PERDI MEU PAI ESTA MADRUGADA, ATÉ QUE ESTEJA PREPARADO PARA FALAR SOBRE ELE E O QUE SUA PERDA ME CAUSA, FIQUEM COM UMA POSTAGEM MAIS ADOCICADA.
MEU SINCEROS AGRADECIMENTOS AO EVERTON VERAS.
Zé Gatão
E aí pessoal, que tal voltarmos a falar de quadrinho alternativo e, melhor ainda, nacional? Hoje trago pra vocês um personagem que me chamou a atenção, primeiro por ser brasileiro, e segundo por se tratar de um animal que gosto muito: o gato. Há pouco tempo recebi o livro em quadrinhos “Zé Gatão – Daqui Para a Eternidade“, que devorei em uma manhã! Gostei tanto, que resolvi fazer uma postagem sobre ele… mas acho que seria insuficiente. Zé Gatão, personagem de Eduardo Schloesser, merece muito mais atenção que isso, e tentarei aqui lhe fazer justiça.
Meu contato inicial com o cinzento mestiço de gato e lince foi meio “indireto”. Lá em 1997 havia uma loja de quadrinhos próxima o meu colégio. Sem grana, sempre ia checar as novidades e ficar babando. Foi então que vi o que se tornou conhecido como o “álbum branco”. A capa era só o protagonista, meio nas sombras, e o fundo todo branco. E o título, que chamou a atenção: “Zé Gatão”. Estranho, mas fazia jus ao tamanho do personagem. Pelo nome, claro que tinha que ser nacional. Como eu disse, eu não tinha grana, e provavelmente se tivesse, teria comprado algum título da Image, que era a novidade da vez. Deixei passar, mas nunca me esqueci dele.
Muitos anos depois, comprei a edição “Memento Mori“, em formato livro, com quase 300 páginas. Pude então matar minha curiosidade. O que descobri foi um personagem cativante, um mundo extenso, detalhado e uma HQ brasileira bastante boa, contada através de personagens antropomorfos! Violência extrema, sexo explícito e ação, em grandes doses de HQs adultas e bem tratadas, com profundidade e fundo realista. Conto mais sobre “Memento Mori” em outro momento (há!). Vamos prosseguir com as reminiscências que me levarão a falar de “A cidade do medo“, a primeira história do gato publicada pelo mestre Schloesser. Atualmente, que eu saiba, só existe uma única edição com HQs do Zé que não possuo: uma com histórias curtas que saiu há alguns anos através da iniciativa PADA (Produtora Artística de Desenhistas Associados). Em 2013 eu contatei o autor diretamente e consegui com ele meu álbum branco, com sketch personalizado, que diz: “Para Everton, com um forte abraço de Zé Gatão e Eduardo Schloesser” – – sinto-me esmagado pelo abraço monstro destes dois gentis brutamontes, hehe! Mas infelizmente nem mesmo ele possui mais das limitadas “Graphic PADA – Zé Gatão” para me vender uma (se alguém que a tiver estiver lendo estas linhas, podemos negociar!).
A estréia do Zé Gatão para o leitor de HQ mostra um personagem melancólico e pessimista, o que segundo o autor, reflete em muito sua própria vida no período em que tal história foi gerada. Não vou detalhar muito sobre o processo que levou Eduardo a criar o gato mestiço, pois ele o faz em detalhes nos álbuns. Mas pra dizer pouco, a princípio o Zé era só uma ilustração de camiseta, que acabou virando uma catarse para que o artista expusesse suas ideias e sentimentos. Um verdadeiro “alter-ego” para que Schloesser compartilhe conosco suas angústias, pensamentos e experiências pessoais, com toques de ação e ficção bem aplicados e diretos (brutais também!), que não deixam a melancolia tomar conta de toda a história (ou viraria um dramalhão mexicano, segundo ele próprio fala em um de seus textos).
