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sexta-feira, 6 de outubro de 2023

PINDAÍBA, ESSA VELHA CONHECIDA, COMO UMA VIZINHA RABUGENTA E DESAGRADÁVEL BATE À MINHA PORTA COM MAIOR FREQUÊNCIA NESSES ÚLTIMOS TEMPOS.

 Não tem sido segredo para ninguém que ando mal das finanças. Aconteceu a vida inteira com breves momentos de respiro, nunca sobrou grana, aquela que se guarda para uma eventualidade, não, sempre foi no limite, fosse eu morando com meus pais ou sozinho ou agora, casado. Mas tem vezes que a coisa fica cruel, cruel mesmo! Teve um tempo no Rio de Janeiro que a fome apertou, só não dormi na rua porque alguém me ofereceu um teto e ele foi muito caro, cobravam a minha alma.... e foi só o teto mesmo, comida e roupa, bah, parecia moeda jogada dentro de um penico fumegante de merda. Estaria eu sendo injusto? Não acho, foi como senti. Outros lugares por onde estive, Guarulhos, por exemplo, a vida era dura com todos mas eu era tratado com respeito e havia carinho nas palavras.

Nunca esqueço quando meu pai, certa vez, em Brasília, tirou licença do seu trabalho no ministério e foi para São Paulo tentar algo junto a uns antigos conhecidos seus para ganhar dinheiro e ficou sem dar notícias por muitos meses. O apartamento onde morávamos (numa boa quadra da Capital Federal) era descontado diretamente na folha de pagamento dele, por isso não ficamos sem casa, mas o resto, eu e minha mãe tivemos que nos virar. Havia um japonês que tinha uma quitanda de frutas na comercial da quadra, minha genitora era conhecida da mulher dele e os pomos e hortaliças que começavam a passar do ponto eram doadas a nós. Eu e ela sempre trazendo caixas de frutos e legumes perto do vencimento. Uma filha que o japa teve fora do casamento, uma bastarda magra, alta, que me detestava, sei lá porque, comentou certa vez: esse rapaz não trabalha, não? Meus irmãos eram pequenos, os mais velhos depois de mim, entravam na adolescência, eu procurava trampo desesperadamente. Havia um programa de tv local em que o apresentador fazia a caridade anunciando pretendentes à algum serviço, haviam pessoas com tarimba de caminhoneiro, motorista de trator, operadores de máquinas, empregadas domésticas e tals. Eu era o tal desenhista, parecia até piada, desenhista de quê? de projetos? Não, desenhos artísticos. Artísticos? Como assim? Bem, faço caricaturas e retratos, pinto paisagens em quadros, essas coisas. Ah, ok. Bem pessoal, tem aqui esse rapaz que desenha essas coisas, o telefone dele é tal. Claro que ninguém nunca ligou. Lembrem, era o ano de 1983.

Certa vez anunciaram umas vagas para trabalhar no Carrefour que ia abrir no Park Shopping. Fiquei horas e horas numa fila debaixo do sol para fazer um cadastro e, claro, nunca fui chamado.

Minha mãe sempre foi lutadora, ela começou a tomar conta de umas crianças de umas madames metidas. Nossa casa quase virou uma creche. Choro de criança malcriada querendo a mãe. Era horrível!      

Depois ela alugou o quarto de empregada para um cara da igreja Mórmon que estava em BsB fazendo um curso, depois que ele saiu, recomendou a um amigo e o novo inquilino era um cara chato pra caralho.

E assim vivemos aquela fase até que meu pai voltou e tudo continuou na mesma, só mudou a tensão violenta que ele sempre causava. Claro que no ano seguinte eu tive um emprego, mas essa atividade foi tão marcante (no sentido negativo) que deixo para uma postagem própria, se eu tiver ânimo para o relato.

Quando voltamos para São Paulo no início dos anos 90 os dois primeiros meses foram de amargar.

Entre baixos e fundo do poço, venho vivendo, e o instante atual é quase desesperador. Meus cartões foram cancelados. A todo instante recebo emails dessas empresas oferendo acordos. Queria poder dizer a eles, calma! Eu vou pagar, sempre pago o que devo (embora não seja um Lanister), só tenham um pouco mais de paciência.

Ontem trabalhei com um pincel rombudo, a ponta dele se desgastou. Meu tubo de nanquim só tem umas poucas gotas que tento economizar. Minhas canetas unipin estão quase secas, as mais grossas, pelo menos e as folhas de sulfite para esboços e rascunhos chegaram ao final. Deus mandou trabalho, fiz umas artes e consegui pagar as contas de água, luz e internet. Não tem faltado o básico para alimentação mas parei com uma medicação que eu deveria tomar para ter mais conforto à noite. Tudo bem, sou guerreiro, vou aguentar até que a situação melhore.

Apesar de tudo isso, pressão psicológica, saudade onipresente, estou confiante. Os ventos vão mudar. Eu medito no Salmo 121.

JESUS VIVE!!!! Aleluia!

Ilustra para um didático. 


2 comentários:

  1. Pela primeira vez, depois de ler um texto seu não sei o que comentar. Apenas torço para que as coisas melhorem.

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