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sábado, 11 de setembro de 2010

ARTHUR GARCIA, UM ARTISTA GENIAL.

Conheci o Arthur Garcia em 1992, o mesmo ano em que eu e minha familia voltamos a residir em São Paulo depois de quase 20 anos vivendo em Brasilia. Comigo, duas metas a serem atingidas: Viver de arte e deixar para trás as desventuras de um passado recente. Passado este cuja tristeza e amargura culminaram com a criação de Zé Gatão como forma de catarse. Digo isto porque o Arthur teve muito a ver com meu inicio em Sampa.
Não lembro mais como foi que fiquei sabendo de uma palestra que ia ter na gibiteca Henfil, deve ter sido na Livraria Muito Prazer. A tal palestra dissertaria sobre como trabalhar para o mercado gringo e teria tais e tais artistas dando dicas de como comer uma fatia da torta. Pelo menos foi isso que me passaram.
Fomos lá, eu e o André, meu irmão. Auditório cheio. Os artistas em questão eram Octávio Cariello, Marcelo Campos e Arthur Garcia, a mediação era feita pelo Worney Almeida de Souza. 
Marcelo Campos e Cariello trabalhavam para algumas editoras americanas ( foram pioneiros na empreitada ), já o Arthur fazia hqs para o mercado franco-belga. O debate foi legal, começou com o Arthur e me simpatizei com ele de cara, ele fala pra burro, mas fala bem e tem muita coerência nas suas colocações. É assim até hoje. A certa altura, o Mauro dos Prazeres (editor da Devir) subiu ao palco pra dizer não lembro mais o quê, mas recordo que perdi a conta de quantos cigarros ele fumou num curto espaço de tempo.

Ao final do colóquio me aproximei do Athur meio trêmulo (eu tenho esta característica embora não pareça, me apresentar pra alguém que não conheço é como caminhar pelo corredor da morte), mas ele foi gentil em me esclarecer algumas dúvidas e em seguida se mandou dali mais rápido que o Flash.
Tornei a encontra-lo certa tarde na Muito Prazer, batemos um papo rápido e logo convidou-me para ir visita-lo no estúdio que ele dividia com seu amigo e sócio, o saudoso artista João Pacheco. Fui na primeira oportunidade levando uma pastinha com desenhos que tinha feito. Ele e o João foram extremamente gentis comigo. Posso afirmar isto com convicção pois em dias vindouros, reparei que este tipo de recepção era algo incomum; por exemplo, não fui bem recebido na Editora Vidente pelo Álvaro Omine. 

Me tornei frequentador assíduo do estúdio; várias tardes, lá estava eu, um mala sem alça, atrapalhando os caras em seus trabalhos. Foi através deles que aprendi a finalizar meus quadrinhos de forma decente. Vendo aqueles dois artistas trabalhando assimilei muita coisa útil que utilizei posteriormente em
minhas páginas e rende dividendos até hoje.

Arthur fazia uma página de quadrinhos para um jornal belga intitulado "Os Cruzadinhos". Digo que minha vida nunca mais foi a mesma depois do meu contato com eles. Por intermédio deles conheci o Franco de Rosa e a partir dali comecei a fazer ilustrações pra várias editoras, a maioria indicada pelo Arthur. 
Ele morou uns anos na Europa, foi considerado um dos melhores desenhistas de Portugal naqueles anos. É considerado um artista que consegue se sair bem em qualquer estilo, realista, cartum, infantil, mangá e o que mais aparecer.

Suas inúmeras publicações o comprovam. Há diversos personagens antológicos que as novas gerações deveriam conhecer, eu destacaria Renato Cairo dentre eles. Ele tinha uma série, até hoje inconclusa, chamada Piratininga que é uma verdadeira aula de como se fazer uma história em quadrinhos, afinal o cara domina como poucos a linguagem da mesma. Reparem nas páginas apresentadas aqui.
Há muito o que dizer sobre este grande amigo, mas meu espaço e tempo é curto. Mas ele será sempre citado em minhas postagens, pois quase tudo que fiz e faço tem reflexos no que ele me ensinou, e se cheguei a aparecer neste cenário de tantos caras que produzem sonhos (ou pesadelos), isto só aconteceu por causa do Arthur Garcia. 
Obrigado por tudo e que Deus te abençõe meu amigo. Ah, e da próxima vez que eu for te encher o saco na sua casa, não se esqueça de comprar aqueles biscoitos casadinhos, ok?




4 comentários:

  1. Fala, Eduardo! Tudo bem?
    Rapaz, que coincidência! Tenho um amigo que trabalhou um pouco c/ o Arthur, segundo ele, na HGN, com animação. Quando ele me disse isso, disse que já o havia visto na Historieta, do saudoso Orcar Kern. Resultado, ele disse pro Arthur que um cara vizinho seu (eu) o conhecia. E eu, que trabalhava feito um doido com letreiros, e meio bicho do mato, perdi a chance de realmente conhecê-lo, tendo recusado um convite feito por esse meu amigo para ir ao estúdio. Segundo meu amigo, o Arthur tinha vivido na França, premiadíssimo por lá, etc...
    Às vezes o efeito de uma pessoa na nossa vida é tremendo e não temos nem como pensar como seria se não houvesse essa pessoa. Bacana saber que com você também seja assim.
    Ótima semana pra vc.
    Abração, e desculpe se escrevi demais,

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  2. Brother, dizem que nesta vida duas coisas são necessárias para vencer, talento e sorte. Por sorte eu entendo que seria encontrar a pessoa certa no momento certo. O Arthur foi esta pessoa num momento chave da minha vida. Óbviamente fui atrás da oportunidade e tive que ser muito incoveniente. Mas va lá, um pouco de cara de pau ajuda nestas horas. Imagine você que foi um pouco assim também a minha "quase" amizade com o Lourenço Mutarelli, mas ali nem a cara de pau ajudou. Lourenço, ao contrário do Arthur não é tão aberto.
    Escreva o quanto quiser Gilberto, aqui o espaço é seu.
    Um grande abraço.

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  3. O que eu posso dizer? Muito obrigado pelas palavras gentis! Nos vemos aqui em Sampa...?

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  4. Não há nada para agradecer irmão.
    Estou com muita vontade de ir a Sampa, preciso sair um pouco daqui, mas não sei se será possível tão cedo. Não é só uma questão de dinheiro, há tantos poréns. Contudo, quem sabe? Vamos aguardar....
    Fique bem.

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