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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ZÉ GATÃO NO CORREIO BRAZILIENSE


O COMPUTADOR DEU UM TILT , JÁ NO FINAL DA
POSTAGEM. A TELA FICOU BRANCA E EU PERDI
TUDO O QUE ESCREVI.
COMPUTADORES SÃO GRANDES FERRAMENTAS
MAS AS VEZES PARECEM QUERER NOS MATAR
DE RAIVA.
Foi uma daquelas postagens longas onde eu destrinchava episódios da minha infância. Uma pena.  Mas pode ter sido bom.
A verônica disse que eu poderia perder leitores por causa das coisas que escrevo. Será? Talvez.
Bem, tenho certeza que vocês são fortes para aguentar.
Como não tenho saco pra recomeçar todo o meu chororô, vamos logo às artes, o Zé Gatão acima foi desenhado para uma amiga muito querida de Brasília. O original está com ela, eu fiquei com esta cópia horrível.
Abaixo a matéria feita sobre o "Crônica do Tempo Perdido" no Correio Braziliense em 2003. Foi de página inteira, mas o que importa foi a crítica do rapaz que foi um dos poucos a pegar o espírito da coisa.
A todos vocês um bom final de semana. Como há um feriado na terça, talvez eu volte na segunda, talvez na quarta, Deus é que sabe.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

STAR FORCE

O calor está forte. Como forte está a minha dor de cabeça. Deve ser a minha pressão. Já faz uns 4 ou 5 anos descobri que a causa das minhas frequentes cefaleias, zumbidos nas orelhas e dores nas pernas eram provenientes da maldita pressão alta. Ter me portado como um atleta boa parte da minha vida nunca quis dizer muito.
A coisa não tem cura.
Tem tratamento. A medicação que tomava para controle da pressão provocava certos efeitos colaterais que a longo prazo me ferrariam bonitinho. A outra que o médico prescreveu no momento é inviável para o meu bolso. Então sigo assim, vivendo por fé.
Não estou falando muito com as pessoas hoje. Estou irritado e não quero correr o risco de falar algo que possa ferir alguém. Ninguém tem culpa pelos meus problemas.
Hoje meu irmão Gil completa mais uma primavera. Ele está em algum lugar do hemisfério norte com a esposa e dois filhos. Que o Deus Todo-Poderoso continue abençoando a vida dele como vem fazendo até o momento.
Mexendo na minha bagunça dia destes, descobri esta arte, quer dizer, esta capa que ilustrei uma pá de ano para uma hq nos mesmos moldes da série Star Trek. Não lembro mais quem eram os autores. Sei que a estória era legal e o desenho de um traço simples, mas funcional. Só fiz a capa.
A arte original não sei se ainda existe em algum lugar. Provavelmente não.
Ela não é grande coisa mas acho que vale o registro.
Cara, que calor! Vocês me verão reclamar muito disto aqui. Já tomei três banhos hoje. Acho melhor voltar para o chuveiro refrescar o corpo e ver se a dor de cabeça dá uma trégua.
A água do mundo está acabando? Dane-se. Hoje eu não ligo.



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

VAMPIRELLA


Acho que a primeira vez que vi uma revista da Vampirella foi ainda nos anos 70. Não sei se as edições nas bancas de jornais eram da Editora Kultus ou Noblet (ambas extintas, se não estou enganado), mas as capas ilustradas pelos feras espanhóis Sanjulian e Enrich me deixaram fascinado. Cheguei a possuir um ou dois exemplares, agora edições especiais da Kripta da RGE, numa época em que eu cavocava os sebos paulistanos, geralmente em bancas velhas que ficavam ali próximas ao prédio do DEIC. Não era muito fã das histórias da vampira embora os desenhos do José Gonzales fossem de encher os olhos. Legais mesmo eram as outras narrativas terroríficas que complementavam a revista.
Mas sabem, é dificil ficar indiferente a uma personagem tão sensual, por isto, um pouco depois de eu ir a falência com a minha banca de revistas, influênciado pela febre dos cards, resolvi fazer minha versão da personagem a óleo sobre tela. Fazia parte do que chamo de portfólio de super-heróis (um conjunto de velhas pinturas vistas por quase ninguém).
Como sempre, pelas grandes dimensões, posto duas versões, uma revelada em cromo e outra fotografada com câmera digital.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

CINCO MINUTOS ( 08 )

Rapaz, serviço doméstico cansa um bocado e não acaba. Principalmente louças. Você acaba de lavar e daqui a pouco já está tudo sujo de novo. Uma solução (não sei se já pensaram nisto) seria os pratos e talheres serem comestíveis como aquelas casquinhas de sorvete, haveriam então sabores, tipo churrasco, salsa e cebola, e assim por diante. Seriam um complemento das refeições diárias, ricos em fibras e livres de gordura trans é claro. Perderíamos, acho, menos tempo lavando estes utensílios de cozinha.
Minha mãe faz aniversário hoje (Deus a abençõe) e quem recebe o presente sou eu, ela desembarca daqui a umas horas. Mal contenho minha ansiedade.
Agradeço aos que enviaram mensagens de boa recuperação para a Verônica. Ela está melhor, mas quando voltei do mercado hoje ela estava na ativa de novo, arrumando a casa para a chegada da minha mãe. Não pude dete-la. Nada pode. Ela é muito teimosa. Lembrei-me da história de Marta e Maria descrita nos Evangelhos.
A arte de hoje é a penúltima de Cinco Minutos. Aliás, soube que os livros já estão impressos. Foram tantos elogios que daqui a pouco vão querer me dar uma medalha. Tanto assim que há planos pra mais uma (nova) leva destes clássicos da literatura brasileira. Aguardem novidades para os próximos dias.
Obrigado a todos que me visitam. Fiquem bem.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

