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sábado, 13 de julho de 2019

GALAXY TRIO


Aqui fala um indivíduo que é um dos últimos de sua raça. Um dinossauro. Sim, uma pedra que já rolou muito - não o suficiente, pelo visto, pois criou certo limo - e sente o enfado da fase atual. Viver nunca foi fácil, ao menos nos dias passados haviam grandes expectações e mais sentimentalidades.
Eu dialogava com uma pessoa próxima e afirmava que a minha geração foi, de certa forma, bem aventurada no quesito progresso da tecnologia e conhecimento. Eu penso que os nascidos entre os anos 50 e 70 foram privilegiados. A ciência se desenvolveu aceleradamente neste período; claro, sementes foram plantadas antes, mas a ampliação da sapiência se deu neste tempo. O homem no espaço, as vacinas, o avanço da medicina, televisão e tutti quanti. Óbvio que sempre existem os efeitos colaterais, com tal soerguimento cresceu também a paranoia e com ela a violência, a quebra de certos valores e costumes deixaram os pilares da sociedade mais frágeis. Mas o meu ponto é: em termos de cultura absorvemos o que de melhor se produziu no tocante a literatura, cinema, quadrinhos e principalmente música. Antes dos anos 50 havia o jazz e o blues mas era restrito. Com Elvis e os Beatles foram plantadas novas sementes (para o bem e para o mal) e o mundo nunca mais foi o mesmo. A literatura sempre foi um ponto forte no mundo, não dá para destacar um período que tenha sido mais fecundo que outro (minha opinião) mas creio que no tempo que eu destaco ela atingiu mais as massas com a abertura promovida pelos pulps. Nas HQs as histórias de terror e mistério da EC amadureceram esta forma de arte como nunca e com o surgimento da Metal Hurland nos 70 ela definitivamente deixou de ser coisa de adolescente e adulto infantilizado.
Hoje vivemos uma era tecnológica como nunca se viu e noto como o mundo ficou pequeno e estranho. Pessoas hoje se relacionam através de uma câmera de vídeo, parece não haver mais necessidade de contato físico. Isso me soa alienígena.
Lembro da época que numa festa de aniversário, casamento ou férias, tirávamos fotos e havia uma expectativa enorme para levar ao laboratório e aguardar para ver as imagens. Algumas saíam fora de foco, tremidas ou mal enquadradas (eu tinha uma tia que sempre cortava nossas cabeças nas fotos), mas as melhores eram guardadas em pequenos álbuns e viravam relíquias. E não era barato! Hoje este sentimento, esta expectação se perdeu. Com a modernidade tiramos instantâneos da vida por um aparelho que emite uma imagem em alta definição, se gostamos, enviamos por e-mail, salvamos e esquecemos numa pasta eletrônica. Se não gostamos, deletamos.
O mesmo posso dizer da emotividade em escrever e remeter cartas. A gostosa ansiedade pela resposta, a chegada do carteiro (este por quem tenho até hoje um profundo respeito), a esperança para ler as aguardadas palavras. Me lembra aquela música da Vanusa. Todas essas impressões quase que volatizaram pois hoje enviamos mensagens subitâneas, aceleradas, pelos mesmos mini computadores que trazemos nas mãos e que não deixamos nem nas horas das refeições.
Quando me referi acima como "mundo estranho" quis dizer também que até temo em passar a mão pela cabeça de uma criança e ser chamado de pedófilo. Não há como elogiar a beleza e elegância de uma mulher sem recear a acusação de assédio.
Mas claro que reconheço os enormes benefícios do tempo presente, não fosse isso eu não poderia transmitir essas ideias para vocês através deste espaço; meu trabalho, que sempre foi meio ignorado, não teria tido alcance nenhum. Sem falar no acréscimo dos anos de vida.


O Galaxy Trio são os antigos heróis da Hanna Barbera que dividiam o espaço com o Homem Pássaro nos idos dos anos 60. Recordo que o roteirista Leonardo Santana sugeriu que eu os retratasse pela minha ótica. Este valioso amigo saiu das redes sociais e faz falta.

Boa noite a todos e fiquem com Deus! 
Obs - Mais uma vez perdoem os possíveis erros, não fiz revisão.

12 comentários:

  1. Realmente, o avanço tecnológico das comunicações trouxe mais afastamentos do que benefícios, mas com ressalvas. É até curioso pensar que, há mais de 10 ou 15 anos, não existiam redes sociais e que transportar músicas em algo menor que um vinil, uma fita K-7 ou um CD pareceria ficção científica. Acho que falei algumas vezes que raramente vejo TV, atualmente.