“A cidade do medo” mostra Zé Gatão como alguém em busca de paz para a mente, fugindo de uma vida problemática, mas sem conseguir evitar de fato meter-se em confusões. Como se ele fosse não só protagonista, mas também coadjuvante na própria história, Zé se vê envolvido nos planos de outros personagens, de forma totalmente alheia a sua vontade, como ocorre com cada um de nós. Parece que tudo acontece com ele (e conosco!), quando o cara só quer aproveitar a vida da melhor forma. É nesse clima que ele é atacado por uma dupla, que quase lhe tira a vida, pra roubar sua motocicleta. Ferido mortalmente, Zé Gatão é salvo por um mico-leão e sua turma, mas não por bondade. Vigiado dia e noite para que não fuja, Zé foi recrutado à força para lutar na arena local. Conhecemos então um pouco da infância turbulenta do mestiço, e somos apresentados a Equus Giordano, o cavalo “governador” da cidade e patrocinador das lutas.
Zé Gatão na verdade é usado como isca para distrair a atenção de Equus, enquanto rebeldes tentam aplicar um golpe militar pra tirá-lo do poder. Após livrar-se de seus inimigos (não sem muita luta!), o felino tem uma conversa cara a cara com Giordano, que, por respeitá-lo como guerreiro, deixa-o partir com Alice, a gata, e o macaco Léo Banana, os poucos amigos que ele fez nesta história. Mas isso não se dá sem correr risco de morte! Equus Giordano considera a Cidade do Medo perdida e seu objetivo fracassado, e para ele não tem volta: a cidade deve ser riscada do mapa! O autor coseguiu um bom final, que poderia tanto encerrar as aventuras de Zé gatão ali mesmo, ou continuá-las, caso fosse a sua vontade. Para nossa sorte, ele resolveu contar mais aventuras com o grandalhão.
Espero ter despertado a curiosidade de vocês sobre o personagem, pois ele está de álbum novo na praça, como falei ainda no primeiro parágrafo. “Daqui para a eternidade”, juntamente com “Memento Mori”, formam um épico gigante que pode ser a conclusão da saga. Então, a hora de conhecê-lo é agora! Todas as edições (menos a da PADA) podem ser encontradas em livrarias, comic shops, sebos ou pela internet. Eu recomendo! A próxima postagem sobre este autor e sua obra será o “álbum preto”, chamado “Crônica do tempo perdido”.
P-p-por hoje é só, pessoal!
P-p-por hoje é só, pessoal!
Me surpreendi pelo título, Eduardo!
ResponderExcluirAntes de mais nada, meus pêsames.
Conversei com meu pai por telefone há alguns dias. Soube que ele ficou 2 meses desempregado e a mesma serraria que o demitiu, chamou de volta. Vai entender!!
Sábado passado, meu irmão levou pra ele, um DVD do Quarteto Fantástico e um celular que mandei. Aí, me ligou agradecendo os presentes e marcamos de nos encontrar em agosto.
Bom artigo do Everton. Quando ler o álbum, também vou escrever minha crítica.
Esta semana, um tio foi e voltou do hospital. Foi sério, ainda mais que ele tem ponte de safena e diabetes.
Força aí e fortes abraços!
Obrigado pelas palavras, Anderson.
ExcluirMenos mal que seu pai foi readmitido no emprego. Se puderem, você e seu irmão, devem sempre estar com ele, mesmo que ele tenha passado um tempo longe de suas vidas, é sempre o momento de se reaproximar e estar juntos, esta vida é fugaz, efêmera por demais. Também desejo boa saúde para seu tio.
Espero que goste do álbum branco, lembre-se de deixá-lo sempre fora do alcance de crianças e pessoas de estômago sensível,ok?
Um abraço e até a próxima.
█ ▉ ▊ ▋ ▍ ▎ Pêsames. Deve-se ter um coração forte nesta hora... Estou procurando a hora e o local do sepultamento aqui em Brasília. Minha esposa deseja marcar presença.
ResponderExcluirObrigado, meu amigo. Te respondo por e-mail.
ExcluirAbração.