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sábado, 27 de julho de 2019

A PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA.


Quem quer ser um  imortal? Não, não digo estar vivo pelos séculos afora, mas ser lembrado positivamente pelo que se foi, pelas realizações, pelas sementes que plantou e frutificaram. Há quem realmente se preocupe com isso. Talvez nós todos em maior ou menor grau, consciente ou inconscientemente trabalhe neste sentido. Todos os seres vivos querem perpetuar suas espécies, um leão não adota os filhotes de outro leão, ele os mata e fecunda as leoas do rival. Os artistas principalmente, criam suas obras sabendo que elas viverão muito mais tempo que eles. Bem, nem todos. Esta selva não permite que todos triunfem. Tem muito cara bom  que permanece no anonimato.
A primeira vez que refleti sobre isto foi lendo o livro do Musashi do Eiji Yoshikawa, o maior e mais famoso samurai de todos os tempos afirmava que a única maneira de ser imortal era fazendo com que seu trabalho se perpetuasse. Não sei, como cristão eu tenho meus próprios conceitos em relação a isso.

Falam que somos um povo sem memória. Concordo com esta afirmação, mas.... não seria assim com todos? Os americanos ainda celebram Clark Gable? Marlon Brandon? Bogart? Chaplin? Eu usei exemplos de atores mortos, mas ouço dizer que os fãs de HQs de hoje nem sabem quem são Frank Miller ou Mark Silvestri.
Uma coisa sei, no Brasil entre artistas atuais e fãs da nona arte é muito raro um talento do passado, como Flavio Colin ou Jaime Cortez, serem mencionados como grandes.

Mas existem pessoas que tem como cavalo de batalha o resgate da memória dos artistas que fizeram história no país. É o caso da Agata Desmond do Rio de Janeiro. Ela mesmo faz parte desta narrativa pois travou contado com o editor da Ebal, Adolfo Aizen e desenhistas do quilate de Edmundo Rodrigues, que empresta seu nome a uma gibiteca que ela mantêm com fervor.

Fui entrevistado por ela no domingo passado e a conversa está no ar. De viva voz certos fatos adormecidos vem a tona dando um diferencial à interlocução.

Quem quiser dar uma conferida é só acessar o endereço:

https://gibitecaedmundorodrigues.blogspot.com/?fbclid=IwAR2kWLUhp_47YqMzZU9Ez1i8KbdfZFCTz-xnssFBCBBO40pw4pSV_QdUCO4

O blog conta ainda com outras matérias com gigantes dos quadrinhos de ontem e de hoje. Vale a pena visitar, ouvir e ler.

Até a próxima!

sábado, 20 de julho de 2019

ZÉ GATÃO - SIROCO E AS CENAS REAIS DA VIDA


Rato é um bicho perigoso. Nunca me esqueço de uma notícia que li quando moço, uma jovem mãe, em uma certa favela não lembro de qual estado do Brasil, deixou seu filho recém nascido no berço por uns minutos enquanto ia comprar alguma coisa, um remédio, pão, sei lá. Quando voltou viu aterrorizada umas ratazanas roendo o rosto da criança. A pobre criatura teve um dos olhos, nariz e boca devorados pelos bichos.

Certa vez, na nossa quadra, em Brasília, o zelador do prédio me relatou que fora atacado por um imenso rato que se empanturrava de restos de comida na lixeira do prédio, se sentindo acuado, o bicho saltou-lhe em cima e ele saiu correndo. Não o censuro, é um animal que transmite doenças.

Aqui no bairro onde moro, voltando do supermercado certa vez ao cair da tarde, vi uns gatos com movimentos suspeitos. Um deles meio que montava guarda e um outro se alimentava de algo que eu não conseguia divisar direito o que era, ao me aproximar ele virou-se para mim com a boca cheia de sangue, embaixo dele um enorme rato jazia morto com um imenso ferimento na nuca. Não atrapalhei, saí dali deixando os felinos se banquetearem a vontade.

Não faz muito tempo enquanto eu andava pelas ruas daqui, uns garotos perseguiam um grande roedor já tonto, talvez por alguma pancada, sem condições de fugir, foi vencido pelos chutes dos moleques. Um mais corajoso apanhou o animal pela ponta do rabo e jogou-o no meio da rua para ser esmagado pelas rodas de algum carro. Os pneus tiravam fino da criatura que estertorava no asfalto. Sem estômago para presenciar aquilo, afastei-me deixando os fedelhos entregues à sua cruel diversão.


Zé Gatão - Siroco segue sendo desenvolvido e eu espero estar com tudo pronto antes do final desse ano.
A trama: um grupo de felinos composto por uma tigresa aleijada com um filhote, uma onça, um velho leão, duas panteras negras e Zé Gatão são implacavelmente perseguidos por uma horda de hienas, babuínos e cães do deserto sedentos de sangue. Some-se a esse caldo, um oficial militar sequioso por vingança e urubus ávidos por carniça. Tudo isso num ambiente estéril, onde o sol agourento parece nunca sair de cima de suas cabeças. Um violento Siroco se aproxima prometendo dizimação.
A dor e o sofrimento de cada personagem nesta aventura me servem como expurgo dos males da alma.

