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domingo, 18 de julho de 2021

ESPERANÇA, INGRATIDÃO E PROJETOS EM ANDAMENTO.


 Boa noite!

Um novo livro meu já  está na praça, demorou, como demoram todos, é um tomo que gostei muito de fazer e que foi questionado pelo editor várias vezes, tenho orgulho que abordei e desenhei ali, entretanto melhor não falar mais que essas palavras, o publisher, me pediu para não divulgar até que ele me diga que posso, consta lá, no site da editora, mas não recebi dele nenhum aviso e quero evitar problemas, mas assim que tiver carta branca comentarei sobre ele aqui.

Vivi a minha vida inteira sem saber o que fazer com ela, procurando atinar de que maneira eu poderia ser útil, imagino que todos tenham uma função nesta terra. Escolhi trilhar o caminho do bem tanto quanto fosse possível, se eu fizesse mal a alguém (e eu já fiz muito) não seria intencional. É uma escolha difícil. Uma vez, um rapaz me disse numa certa mensagem sobre um jogo (ele curtia muito videogames) onde você podia optar por dois caminhos, o do bem e o do mal, o caminho correto era muito mais cheio de obstáculos que o caminho torto. Eu digo que na existência, a estrada direita é mais sofrida porque pela lógica se entranharmos o bem, recebemos o bem, da mesma forma que se plantarmos maçãs, colhemos maças, pela minha experiência não é assim na jornada dos seres humanos - na maior parte. Ingratidão é uma coisa que dói, mesmo sabendo que nunca devo esperar dos outros a atitude que tenho com elas, tenho convivido com o desagradecimento todos os dias agora que vou entrando na velhice, eu  deveria estar acostumado, na verdade nem me importaria se esta atitude - praticada por uma única pessoa - não tivesse por vezes consequências mais sérias. A minha sensação é de que uma arma está diuturnamente apontada para minha cabeça e a qualquer momento o gatilho vai ser acionado.

Essas situações de pressão constante, sinto, tem cobrado uma certa urgência em produzir, em fazer a minha arte crescer. Crescer no sentido, talvez não da técnica, mas na rapidez da execução. As duas HQs que desenho atualmente (alternadamente) ambiciono que sejam o melhor que posso fazer em termos de traços. Pelo menos tento. São projetos que ainda vão demorar um bocado para chegar ao público, pois eu só tenho uma mão direita para executar, os roteiristas são corajosos e tiram dinheiro de onde não tem para me pagar, aí já viu, né? As imagens que vemos hoje fazem parte dessas obras ainda em andamento.

Passei noventa e nove por cento das minhas estações correndo atrás do dinheiro e ele sempre foi mais rápido do que eu; jamais foi minha ambição ficar rico - ou famoso - hoje a única coisa que ainda sonho neste vale de lágrimas é comprar uma casa (ou apartamento), não tanto por mim, mas pela Verônica. Mas anelei um dia em ter muito dinheiro, para ajudar minha família, para realizar as aspirações de alguém e para abrir uma editora, com ela eu traria um bocado de gibi gringo para cá e também publicaria os trabalhos da turma que admiro, como Allan Alex, Nestablo Ramos e vários outros. Pagaria uma bela grana para o Arthur Garcia terminar sua Piratininga, republicaria em álbuns de luxo material do Flávio Colin, Júlio Shimamoto, Mozart Couto e doaria boa parte para bibliotecas. E se tudo isso não desse retorno, sem problema, dinheiro é para ser usado em algo que traga satisfação, pelo menos eu acho que deveria ser. Sonhos. Apenas quimeras. 

Quadrinhos deve ser algo que dá algum dinheiro, sim. Vejo um bocado de pequenas editoras colocando na praça um material bacanudo, com bom papel, capa dura e tudo mais vindos da Europa e Japão. Tudo bem, é numa tiragem baixa, mas mesmo assim se a coisa não rolasse não seria possível. A internet ajuda, as plataformas de financiamento coletivo idem, imprimir hoje é muito mais simples do que na época que surgiu meu primeiro Zé Gatão. Apesar de tudo, o mercado para o produto nacional ainda não decola, salvo uma ou outra exceção, o que me impede de ser otimista em relação às minhas criações pessoais que estão esperando na gaveta. Bueno, já falei zilhões de vezes sobre isso e não vou repetir a cantinela.  

Grato a todos vocês por perderem um tempinho do seu dia (ou noite) para ler meus desabafos.

Fiquem bem.  



4 comentários:

  1. Esperança é uma coisa peculiar, com ela, a decepção dói, e sem ela, não fazemos praticamente nada. Mas ainda acho melhor ter. Boa sorte por ai meu caro. Acredito nesses projetos!

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    Respostas
    1. Também acredito, Elton. As coisas mudaram muito, mas a arte sobrevive.
      Obrigado!

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