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segunda-feira, 3 de abril de 2023

UM PARAFUSO A MENOS (OU ALGUNS DELES MEIO FROUXOS).

 Hello folks!

Ontem, domingo, eu passei muito mal. Almocei bem - muito bem! - mas devido ao cansaço que faz parte do meu estado natural, ou seja, não é uma fadiga própria de um esforço físico ou mental, mas um esgotamento vindo da alma, por fim eu não me sinto exausto, eu SOU exausto! Bem, por conta disso eu me deitei um pouco para relaxar e cochilei, afinal, domingo deveria ser um dia para dar uma pausa das tarefas cotidianas. Acordei com cefaleia e dores nas juntas e uma sensação de febre. Virose? Dengue? Não sei. O caso é que eu preferi não trabalhar, tomei um paracetamol e fiquei diante do notebook ouvindo um pouco de música, vendo uns vídeos e lendo uns gibis que eu tinha baixado há um tempo atrás.

E antes d´eu falar sobre isso deixe eu salientar que meu inglês sempre foi muito ruim, eu nunca tive grana para fazer cursos como outros garotos conhecidos da adolescência (naquela época eles aprendiam na Cultura Inglesa). Como muitos colegas artistas que conheci depois, eu tentei aprender inglês sozinho, traduzindo quadrinhos, músicas, tentando cantá-las para ter boa pronúncia e etc, mas nunca consegui avançar, ao contrário dos tais colegas que viraram até tradutores de livros. Acho que eu era preguiçoso demais, sei lá. Outra coisa que não me conformo é de não saber dirigir um carro, é coisa de necessidade, mas não tive oportunidade quando era jovem e de uns 30 anos para cá acabei desenvolvendo um medo patológico disso. E eu via que pessoas muito mais limitadas que eu se tornaram bons motoristas, vovózinhas dirigem e eu permaneço esse retardado que mal anda de bicicleta. 

Eu sempre fui meio lento da cabeça, na escola eu demorava muito para aprender as coisas, elas começavam a fazer sentido só um tempo depois e mesmo hoje, regras de português por exemplo, eu confundo tudo. Gostava de história mas abominava matemática, física, biologia e todas essas coisas que requerem fórmulas para serem devidamente compreendidas. Fui meio que obrigado, um tempo desses, a fazer um teste de autismo, em casa mesmo, e o resultado foi que eu tenho algo de autista no extenso espectro da coisa. Isso explicaria muito, inclusive a minha eterna sensação de inadaptabilidade a tudo e a quase todos. Ok pra mim, o que podia dar errado já deu, nessa altura da vida pouco importa essa merda toda de convívio social ou fazer parte de um mercado que nunca cheguei a participar, sequer conhecer.   

E, sim, agora depois dessa digressão volto aos gibis que baixei para ler, um deles foi o primeiro volume da revista Heavy Metal, aquela que nos EUA causou frisson nos acostumados aos comics de super heróis ou o underground. A edição foi aquela primeirona, de abril de 1977, com arte de capa do Nicollet que ilustra esse post. Como eu disse, por não saber inglês, só agora, traduzida, eu pude ler o conteúdo e confesso ter ficado um tanto decepcionado; talvez nos anos 70 os temas como drogas, sexo e certa distopia fossem alguma novidade e causasse espanto no público, mas não sei, desde os anos 60 com a Zap essas coisas já eram abordadas de forma mais franca e com menos pudor. Pode ser que a variedade de estilos e temas aliado ao acabamento gráfico tivessem feito a diferença, se foi isto, continua recebendo os meus aplausos, mas a qualidade das histórias na grande maioria deixou a desejar, pelo menos nessa edição de estreia. Temos lá as artes inigualáveis do Druillet, do Alain Voss, do Moebius com seu Arzach (ponto alto, para mim) e o Corben com Den (sobre ele especificamente falarei mais uma vez numa outra postagem). 

Mas uma coisa que me chamou a atenção, foi a amostra grátis de um capítulo do Livro do Terry Brooks chamado "A Espada de Shannara" (não sei se foi publicado no Brasil), na época alardeada como a maior saga de fantasia desde o Senhor dos Anéis. A saga de Brooks teve, parece, 27 livros, mas não obteve o sucesso que esperavam, apenas uns anos mais tarde o Robert Jordan, com "A Roda do Tempo"  alcançaria popularidade quase (eu disse quase) como Tolkien. 