Pra vocês, parte de páginas e esboços deste projeto que, acho, será totalmente independente.

Grande beijo a todos e até a próxima, querendo Deus!





sábado, 13 de julho de 2019

GALAXY TRIO


Aqui fala um indivíduo que é um dos últimos de sua raça. Um dinossauro. Sim, uma pedra que já rolou muito - não o suficiente, pelo visto, pois criou certo limo - e sente o enfado da fase atual. Viver nunca foi fácil, ao menos nos dias passados haviam grandes expectações e mais sentimentalidades.
Eu dialogava com uma pessoa próxima e afirmava que a minha geração foi, de certa forma, bem aventurada no quesito progresso da tecnologia e conhecimento. Eu penso que os nascidos entre os anos 50 e 70 foram privilegiados. A ciência se desenvolveu aceleradamente neste período; claro, sementes foram plantadas antes, mas a ampliação da sapiência se deu neste tempo. O homem no espaço, as vacinas, o avanço da medicina, televisão e tutti quanti. Óbvio que sempre existem os efeitos colaterais, com tal soerguimento cresceu também a paranoia e com ela a violência, a quebra de certos valores e costumes deixaram os pilares da sociedade mais frágeis. Mas o meu ponto é: em termos de cultura absorvemos o que de melhor se produziu no tocante a literatura, cinema, quadrinhos e principalmente música. Antes dos anos 50 havia o jazz e o blues mas era restrito. Com Elvis e os Beatles foram plantadas novas sementes (para o bem e para o mal) e o mundo nunca mais foi o mesmo. A literatura sempre foi um ponto forte no mundo, não dá para destacar um período que tenha sido mais fecundo que outro (minha opinião) mas creio que no tempo que eu destaco ela atingiu mais as massas com a abertura promovida pelos pulps. Nas HQs as histórias de terror e mistério da EC amadureceram esta forma de arte como nunca e com o surgimento da Metal Hurland nos 70 ela definitivamente deixou de ser coisa de adolescente e adulto infantilizado.
Hoje vivemos uma era tecnológica como nunca se viu e noto como o mundo ficou pequeno e estranho. Pessoas hoje se relacionam através de uma câmera de vídeo, parece não haver mais necessidade de contato físico. Isso me soa alienígena.
Lembro da época que numa festa de aniversário, casamento ou férias, tirávamos fotos e havia uma expectativa enorme para levar ao laboratório e aguardar para ver as imagens. Algumas saíam fora de foco, tremidas ou mal enquadradas (eu tinha uma tia que sempre cortava nossas cabeças nas fotos), mas as melhores eram guardadas em pequenos álbuns e viravam relíquias. E não era barato! Hoje este sentimento, esta expectação se perdeu. Com a modernidade tiramos instantâneos da vida por um aparelho que emite uma imagem em alta definição, se gostamos, enviamos por e-mail, salvamos e esquecemos numa pasta eletrônica. Se não gostamos, deletamos.
O mesmo posso dizer da emotividade em escrever e remeter cartas. A gostosa ansiedade pela resposta, a chegada do carteiro (este por quem tenho até hoje um profundo respeito), a esperança para ler as aguardadas palavras. Me lembra aquela música da Vanusa. Todas essas impressões quase que volatizaram pois hoje enviamos mensagens subitâneas, aceleradas, pelos mesmos mini computadores que trazemos nas mãos e que não deixamos nem nas horas das refeições.
Quando me referi acima como "mundo estranho" quis dizer também que até temo em passar a mão pela cabeça de uma criança e ser chamado de pedófilo. Não há como elogiar a beleza e elegância de uma mulher sem recear a acusação de assédio.
Mas claro que reconheço os enormes benefícios do tempo presente, não fosse isso eu não poderia transmitir essas ideias para vocês através deste espaço; meu trabalho, que sempre foi meio ignorado, não teria tido alcance nenhum. Sem falar no acréscimo dos anos de vida.


O Galaxy Trio são os antigos heróis da Hanna Barbera que dividiam o espaço com o Homem Pássaro nos idos dos anos 60. Recordo que o roteirista Leonardo Santana sugeriu que eu os retratasse pela minha ótica. Este valioso amigo saiu das redes sociais e faz falta.

Boa noite a todos e fiquem com Deus! 
Obs - Mais uma vez perdoem os possíveis erros, não fiz revisão.

sábado, 6 de julho de 2019

AMOR POR ANEXINS E OUTROS CONTOS ( 14 ).


