Era muito cedo e ele já estava acordado, não dormira bem as últimas noites, na verdade ele não se lembrava da última vez que tivera um somo tranquilo e reparador, havia em seu universo um sem número de elementos que provocavam o caos, pequenos asteroides que promoviam o desequilíbrio e sua impotência em ordenar as coisas lhe traziam aflição à alma. Ele sorria, mas era um movimento de músculos faciais forçado, muito mais fácil era verter grossas lágimas, lágrimas de arrependimento, lágrimas por desejar que o impossível se tornasse possível. Ele tinha consciência de que seu lugar no mundo não era dos piores, haviam criaturas, milhões delas, em situações abjetas, mas isso não lhe servia de consolo e este egoísmo também lhe pesava na alma. A arte, esta grande irmã, que tantas vezes o tirou do lodaçal, parecia agora impotente, ausente.
Mas a tristeza, essa amiga que tantas vezes o inspirou no ato de criar, naquela manhã em particular doía-lhe no âmago.
"Podemos conversar um pouco?" Perguntou à esposa.
"Tem que ser agora? Estou ocupada com tais afazeres."
"Não, tudo bem, não é nada importante." Respondeu ele.
Pensou em falar com a mãe e os irmãos, mas o telefone que tinha em casa não permitia chamadas interurbanas e depois, imaginou: eles também estão cheios de problemas, não precisam de mais um.
Não muito tempo depois, encontrou uma amiga querida.
"Que bom te ver!"
"Digo o mesmo, mas eu preciso ir, meu companheiro me espera!"
"Por favor, fique mais um pouco, só cinco minutos, por favor!"
"Não posso, ele já me observa da varanda! Me ligue e conversamos, ok?"
"Ok."
Ele lembrou-se de um tempo em que viveu numa grande cidade cosmopolita. Tantas pessoas nas ruas, nas praças, nos trens, todas alheias, mergulhadas em si mesmas e ele acossado pelo abatimento.
Foi assim no passado, era assim no presente.
O dia seguiu seu curso, com todos os obstáculos físicos e imateriais que o impediam de se dedicar ao seu ofício. Olhou decidido para a estrada que tinha a sua frente, respirou fundo e seguiu por ela de mãos dadas consigo mesmo.
MEU AMIGO LUCA DEIXA SEUS COMENTÁRIOS EM MEU E-MAIL. eSTE EU ACHO QUE MERECE SER PUBLICADO AQUI (COM A PERMISSÃO DELE, É CLARO):
ResponderExcluir"Texto emblemático meu velho. Representa sentimentos que estão sempre ao lado e que vez ou outra ou sempre dão o sinal de sua presença sem nunca se afastarem de fato. Ainda assim a Vida tem suas benesses e como uma moeda tem cara e coroa, yin e yang,tudo em camadas e matizes não maniqueístas na realidade. Vamos seguindo saboreando frutas amargas, doces, de sabor intermediário ou sem sabor...até o término inexorável do nosso tempo por aqui. Errando, acertando. Fazendo pessoas amigas, nem tanto às vezes e desafetos (as) voluntários (as) ou não. Assim o é até o fim de todos os Tempos...!
Luca."
ENDOSSO, LUCÃO.
OBRIGADO!
My most dearest Friend
ResponderExcluirforgive me please! It gives me great feelings of guilt. It makes me very sad .
Forgive please
What is this, Mira, my friend? There is nothing to be forgiven. No one is to blame for my seizures of depression and I know that you also have many problems to deal with. I thank you for always spreading my work.
ExcluirBig hug.
Obrigado Edu.Muito abraços
ResponderExcluirPor nada.
ExcluirHug.
O comentário do Luca foi perfeito, Schloesser. O que tenho a acrescentar é: Se cuida, tá? E, se o bicho pegar, procure ajuda. Amigos virtuais torcem por você, mas adiantam pouco nessas horas. Chame a Vera, ligue pro CVV, fale com os vizinhos. O negócio é fazer um escarcéu pras pessoas ouvirem. Nada de sofrer calado. Panelas de pressão explodem, lembra? Abraço!
ResponderExcluirObrigado, Carla! Valeu pelas sugestões.
ExcluirEu estou tentando. Por incrível que pareça as pessoas mais próximas são as mais difíceis de perceber o problema, elas olham em volta e veem que as coisas estão sob controle, então não acham justificativas para a tristeza e eu fico constrangido, elas podem se sentir culpadas de alguma forma.
Escrever aqui é uma forma de por pra fora, mas as pessoas podem se cansar de tanto negativismo, portanto, eu pretendo que este seja meu último texto a esse respeito.
Uma hora tudo vai mudar.
Obrigado por se importar.
Grande abraço.
A vida é louca e cruel. Quem quer que diga que não, não está prestando muito atenção nas coisas. E este talvez seja o segredo da felicidade: saber ignorar os problemas e viver com a mente longe.
ResponderExcluirNão me considero melhor do que ninguém e, muitas vezes, sofro do mesmo mal e, por isto, nem sempre sou a pessoa mais confiável para ajudar os outros. Mas o que posso lhe dizer é que, quando estiver se sentindo assim, bate um fio que a gente pode conversar e, na medida do possível, tentar se ajudar.
O que posso dizer, Leo? Apenas um retumbante obrigado.
ExcluirSe o cinto apertar demais aqui eu te ligo.
Abraço forte.