Eu pensei em não tocar mais neste assunto, guardar pra mim em definitivo, talvez eu faça isso ano que vem, se ano que vem eu ainda estiver por aqui. A dor é a mesma, pois ferida da alma, diferente do corpo, não cicatriza da mesma forma. Três anos que o Senhor a levou.
Não vou generalizar dizendo que este universo é um lugar vil e inclemente - parece não ser para todos - vou falar apenas por mim, dizer que meu mundo é um vasto deserto que percorro há 61 anos sem uma bússola, onde sempre me vejo encontrando o mesmo ponto de partida, é certo que por vezes eu encontro um oásis mas ele é sempre tão fugaz que nunca discirno se é uma miragem ou não. Tudo parece ser dor, solidão e cansaço.
Estou tentando reclamar menos e agradecer mais. Entender que o cristianismo não é alegria, prosperidade e bem aventurança material, mas suportar com paciência as cargas que nos são impostas, sejam pelas circunstâncias ou mesmo pelas pessoas e ajudar o semelhante a carregar seus fardos. Estou empenhado, mas quase sempre eu falho miseravelmente.
Então eu lembro que apesar dos muitos queixumes e lágrimas, Francis nunca desistiu e manteve a fé até o fim, sendo ela mesma, sem máscaras.
Há mais para falar/escrever mas sei que é exaustivo para quem ouve/lê, por isto concluo sempre declarando meu amor e saudades eternas por você, Francis, minha genitora, meu único e verdadeiro amor.
Você sabe como foi a minha relação com a minha mãe e entende que eu não senti quando da morte dela e posteriormente nem a centésima parte do que você sentiu e sente. Então seria hipocrisia dizer "sei o que você está sentindo, perdi minha mãe em junho do ano passado". Considerando que, segundo alguns estudiosos, a simpatia requer menos envolvimento e ser empático requer calçar os sapatos do outro e sentir o que é, de fato, estar naquela situação; e considerando que a empatia é conexão mais emocional; enquanto a simpatia é mais racional, não posso alegar empatia, mas simpatia pela sua situação, já que me considero seu amigo e tudo que influencia você em certa medida influencia a mim. Não acho que vá "superar" a perda, o que acho até coerente: o luto, pela lógica, deve durar enquanto a pessoa estiver morta. Poderia dizer que um dia você e sua mãe se encontrarão no Além (não há garantias, claro), mas Deus, em sua infinita misericórdia, não nos dará "lá" a afinidade nem o parentesco que temos "cá" (que Céu eu teria se fosse para lá e soubesse que um ou mais de meus filhos foi/foram pro Inferno? Deus sempre acerta em Suas providências...). Então não digo nada, além do mais sincero e verdadeiro "Lamento por sua perda".
ResponderExcluirSua franqueza, que muitos poderiam apontar como um defeito, penso ser uma grande qualidade sua, existem duas maneiras de se dizer verdades, a boa e a má, não vou esmiuçar aqui, é conversa longa para espaço e tempo tão curto. A qualidade da sua verve é que faz toda a diferença.
ExcluirEu agradeço demais pelo "Lamento sua perda".
Grande abraço!
Não é fácil meu amigo, essa lacuna deixada pelas pessoas amadas nunca é preenchida. Só posso lhe aconselhar a se apegar a sua fé, ela talvez não lhe traga o conforto para a dor, mas a aceitação e a mínima sustentação para suportar esse mundo. Eu sinceramente acho que estamos nesse plano para sermos purgados, uma provação constante. O porquê algumas pessoas parecem viver uma vida paradisíaca aparentemente livre de problemas eu não sei explicar, tenho minhas teorias, não passam de suposições entretanto. Outra coisa que gosto de lembrar é que o próprio cristianismo é soma de muita dor e histórias de superações da humanidade ao longo dos séculos, não estamos sozinhos nas aflições, muitos, muito antes de nós já sofreram martírios muito piores, assim como ainda sofrem. Se eu não tivesse esse entendimento sobre a fé, acredito que já teria desistido, mas hoje eu penso que isso seria como abandonar o jogo antes do seu término pq o adversário é muito superior. Posto isso lembre do que escrevi, estamos juntos nessa jornada.
ResponderExcluirSábias palavras, meu caro, endosso.
ExcluirEsse blog, que começou como uma vitrine para mostrar algumas artes (muitas pessoais) e alguns pensamentos, acabou se tornando com o tempo, uma espécie de diário onde os desabafos se tornaram cada vez mais necessários. Hoje, sem tempo e fôlego (e até falta de novidades) ele está um tanto abandonado. Mostra que as perdas no fatídico 2021 me tornaram um tanto alheio aos acontecimentos externos, por exemplo: não acompanho mais os canais conservadores e de quadrinhos, hoje, enquanto trabalho, ouço ministrações e estudos bíblicos. Por eles, vejo que a fé cristã (por experiência própria) é caminho árduo, porta estreita, como o Mestre advertiu. E só por Ele mesmo é que não desisto de tudo. Nessa caminhada rumo a eternidade com Cristo eu vivo tropeçando, mas me nego a ficar caído, não obstante eu só consigo me levantar mediante a esse tão maravilhoso e imerecido perdão.
Muito obrigado pelas suas palavras de consolo e mão estendida.
Deus te abençoe!