Como diz a música, o tempo não para. Acho que todos nós, num momento ou outro da vida, fazemos planejamentos pra um dinheiro que vai chegar. Na cabeça tudo parece possível, até o momento de colocar na ponta do lápis, aí sacamos que a realidade é bem diferente.
O que tenho ganhado com minhas ilustrações estes anos todos, tem dado pra manter minha família com um conforto razoável. Moro num bairro legal (embora esteja um tanto abandonado pela prefeitura), minha geladeira está sempre farta, me visto bem, vez ou outra pego um cineminha e tal. Mas quaisquer outros luxos... ah, nem pensar! Não tenho carro (sequer sei dirigir), meu apartamento é alugado (o sonho da casa própria vai se tornando cada dia mais inalcançável), e se me mantenho atualizado no mundos das HQs, em primeiro lugar, é que meus irmãos (meus grandes heróis) vez por outra me presenteiam com book arts e quadrinhos, e em segundo, alguns editores que me prestigiam, enviam suas cortesias.
Todas as vezes que vou negociar uma nova comissão, apresento os valores que acho razoáveis (fica inclusive bem abaixo da tabela proposta pelo sindicado de ilustradores do Brasil, que é o sonho dos desenhistas, mas reconheço que são impraticáveis), e nunca consigo fechar num preço que me permita respirar aliviado entre um job e outro. Os editores, consultores, atravessadores e sei lá mais o quê, tem sempre um monte de argumentos que nem valem a pena destrinchar aqui; eu que sempre estou matando jacaré a beliscão, tenho que aceitar o que eles "podem" pagar, e é sempre muito inferior ao que vale.
O assunto é velho e nem adianta ficar discutindo se existem soluções. Os impostos são altos, eu sei, mas eu também os pago, certo? O que me resta é agradecer a Deus por manter estas portas abertas, respirar fundo e procurar dar o melhor de mim não importando o quanto isto custe
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Fala, Eduardo! Essa situação que você narra é bem triste e infelizmente parece que é bem comum no Brasil. Um artista não deveria sofrer para se manter em crescimento. Temos que comer, vestir e manter nossas famílias, mas não é só isso que é importante para quem gosta de arte. Torço para que essa situação vá mudando como o tempo, na mentalidade do povo e talvez, principalmente, na mentalidade dos nossos políticos...
ResponderExcluirAbração,
É Gilberto, é um problema antigo este, desde que fui escolhido pela arte para exerce-la, sofro com este tipo de coisa, a não valorização desta atividade, como se isto fosse uma diversão somente, onde o artista aproveita pra tirar algum. Há pessoas que acham que trabalho de fato é construir prédios, ou asfaltar ruas, por exemplo. Quem faz música, poesia e etc, não dá duro de verdade. "Ah, qualé? Pagar este tanto por uns desenhinhos?"
ResponderExcluirDizem que esta mentalidade está mudando. Será mesmo?
Abração.
Bom, sou ignorante nessa questão de sindicatos, que existem de atores, ilustradores (que gente desinformada acha... não importa!), domésticas... No papel, "deve" constar que o pessoal sindicalizado tem direitos, né? Mas, esses tais direitos não são "respeitados" até quando tão pagando (de onde eles tiram e/ou enfiam a verba, depois?), já não bastasse a carga tributária que você, eu e o mundo pagam até por 1kg de feijão ou um DVD original... Aí, quando alguém sindicalizado passa fome, sofre sacanagem, atrasos de pagamentos e calotes em eventos, feiras, o que mais for... cadê nossos direitos? Cadê o auxílio até pra nossa saúde ?! Como vamos pagar advogados, quando alguns "poderosos hipócritas" (que podem aumentar o próprio salário) dizem que... "exigir nossos direitos" (por sermos explorados e não nos pagarem o valor prometido) e protestarmos, é sinal de anarquia, coisa da nossa cabeça, depois que a gente não leu direito antes de assinar"?!
ResponderExcluirNo fim, não importando a "classe social", quando qualquer um de nós morre, quem paga o velório? Hein?!?
Abraços pra ti e pra família e desculpa pelo desabafo.
Não há o que desculpar não brother, seu desabafo é legítmo. Verdade nua e crua e nem há o que acrescentar, você já disse tudo. O pior é saber que não há soluções práticas para mudar o panorama. A nós que não nascemos em berço de ouro, só resta o trabalho duro e honesto. Mas eu tenho certeza se uma coisa, os ímpios se enforcam com a própria corda que tecem.
ResponderExcluirAbração.
Senhor Eduardo Schloesser, me tornei fã de sua arte, e já adquiri duas edições de Zé Gatão e os três albúns de de anatomia.
ResponderExcluirEntendo perfeitamente o que é ter o serviço pouco reconhecido, minha mãe é professora pública.
Mas gostaria de saber como contatá-lo para saber de detalhes de preços.
A sim, meu email é elton.borges@gmail.com
ResponderExcluirOla, Elton, obrigado por suas gentís palavras.
ResponderExcluirEu ia justamente pedir um e-mai seu para entrar em contato.
Você já se antecipou, legal.
Aguarde uma mensagem minha.
Abração.