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terça-feira, 31 de janeiro de 2023

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO

Arte criada para um livro do Ensino Médio que breve será publicado

 Boa noite a todos!

Faço uma pausa (queria que fosse breve, mas sei que não será, vou me perder como de costume em digressões e enxertar assuntos que nada terá a ver com o que eu queria realmente dizer) na atual página que faço para os Mitos Gregos (trabalho em Dédalo e Ícaro, penúltimo livro da série, já começo a ficar preocupado se a Ciranda Cultural não renovar o contrato comigo após o livro final, perderei o trabalho que é o grosso dos meus ganhos - viram como me afasto do tema proposto com meus parênteses? - mas não vamos sofrer por antecipação) com o objetivo de atualizar esse nosso espaço e enquanto o faço, devo informar que sou severamente incomodado com o calor e com os pernilongos que me desesperam tocando seus malditos violinos em minhas orelhas enquanto ferozmente se alimentam do meu sangue, o que me obriga a parar de digitar e tentar matá-los com tapas e se tenho sucesso, limpar o sangue das palmas das minhas mãos.

Mas vamos lá, talvez alguém aqui já tenha ouvido falar que tenho uma filha. Não nos vemos há muitos anos e meio que perdemos a conexão. Eu evito comentar o assunto para protegê-la, mas mais que nunca os dias de hoje não prometem futuros auspiciosos, os anos avançam e o pior pode acontecer comigo a qualquer momento e sinto o desejo agudo de me justificar, explicar o meu mutismo e um dia, quem sabe, ela pode ler essas palavras e entender o meu silêncio. Não fui um bom pai pra começo de conversa, eu ela sabemos porque, embora na minha cabeça eu tenha tentado ser, por isso, penso, ela se afastou e eu não a censurei pois achei mais que justificado. Por ocasião da despedida da minha mãe e meu irmão, eu e ela nos falamos umas poucas vezes, sempre brevemente, ao telefone e eu pensei que restabeleceríamos a ligação. Trocamos algumas mensagens por WhatsApp mas ela demorava na resposta e era sempre algo muito fugaz, logo intuí que ela o fazia por educação, não por gosto, ao mesmo tempo eu comecei a me encolher esmagado pela minha dor, açoitado pelos ventos das tempestades que sempre me assolam; esperei até que tudo passasse para retomar o contato. Escrevi mensagens e mensagens dizendo o quanto eu a amava e quanta saudade eu sentia, mas nunca enviei (mas deixei guardado em meus rascunhos). Até que dia desses assisti alguns vídeos, desses que são públicos em redes sociais, e pude notar o quanto ela está bem, bonita, pândega como sempre, feliz ao lado da família que ela conquistou faz anos. Tomei a deliberação de execrar as mensagens arquivadas - assim como pretendo um dia queimar todos os quadrinhos e desenhos que permanecem ocultos ao público - me aproximar dela, trazê-la para perto de mim, quando ela mesma nunca tentou fazer, seria como obrigá-la participar dos meus negros momentos de depressão e dificuldades financeiras, impingir, quem sabe, alguma culpa quando ela não tem culpa nenhuma, seria como eu pedir para que ela viesse me visitar numa cadeia, ela não merece isso. Ela nunca dependeu de mim pra nada, conquistou suas coisas na raça e eu sou orgulhoso por isso. Deixo ela bem, vivendo feliz ao lado da sua família. Se um dia o Todo Poderoso cruzar nossos caminhos novamente, então amém, assim será, mas eu não posso trazê-la para o lado negro do meu mundo que é só o que eu tenho para oferecer.

Eu deveria encerrar agora mas tem o título do post, né? Bobagem, foi algo que eu lembrei esses dias. Num outro universo, quando eu era outro personagem no palco da vida, numa Brasília do ano de 1976, havia esse menino, um menino robusto, de boa família, inteligente, com um chulé terrível e um irmão mais novo que era uma espécie de valentão da escola, que me segredou que haviam forças malignas no Brasil que deveriam ser combatidas pelas pessoas de bem, pessoas como eu e ele. Sim, ele me recrutava para a organização secreta que combateria o mal (não, ele não delirava, nem brincava, para ele era sério!) e a tal organização eram nós dois. Me lembro de que aventei a possibilidade de trazer para a "organização" mais dois amigos próximos do colégio e ele disse que não podíamos confiar em ninguém. O que veio além seria mera suposição porque de fato eu não lembro, mas deve ter ficado o dito pelo não dito. Eu mudei de escola e dele não mais ouvi falar.

Dando um salto no tempo, já nos anos 90, um outro conhecido me passou um livro que, segundo ele, seria como um tapa na minha cara, tratava se do tal "Protocolo Dos Sábios de Sião", um compêndio breve (e muito chato) que tentava provar o plano dos judeus para conquistar o mundo. Li, devolvi pra ele e esqueci. Não muito depois comprei a obra do Will Eisner chamada "O Complô", tão chato quando o tal protocolo que ele combatia e provava a farsa. Lamentei ter pedido o contato com o conhecido anti-semita, queria ver a cara dele ao ler as irrefutáveis argumentações do criador do Spirit.

Sobre o amigo que queria combater as forças maléficas que agiam secretamente no Brasil criando uma organização contrária composta por apenas dois meninos de 14 e 15 anos, lembro que ele gostava dos Carpenters e se apaixonou por uma desconhecida atriz do cinema ianque, uma oriental. Claro que não me recordo mais do filme em que ele a viu e se encantou, mas o que ficou vivo na minha memória é que ele disse que assim que pudesse viajaria para o exterior, a conquistaria e se casaria com ela. Espero sinceramente que ele tenha tido êxito e tenha sido feliz. Haviam nele bom coração e boas intenções.

Aliás, em homenagem a ele vou ouvir Carpenters enquanto termino a página de Dédalo e Ícaro.

2 comentários:

  1. As histórias reais da sua vida são mais fantásticas do que as tramas de ficção costumam ser. Isso (e muitos textos de outros posts) dariam livros e livros que dariam um nó na cabeça de muito leitor, sem falar nos plot twists que de quando em vez acontecem. E que arte foda lá no início, foge um tanto do seu característico, o que só mostra sua versatilidade e a capacidade de ser bom em muitos estilos.

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    1. Obrigado, meu caro amigo, suas palavras dão bom ânimo nesses dias estranhos, dias de incertezas onde o mal tem triunfado momento a momento - como constatamos ao ver a reeleição do presidente do senado - e isso me leva a refletir sobre o salmo 73 uma vez mais. Mas não quero sair do assunto. Só te agradecer pelo refrigério que seus elogios me trazem nesse deserto. GOD BLESS YOU!
      Eu queria ter tempo para escrever mais, embora atualmente eu o faça no piloto automático, ainda tenho dois contos tentando derrubar as paredes da minha mente procurando sorver ar, mas para atende-los necessito não estar me desviando das pedradas que me são lançadas....tempo, estou sempre tentando ganhar tempo.
      Sobre a arte, sim, eu tento adequar o traço ao que o texto pede.
      Obrigado de novo e forte abraço!

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