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terça-feira, 24 de agosto de 2010

MEREÇO TER ADMIRADORES ?

Hoje tirei o dia pra ir ao centro de Recife resolver umas coisas. Fico tanto tempo trancado no meu modesto estudio que quando saio pra um lugar mais distante é como se tirasse umas férias. Férias de algumas horas.
Aproveitei para visitar uns amigos no estúdio de animação "Quadro-a-Quadro" e lá falamos um pouco sobre arte, artistas, storyboards e essas coisas. Sabem, precisamos disto as vezes. A vida, como diz a música, não é só comida e trabalho. E é muito bom reservar um tempo pra falar com quem entende a respeito destas coisas que fazem parte integrante de nossas existências. Combinei um possível free-lance. Vamos ver se vai rolar.
De lá fui a Elemental, uma comic shop conhecida da comunidade local que curte e faz quadrinhos, fanzines e afins.
 Estava procurando umas hqs do Justiceiro quando, pra minha surpresa, alguém entregou que eu era o cara que fazia as histórias do Zé Gatão. Pronto. Aquela rapaziada que frequenta o lugar me cercou dizendo serem fãs do gato, que era uma honra me conhecer e tal.
Quiseram tirar fotos.
Tiramos.
"Quando vai sair um volume novo ? Tá demorando." 
Eles todos deviam ter entre 16 e 20 anos.
Quando eu disse, "para minha surpresa", eu estava falando sério, pois tal, ainda não tinha me acontecido. Claro,sempre calha de estar num local propício, tipo Livraria Cultura e aparecer alguém dizendo que conhece o meu trabalho ou que já me viu em uma palestra no FIQ de PE, mas nunca com a efusão de hoje.
Fiquei envaidecido, agradecido e constrangido. Não estou habituado com estas demonstrações de admiração. Foi bom, mas trago comigo esta dicotomia; é legal saber que sua criação possui fãs, mas na verdade quantos ali compraram os álbuns?
Todos?
Ou ninguém?
Me disseram: Zé Gatão é leitura obrigatória neste lugar. Mas eles lêem o que está lá na prateleira, como se lê numa biblioteca? 
Certa vez, faz tempo, um garota disse que era louca pelo felino, cada um dos livros ela já tinha lido umas cinco vezes cada um. Por curiosidade perguntei aonde ela tinha comprado, "em lugar nenhum, eu li os exemplares do namorado de uma amiga".
Vocês que me lêem neste momento não me tomem por um mercenário, é muito lisongeiro todo este élan, mas um novo álbum, como me cobram, só virá à baila se os que estão na praça tiverem boas vendas.
É assim que funciona.
Por outro lado, reconheço que este tipo de hq não é barato. Infelizmente não está ao alcance de todo mundo.
Mas quem diria, após todos estes anos Zé Gatão ainda tem admiradores!

4 comentários:

  1. Rapaz, que legal! É muito bom ouvir isso. Acho que, de qualquer jeito, é um bom sinal.
    Parabéns pelo sucesso e não esmoreça, dias melhores virão.
    Gde abç!

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  2. Grato, meu velho. E espero mesmo por dias melhores no que se refere a minha arte. Aliás, não só minha, afinal, com os talentos que temos por aqui, já era tempo de termos uma indústria própria, inclusive pra exportação.
    Quanto ao post, confesso que fiquei receoso de ser mal interpretado (ou mal-agradecido). Felizmente parece que não. Até aqui acho que meus desbafos tem sido compreendidos.
    Abração e fica na Paz.

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ZÉ GATÃO POR THONY SILAS.

 Desenhando todos os dias, mas como um louco, como fiz no passado, não mais. Não que não queira, é que não consigo; hoje, mais que nunca eu ...