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domingo, 21 de abril de 2024

A SAUDADE É MAIS PRESENTE QUE NUNCA

 


 No momento que escrevo essas palavras são por volta das 21h do dia 21 de abril. Hoje fazem três anos que o Gil partiu, adensando as sombras que existem na minha alma. Devo ressaltar aqui que quando uso palavras funéreas sobre minha vida ou condições de vida não o faço movido por espírito de coitadeza, pra aparecer ou coisa que o valha, mas por não mascarar os sentimentos que tenho sobre as situações adversas que me acometem e elas são frequentes desde que me entendo por gente.

Existem pessoas bem-aventuradas (falo daquelas que nasceram bem, tiveram boa educação formal, viajaram bastante, comeram fartamente, foram populares com as garotas, são gente do bem e etc e etc) que tiveram seus momentos ruins vez ou outra, mas deram a volta por cima e tem uma espécie de vocação para a felicidade, os conheci e não foram poucos, mas eu não sou assim, inclinado à depressão (existem momentos crônicos e sei que a única razão para não dar cabo da vida é a presença de Cristo no meu existir). Com tudo isso, meus irmãos sempre foram fortes colunas de sustentação, todos os três, mas o Gil  era o mais presente e ficar sem ele tem sido um fardo duro de carregar.

Sobre o André, a mensagem lacônica da esposa dele para o Rodrigo (nosso caçula) ontem, foi: "infelizmente o quadro permanece o mesmo". Então é isso? Ele continua em coma induzido há quase dois meses? Me sinto estranho ao pensar sobre isso, meu irmão vive mas está  desligado do mundo, da realidade. Já ouvi falar de casos em que esse banimento provocado por AVC foi até maior mas voltaram com o mínimo de sequelas ou nenhuma e isso dá um calor de otimismo, mas um medo me toca vez ou outra lembrando o quando este mundo é tenebroso e eu posso sofrer mais uma perda irreparável. Me sinto muito, muito triste. As orações e fé continuam. Nada mais posso fazer.

Minha situação financeira atual é das mais precárias (pudera, nosso país amarga maus tempos como a muito não se via!), não é novidade, mas mesmo assim não consigo me acostumar, as pressões continuam e só sobrevivo porque Deus me dá suporte. 

Não falarei mais da saudade imorredoura do meu amado irmão, vocês nada tem com isso, no ano que vem, nessa mesma data, se vivo eu estiver, guardarei as lágrimas só para mim, assim como nada falarei sobre a partida da minha mãe dois meses antes.

Pensei em encerrar com um texto bíblico, mas acho que uma frase de uma música do Roberto Carlos (quando ele fazia boas canções) soaria mais com o que me vai na alma sobre o Gil: "foi pouco o que restou de tanto que existiu: recordações e nada mais."

Saudades, querido, espero que nos vejamos em breve.  

 

 

 

 

 

 

9 comentários:

  1. Lamento renovado por sua perda nesta data natalícia (estranho falar em aniversário de morte, mas a efeméride desconhece a natureza boa ou ruim do acontecimento). Não se desculpe por compartilhar seu pesar, e ano que vem escreva outro texto sobre, se quiser (quem se incomodar, que pare de ler o blog!).
    Felizmente para mim, embora compreenda sua dor, não posso dizer que sei como você se sente. Nunca perdi ninguém realmente importante, e espero que demore muito, ou talvez nunca aconteça (isso seria como ganhar na loteria da vida).
    Um dia de cada vez, amigo, e em breve tudo - o que é bom e o que não é - terá passado. Sua fé é um amparo (que eu não tenho) e um dia você se reunirá aos seus (que não serão mais mãe e irmão, mas algo por ora indefinível para nós, porém certamente partes componentes do todo que é o cosmo e talvez do corpo etéreo e eterno de Deus).

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    1. Sempre muito agradecido por suas palavras, meu amigo (talvez você não conheça a dor da perda de alguém muito amado mas sei que sofre as mesmas pressões do cotidiano que eu e sabe como é duro engolir a seco).
      Vamos caminhando descalços pela poeirenta estrada da vida - não, poeirenta, não, trás um ar de sertão, de coisa bucólica, inédita aos almofadinhas da vida moderna - vamos refazer a frase: vamos caminhando pela asfaltada e cheia de buracos estrada da vida onde em alguma esquina nos aguarda a magrela senhora da foice, tentando manter a integridade.

