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terça-feira, 29 de junho de 2010

PHOBOS E DEIMOS


É sempre assim, toda vez que sento para escrever, as idéias embotam. E olha que eu vim lá de dentro cheio de pensamentos na cabeça. Daqui a três anos completo 50, e não mudei nada desde que tinha 7 anos. Eu nunca amadureci. Sempre andei no mundo da lua, como se diz. Sempre cheio de fantasias .
Hoje em dia quando caminho para a padaria ou supermercado, por exemplo, minha mente não para, imagino um roteiro pra hq, como responderia tal pergunta se fosse entrevistado, qual desenho vou postar no blog e o que escreverei a respeito dele. As palavras me vem perfeitas.... até sentar diante do computador. Então dá um branco. Os doutores devem ter um nome pra isto. Talvez até um remédio, quem sabe?

Phobos e Deimos é o título de um álbum que idealizei faz uma pá de anos. meu livro homenagem onde tento exaltar tudo o que de alguma maneira construiu o que hoje eu poderia chamar de minha arte, quadrinistas da velha guarda, diretores de cinema obscuros, lutadores mexicanos, guitarristas, escritores pulp e segue por aí.

Como citei acima, estou sempre criando algum enredo. Os mais marcantes, acabam trancados num porão dentro da cachola. De quando em vez eles gritam querendo sair e quando posso eu os liberto. Transfiro o tema para o papel na forma de um arcabouço de argumento, depois eu roteirizo, em seguida desenho.  Meu processo é esse.

O passo seguinte,depois de arte finalizado, naturalmente, seria publicar e.... aí a coisa trava. Falemos claro, não existe mercado de quadrinhos no Brasil, existem excelentes profissionais isso sim, a maioria publicando lá fora. Maurício de Souza, e a velha guarda de cartunistas não contam. Eu poderia passar horas escrevendo aqui sobre os motivos porque eu acho que a coisa não decola, mas vamos apenas a algum exemplos:
Os mais óbvios: lê-se pouco neste país, quadrinho é um produto caro e, sem cerimonias, o salário que se paga ao brasileiro médio é uma merda. O público alvo hoje tá mais interessado em outras coisas como games e se relacionar pela internet (sei, eu sou um saudosista, um reacionário). E, francamente, há sim um preconceito em relação ao material criado aqui. Infelizmente, salvo honrosas exceções, a resistência é justificada, publica-se muita coisa de forma independente, títulos e mais títulos que os autores vendem nos festivais de quadrinhos. Muita coisa boa, outras nem tanto. Os sites e blogs especializados noticiam e fica parecendo que existe um mercado em aquecimento, e pra desilusão do artista ele não ganhou nada, a não ser o dinheiro por alguns exemplares vendidos e uma notícia sobre o seu trabalho (que vai ser esquecido não muito tempo depois). Alguns conseguem emplacar, é verdade, mas são exceções, não regra.

Este quadro, em parte é culpa dos autores de quadrinhos. Sei o que falo, conheço um monte deles. Não há união, não falo de panelinha, isto tem aos montes (e é o pior que pode acontecer pra uma classe qualquer que seja). O cara publica um material e já se sente um Jack Kirby, e aí ó, ele não conhece mais ninguém, fica com medo que outro tome o seu lugar.
Durante muito tempo eu culpei os editores, claro, tem um monte de picaretas por aí, mas o editor quer o mesmo que o artista, ganhar grana. Ele não é um mecenas. Se a coisa não dá dinheiro, o que ele pode fazer? Menos ego e um pouco mais de união aliada a uma boa divulgação do produto na minha opinião, seria uma forma de fazer a árvore crescer. A semente já foi plantada, há boas coisas nas livrarias, agora temos que fazer com que ela germine.
 
Phobos e Deimos, título mais que apropriado para esta postagem, foi concebido em Brasília e executado em Pernambuco. São sete histórias, cada qual com uma técnica distinta, de acordo com seu clima. Privilegiei  mais o conteúdo que a forma em todas as histórias. Ficou com 270 páginas. Foi a maneira que eu encontrei de extravasar algumas frustrações do período. Eu estava sem dinheiro e doente. Terminei o álbum em 2005. De início eu pensei que este livro tinha a cara da Ópera Gráphica, mas ainda enquanto ele era elaborado, o Franco desconversou. Depois mandei amostras para a Conrad, nunca me deram retorno. Guardei a coisa e decidi publicar junto com o último álbum do Zé Gatão de forma independente, só pra tirar estes esqueletos do meu armário. É só entrar uma grana e vamos ver.

CARNE CRUA, é a primeira. É uma hq de mortos-vivos muito, mas muito tempo antes deles virarem moda. Na verdade seria uma homenagem aos filmes do George A. Romero mas no fim ficou mais parecido com Lúcio Fulci por misturar zumbi com pornografia.

Na sequência ESPORÃO CALCÂNEO, triste como chuva de inverno.

Como gosto muito daqueles filme de ficção B dos anos 40 e 50 eu fiz ROMANCE ASTRAL.

EU A AMAVA MAS TIVE QUE MATÁ-LA, pra desopilar. Uma violenta estorinha com legumes e frutas.

MARCAS DO TEMPO pra provar que ele, o tempo, não perdoa nada, nem ninguém.

ENCONTRO MARCADO COM A MORTE AS TRÊS DA MANHÃ,o título já diz tudo.

E por fim, A IRMANDADE, o tema aqui é um lobisomem em tons edipianos. Saci , Mula Sem Cabeça e mais alguns mitos brasileiros na minha visão nada simpática deles.

Tentei colocar as imagens na sequência em que elas estão no álbum mas ainda não sei mexer direito no blog. Sorry.

Falei besteira demais por hoje. Boa noite a todos.


EU A AMAVA MAS TIVE QUE MATÁ-LA.

CARNE CRUA
MARCAS DO TEMPO
ESPORÃO CALCÂNEO
ENCONTRO MARCADO COM A MORTE AS TRÊS DA MANHÃ

ROMANCE ASTRAL
A IRMANDADE.

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