PHOBOS e DEIMOS soa em minha vida mais atual que nunca, é um dos meus quadrinhos mais interessantes, embora eu seja suspeito para falar. São histórias de pessoas desesperadas, abandonadas, vivendo situações esdrúxulas em ambientes de caos, solidão, tristeza, nunca redimidas, que vão desde uma ex-atriz pornô a um lobisomem com conflitos edipianos. Pena que só foram impressas umas poucas cópias, acho estranho que um tomo de 296 páginas em que - como sempre - coloquei muito da minha alma nele tenha chegado à umas 50 pessoas. Não vejo possibilidade de republicação com uma tiragem maior, talvez num futuro distante quando eu não mais caminhar sobre a terra, mas aí, pra mim, não fará diferença alguma.
Mas, sabem, o teor extremamente amargo e intimista de Phobos não atrai mesmo o público. Existem leitores variados de HQs, tem os que leem de tudo (como eu), existem os que leem só super heróis, outros, apenas mangás, há aqueles que procuram somente os eróticos, ou faroeste, ou terror, ou histórico. Tem os que curtem material escapista e outros ainda que idolatram os "intelectuais" chatos como Alan Moore e Neil Gaiman. Não sei apontar qual desses se interessaria pelo meu produto, mas pelo número de vendas dos meus quadrinhos eu diria que são poucos, muito poucos.
Tentei colocar artes à venda em redes sociais, não obtive retorno absolutamente nenhum. No passado, em situações semelhantes, um ou dois admiradores compravam alguma arte e isso dava pra pagar uma água ou luz. A situação desse país é ridiculamente torpe, uma tragédia anunciada onde alguns "espertos" pagaram pra ver, fizeram acordo com o diabo, agora inocentes e pecadores pagam o pato, e que pato!
Digo isso porque entendo que nos tempos que testemunhamos quase ninguém tem grana pra comprar desenho ou gibi (e eles andam caros, subiu papel e tinta!).
Diante de tal situação me vi obrigado a pedir dinheiro emprestado a uns conhecidos para evitar o corte de alguns serviços e, amados e amadas, que vergonha isso me dá! Fico com um oco no estômago e as mãos suam diante da negativa, eu fico desejando que um buraco apareça para que eu possa ser engolido por ele e nunca mais aparecer.
Frequentemente maldigo a minha incompetência, incapacidade de fazer dinheiro. Sim, arte e ilustração dão grana. Até arte merda dá grana. Mas eu não conheço o tal caminho das pedras. Encontrarei um dia? Por falta de opção eu sigo tentando.
Fiquem todos com DEUS!
O que comentar? Compreensão e empatia, pois também sempre fui um quebrado e um frustrado? Gostaria de ter palavras de conforto. Não tenho. Antes, quando era possível fazer sucesso, eu não fazia; agora, com o país entregue a coisas piores que o Diabo, em breve estaremos passando fome, e não só de sucesso ou de cultura... Você pelo menos sabe o que é ter publicado, embora não saiba (injustiça total) o que é vender bem. De novo Jó: mil vezes melhor não tivéssemos nascido. Sejam malditos para sempre os dias em que viemos para este mundo porco.
ResponderExcluirRéplica amarguíssima porém de uma sinceridade devastadora. Usei superlativos aqui para destacar essa verdade frustrante. Mas talvez eu e você precisemos olhar este copo meio cheio ao invés de meio vazio? Acho que devemos refletir sobre isso, embora tenhamos uma forte inclinação ao abandono, solidão e tristeza. Características dos que criam boas obras (lembrando que nem toda boa obra é sinônimo de sucesso).
ExcluirRepito e repito: fique firme.