O primeiro capítulo de A Espada de Shannara é bom, mas nada que eu não tivesse me empolgado mais lendo Conan e Bran Mak Morn do Robert E. Howard (onde tudo parece ter começado).  

Na segunda metade dos anos 70 havia uma certa febre por literatura fantástica de ficção científica (que muito deve ter mexido com a cabeça dos criadores da Metal Hurlant), como Duna e Cavalo de Troia, títulos lidos pelos garotos que conhecia, Perry Rhodan era quase uma obrigação, mas nunca me senti o público alvo desses livros. Eu ainda gostava mais de ler os clássicos brasileiros e os romances góticos, tipo Drácula, O Médico e o Monstro e fascinação por tudo o que o Poe escreveu. Devo lembrar que Frankenstein eu só vim entender o verdadeiro sentido - e apreciar devidamente - depois de mais velho. Os livros que viraram filmes, como Em Algum Lugar do Passado, Vampiros de Almas, Poderoso Chefão, Papillon e etc, fazem parte da minha biblioteca até hoje.  

Eu ainda continuo arrastadamente (pelo fator tempo) lendo o Don Quixote pela segunda vez e tendo agora uma melhor visão desse que para mim é um dos melhores livros de todos os tempos.

 

 Pareci detratar o número de estreia da Heavy Metal? Não, só esperava um teor mais inteligente nos textos, mas com certeza ela abriu portas e acima de tudo ainda permanece a memória afetiva dessa revista que tanto me encantou quando pus os olhos nela pela primeira vez e muito me inspirou a fazer os quadrinhos que gosto de produzir. 

Ainda me sinto febril e fraco, espero melhorar logo, há muito trabalho a ser feito.


 

8 comentários:

  1. Eu nunca quis aprender a dirigir, pelo simples fato de que não tenho carro e não vou dirigir carro que não é meu. Uma vez uma imbecil me disse "Você precisa aprender a dirigir, e se um dia você estiver com alguém de carro, a pessoa dirigindo e você no banco do motorista, aí estão na estrada e essa pessoa infarta, se você souber dirigir pode chegar a um hospital, e isso pode ser a diferença entre a vida e a morte dessa pessoa!". Quer dizer que é para eu aprender a dirigir em nome de uma coisa que tem uma possibilidade em um milhão de acontecer??? Mandei com todas as letras a pessoa à merda.
    Inglês aprendi sozinho, nunca tive aulas (o inglês porcaria da escola pública não conta), e hoje leio bem, meu problema é a pronúncia de palavras que nunca ouvi.
    Minha única mágoa foi desprezar a oportunidade de aprender violão quando era criança. O tempo passou e hoje é tarde demais.
    ...
    Melhoras, meu amigo.

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    1. Pois é, já ouvi argumento semelhante. Dirigir não é obrigação, mas durante muito tempo foi mais um fator d´eu me sentir um peixe fora d´água, hoje tanto faz; o inglês, que continuo não dominando, é que me aborrece, por não poder ler os livros e gibis que gostaria, mas quer saber? Tem muita coisa em português que nunca vou poder ler mesmo e acho que nunca vou sair do Brasil, aliás, acho que nem vou chegar a sair deste bairro do Jaboatão. Acho que daqui só para o cemitério e não deve tardar, pelo caminhar da carruagem. Mas isso veremos.
      Obrigado pelos votos e comentário, meu amigo!

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  2. Tive mais contato com a extinta revista Animal (até tive um exemplar há uns 22 anos) do que com a Heavy Metal, que só folheei algumas poucas.

    Assim que li seu texto, fiz um teste por meio de um site e descobri que também tenho um certo grau de autismo como um amigo meu suspeitava. Antes da virada de mês, consultei um neurologista que me encaminhou pra fazer uma tomografia só pra mostrar que não tenho nada e calar a boca de uma porção de gente achando que sou doente mental por estar desempregado por muito tempo

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    1. Oi, Anderson! A Animal é um ótimo exemplo de publicação que pode muito bem rivalizar com o teor da Heavy Metal, na verdade a Animal é bem mais transgressora, tenho toda a coleção na minha estante. Coisa fina. Tive também a versão brasileira da Heavy Metal que era muito boa mas eu tinha curiosidade mesmo era com aquelas dos primórdios.
      Agora, achar que uma pessoa é doente mental só porque não arruma emprego, é o fim da picada!!!