    Lembro que Galaxy Trio e Homem Pássaro passavam no Festival de Desenhos de Domingo, bem cedo, lá pelos nos anos 1980 e na Globo. Na mesma época, passava Transformers e Thundercats.
    Posso nunca ter conhecido (infelizmente) o finado Newton Da Matta (dublador do Lion, Bruce Willis, Dustin Hoffman e outros), mas já tive a felicidade de tirar fotos com Márcio Seixas (dublador do Homem Pássaro, Batman, The Tick e outros).

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    1. Meu caro rapaz, posso te contar um segredo? Um sonho meio adolescente, tá? Eu queria muito ver uma animação adulta do Zé Gatão dublado pelo grande Márcio Seixas. Não só a animação, o personagem tinha que ser dublado por ele, pra mim um dos maiores do Brasil.

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  2. Bela ilustração, Eduardo! andei meio longe daqui, mas sempre volto. Devo ter lido umas três postagens anteriores de vez, rss... Ainda bem que o cheque da Dark não voltou. Seria o cúmulo! E eu que achava que já havia entrado numas tarefas durezas...já virei noites, mas 3000 desenhos sem comer, direto, madrugada afora, é hard. Fica com Deus e saiba que estou sempre aqui, torcendo por você. Grande abraço!

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  3. Obrigado, Gilberto! Essa arte foi encomendada por um grande fã dos personagens antigos, sou privilegiado em poder retratar esses ícones, pena que meu alcance seja tão limitado. Mas ok, qualidade acima de quantidade, certo?

    E sobre os trampos com pressão, eles eram uma constante na minha vida nos anos 90, teve uma vez que recebi a incumbência de fazer uma ilustração para embalagem de caixa de brinquedo da Estrela, perdi dois jogos do Brasil na copa do mundo (94) num frio intenso paulistano para entregar no prazo. Hoje meu atual fôlego não permite mais este tipo de esforço.

    Saiba, é sempre um prazer tê-lo por aqui e ler seus comentários.
    Forte abraço!

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  4. Que lindo ficou o Galaxy Trio! Show, Schloesser! Postar sua foto de infância no topo do blog foi uma ótima lembrança. Que olhar pensativo! É difícil não projetar na imagem da criança o que sabemos sobre o adulto. Bom, pensativo ou não, era um menino bonito com um cabelo de matar de inveja. Abraço!

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    1. Carla, quanto carinho em suas palavras! Quanta gentileza! Muito obrigado!

      Sabe, lembro bem do período desta foto, impossível esquecer os pesadelos, o medo, a sensação de solidão e os tons cinzentos desses dias. Sabia que a cor do Zé gatão não é por acaso? Mas Deus me fez sobreviver até os tempos atuais.

      Um forte abraço!

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  5. Vi que acima comentei 3000 desenhos. Eram 300, rss...Curioso você comentar isso da copa de 94. Por incrível que pareça, nessa época peguei com um colega, encomenda de 200 faixas de 6 metros e alguns banners para divulgar o Concerto da orquestra experimental de repertório de São Paulo, patrocinado pela Vinólia. Fizemos em silk-screen durante 2 semanas, improvisando porcamente pois não tinha lugar pra fazer adequado, experiência, etc...À noite o colega pegava uma Kombi velha, alguns marmanjos e saia madrugada afora pendurando as faixas pelo centro e alguns bairros. No último dia, fui ajudar também. E no dia do concerto (no parque Ibirapuera), lembro que era Brasil e Holanda, tive que pintar uns tapumes no palco com logo da Vinólia. Quando os músicos entraram, a tinta ainda estava fresca...E só ouvimos o gol do Branco (de falta) graças a um radinho que nos arrumaram, rss...
    Grande abraço e boa semana

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    1. É, meu caro Gilberto, se fôssemos escrever um livro relatando nossas desventuras usando nossa arte em prol da sobrevivência, creio que as páginas já viriam umedecidas de suor e lágrimas. É duro, mas há satisfação, penso. Sigamos firme na luta.

      Boa semana e obrigado pelos bons augúrios!

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  6. Acho que o entretenimento de massa ,pós século XX,está é declínio vertiginoso(nem menciono alta cultura). Não há um novo Edgar Allan Poe,nem um novo Júlio Verne,pra citar escritores bem populares.esta lacuna foi preenchida com livros de terceira categoria escritos por sub-celebridades do youtube.

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  7. Realmente, temos os mesmos heróis fictícios, e talvez também alguns reais. Bela arte. E ótima reflexão sobre os prós e os contras da modernidade. Certamente há mais contras do que prós.

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    1. Obrigado por seu comentário, meu amigo. Sobre os dias atuais, mais que nunca me sinto como um peixe fora d´água. Penso que somos adaptáveis, sabe, mas essa evolução chegou rápido demais, não dando tempo aos mais velhos de se adequarem.

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