Ah, como eu queria ser rico! Queria ter bastante dinheiro! Bem, quem não queria, né? Mas eu diria que meu caso é um pouquinho diferente. Se eu tivesse uma baita grana não gastaria com Ferraris ou mansões com 20 banheiros, não ia ficar torrando com cruzeiros inúteis. Em primeiro lugar eu deixaria a família bem de vida. Um bom lugar para morar com conforto e segurança é primordial, este seria o meu presente a eles. Para mim eu compraria um espaço para transformar em estúdio. Um local para armazenar meus companheiros, os livros, e, claro, minha prancheta. Ali também poderia ter um frigobar e um confortável sofá para repousar as costas depois da labuta. Nas paredes alguns dos meus trabalhos emoldurados, tímidos, ao lado de reproduções dos grandes mestres (nunca pude fazer isto nos locais onde morei, jamais consegui enquadrá-los). Este local poderia ser alguma das sobrelojas das comerciais da Asa Norte em Brasília, aquelas que ficam de frente para as quadras. Sempre achei estes espaços agradáveis. Seria o meu recanto de trabalho e repouso.
Mas acima de tudo eu gostaria de realizar os sonhos das pessoas, ou pelo menos prover um meio delas realizá-los. Nunca me esqueço de um moço batalhador que certa vez me falou que precisava fazer um curso para melhorar seu salário na empresa onde trabalhava. Tivesse eu o recurso eu teria pago o tal curso. Ou ainda aquele que precisa de veículo - carro ou moto - para trabalhar. Pensem, eu que amo esse negócio dos quadrinhos poderia dar uma força àquele que quer publicar sua obra para ver se isto o ajuda a entrar no mercado, ou mesmo pelo prazer de ver seu projeto circulando nas mãos dos admiradores. Eu queria ter dinheiro não para comer um bife de 500 reais na Argentina, mas para coisas como as que mencionei. Nada contra os milionários que torram muito com coleção de Harley Davidson, cada um cuida de fazer o que bem entende com o que é seu de direito, mas minha praia é outra; me visto de forma decente, porém simples, jeans, camiseta, ou camisas com as mangas dobradas na altura da metade do antebraço, tênis ou botas/sapatos esportivos, trajo basicamente aquilo que vocês veem nos desenhos do Zé Gatão (sem as camisas rasgadas, é claro). Gosto de comer bem mas nada dessas coisas sofisticadinhas francesas que aparecem no Masterchef, pratos que parecem uma pintura abstrata e que sugerem fome após a degustação. Se a cama é confortável e limpa, tá valendo, os lençóis não precisam ser de linho fino ou pura seda. Passei a minha vida inteira com muito, muito pouco, as vezes quase nada. No Rio de Janeiro eu dormia em cima de um tapete de couro de boi, coberto com um lençol simples e uma almofada forrada de uma planta chamada Marcela. Fazia refeições frugais, mas mantinha um espírito positivo apesar da depressão que sempre tentou me engolir por completo. Hoje sinto meu espírito quebrado, se dobrando a cada insulto e cusparada.
A bondade está escassa, mas em meio ao mar de lama Deus mostra que há flor no meio da urtiga; um dia desses procurava um telefone publico para ligar para casa - sem sucesso - e um senhor me estendeu seu celular dizendo: ligue do meu, fique a vontade.
E tem a bondade que vem acompanhada de interesse. Esta semana eu e Vera fomos às compras e eu estava sem crédito para solicitar um Uber. Perguntei se uma das pessoas ali no estacionamento do mercado poderiam rotear sua internet para meu aparelho apenas para eu pedir um carro e todos negaram. Mas um moço acompanhado de sua namorada disse: eu peço um Uber para o senhor. E assim o fez. Agradeci. Tomamos o veículo e então percebi que o motorista era amigo do cara que solicitou. Tudo estaria bem exceto pelo preço que ele cobrou pela corrida. Ficou, é claro, mais barato que um táxi, mas muito acima do que normalmente pagamos ao pedir pelo aplicativo.
Bem, se eu olhar com os olhos humanos, só verei as atuais circunstâncias, ou seja, jamais terei dinheiro para viver meus últimos dias com mais sossego e conforto. Possivelmente, pelos motivos que citei acima eu jamais farei fortuna, as pessoas bem sucedidas neste quesito pensam muito sobre este assunto, investem na bolsa, economizam, fazem aplicações financeiras. Fica complicado agir assim os que tem "devoradores" gravitando por todos os lados.
Hoje, mais velho, tenho vergonha de pedir dinheiro emprestado a amigos. Muitas vezes leio nos olhos deles algo como: porra, velho, tu nunca sai da merda? Se possível fosse jogariam a nota numa fossa para eu pegar. Nunca me esquecerei de um editor que certa vez me detratou pelo telefone em plena hora do almoço porque eu pedi um adiantamento do valor que ele me devia, ele disse que eu era uma pessoa nociva, eu iria receber na data combinada, solicitando adiantamento e ele impossibilitado de ajudar, se sentia uma pessoa má, eu o tornava mal.
Mas sempre tem os que entendem as situações difíceis e estendem a mão e ainda dizem para eu pagar quando possível, para eu não me preocupar com prazo. Que Deus abençoe a eles e também aos que fazem de má vontade ou nem fazem, afinal, o sol nasce para todos da mesma forma, não é?


A penúltima arte deste clássico.

Por conta da correria não fiz revisão de texto. Se houver erros (dever haver) queiram perdoar.

Até a próxima postagem, se o Senhor permitir!

ZÉ GATÃO POR THONY SILAS.

 Desenhando todos os dias, mas como um louco, como fiz no passado, não mais. Não que não queira, é que não consigo; hoje, mais que nunca eu ...