"A coisa que mais amo fazer é quadrinhos e ainda me pagam pra isso." Um cara que não conheço disse esta frase. Aliás, tem um bocado de artista fodão que já afirmou algo parecido. Eu jogo no time do cartunista Joe Sacco ( na reserva, é claro ): "Fazer quadrinhos é muito sofrido". Acho que o genial, porém rabugento do Crumb, disse algo do gênero. Dá pra entender as duas posturas, independente do temperamento dos artistas e suas formas de ver - e viver - a arte.
Existem trabalhos que fazemos porque precisamos fazer, porque são eles que pagam as contas, gostemos do estilo, gênero, técnica, forma ou não. E tem obras que executamos porque elas nos dão prazer independente de tudo.
Seria o máximo se pudéssemos sempre aliar as duas situações, ou seja, ganhar grana só fazendo desenhos que nos empolgassem, mas nem sempre é possivel. Comigo, na maioria das vezes, é uma tarefa árdua.
Mas só acontece quando não tenho total controle sobre a coisa. Por exemplo, certa vez fui contratado pra fazer o design de um boneco articulado de um ator de tv. Pareceu-me divertido criar algo do tipo. Mas o que pensei ser uma tarefinha desafiadora tomou proporções ciclópicas de um pesadelo lovecraftiano. Ao invés de me deixar criar, os clientes que não sabiam a diferença entre Picasso e Long Dong Silver, davam pitaco a todo instante, eu fiz e refiz os desenhos por mais de duas semanas e nunca chegavam a uma conclusão. Na boa, não é porque estão pagando que eles tem direitos sobre a sua liberdade criativa, e na maiorias das vezes nos submetemos porque precisamos do dinheiro. Gosto muito do que faço, não me vejo trabalhando como caixa de banco ou soldador, mas as vezes é um saco!
Mas só as vezes. Eu me permito interromper, quando sinto necessidade, um seviço sacal, para elaborar coisas que me relaxem, como a arte que vemos abaixo. Ela refletia o meu desejo numa época de bastante pressão. Fiz só pra desopilar. Como a pausa pro cigarro. Depois voltamos a carga.
Dito isto, eu reitero as palavras do cara:
Eu amo fazer arte, e ainda me pagam pra isto.
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Grande Eduardo!
ResponderExcluirCara, estou gostando MUITO da série de posts revisitando o Zé Gatão - Tanto é que não comentei nada ainda, por que tirei o álbum do armário pra poder reler, depois de tanto tempo, pra me familiarizar de novo com ele, antes de vir dar pitaco. Ainda não tive tempo de sentar e ler de cabo a rabo, mas foi direto pro topo da pilha de leitura, sem escalas!
Mas essa página que você postou aqui ficou tão bonita que não deu pra esperar - Coloriu com lápis de cor?
Grande abraço, do amigo e fã,
J.
Hi Jim, beleza?
ResponderExcluirBoy, legal cê tá gostando destas matérias. As vezes é meio frustrante pensar que escreveu um texto legal e ninguém se manifestar pra dizer nada. Como vê, sobre o álbum branco acabaram os posts, mas em breve pretendo iniciar mais uma série, desta vez narrando sobre o álbum negro.
Aguarde.
Sim, a página aqui foi pintada a lápis de cor.
Achei interessante mostrar o Zé Gatão em situações normais (dormindo como um bicho normal), longe de estresses e porradaria.
Brigadão e um abraço.