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  3. Bem bacana o post. Não sei se lhe contei, mas minha família por parte de mãe é tudo de Roraima, muita gente, que inclusive meu pai - que era do exército e vivia nas matas ali - conheceu gente que conheciam e conversavam com esse Papillon, Guiana era pertinho de onde costumávamos andar, ali entre Bonfim, Normandia e principalmente cidade de Lethem, costumávamos nos banhar nas águas do rio Tacutu, bem curiosa a história desse sujeito. Eu também fui um acéfalo na escola, minha época escolar era péssima, eu tinha literalmente o dom de ser patético em múltiplas áreas, aliás eu gostaria de ser ( ledo engano e inocência) engenheiro naval para poder construir réplicas de navios á remo e á vela da antiguidade, especialmente as naus fenícias e egípcias, porém depois vi a cacetada de matemática que deveria aprender e que ninguém se importava muito com Arqueologia naval, desistir. Dirigir pra mim é um horror, me parece um bicho estranho, me sobra o bom e velhíssimo ônibus urbano. Sobre quadrinhos, o mais marcante pra mim é aquela do Mickey com a primeira aparição de seu arqui-inimigo, o famigerado Mancha Negra, sempre adorei esse vilão e ainda gosto. Eu realmente redescobrir literatura gótica/sombria do ano passado pra cá, tive oportunidades quando adolescente mas achava chato, talvez pelo arcabouço mental pobre e limitado da época, atualmente estou lendo e gostando muito de O médico e O monstro, livrinho fantástico, mas minha paixão é Júlio Verne, ele foi meu professor de literatura da vida, me fez ter uma paixão inesgotável pelo gênero de aventura, assim como claro, os contos de fadas, dos quais penso que há uma riqueza literária ali muito subestimada pela linguagem lúdica, infelizmente. Cavalo de Tróia é uma obra prima, mas não é uma leitura rápida e de fácil digestão, encontrei muita pouca gente com quem conversar sobre pois a maioria desistiu na metade da história, é extenso demais, pra mim que leu tudo, valeu a pena. Ainda alimentando as esperanças em uma adaptação em formato de série, seria excelente, mas acredito que daria pouco público, já que é nichado demais. Belíssimo post, abraços e melhora na saúde, você é necessário aqui neste mundo !

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    1. Interessante demais esse seu comentário e daria uma postagem própria.
      Eu soube há uns anos atrás que o Henri Charriere não era o verdadeiro Papillon. Acreditou-se por muito tempo que ele fosse o personagem fugitivo descrito na obra como o verdadeiro Papillon, mas não foi assim. Henri fugiu junto com o verdadeiro Papillon, de nome René Belbenoît, e acabou por roubar a obra, publicando-a depois em 1969 na França.Curioso, né? Livro e filme me marcaram muito nos anos 70.
      Não ter sido um aluno exemplar não tira de você a genialidade que você revela nas suas criações, acho você fantástico e se expressa muito bem, acredito que se te dessem oportunidade você realizaria grandes coisas, principalmente no campo da escultura, NUNCA DESISTA DOS SEUS SONHOS!
      Também sou fã de Júlio Verne, mas confesso que gosto mais dos livros menos famosos como Miguel Strogoff e Tribulações De Um Chinê na China, por exemplo.
      A última frase do seu comentário aqueceu meu coração, normalmente gelado. Muito obrigado.
      Abraço forte!

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  4. Melhoras meu caro! Quanto a questão de textos comparados com clássicos, acho que é sempre cômico ver alguém fazendo isso antes do trabalho ser realmente testado pelas "rodas do tempo". Trabalho esse que também não vejo como tão influente assim como foi Senhor dos Anéis, entre outros.

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    1. Hoje já me encontro bem melhor, meu caro, obrigado!
      Concordo com você sobre obras que mesmo antes de serem testados pelos anos são alardeados como maiores que os clássicos estabelecidos. Tolkien meio que é afamado pelo culto que se formou em torno de sua obra, realmente influente, mas isso subestima a obra de C S Lewis, por exemplo, tão rica em simbolismos como o Senhor dos Anéis, só não teve a mesma propaganda.

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