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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

MAIS UM INFANTIL.

Minhas mãos doem hoje. Sim, as duas. A esquerda doi por conta de uma lesão sofrida o ano passado, foi uma idiotice que cometi e hoje não aguento mais segurar nada com firmeza sem sentir uma fisgada intolerável próximo ao polegar. Já fui no médico, já tomei antiinflamatórios, já fiz compressas com água gelada e quente e nada deu resultado, uma hora a dor passa, ou não. Fazer o quê? A direita dói porque ontem consegui fazer uma página inteira da biografia do Poe, normalmente levo dois dias para uma página, um dia para diagramar, fazer esboços, acertar os desenhos e detalhes e um outro para finalizar a página, que são os efeitos claro-escuro, mas ontem me empolguei e terminei a folha antes do anoitecer, resultado: mão cansada e as pontas do indicador e polegar sensíveis. Ossos do ofício.

Normalmente é pela manhã que tenho um melhor rendimento, gosto de aproveita-la para dar todo o meu gás pois nunca sei o que o dia vai me trazer, embora eu viva de rotina, mas gosto de garantir que um desenho, qualquer que seja ele, fique pronto, embora eu não saiba exatamente porque. Quando é um trabalho que vão me pagar por ele, aí justifica, mas quando dou vazão à minha criatividade e ponho no papel, a pergunta que fica é: porque o faço? Quem liga? Recebo um ou dois elogios de umas pessoas gentis e depois eles ficam esquecidos em envelopes. Penso que é porque eu não saiba fazer outra coisa e não goste de parecer um parasita, acima de tudo gosto do que faço, se um dia não pudesse desenhar mais, por algum motivo, creio que minha morte chegaria mais depressa. Me ocorre agora um pensamento nerd, li certa vez uma hq do Wolverine e do Destrutor; o poder mutante do Destrutor é gerar energia, tipo, dá pra acender um cigarro na palma da mão, mas um poder assim serve para que exatamente? Nem ele sabia. O mesmo se dá com o artista que não trabalha por encomenda. A ele só resta criar alguma coisa na esperança de que aquilo vai chamar a atenção de alguém e esse alguém se disponha a pagar por ela. Fora isto fica parecendo só uma vaidade besta.

Bem, estou divagando inutilmente, pra variar, o que eu queria dizer é que hoje não pude aproveitar a manhã pois tive que ir ao mecado com a Vera, saimos com um agradável tempo nublado, no estabelecimento caiu uma chuva caudalosa e nosso retorno foi sob o olhar cruel de um sol que parecia despejar óleo quente sobre nossas peles. Hoje em dia o tempo perdeu a razão, ficou louco e precisa ser internado num hospício. Noto também que antes, em cada esquina você encontrava um orelhão, por aqui eles sumiram. Em todo estabelecimento você via um relógio, podia ver as horas grátis, hoje os relógios e os orelhões sumiram (culpa dos celeulares?), estão se tornando peças de museu, e os museus estão fechando, tão mandando tudo para os computadores e internet. É a Skinet, a Matrix e sei lá mais o quê.

Bem, melhor parar de falar merda. Acabando aqui vou mergulhar as mãos em água gelada e partir pra mais uma página. Não vejo a hora de concluir este projeto do Poe.

Fiquem com mais um desenho para um livro infantil e tenham todos um excelente fim de semana.

2 comentários:

  1. Essa compulsão por desenhar , mesmo que não nos paguem, sei bem como é, Eduardo. Mas, apesar de tudo, imagino que isso deva ser ótimo. Nos faz mais amantes de próprio trabalho que a maioria dos outros profissionais. O ideal seria que cada desenho gerasse renda, afinal os tempos são mesmo duros de enfrentar.
    E as coisas estão mudando mesmo. Em meu bairro quase não há orelhões, salvo os da estação de trem nova, aqui perto.
    Estou curioso para ler essa hq do Poe. Ajuda aí! kkk. Brincadeira... faz no seu ritmo. Quadrinhos nesse nível e com todas as notórias dificuldades por que passamos, levam um bom tempo para virem à luz mesmo.
    O desenho infantil tá ótimo, pra variar.
    Um grande abraço!

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    Respostas
    1. Gilberto, muito obrigado pelas palavras, já disse inúmeras vezes mas não canso de repetir, o quanto palavras de alento ajudam, penso que seja como aquele grito da torcida impulsionando um atleta. Grato mesmo.

      Os tempos mudam e nós, ao que parece, não acompanhamos as mudanças, dia destes ao reler uma ou duas postagens antigas, notei que sempre estou me queixando de algo, como se a cada dia um elemento diferente de minha vida estivesse fora do lugar. Mas não são assim as histórias? Cheias de altos e baixos? É vida é assim, e caminhamos melhor quando desabafamos.

      A hq do Poe vai seguindo no ritmo que minhas atuais forças permitem, antes eu estava na página 20 e imaginava que teria mais umas 100 pela frente, hoje passei das 100 e penso que ainda tenho umas 20 ou 30 para acabar. Estou cada dia mais perto. Aguardemos.

      Grande abraço.

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ZÉ GATÃO POR THONY SILAS.

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