Amadas e amados, bom dia!
Ah, as coisas andam complicadas - comigo e com o mundo! - há muito a dizer mas as vezes as palavras não saem, então deixo com vocês mais uma imagem de Brás Cubas e usarei os vocábulos de outra pessoa para que falem por mim.
Boa semana a todos.
A oração de uma monja do século XVII.
ESTOU ENVELHECENDO.
Senhor,
Sabes melhor do que eu que estou envelhecendo
e que, mais dia menos dia,farei parte dos velhos.
Guarda-me daquela mania fatal de acreditar
que é meu dever dizer algo a respeito de tudo e em qualquer ocasião.
Livra-me do desejo obsessivo
de por ordem nos negócios dos outros.
Torna-me refletida, mas não ranzinza,
serviçal, mas não autoritária.
Acho uma pena não utilizar toda a imensa reserva de sapiência
que acumulei por longos anos,
mas bem sabes , Senhor,...
faço questão de conservar alguns amigos.
Segura-me quando eu começar a desfiar detalhes que não acabam mais,
dá-me asas para ir direto ao fim.
Sela meus lábios acerca de minhas mazelas e doenças,
embora essas aumentem sem cessar,
e, com o passar dos anos, me dê certo prazer enumerá-las.
Não me atrevo a pedir-te
que eu chegue até a gostar de ouvir as outras
quando desenrolam a ladainha dos próprios sofrimentos,
mas ajuda-me a suportá-las com paciência.
Não me atrevo a reclamar uma memória melhor,
dá-me porém uma crescente humildade,
e menos suscetibilidade,
quando a minha memória esbarrar na dos outros.
Ensina-me a gloriosa lição
de que pode até acontecer que me engane...
Tome conta de mim.
Não é que eu tenha tanta vontade de ficar santa
(com certos santos é tão difícil ficar junto!)
mas um velho, além de velho amargo,
é com certeza uma das supremas invenções do diabo.
Faze-me capaz de ver algo de bom
onde menos se espera,
e de reconhecer talentos,
em gente na qual estes não se percebem.
E dá-me a graça de proclamá-los.
Amén
e que, mais dia menos dia,farei parte dos velhos.
Guarda-me daquela mania fatal de acreditar
que é meu dever dizer algo a respeito de tudo e em qualquer ocasião.
Livra-me do desejo obsessivo
de por ordem nos negócios dos outros.
Torna-me refletida, mas não ranzinza,
serviçal, mas não autoritária.
Acho uma pena não utilizar toda a imensa reserva de sapiência
que acumulei por longos anos,
mas bem sabes , Senhor,...
faço questão de conservar alguns amigos.
Segura-me quando eu começar a desfiar detalhes que não acabam mais,
dá-me asas para ir direto ao fim.
Sela meus lábios acerca de minhas mazelas e doenças,
embora essas aumentem sem cessar,
e, com o passar dos anos, me dê certo prazer enumerá-las.
Não me atrevo a pedir-te
que eu chegue até a gostar de ouvir as outras
quando desenrolam a ladainha dos próprios sofrimentos,
mas ajuda-me a suportá-las com paciência.
Não me atrevo a reclamar uma memória melhor,
dá-me porém uma crescente humildade,
e menos suscetibilidade,
quando a minha memória esbarrar na dos outros.
Ensina-me a gloriosa lição
de que pode até acontecer que me engane...
Tome conta de mim.
Não é que eu tenha tanta vontade de ficar santa
(com certos santos é tão difícil ficar junto!)
mas um velho, além de velho amargo,
é com certeza uma das supremas invenções do diabo.
Faze-me capaz de ver algo de bom
onde menos se espera,
e de reconhecer talentos,
em gente na qual estes não se percebem.
E dá-me a graça de proclamá-los.
Amén
Essa oração também me serve, Schloesser. Valeu! Parabéns pelos desenhos (o deste post e o do cabeçalho do blog). Por falar em desenhos, faz tempo que estou pra te perguntar: quando você ilustra um livro, quantos desenhos você faz? Depende do número de páginas? Você que decide quantos serão? Você faz a capa também? Depois volto pra ler a resposta. Abraço!
ResponderExcluirOi, Carla!
ExcluirOlha só, para ilustração de livros depende muito, há casos onde o autor me deixa a vontade para ilustrar conforme o meu gosto (claro que quanto mais desenhos, maior é o preço, mas geralmente fechamos um pacote), normalmente a gente discute o que ficaria melhor para a obra e meio que trabalhamos em conjunto, um ouvindo as sugestões do outro, o que pra mim é o ideal (e extremamente raro). Eu acho legal fazer uma ilustração por capítulo, se for um livro curto podem ser mais.
No caso desses livros clássicos, foram todos encomendados por uma editora que seguia uma linha, então pediram um número específico de desenhos (15 pra ser exato) e mandavam até descrições de como queriam as cenas. Para estes fiz todas as capas também. Normalmente eu executo a capa, mas já ouve caso em que o autor só queria os desenhos internos, a capa ficou sendo uma foto e tal.
Respondido? Qualquer dúvida é só falar.
Obrigado pelas palavras e elogios.
Grande abraço.
Respondidíssimo, Schloesser. Acho que quinze desenhos tá ótimo. Lembro que, quando os livros tinham só dois ou três, achávamos superpouquinho. A reclamação vinha na hora: "Que miséria!" :) Obrigada!
ExcluirO que me deixa chateado em livros que contém ilustrações, Carla, é quando elas são mal feitas. Li um Júlio Verne certa vez em que o autor deve ter feito os desenhos com o pé esquerdo. Os livros do Garcia Marques e do Jorge Amado vinham com uns desenhos horrorosos de um brasileiro que havia ganho prêmios no exterior. Vai entender.
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