas; aplaude seus sucessos e chora suas tristezas, ele corporifica aquela máxima bíblica de rir com os que se alegram e chorar com os que pranteiam. Um amigo de todas as horas. É ele quem compra meus livros quando são publicadas, mesmo sem ter a necessidade disso (sempre há unidades para a família), é com a ajuda dele que minha coleção de gibis nunca parou. Não estou enfeitando, ele é assim de fato, um tipo de pessoa cada dia mais rara. Não consigo imaginar minha caminhada neste mundo sem ele, seria um fardo pesado demais.

O que seria pior? Perder um pai? Uma mãe? Um filho? Um irmão? Um conjugue? Qual é a pior dor? De ouvido? Pedra nos rins? Parto? Eu respondo: TUDO É DOR, apenas são dores diferentes. Eu sofro a falta da minha genitora e o manto negro da amargura envolve meu coração pela perspectiva de perder meu irmão para sempre. Eu tento mas não consigo conter minhas lágrimas, elas me vêm amargas sempre que me recordo de todos os momentos passados juntos. Eu oro a Deus pela vida dele e tento ser otimista, mas vocês veem aqui uma pessoa que perdeu muito na vida e luta contra todas as circunstâncias para permanecer são. A depressão é cada dia mais opressora. O caso dele é muito grave, veio quase repentinamente e é muito semelhante ao da nossa mãe. Jesus, ele tem filhos pequenos!

Não obstante eu tenho que trabalhar, cumprir minhas horas diárias na prancheta, lutar para ter teto e comida; recebo apoio da esposa, da família, dos amigos, mas a verdade é que eu sinto um peso  esmagador de tristeza. Isso mostra o quanto eu sou um cristão frouxo e com fé muito menor que um grão de mostarda.

Ele está vivo e há esperança e eu me agarro a ela com todas as forças. Espero voltar aqui com boas notícias.

Muito obrigado!

Esta é uma imagem que traduz tudo.


quarta-feira, 7 de abril de 2021

NOVIDADES SOBRE UM ANTIGO ÁLBUM DE ANATOMIA QUE PERMANECE INÉDITO.

Não lembro
 qual capa foi a escolhida

 Boa noite!

Os que me acompanham há muito tempo já devem estar cientes que criei três álbuns de anatomia para a finada Ópera Graphica (Desenhando Anatomia - Figura Humana, Desenhando Anatomia - Figura Feminina e Desenhando Anatomia - Animais). Depois esses volumes foram reeditados pela Criativo, somando a eles mais três foram publicados pela mesma editora: Desenhando Anatomia - Heróis, Desenhando Anatomia - Cabeça e Tronco e Desenhando Anatomia - Movimento Figura Masculina.  

Mais dois foram encomendados, Desenhando Anatomia Movimento - Figura Feminina e Desenhando Anatomia - Seres Fantásticos (acho que o nome era esse). Por motivos que só posso supor nunca vieram a público, ficaram no limbo por anos embora eu já tivesse sido pago por eles. 

Há algumas semanas a Criativo entrou em contato dizendo que iriam publicar o Movimento Figura Feminina mas que alguns arquivos de texto haviam se perdido. Eu também havia comido bola e não fiz back up deste material. Mas o problema foi sanado com textos complementares do grande Franco De Rosa. Ficou estupendo!!! Não querendo parecer modesto, mas com o pé bem fincado no chão, isso demonstra que não sou um cara qualificado para dar aulas de desenho, sou pouco didático. Os textos dos volumes anteriores eu pautei por uma narrativa coloquial, quase um papo entre autor/leitor, com uma série de reminiscências onde explicava o que motivava a criar arte e um pouco dos caminhos que me levaram até ali. Na verdade era o que eu amaria ver em um livro do Corben ou do Frazetta, por exemplo. Mas, sei lá, pelos comentários que li aqui e acolá, acho que não fui bem entendido, pois reclamavam que eu não ensinava muita coisa (embora eu achasse que os desenhos em si já demonstravam tudo). Bem, penso que isso foi corrigido neste belo volume que deve chegar em breve ao estudante de desenho, pois os complementos do Franco estão muito bons!!!

Não sei quando sai ou se terei volumes para vender. O mundo mudou, minha relação com editores também, então não há como antecipar.

A gente segue se falando. Até!   


  

A SAUDADE É MAIS PRESENTE QUE NUNCA

   No momento que escrevo essas palavras são por volta das 21h do dia 21 de abril. Hoje fazem três anos que o Gil partiu, adensando as sombr...