CAPA PARA A REVISTA "GAMERS" 04

Amigas e amigos, boa tarde.
Espero que todos tenham tido um bom fim de semana.
O meu não foi lá dos melhores. Minha esposa sofreu um pequeno acidente doméstico que resultou num desvio de coluna. Pobre querida. Está andando de viés. O médico prescreveu antiinflamatório, analgésicos e repouso absoluto. Como não temos secretária,  as tarefas domésticas caíram sob minhas costas. Estes serviços que não suporto, mas que alguém tem que fazer. Nestas horas é que vejo o quanto sou dependente dela. Na verdade não me importo de varrer a casa, lavar louça, cozinhar, o problema é que sobra pouquíssimo tempo para meus desenhos. Mas paciência. "Na saúde e na doença", como se diz. Levo isto bem a sério.
Para contrabalançar, a boa notícia é que minha mãe chega amanhã. Não a vejo faz mais de um ano. Esta visita era planejada a um bom tempo. Terça finalmente se concretizará. Deus seja louvado.
A arte de hoje é a última capa que fiz para a Gamers. Última? Isto mesmo. O motivo é que depois de abaixarem o valor do meu pagamento duas vezes, queriam diminuir ainda uma terceira. Meu, sempre estou precisando de dinheiro, mas há limites. Sem chance, disse a eles (não exatamente desta maneira). O resultado disto é que no meu lugar colocaram um "artista" que provavelmente desenha com o pé esquerdo. Quem me conhece bem sabe que sou avesso a este tipo de comentário, mas as vezes não dá pra ficar calado. Tudo bem, chego a conclusão no final de tudo que não estavam interessados em qualidade, mas em economia.
Esta arte em particular me deu dor de cabeça. Era o tempo em que eu gostava de experimentar. Fiz o Van Damme em aquarela, a Sheeva  com guache e o Chief Thunder do Killer Instinct a nanquim e óleo. Uma mistureba danada no mesmo papel. Acho que era um Opaline e este tipo de papel (muito liso) não segura a tinta óleo. Levou um bom tempo pra secar e tive que dar vários retoques.
Pra piorar, no dia que tinha que levar a ilustração pra redação da revista, recebi a visita de um destes conhecidos inconvenientes (estes que chegam as 7 da manhã, 11 da noite ou 3 da tarde - pra ele tanto faz - e se espalha como se a casa fosse dele). Fui aguentando suas piadas sem graça um bom trecho de metrô. Coitado, ele gostava dos meus desenhos.


Bem, acho que no final das contas, são detalhes assim que acabam dando um élan à coisa toda.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

CRÔNICA DO TEMPO PERDIDO ( FINAL )


A maioria dos artistas que conheço não vivem totalmente de sua arte. Ou tem alguma outra fonte de renda, ou recebem ajuda dos pais, dos irmãos, da companheira, dos amigos, etc. Comigo não é diferente. Meus pais, irmãos e amigos com frequência salvam meu pescoço nos momentos de crise. No ano em que o álbum preto veio a público eu residia na SQS 411. Me sentia muito bem, as coisas estavam sob controle, até que veio um comunicado da imobiliária informando de um reajuste no aluguel que para mim era impraticável. Somado a isto, a Verônica não se adaptou muito bem na Capital Federal. Ela já sentia falta da familia em Recife, e me convenceu a mudar para o Nordeste onde o custo de vida é bem menor. E é assim, eu e Brasília temos esta relação de amor impossível. É uma cidade cara demais pra mim.
Ela voltou para o Jaboatão e eu fiquei pra despachar a mudança. Feito isto, entreguei o apartamento e rumei para São Paulo onde se daria o Lançamento do "Crônica". Fiquei hospedado com meu irmão numa São Paulo fria e cinzenta como nunca havia sentido. Eram dias estranhos e eu comecei verdadeiramente a me sentir um corpo estranho neste mundo, como se não houvesse lugar para mim nele. Senti a minha inadaptabilidade mais forte que nunca.
Um tempo antes, a Daniela Baptista, esposa do Gualberto Costa, me convidou a participar de uma esposição em Piracicaba junto com outros cobras dos quadrinhos (pretendo fazer um post sobre este evento). Como eu era o único dentre os que remeteram suas artes a estar em Sampa na ocasião, fui com eles à Piracicaba para a abertura da exposição. Foi legal. Amainou um pouco o amargor que sentia.
Não estou bem lembrado, mas parece que agendaram o lançamento de Zé Gatão num sábado a tarde. Sei lá,  não quero parecer ingrato mas a mim pareceu que não foi bem divulgado. Naquela tarde fazia um frio terrível e fui até a Comics (local do evento), com meu irmão e um amigo dele que nos deu uma carona. Quase ninguém apareceu. Quantos? Umas 6 ou 7 pessoas? Se tanto. Todos amigos que eu constrangi a comparecer. Foi lá o editor e o diagramador da Via Lettera e ficaram um pouco. O Lourenço Mutarelli (quando ainda nos falávamos) foi gentil em comparecer junto com seu filho. Legal mesmo foi o Arthur Garcia ter ido e passado boa parte da tarde batendo um gostoso papo sobre quadrinhos, o que fez com que aquele lançamento não fosse uma coisa totalmente lamentável.
Pouco tempo depois eu estaria embarcando para Pernambuco.
Gosto muito do Crônica do Tempo Perdido, é um livro forte, sinto orgulho dele. O vídeo que acompanha esta postagem foi feito pelo pessoal do Omelete quando eles tinham um espaço no Metrópolis. Ele não roda muito bem meu PC, espero que vocês tenham melhor sorte. Por azar, no mesmo horário que o programa foi ao ar, na Globo estava passando um jogo do Brasil. Nunca conheci alguém que o tenha assistido.
Como está o livro hoje? Não sei. A editora nunca mais entrou em contato comigo. Agora pra mim tanto faz.
Concorri a um Hq Mix  como melhor álbum e melhor desenhista eu acho.  http://www.hqmix.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=42&Itemid=59

Abaixo uma relação de resenhas da época sobre o álbum que consegui encontrar:

http://omelete.com.br/quadrinhos/hq-ize-gatao-cronica-do-tempo-perdidoi/
http://www.texbr.com/artigos/artigos2004/0604_hqmix.htm
http://www.poppycorn.com.br/artigo.php?tid=191
http://cpopular.cosmo.com.br/mostra_noticia.asp?noticia=858260&area=2140&authent=719E7355CD5706E90422BA20719E73
http://site.omelete.dev.01digital.com.br/quadrinhos/ize-gataoi-tarde-de-autografos/
http://www.universohq.com/quadrinhos/2003/review_zegatao.cfm
http://www.universohq.com/quadrinhos/2003/n26072003_07.cfm

Não consegui achar na rede uma matéria que saiu no Correio Brasiliense, o articulista pegou bem o espírito da coisa, mas eu tenho o recorte de jornal, assim que eu achar no meio da minha bagunça eu posto aqui.
Bem, acho que isto é tudo o que tenho pra falar sobre este assunto.
Aos que tiveram paciência para ler os meus desabafos, minha gratidão. Fiquem bem e tenham um bom fim de semana.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

