No momento que escrevo essas palavras são por volta das 21h do dia 21 de abril. Hoje fazem três anos que o Gil partiu, adensando as sombras que existem na minha alma. Devo ressaltar aqui que quando uso palavras funéreas sobre minha vida ou condições de vida não o faço movido por espírito de coitadeza, pra aparecer ou coisa que o valha, mas por não mascarar os sentimentos que tenho sobre as situações adversas que me acometem e elas são frequentes desde que me entendo por gente.
Existem pessoas bem-aventuradas (falo daquelas que nasceram bem, tiveram boa educação formal, viajaram bastante, comeram fartamente, foram populares com as garotas, são gente do bem e etc e etc) que tiveram seus momentos ruins vez ou outra, mas deram a volta por cima e tem uma espécie de vocação para a felicidade, os conheci e não foram poucos, mas eu não sou assim, inclinado à depressão (existem momentos crônicos e sei que a única razão para não dar cabo da vida é a presença de Cristo no meu existir). Com tudo isso, meus irmãos sempre foram fortes colunas de sustentação, todos os três, mas o Gil era o mais presente e ficar sem ele tem sido um fardo duro de carregar.
Sobre o André, a mensagem lacônica da esposa dele para o Rodrigo (nosso caçula) ontem, foi: "infelizmente o quadro permanece o mesmo". Então é isso? Ele continua em coma induzido há quase dois meses? Me sinto estranho ao pensar sobre isso, meu irmão vive mas está desligado do mundo, da realidade. Já ouvi falar de casos em que esse banimento provocado por AVC foi até maior mas voltaram com o mínimo de sequelas ou nenhuma e isso dá um calor de otimismo, mas um medo me toca vez ou outra lembrando o quando este mundo é tenebroso e eu posso sofrer mais uma perda irreparável. Me sinto muito, muito triste. As orações e fé continuam. Nada mais posso fazer.
Minha situação financeira atual é das mais precárias (pudera, nosso país amarga maus tempos como a muito não se via!), não é novidade, mas mesmo assim não consigo me acostumar, as pressões continuam e só sobrevivo porque Deus me dá suporte.
Não falarei mais da saudade imorredoura do meu amado irmão, vocês nada tem com isso, no ano que vem, nessa mesma data, se vivo eu estiver, guardarei as lágrimas só para mim, assim como nada falarei sobre a partida da minha mãe dois meses antes.
Pensei em encerrar com um texto bíblico, mas acho que uma frase de uma música do Roberto Carlos (quando ele fazia boas canções) soaria mais com o que me vai na alma sobre o Gil: "foi pouco o que restou de tanto que existiu: recordações e nada mais."
Saudades, querido, espero que nos vejamos em breve.