Não tem jeito, quando o calor chega por aqui, não há como evitar. E olhem que este ano até que demorou! Não sei se é efeito da idade mas tenho gostado demais de ficar em casa, antes uma saída às compras ou mesmo ir até a cidade para resolver alguma coisa era um bom pretexto para sair da rotina, comer algo diferente, sei lá, mas agora isso tem me aborrecido terrivelmente. A mesma coisa se dá com os eventos de quadrinhos, antes queria fazer parte do meio, mesmo me sentindo um corpo estranho, agora tenho evitado o quanto posso.
Esta semana tive que ir ao Shopping Guararapes, que é o mais próximo aqui de casa, e só na viagem de ida dá pra contar uns casos. As pessoas no ônibus parecem gastas, sempre gordas, acho que tem gordura até no cérebro, sempre suando em bicas. Falam alto aos celulares - principalmente as mulheres - eu estou gordo, mas não falo no celular, sequer tenho um. O que tenho deixo com a Vera, que fala constantemente com a mãe dela. Olho as pessoas, sempre estressadas, correndo para lugar algum, mas sempre numa mesma direção: o fim inevitável.
Geralmente tenho que sair à rua para descascar algum abacaxi; outro dia tive que ir ao Atacadão trocar uma carne (e olha que era Friboi!). Assim que Verônica abriu a embalagem um forte cheiro de carne estragada invadiu nosso apartamento e parecia não querer sair nem com as janelas todas abertas. Não acho que o mercado esteja comercializando carne estragada porque quer, acho que algum cliente desistiu da compra e o produto deve ter ficado fora da refrigeração tempo suficiente para deteriorar antes que fosse colocado de volta na geladeira e demos azar de pegar exatamente aquela.
Como sempre a burocracia para efetuar a troca foi algo surreal, tivesse eu a paciência de outrora transformaria isto numa hq. Primeiro fui até uma senhora que fica na entrada embalando as bolsas. Ela me deu um papel rubricado para eu levar ao gerente do setor. O gerente do setor perguntou qual o problema com o produto, de forma educada eu o convidei a cheirar a carne, ele recusou. Me deu um papel lá com a assinatura dele e me pediu para voltar até à mulher que ficava na entrada. Voltei. Ela pegou uma ficha e começou a preencher meus dados pessoais. A todo instante ela tinha que interromper para embalar a sacola ou bolsa de alguém. Depois de muitas perguntas (só faltou ela querer saber que número eu calçava) assinei a ficha e me dirigi ao Atendimento ao Cliente. Um cara carimbou o papel e foi procurar a funcionária responsável para assinar a folha e a minha nota de compra. Aonde a bendita menina estava, ninguém sabia. Até que apareceu esbaforida. Rubricou e fui procurar outro produto e ao passar pelo caixa ela precisava dar mais uma rabiscada como sinal verde para concluir o processo. Feito, paguei a diferença e finalmente pude sair.
Do mercado até o ponto dava para ver vários ônibus que me serviam, passando ininterruptamente, foi eu chegar e eles sumiram. Típico. Depois de vários minutos peguei um cheio, esvaziou no caminho. Finalmente em casa. Desci com o lixo. Tomei um banho, jantei, escovei os dentes e me sentei à prancheta. Que mais posso fazer além de brincar de ser desenhista?
PS 1 - Estes são desenhos para um livro infantil.
PS 2 - Não fiz revisão, então me perdoem algum erro.
Puxa, vc sintetizou como me sinto às vezes. Parece que brinco de ser desenhista! A gente vai tentando resolver pepinos dia a dia e, nesse processo, fazer algo criativo e viver do traço...
ResponderExcluirBoa semana aí e força, como sempre.
Pois é, meu amigo, e assim vamos lutando, é a lei da sobrevivência.
ExcluirAtualmente acho que somos os únicos a deixar mensagens em nossos respectivos blogs, não é mesmo?
Obrigado e um abração.