Esse blog existe há 13 anos. Comecei em 2010 e a ideia antes rejeitada por mim ganhou força quando eu estava na redação da Editora Construir, lá um dos gerentes fez um esboço no computador dele para mostrar que não era um bicho de 7 cabeças. Ter um espaço a mais para expor meu trabalho, de um momento para outro me pareceu sedutor. E com o tempo, não só os desenhos mas também meus pensamentos. Ele acabou se tornando uma espécie de diário onde eu me sentia mais e mais a vontade para me expor com meus frequentes desabafos. Ainda me lembro do meu texto de estreia, foi fraquinho e tímido; já pensei em refazê-lo, mas deixo assim, seguindo a ordem natural de todas as coisas. Isso aqui já foi bem mais frequentado, tive acessos bem grandes, postagens com muitos comentários, hoje boa parte dos que me acompanhavam não me visitam mais (se continuam a fazê-lo se escondem atrás do véu do anonimato, o que não faz o menor sentido), as visualizações são pífias, só uns poucos chegados comentam meus escritos e na maior parte do tempo eu me sinto desmotivado a continuar. Pensei (penso ainda, pra ser sincero) num texto de despedida e fechar as portas. Mas sei lá, o que tenho a perder? Não há obrigação de vir aqui sempre e quando a necessidade de falar para uma plateia ignota se fizer premente posso abrir o computador e falar/digitar; sempre tem algum rabisco a ser compartilhado e um alguém para fazer eco, ainda que eu não ouça a resposta. Então sigamos apesar do pó que se acumula.
Hoje tive que resolver um negócio chato na rua, passando pelo Shopping Guararapes entrei na Livraria Imperatriz - tenho esse hábito, não posso ver um local de venda de livros que sinto impulso de entrar, olhar as capas dos tomos, ler as orelhas, assim como casas que vendem material de arte, é como um fetiche - me alegra saber que algumas resistem onde tantas feneceram, como a Saraiva, a FNAC e Cultura. Fui até o setor de quadrinhos, como sempre, e é interessante o que é exposto ali. Muitos mangás e títulos das editoras mainstream, tinham até alguns de editoras menores, muitas desconhecidas do grande público; as HQs resistem apesar de muitos acharem que elas vão morrer na versão impressa, houve mudanças sensíveis nestes últimos 30 anos, elas gourmetizaram, migraram das bancas para as livrarias a preços que valem um rim, mas continuam a encantar novos e velhos, ainda que esse número se reduza dia a dia, mas sempre vão se reinventar. Nada vai extinguir o desejo de contar/escrever/desenhar histórias e aqueles que gostem de ouvi-las/lê-las.
ZÉ GATÃO - SIROCO saiu da gráfica, existe, ainda que para apenas 40 pessoas. Quando comecei a trabalhar neste universo antropomorfo eu tinha muitos planos e concepções, pensava num álbum por ano ou um a cada dois anos. O tempo foi passando e eu fui deletando essas abstrações, as decepções foram se acumulando e gerando enfado. Cheguei num ponto que não aguento mais criar algo só pelo prazer de criar. Siroco é o ápice desse cansaço. Foi finalizado no final de 2020, tempos onde minha mãe e irmão ainda estavam comigo. O álbum finalmente contempla a luz e eu dou minha missão como autor de quadrinhos - adultos, podemos dizer - encerrada. Não que não tenha amor por minha criação, mas deu o que tinha que dar. Se me pagarem, volto a conceber novas sagas, mas não com o Felino. Ele faz parte do tempo onde meu mundo tinha cores, hoje isso não existe mais.
Sim, ainda tenho vários enredos curtos do Gato guardados nos envelopes, há planos de soltar esse material em revistas de antologias (se elas tiverem fôlego neste mundo cada dia mais estranho). Veremos.
Se alguém que apoiou o Siroco estiver lendo isso, minha sincera gratidão!
Devo voltar a esse assunto, divulgar é preciso. Beijos a todos!
Fala, rapaz, como é que está? De certa forma eu te entendo. Estou em cima de um livro que comecei a escrever em 2022 e parei por uma série de motivos. Peguei de novo o mês passado e não tenho prazo pra terminar. Suspeito que será o último de uma saga de três aventuras com dois personagens que criei lá longe, em 1988. Não que eu não goste de escrever, é que, pra quem achava que eles só teriam uma história, depois duas, essa terceira me surpreendeu. Depois dela, só vou me dedicar a projetos mais curtos. Dão menos trabalho. É isso. Abração!
ResponderExcluirHei, vou querer ler isso. Já publicou algum? Tem PDF?
ExcluirGrato pela visita e comentário!
Abraços!