terça-feira, 27 de setembro de 2011
OLHOS IRRITADOS, BÁRBARO E OBRIGAÇÕES.
O marasmo que tomou conta de mim semana passada, deu lugar a uma vontade louca de trabalhar logo no domingo pela manhã. Resolvi dar sequencia ao Edgar Allan Poe, já que reclamo quase sempre que esta HQ está atrasada demais, desenhei a página 46 quase sem esboços, só falta finaliza-la, isto porque bastou emergir a disposição para as tarefas, que surgiram juntos vários compromissos que me impediram de continuar. Hoje fui ao oftalmologista fazer uns exames, amanhã será a segunda etapa. Mas já sei que precisarei usar óculos. Hum, só faltava isto para eu parecer um vovozinho completo. Paciência, a saúde antes da aparência. Só não sei com que grana mandarei confecciona-lo. Bem, uma coisa de cada vez.
Ontem, segunda, fui logo de cedo ao centro de Recife resolver umas coisas, tava um tempo estranho (sol e chuva) mas também uma sensação indecifrável de me sentir como um alienígena caminhando entre as pessoas, algo como se eu não pudesse ser compreendido ou mesmo aceito por elas. Como eu tinha um convite para assistir o novo filme do Conan, fui até o shopping mais próximo para conferi-lo. Cheguei no exato momento em que um baita temporal começou a cair; a fila para comprar ingressos estava repulsivamente longa, faltava 20 minutos para começar a cessão, apresentei o convite na entrada e me falaram que eu deveria troca-lo por um ingresso na bilheteria. Ao ver a fila, quase desisti. Lá fora chovia, eu não tinha mais nada para fazer aquela hora a não ser voltar para casa. Enfrentei. Meia hora depois, ainda me sentindo um corpo estranho no meio de todos aqueles jovens (é, só tinha mocinhos e mocinhas naquele lugar, uns mais idiotas que outros) peguei meu bilhete, ciente que o filme já tinha começado. Na tela, uma mulher agonizava, dando a luz a um menino em meio a uma batalha. A sala tava lotada, me senti um pateta tentando encontrar um lugar para sentar. Necas, tive que me contentar em assistir a película sentado na escada.
Jasom Momoa é o novo Conan? Bem, só se for uma versão adolescente (ainda que um tanto bombada) do bárbaro cimério. Me desculpem os que curtiram o filme, mas acho que o Schwarza (para o bem e para o mal) corporificou o personagem.
Pra dizer a verdade, nem achei o filme ruim, é assistível, uma razoável fita de ação, do tipo que se faz hoje, com sequências vertiginosas, uma atrás da outra, sem dar tempo pro cara pensar que está sendo enganado com um enredo fraco e previsível. Não acho que a culpa seja do ator principal, nem do diretor. Momoa se esforça, as cenas de batalha são bem encenadas, a era hiboriana retratada na tela convence, o problema mesmo é o roteiro, a mim não prendeu. Quem o escreveu conhece pouco do universo retratado nos livros do Robert E.Howard. Pra se ter uma ideia, o bárbaro não cita uma única vez o nome Crom. O vilão é um tanto caricatural, tanto ele quanto sua filha feiticeira. No clássico de 1982 dirigido pelo John Millius, o clima era pesado o tempo todo, como se não houvesse lugar seguro em parte alguma, a narrativa carregada de frases grandiloquentes, e a música... ah, a música! Ela falava mais que tudo nas longas cenas de silêncio dos personagens. Quem ligou para a canastrice do Arnold? Bastava ele empunhar a espada. O resto é o resto.
Quem sabe se neste novo filme eles tivessem cruzado duas aventuras clássicas do bárbaro como A Torre do Elefante e Inimigos em Casa, não teria sido bem melhor, ao invés de mostrar o jovem Conan como um rebelde sem causa na adolescência e depois um adulto querendo vingança de novo? Acho que dá pra passar uma chuva. Pra mim foi só.
Acho que deu para sacar que estes dois desenhos foram feitos sem auxílio da borracha, este abaixo foi feito dentro do ônibus.
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