Boa noite a todos!
Antes de entrar no assunto, uma satisfação aos que sentem simpatia por minha arte e pessoa, esses que torcem e oram por mim: meu irmão André continua em coma induzido, o quadro é demasiado sério e preocupante, entretanto, segundo o que a esposa dele relatou ao Rodrigo, meu irmão caçula, uma tomografia da cabeça dele revelou algo que deixou os médicos otimistas. Entretanto, não entendo bem a linguagem médica e vou evitar os achismos. É continuar orando e esperando com fé, o Senhor está agindo. Espero vir aqui em breve com boas novas.
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Sempre me considerei um leitor voraz, cheguei a ler uns três livros de bom volume de páginas por semana, foi nesse período que li os grande clássicos da literatura (Shakespeare, Divina Comédia, Ilíada, Camões, Dostoiévski, Machado, Lima Barreto, José de Alencar, Eça, Don Quixote e etc e etc). Mas isso, claro, numa época em que eu não tinha tantas responsabilidades e gozava de um tempo maior.....na verdade, responsabilidade grande nunca me faltou, difícil lembrar de um tempo em que eu não estivesse executando algum trabalho, na maioria das vezes para meu pai, mas é diferente quando você se casa, é o único provedor da família e tem que matar um T-Rex por dia. Ainda cheguei a ler bastante em coletivos quando ia com mais frequência aos grandes centros ou esperava por atendimento em algum consultório médico. Hoje em dia não consigo mais a antiga concentração para mergulhar nas letras se não estiver sozinho e totalmente alheio aos dramas da vida real. Pra ler algo, mesmo um gibi do Conan, eu levo um tempo considerável e eu me aborreço com leituras picadas, mas não tem outro jeito, se quiser fugir um pouco da minha realidade cotidiana e me inserir na cabeça de outra pessoa, tenho que me contentar com três, cinco páginas diárias, com sorte, um capítulo, se ele não for muito longo.
Foi assim que concluí minhas duas últimas leituras as quais considerarei aqui pois valem a pena falar sobre elas.
Solomon Kane, de Robert E. Howard. Gostei muito das histórias desse tomo, bem escritas pra cacete, embora eu sinta que era um período em que o autor estava amadurecendo seu estilo (lembrando que essas foram antes do seu personagem mais famoso florescer para o mundo). As narrativas são de aventura quase sempre mescladas com terror e muita, mas muita violência mesmo! Nota-se que a pena de Howard não tem a mesma verve, podemos dizer assim, de um Tolstói, mas possui uma vitalidade de quem vive com paixão as sagas que escreve, senti isso nos três volumes do Conan e Bran Mak Morn, mas Kane tem um charme especial que de alguma forma provocou imediata identificação em mim. Mais uma vez o trágico escritor dos pulps não me deixou na mão. Ponto pra ele.
Agora falemos sobre outra obra famosa, que tem toda uma história por trás, O Livro da Selva, do genial Havey Kurtzman. Estava ansioso pra ler pois sempre ouvi falar que era revolucionário. O que conhecia deste autor foi o que ele produziu para a EC Comics e, é lógico, suas lendárias criações para a MAD em seus primórdios. Mas em mim, o que ele colocou neste livro, não pegou na veia. Muito bem desenhado em seu conhecido traço humorístico/caricato mas não achei engraçado, uma ou outra cena, talvez, eu tenha dado em meio sorriso. Claro que entendi a intenção do autor, que é brilhante em fazer as onomatopeias como parte indissolúvel do quadro, as notas das canções de jazz imiscuídas na narrativa, suas figuras femininas que só ele sabia idealizar, as sátiras aos costumes da época, mas no cômputo geral não me empolgou. Talvez se eu tivesse lido na adolescência, ou melhor ainda, nos anos 50, data em que a obra foi concebida, minha impressão fosse outra. Kutzman era um gênio, muito acima dos seus pares, é inegável, mas sua obra mais louvada pelos experts, tipo Gilbert Shelton e Art Spielgman, sem contar os "especialistas" brasileiros de plantão, me desapontou.
Fiquem todos bem e até a próxima.
Incrível quanta coisa quem sabe escrever consegue dizer em poucas linhas! O mesmo vale para o oposto, gente que escreve uma centena de páginas conseguindo não dizer nada com nada ou nada que faça sentido. No seu caso, obviamente se trata da primeira menção. Na primeira análise, desperta a vontade de ler (para quem não leu, o que não é meu caso, há dois anos fui presenteado com uma edição omnibus do Solomon, tudo o que Robert E. Howard escrever de narrativas com o puritano) e na segunda dissuade da leitura - isso é que é ser influencer, não isso que dizem nas redes pseudossociais.
ResponderExcluirAnálises respeitosas, mesmo quando não houve uma apreciação positiva, inclusive nunca dizendo que a obra é ruim, mas levantando possibilidades para a coisa não ter fluído (a idade do leitor, a época da leitura etc.).
Em suma: trabalho bem feito.
Mais um comentário seu que eu colocaria numa moldura. Guardo com carinho no coração.
ExcluirObrigado, obrigado mesmo!!!!
Estava coçando os dedos para perguntar sobre seu irmão, confesso que iria lhe perguntar no privado não fosse ter vindo ler sua postagem primeiro. Da minha parte nada muda, aqui na torcida e orações por ele. Solomon Kane apesar de infinitamente menos conhecido que Conan (e até mesmo menos, que o menos conhecido Kull the Conqueror) é um personagem fantástico! Como você disse, o Howard estava no "Warm-up" de sua carreira mas ali tem toda a genialidade do autor. Eu lembro quando conheci o personagem através das páginas da Espada Selvagem de Conan, nos anos 80 a Abril inseria várias histórias dele (sem regularidade alguma). Quando li o livro achei muito melhor. Já o Kurtzman, por incrível que pareça mesmo tendo sido um grande fã da MAD (até hj tenho um retrato do Alfred na minha mesa com a célebre frase "O que? Eu me preocupar?"), o associo mais a obra Frontline Combat, que por aqui saiu com os mais diversos nomes e por vezes com algumas historias da Hora Cero inseridas pelo meio, se já não tiverem virado pó, eu devo ter uma pequena pilha de HQs que fui colecionando quando ainda frequentava sebos atrás desse tipo de material.
ResponderExcluirSobre o André, renovo minha gratidão por se importar.
ExcluirEu também lia as HQs do Solomon na ESC, eram legais mas ali nunca me chamaram a atenção.
Sobre as hqs de guerra do Kutzman pra EC eu li alguma coisa tempos atrás e nem me lembro das histórias, a Gal lançou um álbum que não pude comprar.
Que bom que seu irmão está melhorando. Pode ficar otimista, sim. Você entendeu.
ResponderExcluirDeu vontade de ler Solomon Kane. Meus únicos contatos com ele foram UMA HQ e o filme.
Harvey Kurtzman? Apesar de entender a importância dele para a história das histórias em quadrinho, eu o considero verborrágico demais. Prefiro seu discípulo, Goscinny, que aprendeu bastante enquanto foi seu assistente nos primórdios da MAD.
Abração! Estamos aqui!
Oi! Sobre o André, obrigadíssimo pela força!
ExcluirPode ler Kane, sim, aventurona estilo pulp cheio de violência e muito bem escrito.
Sobre o criador da Mad, devo confessar que meu estilo é outro, nada tão ligado ao humor, e eu não sabia que o Goscinny tinha sido discípulo dele.
Abraço!