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sábado, 24 de agosto de 2024

FRIVOLIDADES.

A noite está fresca, lá fora bate um vento frio, muito incomum para um lugar perpetuamente quente, no entanto, dentro de casa um calor brando se faz sentir, o ventilador está ligado; claro, como poderia não estar? A vida sem um aparelho desses nessa região do Brasil não seria possível. O silêncio reina nesse exato instante. Tudo está bem no momento, as contas estão pagas - embora eu ainda deva dinheiro a alguns amigos - e eu executo meus projetos sentindo o mesmo desconforto que sempre me perseguiu na vida por não conseguir fazer melhor, não chegar aos pés dos meus ídolos, então, considero que está tudo normal. Há uma paz presente em casa, ainda que ela me soe como aquela calmaria que precede a tempestade. Eu juro que não queria pensar assim, mas as coisas para mim não costumam ser fáceis, por isso quando a esmola é muita o santo desconfia, como dizem. Eu tenho tentado reclamar menos e agradecer mais. Sou muito grato a Deus por essa dádivas e saber que não as mereço faz com que eu me sinta como um cara que foi colocado numa posição de destaque por engano. Mas ok, não vou pensar nisso e viver o momento, Jesus disse para não estar ansioso pelo dia de amanhã, então vamos aproveitar o deleite. 

Apesar disso tudo, a vida continua sem matizes, sem cores, a sensação de solidão não esmorece, a  saudade da família perdida é sentida a cada segundo. Mas as memórias deles me empurram adiante.  

Estou com uma enfermidade nos olhos e preciso consultar um especialista, a vista arde, lacrimeja em abundância, fica embaçada, as pálpebras sempre doloridas e não raro surge um terçol. 

As coisas estão morrendo muito rápido para mim, digo, no sentido de não encontrar mais prazer em produtos que antes importavam. Tipo, consumir um livro. Estou lendo A REVOLTA DE ATLAS da Ayn Rand, um calhamaço de 1.215 páginas, é um bom livro, estou, lógico, nos primeiros capítulos e devido ao tédio que sinto em relação a tudo e na lentidão com que leio atualmente, geralmente nos intervalos entre os trabalhos, devo terminar daqui há alguns anos. 

Uma coisa ainda me seduz: ler um bom gibi. Tenho devorado algumas coisas (geralmente baixadas da internet, embora continue odiando ler quadrinhos na tela do notebook, mas não tem outro jeito) como algumas obras do Zidrou. Mas há HQs impressas aguardando minha atenção, dois deles são o Ominbus do  Brakan, do Mozart Colto e Mort Cinder de Oesterheld e Breccia. Vamos ver se consigo coragem para encará-los.

Música? Não, não tenho ouvido. Dia desses me deu vontade de escutar Fait No More, mas desisti depois da terceira canção do álbum Angel Dust. Não tenho mais paciência para essas coisas.

Cinema, algo que eu gostava tanto, morreu para mim (fiz duas postagens falando sobre o tema, se alguém tiver curiosidade de ler é só chegar lá: https://eduardoschloesser.blogspot.com/2011/06/os-saudosos-cinemas-de-rua.html e https://eduardoschloesser.blogspot.com/2011/06/so-para-finalizar-o-texto-sobre-cinemas.html) os filmes atuais são uma merda em sua maioria, os preços dos ingressos são proibitivos para meus bolsos, é necessário ir ao shopping e o público na sala de projeção é predominantemente idiotizado, falando alto e sempre com celular na mão. Eu até tive vontade de assistir Deadpool e Wolverine assim como Alien Romulus, mas deletei a ideia da cabeça. 

As próximas postagens terão ZÉ GATÃO como tema, na primeira pretendo revisitar o álbum branco que está completando 30 anos. Só tenho que me abastecer de alguma inspiração. 

Fiquem todos com Deus!

 

8 comentários:

  1. Identifiquei-me com seu texto. Exceto por acidente ou mal fatal súbito, não se morre de uma vez, morre-se aos poucos. Eu mesmo já morri para várias coisas. E sigo morrendo de vez em quando para mais algumas, mortes que têm intervalos cada vez menores entre si, até que chegue a morte definitiva pelas mãos da Morte, o que, acredito, não me trará nenhum alívio, pelo contrário: apenas trocarei males provisórios pela danação permanente.
    Mas, de qualquer maneira, independentemente do tema, vejo com bons olhos você estar postando. Pelo menos para isso e outras poucas coisas você não morreu, e que não morra tão cedo.
    E cuide desses olhos, fisicamente eles são o que você tem de mais precioso!

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    1. Essa questão da morte diária, rende bons temas filosoficamente falando, soa até poético, tipo, o fulano longe da mulher amada dizer, "longe de você morro um pouco a cada dia". Entendemos o que ele quer dizer, mas é fato que a cada dia que passa mais perto do túmulo nos encontramos, mas existe essa morte das coisas que tornam a vida menos pesada, como apreciar a arte, seja vendo um filme, ouvindo uma música, lendo um livro, um gibi. Nunca pensei que tais coisas fossem me provocar tédio. Acho que é por causa da vida que levo, viver sempre sob o véu da insegurança, do medo, sob a regência da desilusão. Não conseguindo ter o bom ânimo sugerido por Jesus nos momentos das aflições. Ou essa "morte" pode ser mesmo simplesmente ENVELHECER, sei lá.
      Lamento que seja assim com você também e sinto não ser uma pessoa que seja motivadora.

