Um detalhe interessante é que os autores - grandes desenhistas da geração passada - não assinavam seus nomes ou inventavam um pseudônimo.
Eu para sair do lugar comum tentava narrar histórias de cangaceiros, homens da caverna, alguma ficção científica mequetrefe ou enredo policial e em algum momento eu enfiava a cena de sexo na trama, afinal era para isto que eu estava sendo pago.
Isto era publicado em revistas sem periodicidade, com papel vagabundo, e não raro com erros de digitação nos balões. Os títulos eram variados: Pervers, Panteras, Seximan e outros tais.
Com a chegada da internet publicações de sexo em bancas perderam sua força. Dois bons quadrinhos meus permanecem inéditos (um deles o tema era o das mil e uma noites), já falei sobre o assunto aqui no blog, não lembro em qual postagem.
Penso que essas minhas publicações sejam bem difíceis de achar, talvez em sebos, quem sabe?
Planos para reunir todo este material num álbum bem caprichado já existiu por parte de um editor, mas se esbarra na questão de dinheiro para levar a coisa adiante. Eu, pra falar a verdade, não me movimento e existem dois motivos para isto: Primeiro, é coisa do passado e eu gosto de pensar no futuro, em batalhar coisa nova; segundo, não sou muito fã desta fase, meu traço era bem ruinzinho, pra ser sincero.
É isso aí queridos e queridas, até semana que vem, se o bom Deus permitir.
COMENTÁRIO DO MEU OLD PAL LUCA EM MEU E-MAIL. REPRODUZO AQUI:
ResponderExcluir"Muito bacana mergulhar nos bastidores desta fase de sua vida artística que infelizmente não se transformou em um material devidamente organizado e com produção bem acabada como mereceria, sendo parte do desenvolvimento e histórico de sua obra. Se existisse como se deve com certeza agradaria a nós seus fãs sobremaneira. Seu processo de criação seria esmiuçado e divulgado em um belo livro encadernado em capa dura e papel de qualidade. No entanto tal sonho não se deu e o blog presta este serviço dentro de suas limitações. Ao menos esta e outras fases não ficam na obscuridade total graças à Internet.
Abraço.
Lucão."
AGRADEÇO MUITO AS PALAVRAS, MEU VELHO!
Acrescento que ao contrário dos grandes astros que omitiam ou trocavam seus nomes, eu fazia questão de enfatizar o meu. Não há vergonha neste tipo de trabalho, na Europa, caras como Manara, Magnus, Crepax e Serpieri sempre foram ídolos fazendo pornô.
ExcluirFeliz aniversário, Schloesser! Muita saúde e pique pra criar novos projetos em 2018. Parabéns pelos trabalhos antigos que o transformaram no Senhor Desenhista de hoje. E parabéns antecipados pelas publicações que virão. Felicidades!
ResponderExcluirQue legal que você lembrou, Carla! Recebo seus votos com muita satisfação, obrigado pelo carinho!
ExcluirGrande abraço!
As únicas hq's que fiz e pouquíssima gente viu, são ligadas a Kahdis, de quando criei no início do Ensino Médio. Uma época em que tentei trabalhar pra uma editora, mandando uma carta pra Abril Jovem.
ResponderExcluirRecebeu resposta da Abril Jovem, Anderson? Fui no prédio da Abril com meu portfólio no início dos anos 90. Só a redação da Playboy se interessou e nunca entraram em contato. C´est la vie!
ExcluirBom dia, Mestre Eduardo Schloesser, amigo e irmão de labuta nos mundos paralelos e oficiais do quadrinho nacional. Só hoje me apercebi de seu aniversário. Perdoe o descuido. As correria dos pagalugueis de fim d ano as vzs nos tiram o foco de coisas realmente importantes. Um Grande e Feliz Aniversário, Mestre. Que Deus ilumine a você e a sua esposa, assim como todos os seus,. E sua arte maravilhosa continue a ser uma luz de sensibilidade em meio ao caos q teima em existir nos dias de hoje.
ResponderExcluirMuito obrigado pelas palavras gentis, mestre Allan. Elas são poderosas para espantar a depressão.
ExcluirForte abraço e muito sucesso na sua vida!
Como sempre, tudo para no muro da falta de recursos. A gente vai envelhecendo/envilecendo e percebe que a Vida (essa puta com bafão) sempre foi repetitiva, a gente é que estava ocupado demais para notar. Hoje, cansados e imobilizados, a ficha cai para nós. A vida foi pequena e não valeu a pena (falo por mim: você publicou).
ResponderExcluirNem me fale, meu caro, nem me fale. Hoje, nos tempos atuais, a fadiga é tanta que não há em mim energias para lamentar e reclamar. Mesmo tendo publicado (o que não deixo de agradecer) o retorno (financeiro, serviu naquele momento mas evaporou como gota de orvalho ao sol) foi pequeno, tanto que quase ninguém sabe da existência desse material. Algumas páginas foram perdidas na era pré scanner e vai ficar no limbo, mas sabe, isso não é só aqui em terra brasilis, EUA, Japão e Europa tem disso também, que eu fiquei sabendo por pessoas idôneas.
ExcluirAgora relaxei, recolhi os remos e deixo a correnteza me levar, não sem alguma tristeza.
Grato por seu comentário.
HQs eróticas são um universo infindável cuja exploração e pesquisa é uma batalha com derrota anunciada. Só a Pervers que você citou pelo que lembro tem mais de 7 séries diferentes de publicações, a série pocket por exemplo, com mais de 30 edições. A HentaiX, outra famosa da mesma época, se eu tivesse que chutar, pra mais de 100. A editora Graphipar tinha toda uma constelação de publicações desse gênero, e, como mencionado por vc, com nomes conhecidos do quadrinho nacional sob pseudônimos, Shimamoto, Watson Portela só pra citar alguns. Sem contar os clones dos personagens eróticos lá de fora, como a Bruuna X do Colonnese, Mirza (se bem que essa era suave), As mais difíceis de se achar hj são as piratas como a Confronto, publicavam HQs de outras editoras e artistas sem pagar nada por isso e do nada sumiam. Eu tenho várias cujo título nem me recordo totalmente pq não as folheio há mais de uma década, esse post antigo me animou a revisita-las, até para ver se já não se desintegraram, HQs eróticas, HQs Adultas, Casos Eróticos, Art Sex, Humor Sexy, e tantas outras, muito embora eu não tenha muitas expectativas em encontrar nada seu porque são na sua maioria, publicações até o fim dos anos 90, com pouca coisa dos anos 2000, como o almanaque Sexyman
ResponderExcluirInteressante o que acabou de relatar, confesso que não sabia. Tenho conhecimento que esse tipo de quadrinho foi muito popular no Brasil, grandes nomes (a maioria sob pseudôminos, como comentado) já trabalhou com isso, talvez o segundo lugar fique com o terror e o terceiro com faroeste. Eu, penso, que a maioria é de gosto duvidoso, tanto no roteiro quanto na arte, mas pelo tempo, numa época em que as publicações abundavam nas bancas a preço barato, isso virou peça de colecionador, relíquias mesmo. Acho que falta quem faça um resgate disso tudo e reúna tudo o que for possível em álbuns de capa dura, não importa a qualidade das hqs, para que fique um registro, afinal faz parte da nossa história. O governo gasta uma grana preta com tanta merda inútil, poderia bancar um projeto desse. Oh, utopia!
ExcluirSobre minha breve participação nos quadrinhos eróticos, continuo essa réplica no seu messenger.
Abraço!