ZÉ GATÃO ( CRÔNICA DO TEMPO DO PERDIDO ) Parte 2

A Via Lettera, se não estou errado, foi uma das primeiras editoras a publicar por aqui, quadrinhos adultos em formato de livro pra um público diferenciado. Começou com O Homem Ideal e Balas Perdidas. A Conrad ( talvez até um pouco antes ), tinha trazido às livrarias o clássico GEN, PÉS DESCALÇOS ( obra que recomendo sem pestanejar ). Daí pra frente outras vieram no vácuo, e ( felizmente ) não parou mais.
O novo livro do Zé Gatão seria o primeiro dos nacionais desta safra.
SERIA, mas NÃO FOI.
Logo após aquele rápido papo com o Jotapê Martins, liguei pra ele sem muito entusiasmo, afinal, quando já se bateu em tantas portas e a maioria não se abriram, tende-se a ficar paranóico e achar que é pessoal. Mas não foi assim, ele me instruiu a mandar xerox de boa qualidade de todas as histórias que tinha criado até então.
Assim o fiz. A resposta não demorou, recebi uma ligação dele no trabalho, afirmando que tinha gostado muito do material e que gostaria de publica-lo. Mas tinha algumas ressalvas. A primeira delas é que nem todas as narrativas entrariam neste volume pra não exceder a um número específico de páginas. Ficariam, quem sabe, para um próximo. A segunda é que certas passagens eram violentas por demais, e teriam que ser censuradas.
Tudo bem, disse eu. Como fazemos? Escaneie tais e tais histórias com boa resolução, grave num CD e me mande pra tal endereço, respondeu ele.  Ok.
As hqs que não entraram no pacote permanecem inéditas até hoje. Pena. Gostava delas. Nem sei se vou publica-las um dia. Nunca mais abri os envelopes que as continham. Fazem parte de uma etapa que ficou para trás. É coisa velha. E coisa velha não consumida, tende a embolorar.

Só para situar, meu irmão já tinha se separado da mulher e fora trabalhar no Metrô de Brasilia. Nós morávamos  nestes dias numa pensão situada na W-3 Sul. Apesar de algumas dificuldades cotidianas e forte pressão desnecessária na empresa em que eu trabalhava, foram dias inesquecíveis.
As páginas de Zé Gatão foram desenhadas em A-3.  Sendo assim eu teria que escanear em duas metades e depois montar no Photoshop.  Meu grande amigo Ricardo Bermudez me permitiu trabalhar no seu computador e eu passava longas horas no processo. Saía da casa dele por volta de meia-noite e chegava na pensão a uma da madrugada. Assim, durante alguns dias eu saía do trabalho, jantava e ia incomodar meu velho amigo. Por fim todo o livro foi montado, gravado e remetido. Agora era só esperar a publicação que, se não me falha a memória, estava agendada para aquele final de ano.
O primeiro banho de água gelada veio alguns dias depois. O Jota me disse que a resolução não estava boa. Eu era um ignorante em informática e não me haviam passado nenhuma especificação exata. TIF, JPG,  ou sei lá mais o que, foram as palavras que arruinaram meus sonhos de ver aquele material impresso num momento imediato.  Eu teria que refazer tudo, mas ainda assim o livro estava adiado. E também, não poderia voltar a incomodar meu amigo. A coisa ficou suspensa.
A tal agência de comunicação em que eu trabalhava, atrasava os pagamentos. Fiquei quatro meses sem receber salário, por fim abriram falência. Não era surpresa e ficamos todos a ver navios. Fomos à justiça. Ganhamos a causa. Nosso chefe não possuía um único bem em seu nome e não recebemos nada.
Em 2000 precisei voltar a São Paulo. Levei comigo os originais do "Crônica do Tempo Perdido", título extraido de uma das histórias.

Escaneei e montei  todas as páginas novamente na própria Via Lettera. Agora era só aguardar.
Quais problemas enfrentam uma empresa só seus diretores sabem, mas os meses viraram anos, a editora colocava no mercado uma série de títulos e Zé Gatão era sempre adiado. Cheguei a pensar que haviam desistido e não tinham coragem de me informar.

Quero lembrar que nem por isto parei de trabalhar com o gato. Desde 1998 eu desenhava um novo álbum além das tradicionais histórias curtas que cobravam vida. Como já disse, era a única forma que tinha pra desabafar. Fiquei oscilando entre SP e o DF, até que em 2002, toda a familia voltou a residir em Brasília. Meu irmão se casou de novo, o outro se formou em medicina. Minha relação de namoro com a Verônica que se arrastava a oito anos, se transformou em matrimônio em meados de 2002.
Como é sabido que tudo nesta vida tem um fim, a minha espera pelo livro preto acabou. Recebi o pacote pelo correio numa manhã ensolarada quando saía de casa pra um compromisso. Levei um exemplar do mesmo e fiquei lambendo a cria aquela tarde toda e ainda nos dias que se seguiram.
Ficou um ótimo livro, mas diferente do que eu tinha idealizado. Começou pelo formato. Minha idéia, era que se o primeiro álbum era branco com o personagem de costas, o segundo teria que ser preto com o felino de frente. Mesmo tamanho, mesmo padrão. A hq, GALO DE BRIGA, foi rediagramada para o formato. O Jotapê enxugou ( em muitos casos, melhorou ) quase todo o meu texto. Vocês que possuem o livro, podem conferir, nas páginas ( originais ) desta postagem, as diferenças de diagramação e texto e também uma das cenas censuradas.

O saldo final foi totalmente positivo e eu agradeço
imensamente ao  Jotapê Martins, por haver acreditado no trabalho e ido até o fim com ele.
Foi muito bem recebido pela crítica. Em algumas livrarias virtuais como o Submarino por ex. ele recebeu máxima avaliação e é sempre muito bem recomendado. Júlio Shimamoto, acha que a hq RÁDIO MALDITA, é um primor pela forma como  desenvolvo a ação em apenas algumas páginas. Perdoem meu cabotinismo, mas aprendi que se não valorizo e enalteço meu próprio trabalho, ninguém o fará.
Obtive ótimas resenhas ( postarei algumas assim que der) mas as vendas não foram tão boas. Infelizmente.
Seria o preço? O tema? Animais atuando como humanos? Alguns afirmam que o momento para o lançamento era inapropriado.
O fato é que ele saiu e já faz parte da história. O resto é o resto.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

