quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
MAIS ALGUNS SEM O AUXÍLIO DO LÁPIS E DA BORRACHA.
Meu pai está de novo na UTI, desta vez com um quadro grave de pneumonia. Isto já faz uns dias. Não comentei antes porque tenho refletido muito se devo postar problemas domésticos aqui, afinal diz respeito também à minha família. Meus irmãos são muito discretos, e sempre fico desassossegado ao abordar um assunto que afete eles de forma direta. Mas as vezes não dá pra evitar.
Neste presente caso, penso que ele interfere tanto no meu estado psicológico que evitar comenta-lo com vocês (que tem a gentileza de ler as coisas que escrevo) seria como tentar me proteger do sol com uma peneira. Há sim esta necessidade de desabafo e estes tempos tem sido particularmente pesados. Minha esposa também não anda muito bem, foi muito estresse no começo do ano e agora a fatura está sendo cobrada.
Como já disse aqui, ao invés de aumentarem o valor das ilustrações, diminuíram. Esta semana seria época de pagamento, mas os contratos foram suspensos até a semana seguinte. Deram sei lá que justificativa, o problema é que os boletos para pagamento, todos datados para esta semana, não querem saber.
Também estou com meu molar esquerdo sensível, não consigo mastigar o alimento sem uma ponta de desconforto. Ontem eu e Verônica fomos ao dentista, chegamos cedo pois tínhamos hora marcada, mas por azar, foi a manhã das emergências, nestes casos eles tem prioridade, por isto saimos de lá tarde. Eu sempre levo um livro pra ler enquanto espero, mas o volume da tv estava mais alto que o normal, e embora eu estivesse num ponto da sala onde não podia visualizar o monitor, a voz monótona da apresetadora e seu papagaio putanheiro e sem graça não permitiram me concentrar nas palavras impressas, uma das matérias era sobre a rainha da Inglaterra, parece que ela completa anos de alguma coisa que não me interessa, quem falava nesta hora era um conhecido do jornal matinal da Globo, alíás, o mesmo tema já tinha sido debatido no programa anterior. Insuportável.
Comecei a observar as pessoas ao redor, uma coroa toda metida, de bermuda branca, foi ao banheiro pela segunda vez, quando ela saiu, falei para Verõnica: "Amorzão, acho que aquela mulher deu uma cagada das boas!" Ela: "Nossa! Por que você acha isto?" "Tô exercitando meu lado Sherlock Holmes - falei - ela demorou mais que o normal pra quem ia fazer xixi, e depois, desta vez ela insistiu em fechar a porta ao sair, algo que ela não fez da primeira vez. Bingo!" Ela riu e balançou a cabeça, como quem diz, "Você não cresce mesmo". Este sorriso dela é um dos motivos que me fazem continuar.
O dentista (um cara muito boa praça) chorou um pouco dizendo que os planos são caros pros usuários e o que repassam pros médicos é uma miséria. Eu devolvi falando sobre a exploração imobiliaria no bairro de Candeias onde moro, do aumento abusivo do meu aluguel, aí ele mexeu no meu dente e ele ficou sensível como eu disse a princípio.
Bem, as artes continuam, sou obrigado a pegar dois ou três trabalhos ao mesmo tempo pra que a renda permaneça a mesma. Aí me atrapalho todo e meus projetos pessoais como aquele Edgar Alan Poe continuam no limbo, esperando.
Os desenhos de hoje são do meu sketchbook.
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Esses rabiscos a caneta, direto, estão sensacionais! Destaque para os animais.
ResponderExcluirEspero que seu pai se recupere logo. Admiro muito sua força. Quando envolve saúde e família fica muito difícil se concentrar em trabalho, principalmente numa área que exige tanto da sensibilidade como a de ilustração.
Força,
Abração,
Sem mais comentários, muito obrigado, Gilberto.
ResponderExcluirAbraços.
Espero que seu pai se recupere o mais rapido possivel quanto postar sobre nosso dia dia passo por esse dilema tambem muitas vezes não dá para evitar pois tem coisa que nos afeta muito e á preciso desabafar!
ResponderExcluirFICOU UMA BELA cRÔNICA SEU POST!
Muito obrigado, Veloso.
ResponderExcluirÉ de fato um dilema falar publicamente sobre coisas pessoais, e logo eu que normalmente evito comentar sobre minha vida. É surpreendente como me abro através deste blog. Acho que é um anseio talvez até inconsciente de ser ouvido, ou ainda mais, de ser conhecido pelas pessoas, vai saber.
Grato de novo.