img { max-width: 100%; height: auto; width: auto\9; /* ie8 */ }

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS ( 08 )


Meus dias tem sido rotineiros. Costumo dizer à minha mãe que rotina na vida de pobre (bem, como dizia um conhecido, "pobre é o diabo", então mudemos para "remediado"). Recomecemos. Costumo dizer para minha mãe que rotina na vida de remediado é uma benção. Normalmente a vida do abastado quando sai da rotina é para um cruzeiro pelos mares naquele iates magníficos, a compra de uma nova mansão, o casamento da filha que será estampado na revista Caras e todas essas coisas. Fora da rotina na vida do pobre - desculpem - remediado, é uma internação para um tratamento renal numa das tantas "cabeças de porco" que chamam de hospital público no Brasil, é enfrentar umas horas para fazer um boletim de ocorrência numa delegacia porque um vagabundo de 15 anos lhe surrupiou a carteira com uma arma que não dava pra ter certeza se era de brinquedo e segue por aí. Então rotina no meu caso, é, sim, uma benção. Levantar de manhã, tomar meu desejum, higiene bucal, trabalho, almoço, trabalho e mais trabalho (as vezes fazer pagamentos na rua), tudo isto intervalado por breves leituras (um prazer do qual não abro mão) e normalmente fecho a noite ao lado da esposa assistindo alguma coisa na tv.

Eu diria que a música que toca na minha vida está longe de ser uma bela e melodiosa sinfonia, mas não chega a ser um funk carioca, está mais para um rock nacional oitentista rasteiro, simples, direto, mas bem tocado. No entanto em meio aos acordes nota-se um ruído, como uma estática, como se o radinho de pilha não estivesse bem sintonizado. É sempre o mesmo problema recorrente (do qual infelizmente não posso falar de forma franca). Como se eu estivesse num belo e perfumado jardim e o vento trouxesse vez por outra o odor pútrido de um lixão próximo.

No momento trabalho no terceiro livro de anatomia (é um material muito exaustivo de produzir),
são cinco no total, ao final desta jornada não sei como será, mas Deus proverá.

Bem, não vou me delongar, mais uma imagem do clássico do Machadão e vamos à luta.


Beijos, abraços e apertos de mãos!

3 comentários:

  1. kkkkkkkk Eu não conhecia esse ditado sobre rotina em vida de pobre, Schloesser. Quer saber? Concordo. É uma bênção mesmo. Parabéns pelo desenho!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Na verdade não é um ditado, Carla. Toda vez que falo com minha mãe ao telefone é sempre assim: Eu - "Alguma novidade?" Ela - "Não, tudo na mesma, na rotina." Aí eu emendo com as palavras que você achou engraçadas. Pensando bem, criei um ditado, né?

      Obrigado e um abração!

      Excluir
  2. Eduardo, você tem um talento para histórias macabras e assustadoras que gostaria de ver mais ainda em suas HQs. Gostei muito da narrativa. Percebi que você usou de alguns artifícios mais testados pelo tempo em histórias de horror como, por exemplo, colocar a personagem feminina (frágil) como a protagonista e quase uma narradora dos eventos. Gostei da referência ao álbum branco com o Equus Giordano e tal... Voltei no tempo com essa menção!
    Que mais? Fiquei um pouco triste porque, de alguma forma, minha mente me levou à uma história familiar enquanto eu lia sobre a chuva caindo sobre a cidade: era "O Golem" de Gustav Meyrink... pensei no projeto em que a gente poderia estar trabalhando (talvez já ter até finalizado) se o projeto tivesse sido selecionado naquele edital... Deixa pra lá, não vão faltar oportunidades para trabalharmos juntos no futuro :) Parabéns pelo conto. Ainda tenho a pretensão de escrever ou ilustrar alguma coisa como fã do personagem. Quando estiver com mais tempo eu o farei, pelo puro prazer de fazer. Grande abraço, fera. Continue sempre criando, como o artista que você é.

    ResponderExcluir

GIORGIO CAPPELLI (artistas ainda desconhecidos - ou ignorados - pelo grande público)

   Meu estúdio está uma bagunça mas não tenho pique para organizar. Fiquei assustado quando o Facebook veio com aquelas paradas de "lem...