ZÉ GATÃO ( CRÔNICA DO TEMPO DO PERDIDO ) Parte 1


Na segunda metade dos anos 90 eu estava com todo gás, mal acabava uma hq eu já dava inicio a outra numa fome insaciável. Nem tinha me recuperado da agitação da concluir "A Cidade do Medo" e dei vida a uma série de histórias curtas que de inicio batizei de "Crônicas". Eram idéias que me pegavam de sopetão, geralmente na hora de dormir ou quando "viajava" nas filas de um banco qualquer. Normalmente baseada em alguma experiência pessoal.
Quando pude, publiquei meu primeiro álbum, trabalho totalmente amador fortemente influenciado pelo underground italiano.
Com alguma experiência adquirida naquelas páginas fui dando corpo a estas idéias. Iam sendo fechadas em envelopes pardos a medida que ficavam prontas. Quem sabe um dia eu publique, pensava.
São Paulo, a mulher de tetas grandes e caídas convertia-se agora num vampiro que drenava minhas energias e precisei partir antes de enlouquecer de vez. Voltei para Brasília com 40 reais na carteira decidido a arrumar um emprego e me tornar um cidadão decente. Mas antes de deixar de ser um vagabundo desenhador de comics pornoviolentos, eu queimei meu filme morando de favor na casa de uns conhecidos. Um mês na casa de um, outra semana na casa de outro. Passei por momentos horríveis. Tanto constrangimento tiravam todo o brilho que uma cidade como a Capital Federal tinha para oferecer.
Tentei emprego até de cartazista no Carrefour. NADA. Todo este tempo fui mantido por meu irmão que nesta época não ganhava lá muito bem e sofria os horrores de um péssimo casamento. Tentei a todo custo evitar morar com ele e assim piorar um matrimônio já no ocaso. Não foi possível. Ou ia para debaixo do seu teto agravar a ferida,  testemunhar suas agruras ou dormia na rua. Foi ali que fiz a curta PALAVRAS VENENOSAS, com uma prancheta de mão, sulfite, esferográfica preta e caneta de retroprojetor.
Arrumei finalmente um emprego numa empresa de comunicação que prestava serviços para diversos orgãos públicos de Brasília, em especial o Ministério da Saúde. Minha função lá era criar histórias em quadrinhos educacionais. Trabalhavam na mesma empresa os artistas Nestablo Ramos e James Figueiredo. Eu e um ótimo escritor chamado J.G. Pinheiro (que ali tinha a função de roteirista) criamos a série "Garoteens". Modéstia a parte um excelente trabalho, mas como vocês devem saber, os chefes destes lugares não sabem a diferença entre uma jóia e um pedaço de cagalhão seco, rejeitaram nossa idéia preferindo uma porcaria criada por outro desenhista de lá. Tivemos que trabalhar utilizando aqueles personagens insossos... mas estou me afastando do assunto.
Era o ano de 1998. O Brasil, ganhava um jogo dramático contra a Holanda na copa. Nesta noite em Sampa, meu pai sofreu um AVC que mudaria radicalmente os rumos da familia. Eu e meu irmão fomos visita-lo. O Brasil perdeu a copa para a França.
De volta ao DF, a famosa Fábrica de Quadrinhos, que nesta época era capitaneada pelo Jotapê Martins, veio para um evento de quadrinhos que foi sediado no Park Shopping, fui lá dar uma prestigiada.
Eu e o Jota conversamos um pouco. Elogiou meu primeiro álbum, só disse que eu excedia no texto, fosse ele o editor, ele cortaria metade das minhas palavras. Tem coisa nova? Tenho umas curtas esperando você, falei.
Me manda. Ok, eu disse.
Começava assim o processo de publicação do chamado álbum preto. Um tempo que duraria longos seis anos.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A BANCA OLIDO.

Cá estou eu diante do computador, pensando em como começar a postagem, em busca de uma frase que sirva como tiro de partida, e eu pareço oco. Não consigo me concentrar, não tenho ficado muito tempo na prancheta pra dar direção certa a várias artes pessoais inacabadas. Sim, porque os trabalhos encomendados e remunerados resolveram dar um tempo da minha vida. É sempre assim, depois eles sentem falta da mão que lhes dão formas e voltam a me rondar, geralmente quando estou a beira da ruína, com minhas contas todas atrasadas, onde a subida é mais dolorosa. Paciência. Foi assim a vida toda. 
Pronto, achei o fio da meada, já posso começar o que me propus, continuar a narração da minha saga: Meu recomeço em São Paulo.
Eu não me sinto a vontade escrevendo. Isto é para os escritores e poetas. Nem sei direito porque mantenho este blog, várias pessoas me disseram que era importante pra divulgar a minha arte... putz, minha arte, como esta frase me soa pedante! Mas vá lá, que seja, então eu deveria mostrar um monte de desenhos e nos últimos tempos o que faço aqui é bancar o hipócrita dizendo que não gosto de me expor e agora não faço outra coisa. Eu justificaria que parte, senão tudo que produzo, é resultado direto do que se passa comigo. É assim com todos, diria você. Será? Bem, alguém parece gostar do que escrevo. Então vamos lá.
O Livro de Eclesiastes, disserta de maneira contundente e profunda, o sentido da vida. Quem tiver discernimento para entender, entenda. Lutamos como os leões nas savanas por nossa sobrevivência (a nossa e de nossa prole).
Tendo ciência de que o tempo (este grande carrasco), não espera por ninguém, fui a luta logo cedo. Trabalhei numa série de coisas. Meus primeiros trampos foram ao lado do meu pai, e sobre estes, não falarei hoje. Na selva de pedra, fiz estampas pra camisetas, capas pra revistas e uma série de ilustrações pra publicações diversas. Contudo nunca pude manter uma independência. Quadrinhos? Você conhece alguém que ganhe a vida com isto aqui no Brasil? Dizem que está melhorando. Veremos. 
Em 1994, um cara (tenho evitado nomes) dono de uma banca de jornal, (eu já o conhecia a tempos), me chamou para uma conversa. Sabendo ele das minhas dificuldades em me manter só com ilustração, me propôs alugar a sua banca, uma vez que ele mesmo já não aguentava mais o negocio. Agradeci e pedi pra pensar um tempo. Sozinho eu não daria conta do recado, consultei meus irmãos e perguntei se estariam nessa comigo. Nunca me desapontaram, então topei. Arrendei a Banca Olido, na Avenida São João, quase em frente a galeria do rock, por 800 reais mensais, mais 100 de telefone. 
Como a banca estava sucateada e afundada em dívidas, ficou acordado que eu não o pagaria nos primeiros meses até que ela estivesse recheada de mercadorias e livre das dificuldades financeiras. Também não lucrei nas primeiras estações. Mas aos poucos ela foi tomando forma de uma banca com muitos títulos. 
Alguns estabelecimentos destes se especializam em jornais, apostilas e etc, eu quis recheá-la de histórias em quadrinhos. Abasteci o local com HQs nacionais e importadas. Semanalmente eu ia na DEVIR, pra atender os clientes que iam crescendo a olhos vistos. Nossa meta ali era, pontualidade, bom atendimento e mercadoria de qualidade.
Antes de continuar, um adendo, se é pra me expor então vamos completar a obra. As duas fotos que ilustram a postagem de hoje mostram dois momentos, de manhã, na hora de abrir e a noite perto da hora de fechar.  
Esta foi a minha primeira tentativa de trabalhar com comércio.


