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domingo, 21 de fevereiro de 2021

ADEUS, MAMÃE!


 A noite mais longa, o dia mais escuro. 

Tudo em preto e branco, é como parece o mundo hoje e os dias que estão por vir.

Minha mãe se foi...para sempre. Foram dias de luta, expectativa e agonia para todos aqueles que a amavam. 

Ela foi uma lutadora, toda a sua vida, uma sobrevivente num mundo cheio de iniquidade. E travou uma batalha desigual contra o covid 19 desde o fim de janeiro. Eu tive esperança até o último instante, os médicos não sabiam dizer porque ela resistia tanto e eu me abraçava a esta ínfima possibilidade como um náufrago que agarra uma pequena tábua em meio a um mar furioso. No fim, ela descansou, foi pra a Glória! E eu louvo a Deus pelo privilégio de ter convivido com ela durante os meus 58 anos, embora parte deles eu tenha me ausentado de casa algumas vezes. Reconheço que não fui o melhor dos filhos e causei decepções e trouxe lágrimas a seus olhos (olhos esses tão torturados por inúmeras cirurgias!). Mas eu a amei de uma maneira que me faltam palavras para traduzir. Há em mim um sentimento de que nunca pude tê-la por completo, como se eu sempre tivesse a um passo de tocá-la e ela se tornasse intangível, sempre dividindo-a com meu pai, meus outros três irmãos e situações da vida. Quantas preocupações por este primogênito, e quantas palavras de orgulho! Nunca mereci.

A última vez que ouvi sua voz, foi num brevíssimo instante quando ainda na UTI, pouco  antes dela ser  entubada, meu irmão caçula colocou o telefone nos ouvidos dela e ela disse numa voz fraca: "Oi, Eduardo, Deus te abençoe!" E ele tem abençoado, mãe, muito, muito mais que mereço!

O que dizer sobre minha mãe? Há tanto o que comentar, mas guardo comigo; minhas lembranças serão como as famosas lágrimas perdidas no meio da chuva. 

Posso dizer apenas que era um grande coração, rico em perdoar, que visitou doentes nos hospitais, cantou para eles, amenizando suas agonias (ela era cantora, um soprano tendendo para um timbre infantil, tentou uma carreira nos seus tempos de solteira que teve que sepultar ao se casar), alimentou mendigos, reconciliou casais e muitas outras atitudes cristãs bem antes de se tornar serva de Cristo. 

Tínhamos muito em comum, caminhar na chuva era uma dessas coisas que gostávamos de fazer juntos. Hoje faz muito calor no Jaboatão, mas minha alma tem frio, chove no meu interior e eu me encontro nesta estrada por onde ela partiu, vendo seus passos sumirem na chuva que cai.

ADEUS, FRANCIS!



A SAUDADE É MAIS PRESENTE QUE NUNCA

   No momento que escrevo essas palavras são por volta das 21h do dia 21 de abril. Hoje fazem três anos que o Gil partiu, adensando as sombr...