      Se você ler este blog desde o princípio vai notar uma mudança sensível nos meus textos, a maioria versa sobre as mesmas coisas, reclamo do cansaço, da falta de dinheiro, da minha "arte" não ser compreendida, mas eu ruminava fatos do cotidiano e sempre relembrava algum episódio pitoresco da minha vida, mas agora, embora ainda existam temas a ser abordados, me sinto oco e sem motivação para continuar....mas faço um esforço por mim mesmo para não parar, então vamos em frente enquanto existir fôlego.

      Sim, preciso cuidar dos olhos, um dos meus três maiores medos é ficar cego.

      Obrigado pelo comentário.

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  2. É fogo. O mundo está mesmo esfacelando. Não fosse a crença em Deus e que Jesus é nosso advogado, eu já teria mandado tudo à merda. Mas tenho uma companheira que me ajuda e depende de mim, além de um cãozinho que também depende. Estou seguindo a dica da Dory, que foi reproduzida pelo Jonas (personagem do Jason Statham em Megatubarão): "Continue a nadar, continue a nadar..."

    Abração!

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    1. E como se não bastante as mazelas do dia a dia (você nem pode se dar ao luxo de ter um celular caro se você tenha trabalhou duro para isso, sob pena de um merdinha armado te surrupiar) existem os problemas mundiais, tipo o Apophis, asteroide que se aproximará da Terra em 2029 (muitos creem que haverá colisão, sim!) e o Elon Musk que levar a população terrestre para Marte.
      Siga o conselho da Dory: continue nadando, sua esposa e pet precisam de você.

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  3. Conheço bem esse sentimento de desconfiança que nos invade quando passamos por um período de relativa calmaria, estamos tão acostumados a uma rotina dentro do caos das incertezas e adversidades que simplesmente perdemos a capacidade de relaxar quando surge a oportunidade, pior ainda quando advém o sentimento de culpa por baixar a guarda mesmo que por um breve momento. Quanto a falta de interesse por assuntos ou coisas que antes mereciam nossa atenção, já que citou Zidrou, me lembrou o excelente A Obsolescência Programada dos Nossos Sentimentos. É preciso ficar atento se é uma perda de interesses natural da idade ou um efeito de depressão. Cinema de rua é algo que me traz as lembranças mais saudosas e remotas, principalmente as que envolvem familiares. O último filme que vi em cinema de rua foi True Lies, achei uma porcaria, mas mal sabia eu que aquela seria a última sessão vista naquele cinema bem conhecido aqui na cidade e onde muitos anos antes tinha assistido ainda muito pequeno Superman 78 com minha mãe. Até hoje me dá um nó na garganta ver aquele cine virar palco para teatro pornô e mais tarde templo evangélico. Cuide desses olhos, se o SUS daí for como o daqui, consegue atendimento em 3 semanas depois de marcado, melhor que nada.

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    1. Sua primeira sentença disse tudo: não relaxamos no intervalinho entre um round e outro, por fraqueza (falo só por mim), não consigo por em prática o que o Rei dos Reis nos advertiu: não estar ansioso com o dia de amanhã. Mas estou tentando.

      Eu li esse gibi do Zidrou, é bom. Eu arriscaria dizer que o que me acomete uma mistura das duas coisas que você sugeriu, a idade e também a depressão, causada principalmente pelas perdas que sofri em espaços de tempo muito curto, a gente meio que vai desistindo de nós mesmos e achamos que não vale a pena continuar. Já ouviu "A Banda da Ilusão", gravada pelo Ronnie Von nos anos 70? A música parece que foi composta para mim.
      Por falta de opção, eu sigo em frente e sei que Deus me dá suporte. Sem Ele eu já teria, como Davi escreveu em um de seus salmos, descido à cova há muito tempo.

      Eu gostei de True Lies e nem lembro mais qual foi meu último filme em um cinema de rua, creio que foi em 2011 no Marabá, em Sampa: Caça às Bruxas com o Nick Cage, esse sim uma bosta!

      Vou cuidar dos olhos, sim.
      Obrigado!

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  4. Tenho a impressão de que parte desse cansaço mental está ligado a como nossos cérebros estão sobrecarregados diariamente, além dos nosso problemas constantes, também temos o excesso de estímulos. Mas espero que consiga se sentir melhor eventualmente meu caro!

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    1. Sim, eu acho que você está certo. Feliz daqueles que não tem casos de câncer na família e tampouco pessoas com transtornos de diversos tipos, pois são coisas que acabam com a estrutura psicológica. Pessoas que sofrem assédio no trabalho ou de um vizinho violento (cheguei a escrever um conto sobre isso, lembra?). Todas essas coisas secam a vontade de viver pois a rigor, não temos como resolver se Deus não intervir.
      Eu espero mesmo melhorar, mas acho difícil no momento atual.
      Obrigado e um abraço, rapaz.

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ZÉ GATÃO POR THONY SILAS.

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