A coisa parecia dar certo. A freguesia aumentou. Tanto que sem planejar, "roubei" parte dos clientes da Livraria Muito Prazer, a minha concorrente direta. Meu dólar era um pouco menor que o cobrado por eles, esta era a razão. Mas foi uma concorrência saudável, quando eu não dispunha de determinado título eu os indicava e vice-versa. O que nós ganhávamos ali era aplicado em mais revistas. Lembro que aos sábados uma multidão de garotos acorriam ao local para troca de cards (uma das febres do período).
Trabalhando num local assim, você se vê inserido numa realidade diferente da que está acostumado, toma-se conhecimento que existe um traficante na área, bons e maus policiais, torna-se testemunha de muitos fatos que são comuns em filmes de vigilantes. Procurei não me contaminar. Nada de muito papo com ninguém. Nada de putas ao redor. A noite a coisa pegava. Não podia ficar aberto até muito tarde. Conheci um cara que arrendou um bar e permitiu que os nigerianos tomassem conta do local. Fracassou no negocio. 
Afinal, você me perguntaria, deu certo a empreitada? 
NÃO. 
Eu tinha muita mercadoria não consignada. Todos os títulos da Meribérica e alguns álbuns especiais eu tinha que pagar a vista ou assinar promissórias. 
Meu irmão recebeu a grande noticia que tinha sido aprovado no vestibular para medicina, e não pode mais nos ajudar. Ficamos eu e o caçula pra tomar conta do negócio.
Naqueles dias, o FHC veio em rede nacional, exortar a população brasileira que refreasse o consumo para evitar a volta da inflação.
Eu me vi assim, vendendo num dia em torno de 400 ou 500 reais diários e no seguinte uma queda para 100, 120 reais. E estava com uma banca cheio de importados de qualidade pegando poeira e as letras vencendo. O aluguel do lugar era alto, e eu tentei resistir como pude. 
É um serviço cansativo e emburrecedor. Não há tempo pra nada. Não lia mais, não desenhava, não ia mais ao cinema. NIENTE. Acordava por volta de 5:30 para abrir as 6:00. Procurava a noite, morto de cansado, dormir cedo, mas em casa isto nunca foi possível. Estávamos exauridos.
Para muitos que pareciam ser de confiança, nós vendemos fiado, nem todos voltaram pra pagar.
JOGUEI A TOALHA.
O pouco que pude guardar no banco, eu tive que retirar para quitar algumas notas. Peguei um dinheiro emprestado com dois amigos e nunca pude pagar de volta. Tudo para poder devolver a banca para seu dono sem dívidas.
Um dos caras que me emprestou dinheiro, além de amigo, era fã do meu trabalho, não quis que eu o restituisse. O nome dele? Nelson Modesto. Tenho com ele uma dívida de gratidão eterna. 
Sinceramente? Acho que fui muito ingênuo. Um total incompetente pra um serviço como este. 
Na verdade, voltar para minha atividade natural foi como uma libertação. 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

SÃO PAULO

Nasci em São Paulo.
Acho que já disse isto.
E sempre esqueço que tem esta informação no meu perfil aqui no blog.
A verdade é que até hoje não sei se gosto de São Paulo ou não. Em principio não. Quando estou longe tenho vontade de voltar, rever meu irmão e os poucos amigos que tenho (alguns deles moram na selva de pedra), visitar o MASP, a Pinacoteca do Estado, comprar algumas coisas que só se acham em Sampa. Mas uma vez que coloco meus pés por lá, com pouco tempo sinto vontade de partir. O problema é que esta cidade (sim, a cidade, não exatamente o Estado) nunca me foi acolhedora. Vejo São Paulo como uma mulher de tetas enormes e caídas que ainda procura amamentar todos que a procuram. Parece que sugaram tudo. Todo o verde, toda sensibilidade e educação, deixando no lugar, poluíção, prédios cinzentos e cadavéricos, juntamente com o fedor de merda e urina em cada trecho verde que teima em subsistir no meio do asfalto e concreto.
Passei minha infância em Guarulhos e suas imediações; no pricipio dos anos 70 fomos morar ali na famosa "boca do lixo", um período na Rua Guaianazes, depois mudamos pra Pereira Barreto, não muito depois voltamos pra Rua Aurora. Naqueles tempos já era comum vislumbrar pelas calçadas estes tipos que a vida engoliu, regurgitou, mastigou e por fim cuspiu de nojo. Certa vez passei por uma mulher na rua e nunca imaginei que fosse possível uma pessoa feder tanto.
No principio de 1975, minha mãe quis visitar seu passado, então fizemos uma viagem de trem até Ourinhos, eu, ela, minha avó e meus dois irmãos menores. Foram os melhores 15 dias que passei em toda a minha vida. Ficou agendado uma volta nas férias de meio de ano, que jamais aconteceu. Por volta da Semana Santa, meu pai veio anunciando nossa mudança para Brasília. Demorou pra me habituar, mas fui feliz na Capital Federal.
Só voltamos pra São Paulo no começo de 1992, para o mesmo lugar, mesmo prédio, como uma moléstia que retorna ao seu corpo quando você pensou que havia se livrado dela. Era estranho ver os mesmos rostos (só que envelhecidos uns 50 anos), aquele cara ainda com aquele uniforme de mensageiro na portaria do hotel. Estranho mesmo era regressar como se nunca tivesse saído, e notar como ali no centrão, falava-se uma série de dialetos, alguns de origem africana, coreano, castelhano e mais alguns.
A Livraria Muito Prazer, veio a ser um instrumento de prazer e tortura no melhor estilo "sadomasô". Havia tantos book arts e comics nos mais diversos idiomas e nenhum dinheiro pra comprar. A sério, eu não tinha tostão nem pra comer um maldito churrasco grego.
Certo dia, cansado da dureza, munido de uma pasta que continham alguns desenhos feitos com esferográfica preta, sai determinado a arrumar trabalho, passei na galeria 24 de Maio, a famosa galeria do rock, nas lojas de silk screen. Lá, abordei um cara, mostrei os desenhos e ele me perguntou se eu sabia trabalhar com poliéster, letra tone e coisas tais. Eu menti dizendo que sim. Na mesma hora fui  finalizar umas artes que ele tinha por lá (o cara que trabalhava ali havia faltado naquele dia). Pagavam por produção. Naquela tarde eu já tinha uma quantia pra fazer um mercado em casa, ir a um cinema e comprar um vinil do Scorpions. Foi meu primeiro trabalho depois de tantos anos fora.
Solitário, nos fins de semana, eu ia até a Praça da Luz, na Pinacoteca e ficava lá a tarde toda. Naquela época a entrada era franca e quase não havia viva alma lá dentro, eu tinha todo o acervo do século XIX somente pra mim. Doces tardes amargas e geladas.  
Hoje sei que o trânsito está mais impossivel que nunca, estive lá pro casamento do meu irmão há dois anos, e vi por mim mesmo. Assisti pela TV, um arrastão próximo ao Túnel Rebouças. Sei lá, acho que todo paulistano deveria no final de cada ano ganhar uma medalha por sobreviver em São Paulo. Os homens por terem os colhões de ferro e as mulheres pelos nervos de aço. Eu, como não tenho nem uma coisa nem outra, fico de longe me decidindo se amo ou odeio esta cidade.
Se o Deus Todo Poderoso permitir estas reminicências continuam amanhã, finalizo aqui com uma imagem do Zé Gatão. Se fosse traduzir a expressão do seu rosto eu diria que é de extremo tédio. 

