PRIMEIRO ENCONTRO - Era o ano de 1989. Nesta época ainda residíamos, eu e família, em Brasília, na SQS 202. Certa tarde minha mãe me falara que uma conhecida sua precisava de um desenhista pra criar "não sei que negócio". Fomos lá eu, meu irmão Gil, e minha mãe na casa desta amiga ( acho que era no bloco "D" da nossa quadra ), e o tal desenho que me foi requisitado era a criação de um logotipo para o hotel que o filho dela iria inaugurar em Palmas, no recém-criado Estado do Tocantins. Assim que adentramos na sala, eu e Gil ficamos deslumbrados com uns quadros que haviam nas paredes. Não eram obras quaisquer, eram pinturas que só se vêem em galerias especializadas no gênero. Não é legal para um artista comparar, mas pra vocês terem uma idéia do que estou falando, imaginem as obras de Salvador Dalí na década de 50. Isso mesmo, surrealismo hipnotizante. Quadros de grandes dimensões, tipo 1,5 m por 2 m, coisa assim. Não vou e nem poderia descreve-los. Um em particular me chamou atenção não só pela técnica apuradíssima, mas também pelo título singelo-enigmático : "Mara Reticulata". Pedi informações à dona da casa sobre o artista e ela me dissera que se tratava de um amigo de seu filho e que o mesmo não morava mais em Brasília. Nos dias posteriores, eu sempre arrumava uma desculpa para ir até lá, conforme eu ia desenvolvendo o tal logotipo do hotel, e me plantava diante daquelas pinturas. É algo que nunca vou esquecer. Por fim, o logo ficou pronto, recebi meu pagamento e nunca mais voltei. Não muito tempo depois, nós mudaríamos para São Paulo e uma nova fase de vida ( bem mais difícil e tensa ) nos esperava.
Zé Gatão saiu finalmente e mandei uns exemplares pra ele lá na europa e ele retribuiu com alguns catálogos de suas exposições e um album em quadrinhos de sua autoria chamado "La Ville". Os desenhos eram maravilhosos mas não pude entender a história direito pois estava em francês, e eu entendo francês tanto quanto entendo marciano. Guardo estas lembranças com muito carinho. Nos correspondemos algumas vezes. Depois, com meu retorno a Brasília em 98 e com toda a confusão que uma mudança traz, eu perdi seu endereço e assim a ligação foi interrompida.
TERCEIRO ENCONTRO - É lógico que com a internet hoje em dia é praticamente impossível você não localizar uma pessoa. Descobri o site de José Roosevelt, entrei em contato e sempre nos comunicamos por e-mail. A arte dele continua fantástica, eu sou fã, sou suspeito para falar. Vejam por vocês mesmos, capturei da net algumas imagens dele, mas se vocês não conhecem este artista estupendo, visitem seu site ( tem o link aqui no blog ).
Não sei, posso viver 500 anos e nunca vou compreender como um artista deste quilate ainda não tem o talento reconhecido no seu próprio país, nem há uma editora aqui que publique seus álbuns. Ele não precisa evidentemente que eu faça publicidade de sua pessoa ou de sua arte, ela fala por si e há na web dezenas de blogs elogiando seu trabalho, pessoas e críticos muito mais gabaritados que eu, mas deixo aqui a minha humilde homenagem a este autor que acima de tudo mantém sua integridade e humildade apesar do sucesso que tem. É o que valorizo acima de qualquer coisa.
Ave meu amigo José Roosevelt.
Caro Eduardo...beleza?
ResponderExcluirMuito legal seus comentários sobre o genial José Roosvelt. Tive o prazer de estudar com ele no Laser, acho que entre 1974 e 1975, inclusive na mesma sala do Oscar,considerado um dos maiores jogadores de basquetebol de todos os tempos, depois na UnB, e logo depois na UDF.Em 1982, vi uma das suas primeiras exposições, na mesma UDF e também fiquei impressionado com a sua "super-realidade". Também pela internet tive a oportunidade de reencontrá-lo e reconhecer o desenvolvimento da sua genialidade que conheci nos primeiros rabisco nas folhas dos cadernos da escola, e ele com a camisa do Flamengo.
Opa, José Tarcísio, tudo na paz? Sabe, os amigos de meu amigo também são meus amigos. Muita honra em te-lo aqui. Volte sempre.
ResponderExcluirRealmente, nosso compadre José é um gênio mesmo. Para nossa sorte, o conhecemos de perto.
Um abração.