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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

UNA BELLA PORRADITA!


Amadas e amados, boa noite! Tava com saudades de vocês! Sentirei falta quando encerrar minhas atividades neste espaço. Aos que gostam dele, não se preocupem, não pretendo que seja tão logo, mas uma hora terei mesmo que fechar as portas. Tenho pensado muito na relevância das palavras e desenhos que posto e...não sei. Um cansaço toma conta de mim, na verdade acho que ele sempre existiu, só agora eu sinto a intensidade dele. Digo a mim mesmo que vai passar, que meu maior problema é o dinheiro, a falta dele, melhor dizendo, mas sei que não é isso, pelo menos não SÓ isso.
A escassez dele torna tudo mais sensível, o calor, o frio e até a solidão! Mas o frio, o calor e a solidão existem independente de quanto dinheiro se tenha.
Imaginem um cara que passou a vida toda ouvindo berros aos ouvidos, escutando impropérios ferindo sua alma, isto durante vinte, trinta, quarenta, cinquenta anos, sempre. Chegará um dia em que no silencio da noite um simples suspiro o fará acordar sobressaltado. Entendem o que quero dizer, onde quero chegar?

O desenho de hoje faz parte do novo álbum de anatomia que breve chegará às livrarias. Músculos em movimento é o tema, um assunto que me fascina. Procurei outra abordagem no texto deste livro, tentei ser informal, bater um papo com meu público. Ao invés de citar músculos e o porquê da ação de determinado membro eu falo um pouco daquilo que me estimula ao pegar no lápis e papel, sempre com algumas dicas. Não gosto de aulas, aquela coisa de mestre e aluno, prefiro uma conversa entre duas pessoas, onde uma delas com um pouco mais de experiência tenta transmitir aquilo que a vida lhe ensinou. E o que aprendi é visualizado - para quem tem sensibilidade de perceber - em meus traços.


Durante a minha existência levei alguns socos na cara. Posso afirmar que é bem diferente dos filmes. Quando você é atingido em cheio, no primeiro segundo não há espasmo, mas algo que eu definiria como surpresa, a tontura vem antes da dor, logo o local afetado incha e aí, só sendo forte para ficar em pé.
A melhor lembrança que tenho disso foi quando fazia a quinta série, eu estudava na Escola Classe 104 Norte, em Brasília, devia ter uns 13 anos. Um encrenqueiro lá vivia provocando quem ele achava que era mais fraco que ele. Eu era um alvo fácil por ser bem mirrado e geralmente afastado de todos. Onde eu estava aquele imbecil ficava próximo, sempre na hora do recreio, visto que ele era de outra turma (se não estou enganado era da sexta série) e na entrada e saída raramente eu o via. Um colega que eu chamava mentalmente de "Cara de Peido" vivia me atiçando: "Cara, vai lá e quebra as fuças desse sujeito, vai ser moleza pra tu!" Mas eu fingia que não percebia os esbarrões, os pisões no pé, os apelidos bizarros, as chacotas doentias na frente das meninas e tudo mais. Só que tudo tem um limite e eu não lembro mais qual foi a gota que fez o copo transbordar, mas disse ao cara algo assim: " Tá legal, meu, cê tá pedindo, vai ter o que quer, a gente se vê na saída!" Não recordo se senti medo, mas ao encarar o valentão de frente, de peito estufado como um galo no terreiro, sorrindo debochadamente, sequer dei a ele chance de esboçar reação, parti para cima; trocamos socos que atingiam hora o vazio, hora costelas e braços, nada que machucasse muito. Devo lembrá-los aqui que pirralhos quando brigam se agarram e se arrastam no chão, não foi assim naquela ocasião, eu e o biltre parecíamos dois boxeurs num ringue. Num dado momento agarrei seus braços e o empurrei contra a parede do colégio, ali me dei conta de que apesar da valentia o cara não passava de um bosta, um fracalhão; ficou à minha mercê com olhinhos assustados, era pra eu ter esmurrado ele ali mesmo mas tive pena, não o fiz. Tudo isto que contei durou menos que um minuto e a "turma do deixa disso" que nos circundavam resolveu nos separar, me agarraram de cima dele e me imobilizaram, mas não seguraram o oponente. A pena que tive dele ele não teve de mim, vi-o fechar o punho direito e a porrada veio com tudo. Faltou forças nas pernas e o olho inchou na hora. Dilatado com a vitória o valentão tripudiou e se afastou dali com os colegas e meninas que faziam parte do seu séquito.
Humilhado, fui pra casa com uma beterraba no lugar do olho esquerdo. Inventei para meus pais que durante a brincadeira de pique-pega no recreio eu me chocara de frente com outro aluno. Aquele olho levou mais de dois meses para voltar ao normal. Curiosamente o provocador nunca mais olhou para mim, foi como se eu tivesse ficado invisível aos seus olhos.