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

CAPA PARA A REVISTA "GAMERS" ( 03 )

Esta foi a terceira capa que fiz para esta publicação. Como disse antes, cada uma delas tem um fato pitoresco para acompanhar. A mim parece que certas situações nunca mudam. Antes eu pensava que só artistas iniciantes é que passavam por situações muitas vezes constrangedoras, mas mudei de opinião ao ler certa vez uma entrevista com o famoso Boris Vallejo. Ele relatava as inúmeras vezes que teve seus trabalhos recusados ou mesmo perdidos por algum editor. E não só ele, Greg Hildebrant, Corben e etc.
Para a primeira capa eu cobrei um valor "X" (não coloco o preço exato aqui somente por não lembrar quanto era exatamente. Era outra moeda inclusive), acharam muito mas pagaram numa boa. Quando levei a segunda,  quiseram abaixar uns 20% do valor. Como eu precisava do dinheiro, aceitei sem problemas. Não foi diferente com esta terceira, alegaram baixas vendas, que não podiam competir com a Super Game Powers da Abril e blá blá blá, então reduziram uns 30% do meu pagamento. A contragosto assenti.
Como narrei anteriormente, eu pegava as referências na Lapa e ia entregar o material no Morumbi. Havia lá um cara enorme, com o singelo nome de Marcial, que parecia não ir com a minha cara, e ele não curtiu esta terceira ilustração. O motivo? Para os que estão inteirados do assunto, o mascote, ou garoto propaganda do game "Killer Instinct", era o personagem Fulgore, e eles queriam a figura do mesmo na arte. Como o pessoal da redação da Gamers não havia especificado nada, eu retratei o Cinder e o Glacius, outros dois lutadores do mesmo jogo. Só aceitaram porque não havia tempo para mudanças. 
Um outro aspecto interessante, foi que havia lá uma menina que era uma graça, muito bonita mesmo. Como eu estava solteiro e não vi aliança nos dedos dela, resolvi dar uma galanteada. Não gostaram muito da coisa não, numa outra vez que apareci por lá, um individuo afetado (homossexual assumido mesmo) se apresentou como noivo da beldade, frisando que eram felizes e em breve se casariam e tal. Cena patética, mas eu devo mesmo ter cara de lobo mal, pois a ovelhinha (ou porquinha) se sentiu ameaçada. Repito: PATÉTICO.
Bem, meus queridos e queridas, por hoje é só.
Um bom final de semana, descansem, divirtam-se e se Deus quiser voltarei na segunda.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

CINCO MINUTOS ( 07 )

Acho que já deu pra perceber que quando coloco imagens dos últimos livros que ilustrei é porque não posso me delongar aqui no blog. É isto mesmo, na verdade está sendo uma semana complicada para mim. Todas são na verdade, e como não há muito o que dizer sobre estas artes, elas meio que preenchem as lacunas. Melhor dizendo, eu planejei comentar sobre o período em que trabalhei com o comércio de quadrinhos em São Paulo, mas teria que ser uma postagem mais longa e hoje eu não disponho de tempo, então pra não ficarmos com um buraco na semana, os desenhos dos livros me socorrem. A outra opção seria só postar algo quando eu tivesse alguma coisa muito relevante para dizer, mas não é a minha proposta para este blog. Sou metódico, enquanto for possível quero manter a regularidade. Por enquanto ainda temos vários desenhos e eu sempre fui tagarela quando a oportunidade se apresenta.
Não é o caso hoje.
Quem sabe amanhã terei mais tempo?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

NATUREZA MORTA 02

Salve, meus caros amigos e amigas.
Como foi o feriadão?
O meu teve altos e baixos. Não é incrível como estes pequenos problemas cotidianos somados criam uma muralha quase intransponível? Estas dificuldades comezinhas tornaram meu dia ontem muito difícil.
Ok, tropeçamos, nos ferimos com o tombo e fazemos o quê? Só restam duas opções, ficar chorando caido ou levantar, sacudir a poeira e continuar a caminhada. Estar deitado não é comigo (nem para dormir - aliás, durmo pouco).
Mas vamos ao que interessa, esta foi a segunda natureza morta que fiz para o "Método Dinâmico de Desenho e Pintura" da Escala. Tive pouco tempo pra improvisar esta arte. Me lembro que meu irmão Gil veio com a esposa e filhos para Recife, então comprei umas frutas, fiz uns arranjos e pedi a ele que fotografasse pra mim. Revelei no Shopping as que achei mais interessantes e corri pra casa pra lambuzar a tela com tinta a óleo.
Procurei, com uma mistura básica de cores, dar o tom mais realista possível. O fundo frio contrasta com os pigmentos das frutas e legumes.
Não lembro mais o motivo, mas desgraçadamente a pintura, a exemplo da primeira, não fez parte do volume. De nada adiantou a pressa.
Quando estive em São Paulo pra rodar um DVD, eu tive que pintar uma outra nos mesmos moldes, seguindo o mesmo padrão de formas e cores, e esta sim acabou fazendo parte da revista. É uma pena não ter a arte aqui para comparação. Não lembro direito, pois nem a edição eu tenho comigo, mas acho que esta ficou melhor. Se você tem o referido volume aí, poderá confrontar.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

AGUADA 2

Hello folks.
Esta foi uma das primeiras tentativas de me aprimorar na técnica de aguada.
Lembro da época que fiz esta ilustração. Só molhei o pincél no nanquim, na água e deixei a mão se mover de forma um tanto aleatória. Ninguém em casa, exceto meu pai, estava se sentindo a vontade com a idéia de sair de Brasilia para voltar a São Paulo. O clima era estranho nesta fase.
Eu particularmente estava deprimido. A arte pra mim sempre foi uma poderosa válvula de escape, principalmente aquelas que são mais desafiadoras.
Ao observar depois de tanto tempo um desenho como este, eu me surpreendo com as mudanças que se operaram no meu estilo, técnica e até na minha vida. Eu era uma pessoa totalmente diferente. Neste tempo, meu sonho era casar e ter pelo menos uns quatro filhos. Como mudei!
Anos antes tive uma única filha de um relacionamento totalmente conturbado, mesmo assim eu tinha este ideal. Infelizmente, os solavancos da jornada me fizeram repensar as coisas. E no final, tudo interfere no modo de trabalhar sua arte.
Desta estação pintei algumas telas "figurativo-realistas", mas com temas carregados de simbologias.
Quem sabe não posto algumas com o tempo?


