28/02, Quarta-feira 23:15h - Ansioso, triste, solitário e vazio. Não sei exatamente como me expressar. No momento estou sem Whatsapp. Nesta tarde eu recebi um recado do Rodrigo, meu irmão caçula, via Messenger: "Eduardo, preciso falar contigo, é urgente." Logo fiquei preocupado, ele havia cancelado seu Facebook há uns bons anos, para resgatar sua conta, alguma coisa ruim havia acontecido. Dito e feito, nosso irmão André, o médico, sofrera um AVC ontem de madrugada. O caso é grave, ele se encontra em coma induzido. Vocês, meus amados e amadas podem imaginar como estou me sentindo. Sou o mais velho de quatro irmãos, sempre nutri por eles amor incondicional, sempre foram, são e serão os meus melhores amigos. O Gil foi guardado por Deus em 2021, como muitos sabem, deixando uma lacuna na minha alma que jamais será preenchida, agora me vejo ante o pesadelo de perder nosso querido Dé.
Sinto ainda o choque, já chorei convulsivamente esta tarde, e no momento só sinto vacuidade no meu ser.
De todos os meus irmãos, o André era o que mais se identificava comigo em termos de gosto por coisas como livros, músicas e quadrinhos. Gil e Rodrigo também, claro, mas não como o André. Em termos de som ele tinha predileção por metal e hard rock, enquanto eu sempre fui mais pop, com inclinação para o blues e principalmente o erudito. Ele consumia Neil Gaiman e Alan Moore com muito entusiasmo enquanto eu preferia o europeu e o alternativo. Eu era Poe e Lovecraft, ele, Stephen King. Eu, os clássicos brasileiros e russos e ele Tolkien e SiFi. Eu o ensinei amar o Queen e ele me ensinou a amar Scorpions. No cinema, entretanto, gostávamos basicamente das mesmas coisas. Acho que não teve um único clássico dos anos 80 que não tivéssemos assistido juntos uma dezena de vezes. Comprávamos tantos VHSs, gibis, vinis e livros em sebos e ponta de estoque que quase viramos acumuladores, nem tudo conseguíamos ler ou assistir. Tínhamos/temos um único Deus e um único Mestre e Senhor, a saber, Jesus Cristo. Então vieram as esposas, as responsabilidades, eu envelheci, ele engordou e nos afastamos um pouco, nos falando periodicamente. Quase mensalmente ele me enviava ajuda financeira, fosse pra pagar uma conta de água, luz ou internet. Ele sempre foi paternalista e vivia me dando conselhos para eu procurar alternativas, pensava num modo de eu ganhar dinheiro com minha arte ao invés de deixar os outros fazerem grana com ela. Há tanto a dizer sobre ele......escrever essas coisas ajudam a diminuir um pouco a dor de pensar que posso não vê-lo mais.
Mas falo dele como no passado, ele ainda está vivo. Não obstante, quem vos escreve é um velho de 61 anos que sempre teve quase nada de respeito e atenção por parte do mundo, perder quem lhe propicia essas coisas é algo a se temer...e eu perdi mãe, filha e um amado irmão, seria muito cruel perder outro. Estou orando para que Deus o restabeleça sem sequelas. Mas confesso que tenho muito medo.
Espero voltar aqui com boas notícias.
Fiquem todos bem.
Eduardo meu amigo, parece que a provação não tem fim, nesse momento entretanto, só posso torcer e orar pelo seu irmão. Que Deus o guie pelo melhor caminho e que também apazigue e conforte o coração dos demais familiares, incluso você.
ResponderExcluirObrigado, meu amigo! Deus é bom.
ExcluirEu não posso dizer que compreendo a sua situação, sua angustia, mas é bom lembrar que ele ainda está entre nós, e vamos torcendo!
ResponderExcluirExatamente, meu querido! Eu me agarro a isso como tábua em meio ao maremoto.
ExcluirObrigado pelas palavras otimistas!
Nossa! Tomara que ele saia dessa e sem sequelas.
ResponderExcluirAbraço