No último dia 20 de abril completou dois anos que um vendaval - iniciado em fevereiro de 2021 - roubou o que restava da minha alegria de viver. Ele levou você embora e com sua partida findaram junto todas as cores do meu mundo. Eu penso em nossa família assim, como um pequeno quebra cabeças, não esses de centenas de peças, de imagem grandiosa, mas uma cena modesta, porém bucólica. Esse quebra cabeça hoje está incompleto, faltam duas peças centrais, não aquela dos cantos, mas do meio, para onde os olhos convergem, peças que não são possíveis mascarar, muito menos substituir. Falta nossa mãe, FALTA VOCÊ. Nosso pai, importante, sim, é lógico, não era o eixo (embora provedor) mas você e Francis eram os pilares que sustentavam a mim, André e Rodrigo, vocês eram os elos que nos mantinham unidos. Quando Francis partiu eu fiquei sem teto, quando você se despediu eu fiquei sem chão.
O furacão que te levou ainda me mantêm suspenso, flutuando nos turbilhões do medo. Mas não é um medo irracional e sim uma sensação de perda e solidão que sempre me assalta como uma entidade que se manifesta nos momentos em que relembro que só com nós cinco juntos é que eu experimentei alguma alegria. Por mais que eu tente compreender porque você se foi, menos consigo aceitar, embora externamente eu deixe transparecer que a vida segue. Não, não há vida, há apenas o existir, o respirar, o necessitar de combustível para esse corpo continuar funcionando.
Eu continuo navegando à deriva, em águas salobras, movido por uma brisa tóxica. Continuo trabalhando muito e recebendo pouco, talvez isso seja merecido, não me julgo tão bom quanto as pessoas generosas pensam que eu sou. Nosso DEUS conhece a minhas falhas. Sinto o amargor das frutas que colho, cuja as sementes plantadas eu pensei que fossem saborosas e não tenho você aqui para me apoiar, para me ouvir.
Sabe aquele mundo sobre o qual sempre falávamos e tentávamos lutar contra, alertando e tentando fazer os outros verem? Pois neste mundo agora, mais que nunca grassam pessoas perversas que detêm o poder, essas mesmas entidades malignas, muitas delas na cadeia quando você ainda estava aqui, agora estão soltas e outros se associaram a elas e com mais fúria pervertem o bem em mal, o certo em errado. Exatamente como lemos em Isaías 5:20. Talvez, se existe alguma réstia de luz em toda essa escuridão, é saber que você não está mais aqui para testemunhar essas monstruosidades.
Não tenho mais planos para projetos pessoais. Como me satisfazer com o ato da criação sem compartilhar de algum louro com você e mamãe? Nosso Zé Gatão foi aposentado, Siroco, a última aventura que criei enquanto vocês ainda estavam comigo, aguarda chegar ao minúsculo público e aquelas HQs curtas, bem intimistas, que você conhece tão bem, ficarão sepultadas em seus envelopes pois duvido que alguém tenha interesse em trazer à luz.
O poema "Marcha", da Cecília Meireles, resume bem meu estado de espírito. Talvez seja melhor eu silenciar meus sentimentos, não mais verbalizar minhas tristezas, internalizar, trancar tudo, junto com outras dores e fracassos, não falar mais de você ou de Francis, essa dor é minha e só minha.
Queria dizer até breve, querido, mas.......nos veremos de novo? Não sei, não sou digno das promessas feitas pelo Criador.
Finalizo esta breve mensagem sabendo que você não vai ler, repetindo aos ventos que arrasaram tudo a única palavra que é rígida e inflexível em meu viver: saudade, saudade, saudade, saudade, saudade, saudade, saudade.....
MEU GRANDE AMIGO LUCA, QUE DESDE A INFÂNCIA, FREQUENTOU NOSSA CASA, FOI TAMBÉM FILHO E IRMÃO DOS MEUS SAUDOSOS QUERIDOS. ELE ESCREVEU ESSE COMENTÁRIO QUE COPIO E COLO AQUI. GRATO, VELHÃO!
ResponderExcluir"Nossos queridos Gil e Francis sobreviverão perenemente em nossas lembranças. O legado deles representa o alicerce de sua existência. Como se diz, ambos não escolheram. Foram escolhidos e libertados das mazelas da existência terrena e se tornar Luz a clarear as trevas."