Sei que muita gente esticou o fim de semana, amanhã é feriado, então muito obrigado a quem apareceu por aqui hoje, se Deus quiser nos encontramos de novo na quarta. Abraços a todos.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

POE, CORBEN E ALAN PARSONS


Perfeito mesmo, somente Deus.
A Santíssima Trindade.
As criações humanas jamais poderiam sequer chegar à Sua sombra.
Dito isto, vamos enaltecer algumas obras terrenas que merecem comentários.
Existem manifestações artísticas que quando combinadas, tem o poder de arrebatar.
Sou fã de Edgar Allan Poe, Richard Corben e Alan Parsons.
Os que amam a boa literatura certamente conhecem Poe e seu célebre poema O Corvo, os que prestigiam as HQs alternativas com certeza já leram alguma coisa do mestre Rich Corben, e aqueles que valorizam a boa música é muito improvável que não conheçam The Alan Parsons Project.
Mas pode ser que a rapaziada mais nova esteja por fora, então só me deixe informa-lo que Parsons foi engenheiro de som do lendário Dark Side Of  The Moon do Pink Floyd, recebendo um Grammy pelo mesmo. Eventualmente ele juntou-se ao músico e compositor Eric Woolfson para formar uma banda. O primeiro disco conceitual desta parceria foi o excelente TALES OF MYSTERY AND IMAGINATION EDGAR ALLAN POE (aqui, uma das faixas é o foco da nossa postagem) de 1976. A banda fez muito sucesso, tendo vários hits tocados nas FMs durante os anos 80. Alguém aí já deve ter ouvido TIME.
Mas o que nos interessa aqui é a fusão que é apresentada neste vídeo. O triste poema do Edgar ilustrado por Corben e musicado pelo Alan Parsons.
Na verdade esta não foi a única vez que Rich se aventurou em quadrinizar o poeta americano maldito, no período Warren temos vários brilhantes exemplos e um recente e belamente ilustrado livro em que ele dá forma a alguns contos e poemas para o selo MAX da Marvel.
(Isto tudo me lembra que estou com a biografia do Poe parada, entalada como um espinho de peixe na minha garganta, GRRRRR . Mas um dia ela ficará pronta).
Portanto, meus queridos e queridas, coloquem o vídeo em tela cheia e deleitem-se com as imagens do Corben, a inebriante e misantrópica música de The Alan Parsons Project e o funesto poema de Edgar Allan Poe.
Bom fim de semana a todos e até segunda com a permissão do nosso Deus.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

CINCO MINUTOS ( 06 )

Pois é, meus caros amigos e amigas, os bancos estão parados e ontem fui pagar minha conta de luz numa lotérica próxima da minha residência. A fila estava absurdamente comprida, mais do que vocês podem imaginar. Não sabia que além da greve dos bancários a mega-sena estava acumulada, não me ligo nestas coisas. Desisti. Tem sempre trabalho me esperando. Voltei hoje cedo, afinal, soube por minha esposa que alguém do Rio Grande do Sul ganhou o grande prêmio. Bom pra ele.
Levei um livro pra ler, a fila podia estar grande ainda. Não fiquei surpreso, estava ENORME. Não pude me concentrar na leitura. Havia um carrinho (chamo assim na falta de nome melhor) vendendo CDs e DVDs piratas tocando uma música de péssima qualidade numa altura vergonhosa.
Não sei, li certa vez que quanto mais musical é um povo, menor desenvolvimento tem o lugar onde ele vive. Tem lógica, decerto se o cara batucasse menos, ele produziria mais. O artigo dizia ainda que São Paulo não tinha tantos expoentes musicais (Adoniran Barbosa e mais quem?) como nos estados do nordeste. E as diferenças entre as duas regiões eram discrepantes. Mas pensando bem, esta tese não se aplica a tudo ou a todos. Afinal, os negros na Lousiania não trabalhavam melhor entoando hinos de louvor a Deus, dando inicio assim ao movimento Gospel?
Bem, deixando estas teorias de lado e voltando ao meu desabafo, não pude ler meu livro também porque por azar, sempre tem alguém puxando assunto, reclamando da vida. À minha frente uma mulher encontrou um velho conhecido e começaram aquele papo, "ah, como você está linda!", "como vai fulano?","ah, fulano tá com 13 anos, completou na semana passada..." e essas coisas.   Sou um cara muito chato, né? Já disseram que com este temperamento eu deveria morar sozinho numa cabana no meio do mato. Concordo.
Uma vez que adentrei à lotérica, reparei que haviam duas filas. Uma delas reservada à terceira idade. Pobres dos velhos, pondero. É triste pensar que depois de uma vida inteira de lutas para criar filhos e construir uma sociedade, esta mesma os abandona à própria sorte, tendo que viver de migalhas dadas por um governo carregado de iniquidade, como bancos reservados em coletivos que andam sempre lotados e coisas do tipo.
Paguei minha conta e voltei pra casa refletindo, em tempos passados estas situações serviam de combustível para as minhas criações, hoje não tenho mais vontade de fazer HQ como desabafo. Não no presente momento.
Ontem terminei mais uma ilustração. Trata-se da capa de uma edição especial do Fantasma, o espírito que anda, ainda sujeita a aprovação pela King Features Syndicate. Assim que obtiver permissão pretendo posta-la aqui.

O desenho de hoje é um dos que compõe o romance Cinco Minutos. Fico conjecturando, será que os dias do José de Alencar eram melhores? A Bíblia Sagrada nos assevera que não é sábio fazer este tipo de indagação. Sei que naquela época além de haver escravidão institucionalizada, morria-se das mais diversas doenças. Mas, sei lá... Ainda que pareça piegas, será que eles tinham mais tempo pra observar o por do sol?
Será?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

VIOLÊNCIA GRATUITA.

Antes de mais nada, um aviso: Eu nada tenho contra o militarismo. Ao contrario, admiro muito. Só que é uma vida que não serve pra mim. Talvez por ter um problema sério com autoridade. Acho que isso se dá por eu  sempre ter tido uma relação muito atribulada com meu pai. Fui militar por quase dois anos e posso dizer sem sombra de dúvidas que foi um dos piores períodos da minha vida. Mas teve um peso muito grande em minha existência. O que você aprende ali, para o bem e para o mal, se carrega para sempre.
Penso que o ambiente militar, traz a tona o que um homem tem de melhor e também o que ele tem de pior, dependendo da índole. Na caserna você aprende a ter apreço pela limpeza e pontualidade (algo infelizmente tão nulo em dias atuais), respeito pela hierarquia e pelas instituições. Creiam, são coisas positivas e que devem ser cultivadas no ser humano. Hoje em dia não se reverencia mais nada. Ninguém quer saber de ouvir os mais velhos, sejam eles pais ou professores. 
Reparem que muitos que curtem HQs, debocham do Superman, e enaltecem o Wolverine, um "herói" que deixa fluir seus instintos mais básicos, doa a quem doer.
Em compensação, quando naturalmente o individuo é ruim (eles existem e não são produtos do meio, creiam), ele encontra no refugio militar o local perfeito para exercitar toda a sua perversidade.
Bem, estas são divagações minhas lastreadas por experiências reais que vivi. 
Estas páginas de quadrinhos que e encontrei por acaso num dos meus envelopes que contém artes que não foram publicadas, eu fiz sem planejamento algum, apenas pra dar vazão a um conceito. Foi baseada em fatos dos quais fui testemunha ocular (evidentemente com o tom "tarantinesco" e exagerado no tema).





terça-feira, 5 de outubro de 2010

MINHAS INFLUÊNCIAS ( BERNIE WRIGHTSON ).