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    2. Manter a integridade aqui eu quis dizer nós, não a dona morte. Claro que você entendeu, mas outros, se lerem, podem não entender, as vezes eu sou ruim de comunicação.

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  2. Boa noite, prezado. Li o texto, muito profundo e honesto. Não vejo seus textos como coitadeza, pelo contrário, usar um espaço público como aquele e se permitir explanar os problemas da vida que vive, em meio a um mundo cada vez mais pautado na mentira, no culto a falsidade e na busca pelo aconchego tão real quanto uma nota de 3 reais é um ato de coragem. Você pode se sentir um derrotado, mas eu o vejo como um vitorioso, não pela conquista em si, mas pela permanência, pela insistência, apesar das incertezas. Eu o parabenizo.

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    1. Sempre digo que existem comentários dignos de moldura e este seu é um deles. Eu agradeço suas palavras e fico por demais lisonjeado, afianço que não sou imune a elogios, embora não me julgue digno deles.
      Abraço e permaneça firme na sua arte e à vida, por mais cruel que ela possa parecer.

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  3. Eduardo meu amigo, parece que existem mesmo casualidades que beiram o inexplicável, há pouco me sentei aqui com a ideia fixa de perguntar sobre seu irmão. A condição dele tb não me é estranha, tive dois conhecidos que passaram por algo semelhante, em ambos os casos, acordaram e se recuperaram, um bem mais que o outro. Você comentou sobre a dureza da vida para algumas pessoas e me fez recordar de uma colega de infância. Ela teve uma vida dificílima quando criança, com uma mãe solteira (ou solo) extremamente rígida e sem nenhum traço de carinho que frequentemente a espancava por banalidades, quando finalmente encontrou a felicidade no casamento com um rapaz realmente gentil e amoroso, no parto da sua primeira filha, entrou em coma devido a anestesia, ficou nessa situação por 12 anos, até falecer. Me pergunto o porque disso com algumas pessoas? Se não acreditar em algum tipo de missão, prova, não tem como seguir a vida de forma racional pensando que somos apenas animais superiores regidos pelas mesmas regras básicas da natureza. Hoje fui passar o dia com minha mãe, sem motivo algum, nenhuma data especial, decidi que ela no alto dos seus 80, não precisa de data especial para ser visitada. Lá eu tb encontro nem que seja momentaneamente algumas horas de descanso para minhas angustias e aborrecimentos. Você e seu irmão continuam nas minhas preces.

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    1. Meu caro, que coisa terrível e triste essa que você relatou sobre sua amiga de infância! Me sinto consternado com coisas assim. A bíblia relata essas injustiças das leis naturais do mundo (o livro de Eclesiastes, digo). O homem natural, quando acredita, culpa a Deus, que criou todas as coisas, mas o propósito do Criador para o homem, não foi esse, o homem escolheu o seu caminho e se associou ao inimigo de nossas almas na ânsia de saber (ou ser) mais do que o Senhor exatamente como fez o tal anjo de luz e deu no que deu, o mundo entregue ao maligno e as consequências sofremos todos. Existem coisas que não discernimos e não nos é possível entender, uma coisa é certa, Deus prometeu saída para a burrada do homem e Ele mesmo pagou o preço na obra de redenção na pessoa de Cristo Jesus.
      Meu irmão já respira espontaneamente, segundo a última mensagem da mulher dele. Um passo de cada vez. Agradeço muito suas orações e interesse.
      Visite sua mãe com mais frequência, se for possível, faz bem pra alma.
      Abraços!

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  4. Bom dia, meu caro. Você fala do seu irmão e dá vontade de tê-lo conhecido. A vida é, como disse o finado pai de um ex-amigo, uma senoide. Uma hora estamos embaixo, outra hora, no topo. E vamos levando. Não esmoreça!!! Qualquer coisa, estamos aqui! Abração!

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    1. Boa noite, prezado!
      Ah, tenho certeza que vocês se dariam bem e seriam ótimos amigos, vocês têm muito em comum, sabia? Só pra citar duas coisas: Olavo e Tintin.
      Obrigado e forte abraço!

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