Fim da história.

6 comentários:

  1. Nunca fui de arranjar brigas no colégio. Principalmente, bem antes do Ensino Médio.
    É claro que já senti vontade de arrebentar os babacas que me enchiam o saco, me empurravam ou alguém que até mesmo, inventava de passar a mão... na minha bunda!
    O 1º fez tanto na hora da saída, que quando segurei o braço de infeliz, ele retrucou um "Ô, meu!" e nunca mais fez isso.
    Teve outro abusado (na época, diriam era coisa de bichinha) que se debateu tanto quando o segurei pela manga do moletom, que caiu no chão. Quase que dei um chutão na bunda ou no lombo dele, que merecia!
    E o último, já dei tapas na cara dele e quase arrebentei a cabeça do mesmo com uma sombrinha.

    Foram um outro que, pra me defender um certo dia, apelei sujo... cuspi no pescoço dele, que ficou P da vida, mas não me bateu. Haha!!

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    1. Éééé, meu amigo, estas suas peripécias (e as minhas) fazem parte do currículo de 90% da molecada entre os 11 e 16, talvez até 17 anos, eu diria. Acho que faz parte do processo de aprendizagem da vida, uns para tiranizar e outros para se defender dos tiranos (alguns se submetem a eles e se tornam aqueles pelegos odiáveis por toda a vida!); o que me causa espanto é que o bullying acontece ainda na vida adulta, é muito comum nos quartéis. Já sofri perseguição numa empresa de comunicação em Brasília pelo filho do dono. Foi uma situação muito complicada de resolver, aliás, nunca resolvi. A firma fechou antes que uma situação envolvendo agressão física, delegacia e processo pudesse ter início.
      Este é um vale de lágrimas, meu caro, e nele, como na frase que escrevi no cabeçalho deste blog, SÓ OS FORTES SOBREVIVEM (mas nem sempre).

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  2. Oi, Eduardo! Acho que nunca briguei...
    Creio que o valentão nunca mais cruzou seu caminho porque sabia que tinha perdido. Ele sabia que trapaceara.
    Essas memórias de infância são base pra tanto roteiro, não é mesmo?
    Ótima semana por aí e um grande abraço!

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    1. Oi, Gilberto! Prazer revê-lo por aqui!

      Sorte sua meu caro, que você fez parte daquela pequena porcentagem dos garotos que driblaram bem as provocações. Essas histórias realmente rendem ótimos roteiros. Sabe, olhando assim dá a impressão que minha vida foi composta só de momentos ruins, não foi o caso, tive épocas mais auspiciosas, mas não compartilho por envolver outras pessoas, namoradas, por exemplo. Uma hora quem sabe eu não relate sobre os acampamentos, parques de diversões e outras coisas legais.

      Obrigado, abração e sucesso

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  3. Esse livro novo de anatomia vai ajudar muita gente que trabalha ou pretende trabalhar com quadrinhos de ação, Schloesser. Minha experiência com pancadas na cabeça coincide com a que você relatou. Primeiro surgem as "estrelinhas", ou seja, a vista escurece e fica cheia de pontinhos claros. Se você não desmaia, a visão volta ao normal e, aí, sim, chega a dor. Abraço e parabéns!

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    1. Salve, Carla!
      Espero mesmo que este livro de anatomia seja de utilidade para quem quer caminhar na estrada do desenho. Pelo menos que sirva de inspiração. Tenho alguns livros de uns feras que dão dicas e nem me valho tanto de suas experiências, pois o que faz o artista na verdade é o trabalho constante, mas seus traços me levam, na maioria das vezes, ao desejo de produzir mais e melhor.

      Sobre as pancadas, é isso mesmo. E aquelas no estômago? E na canela? No saco? Ih, melhor parar, já estou sentindo dor!

      Forte abraço e votos que tudo esteja bem com você.

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ZÉ GATÃO POR THONY SILAS.

 Desenhando todos os dias, mas como um louco, como fiz no passado, não mais. Não que não queira, é que não consigo; hoje, mais que nunca eu ...