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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CAUDA DE CAVALO.



Definitivamente eu não vou com a minha cara. Na boa, não gosto da minha cara. Percebi isto de novo hoje ao fazer a barba. Nestas horas sou obrigado a olhar pro meu rosto no espelho, tento não olhar nos meus olhos, mas tem vezes que não dá pra evitar, então eu me encaro, procuro o que há de errado comigo lá, bem no fundo ,e nunca gosto do que encontro. 
Aqueles que gostam de mim diriam: 
"Ah, para com isso cara. Cresce pô! Saia dessa tua auto-piedade, já cansou esse teu papo, cê não é tão feio assim, nem tão burro!"
Minha resposta, após meu agradecimento pela força é a seguinte:
Acho que tenho o direito de não gostar de minha cara. Me permitam isto. Vivemos todos num imenso palco, atuando (tá, isso não é novo), acordamos de manhã já maquiados para o espetáculo da vida. Mas tem imbecil que não se dá conta disso. Se acha mais do que é na verdade. Ao chegar a uma certa idade (na melhor das possibilidades) ele descobre que na verdade nunca passou de um bosta, nunca percebeu que aquilo que ele via no espelho não passava de uma máscara.
O problema é que sou péssimo ator. Isto me obriga a por a máscara de lado e me encarar, me enfrentar.
Não sei, acho que foi meu pai que me ensinou o significado da dor sem causa. Não foi só com porrada não, isto passa, as palavras feriam mais. Nisso ele era mestre. Certa vez, na adolescência, ele me disse: "VOCÊ É IGUAL A RABO DE CAVALO, CRESCE PRA BAIXO." Esta frase me persegue. Tudo que faço após ouvir coisas deste tipo, é lutar pra provar que ele estava errado. Até hoje não consegui.
Aqui cabe uma pergunta muito pertinente: O que Cristo representa na sua vida então? Eu digo, se não fosse Ele eu teria perecido a muito tempo. Ele pode tudo. Pode curar o meu interior. Como tenho livre arbítrio, opto por permanecer assim. É a matéria prima para meu trabalho. Li uma entrevista com Mario Vargas Llosa, onde ele afirmava não fazer análise para não resolver seu problemas interiores, só assim poderia continuar escrevendo.
Sendo assim, tento fazer o melhor que posso com as ferramentas a minha disposição. Consigo? Não sei. Parafraseando a Bíblia, que os outros me julguem, nunca meus lábios.
Creio que as artes de hoje tem tudo a ver. Nem precisa ser psicólogo. A de cima foi feita num período em que havia muitas esperanças no meu trabalho. Eu e meu irmão morávamos numa pensão na W3 em Brasília. Ele era funcionário do Metrô e trabalhava a noite. Lembro que eu vedava as frestas da porta pra evitar que as baratas que infestavam o quintal da casa, invadissem o nosso quarto. Eu trabalhava criando HQs infantis para uns canalhas durante o dia e a noite nas aventuras do Zé Gatão.
A de baixo é uma das ilustrações que compõe o novo manual de desenho. Espero que o editor não se importe d´eu antecipa-la.
Na real, eu fico impressionado com a forma que me exponho aqui, mas se faço minhas catarses através de rabiscos, tava na hora de faze-las também por palavras.
Uma boa tarde a todos.

10 comentários:

  1. Ótimo desenho! É de algum conhecido seu?

    Abs.

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  2. Não. Na verdade algumas vezes a editora especifica qual desenho quer e também a técnica a ser utilizada. Nestes casos eles enviam o modelo. Foi o que aconteceu no caso da arte deste velho.
    Abração e obrigado.

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  3. Fala, Eduardo! O blog pode mesmo servir como catarse (lembrando que pode ser perigoso, pois as palavras ficam lá para todos lerem). Também escrevo às vezes, coisas mais interiores. Quanto à programação negativa que recebemos dos pais, infelizmente isso acontece com frequência, ou acontecia. Meu pai muitas vezes dizia, quando minha inclinação pro desenho vinha a tona, "que eu estava sem futuro". Hoje entendo e relevo, mas na época eu ficava muito amargurado. E só agora, depois dos 40, estou conseguindo vencer muitos conflitos interiores. Ser feliz agora é uma escolha que fiz.
    Tenho certeza que a arte em sua vida é muito mais benção que maldição.
    Um ótimo final de semana pra vc e esposa.
    Abração,

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  4. Gilberto, obrigado por suas palavras sempre encorajadoras.
    Abração e bom fim de semana pra você também.

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  5. CARAMBA, EDUARDO! QUE QUE ISSO!?
    Depois voce me contesta quando lhe comparo ao Doré. Maravilhoso esse desenho, digno de uma calcogravura a lá Dom Quixote.

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  6. Doré? Meu, assim você me envaidece.
    Brigadão.
    Forte abraço.

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  7. "Ah, para com isso cara. Cresce pô! Saia dessa tua auto-piedade, já cansou esse teu papo, cê não é tão feio assim, nem tão burro!"

    Hehehe... Brincadeira! Não acho feio, não acho burro e adorei o desenho!!!

    Abraço!

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  8. Tanks man.
    Taí um comentário diferente.
    Abç.

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  9. Eduardo Schloesser. Há muuuuito tempo estava atrás deste nome, hem. Graças ao grande Nestablo postando no meu blog é que cheguei até aquí. Neste momento está sendo entrevistada pelo Jô, Narcisa Tamborindeguy autora do livro "Aí que Absurdo!" e francamente, as palavras que acabei de ler expressadas por você de forma concreta, não se dobraram diante das bobageiras e baboseiras vomitadas da tv ligada. Parabéns... O primeiro passo para uma conversão adulta é olhar e analisar a própria trave. Sou seu fã (por gostar de HQ's)desde a Dulcina. Att artedebarros.blogspot.com

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  10. De Barros. Rapaz, quantas gratas recordações me trazem este nome! E que feliz surpresa!
    Sempre alardeio que você é o maior PASTELISTA que já tive o prazer de conhecer. Um artista de fato, não um enganador como muitos. E também um grande ser humano.
    Mantenha contato.
    Abraços pra você e para Alice.
    Sucesso sempre.

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