Bernie Wrightson também é conhecido como O MESTRE DO MACABRO.  Este epíteto lhe cai como uma luva, pois neste quesito o cara só emparelha com o saudoso Graham Ingels, o famoso "GHASTLY".
Wrightson, como o talentoso artista que é, seria capaz de dar vida a qualquer coisa, inclusive hqs românticas, mas especializou-se, talvez por motivos pessoais, em histórias de terror ou comics que contenham algum elemento grotesco ou sobrenatural.
Se vocês só o conhecem por intermédio de  hqs medianas como "Batman, o Messias", ou "Alien x Batman" ou aquela bobagem inqualificável do Justiceiro "pós-mortem", pare de ler isto aqui e vá para o Google e pesquise sobre sua obra prima, Frankenstein, sobre seu período na Warren Magazine ou House of  Mystery. É dele a criação, junto com Len Wein, do Monstro do Pântano.
Eu o conheci em 1976 nas páginas da revista Kripta da RGE, mais exatamente, no segundo número em que ele quadrinizava um conto de Lovecraft chamado "Ar Frio". Na minha opinião, são poucas histórias de Lovecraft que são quadrinizáveis, Herbert West Reanimador seria uma delas, a outra é Ar Frio, e Wrightson cumpre a tarefa de forma magistral. O cara consegue condensar a narrativa em 7 páginas com toda a atmosfera terrorífica.

O Monstro do Lago Pepper, Crepúsculo, Jennifer e muitas outras fizeram minha cabeça. Aqueles traços que muitas vezes beiravam o caricato, aqueles ângulos improváveis, aquela iluminação irreal me fizeram crer que nos quadrinhos tudo era possível. Eu já tinha experimentado um pouco desta emoção ao ler Gerard Schnobble de Will Eisner em 1975, mas foi Bernie quem coroou o bolo com a cereja.
Sou péssimo para desenhar mãos, morro de inveja da maneira como Wrightson desenha as de seus personagens. Acho que de tento tentar imita-lo, as mãos que desenho hoje, são uma pálida idéia de como ele faz.
Sua obra máxima, como ele mesmo ressalta, são as ilustrações que ele fez para o livro Frankenstein de Mary Shelley. Ali podemos vislumbrar suas influências que vão de Franklin Booth a Roy Krenkel.
Creio que uma das coisas que define um artista genial, sejam alguns elementos sempre presentes que caracterizam suas obras, por exemplo, as mulheres do Frank Frazetta são "gordotas" e tem as maçãs do rosto salientes, os heróis de Corben são atarracados e musculosos, as mulheres tem seios fartos e por aí vai.
Em Bernie Wrigtson eu diria que são aqueles enormes dentes encavalados de suas criaturas, os imensos olhos odiosos como que perscrutando o interior de sua alma.
Não saberia dizer porque a qualidade do seu traço decaiu da década de 80 pra cá, nos quadrinhos pelo menos. Já ouvi dizer que poderia ser problemas de saúde. Talvez ele tenha se reinventado e sua performance
atual não agrade a mim particularmente.

Atualmente, mais que qualquer outra coisa, ele tem criado designs para o cinema. É dele as criaturas daquele ótimo filme baseado no conto do Stephen King, O Nevoeiro, dirigido pelo Frank Darabont.
Mas o que ficará marcado para sempre em mim e nos meus traços são as imortais criações deste fantástico artista durante toda a década de 70.







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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

CAPA PARA A REVISTA "GAMERS" 02

Shinobi. Eu nunca tinha ouvido faler dele. Fiquei sabendo que era um ninja de roupa branca em 1994 quando fui pegar as referências para uma nova capa da revista Gamers. Lá, só me deram uma fita cassete com um trailer do jogo. Era tudo o que tinha pra fazer a arte, e não era muito. O resultado foi esta imagem que vocês conferem hoje. Óleo sobre tela.
Mais interessante que a capa em si, foi um acontecimento paralelo que se deu em minha vida naqueles dias, envolvendo uma garota, amiga de uma namorada do meu irmão. Sexo, intrigas, mentiras, ciúmes, violência e morte!!!!!!!!!!
....... Certo, sei que vocês não acreditaram, pra ser sincero nem sexo teve, mas mentira teve sim. Eu analiso a mentira da seguinte forma, geralmente as pessoas faltam com a verdade para se proteger ou para prejudicar a outrem.
Eu me senti prejudicado e até hoje não entendo a razão; bem, a vida tem destas coisas.
Comentei em dias passados que estava trabalhando num quadrinho de três páginas que estava dando dor de cabeça, lembram? Pois é, deu trabalho pra fazer o layout.
Recusaram.
Justificaram dizendo que ficou vulgar e grosseiro. Mas vulgar e grosseiro porquê?!? Foram eles que passaram toda sinopse quadro-a-quadro! Eu só teria que dar um visual à ação. Queriam algo parecido com o traço do Milo Manara.
Bem, que peçam a ele pra fazer então, eu tô fora.
Éééé meus amigos, esta é a vida de desenhista.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

AGUADA

A técnica em aguada nunca foi fácil para mim, pensando bem, nenhuma é. Todas tem o seu quilate de dificuldade, mas é lógico que existem aquelas que nos sentimos mais à vontade. Para mim não é o caso da aguada. Trabalhar com nanquim já não é tarefa lá muito confortável, envolvendo água então....
O exemplo que temos hoje aqui foi a minha primeira tentativa neste sentido. Usei um pouco de guache branco para acentuar alguns brilhos e...argh, comprometi a arte. Pra piorar fiz num papel de gramatura leve que enrugou a base.
Mas passado todos estes anos, noto que ela tem sim um certo charme. Pelo menos ela recebeu elogios do renomado pintor  José Roosevelt.
Com o tempo fui melhorando nesta técnica, cheguei ao ponto de criar toda uma hq assim. Mas nem por isto fiquei muito confiante.


Bem, como eu havia dito numa mensagem anterior, a partir de agora deixo de postar aos sábados e domingos, salvo é claro se tiver algo importante a dizer ou me sentir compelido a faze-lo. Sentar aqui e devanear é para mim um prazer enorme, mas realmente meu tempo anda muito curto e preciso dedicar mais horas à prancheta.
Dito isto, muito obrigado pelas visitas, tenham um bom final de semana, domingo é dia de votação, seu voto é importante, faça-o com sabedoria.
Se Deus permitir estarei de volta na segunda.

RESENHA DE ZÉ GATÃO - SIROCO POR CLAUDIO ELLOVITCH

 O cineasta Claudio Ellovitch, com quem tenho a honra de trabalhar atualmente (num projeto que, por culpa minha, está bastante atrasado) tem...