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sábado, 23 de maio de 2020

HISTÓRIAS QUE NÃO MAIS CONTAREI.


O tempo, como sabemos, tem passado mais rápido que o normal. Não é de se admirar, antes as coisas eram mais simples, hoje tudo é mais frenético. Tudo é pensado em termos de lucro. Nada de perder tempo refletindo... ação, AÇÃO! Eu, que nunca administrei bem minhas responsabilidades e filosofo demais em cima de casos, me perco neste vórtice. Quando dou por mim, o dia foi embora e eu pouco produzi. Porque, exatamente? Simples, uma compra ali, uma fila acolá, ler um capítulo de um livro, comer, ir ao banheiro, tomar banho....e as horas úteis vão embora. O tempo necessário para produzir uma boa arte, um bom texto, some como num passe de mágica. Claro, falo de projetos meus, aqueles que justificam o "eu ser um artista", não aqueles que me encomendam e pagam por eles, seja pouco ou muito (na verdade não existe o MUITO), a esses dedico as horas que sobram do dia.

Eu tinha muitas ideias para meus quadrinhos. Ideias que me perseguiram por vários anos e que por uma infinidade de motivos, nunca nem coloquei no papel. Vou falar sobre algumas delas.

GUERRA DE CANUDOS
Influenciado por uma exposição de fotos na Pinacoteca do Estado, quando o drama de Canudos completou 100 anos, logo no início dos anos 90, eu pensei em um álbum onde, pela visão de um soldado, contaria o início e o final do arraial. Uma matéria do jornal O Estado de São Paulo (na verdade um caderno inteiro) sobre o assunto, atiçou minha vontade. O problema é que naquela época eu dispunha de quase nenhum dinheiro para material profissional, como canetas, papéis e muito menos referências fotográficas sobre o tema. As fotos da dita exposição, se eu tivesse acesso a elas, não ajudariam tanto. Talvez hoje com a internet fosse possível.
Bem, tudo isso me fez colocá-la de lado. E pensando bem, foi melhor assim, meu desenho era muito amador naquela época, eu teria perdido meu tempo.

ZÉ GATÃO - O GUARDIÃO DA MURALHA DOURADA
Houve um tempo que eu pensei em usar o único personagem de quadrinhos que criei como uma espécie de Indiana Jones, não um caçador de relíquias exatamente, mas um herói pulp, um Doc Savage, que encontra antigas civilizações e enfrenta muitos perigos. Animais exóticos antropomorfizados, muita ação, violência e pancadaria.
Esta foi outra que nem coloquei no papel, apenas imaginei as cenas e personagens coadjuvantes.
O que bloqueou este projeto foi as sucessivas mudanças de lugar. Uma hora eu estava em Brasília, outra em São Paulo.
Algumas ideias em acabei aproveitando em Memento Mori.

À SOMBRA DA CRUZ
Esta foi a que mais me empolgou. Eu tinha planos até de consultar bibliotecas públicas para pesquisar sobre o assunto.
A história seria a seguinte: um cavaleiro português da ordem templária viajaria na esquadra de Cabral perseguindo o assassino de sua esposa e filha e a vendetta se daria em terras brasileiras bem em seus primórdios. Mitos, lendas e tals, numa história de ação onde personagens históricos e fictícios se veriam envolvidos em misticismo e muito violência.
A luta pelo pão diário (eu já estava casado no início doas anos 2000, quando o projeto nasceu em minha mente) postergou os planos e as idéias empacaram num determinado momento. Os anos passaram e não pensei mais a respeito.

AS DOZE MORTES DE ANABELLA COLOSTRO E A RUÍNA DE KIKO BAGALHODA
Sobre esta nem vou comentar, fiz um post em 2013, quem quiser ler é só acessar este link:
http://eduardoschloesser.blogspot.com/2013/06/da-serie-historias-jamais-contadas-as.html

ZÉ GATÃO - BARRACUDA!
O final de tudo, o apocalipse dos animais. Tenho todo o roteiro na cabeça. Um Zé Gatão velho, tendo que proteger uma gata cega e sua filha em meio ao confronto entre mamíferos e peixes. O fim da civilização como os mamíferos e os pássaros conhecem.
Algo um tanto ambicioso. Gostaria de fazer mas não sei se vou conseguir. Na verdade, Zé Gatão-Siroco se passa após esses eventos ainda não narrados. Estranho, né?

 A MULHER DO CARATECA
Eu gostaria muito de fazer esta graphic novel. Seria meu projeto mais grandioso. Uma história de amor. Várias situações e personagens nada tendo a ver entre si se entrecruzando em muitos momentos da narrativa. Na linha central, um cara comum se apaixona por uma campeã de carate, mulher de um lutador famoso, líder de um clã, e sua vida vira de cabeça para baixo, ele se vê envolvido em situações que ameaçam ele e aqueles que ele ama. Mendigos e seus cães, policiais durões, crianças perversas e Charles Bukowski e Bruce Lee em participações especiais. 

Pois é, a atual situação do mundo me mostra que as coisas estão mudando de um jeito que mais que nunca eu quero ir embora. Todos esses projetos me parecem vaidade tola. Tudo vai sendo remodelado de uma forma que minhas criações não encontram mais lugar neste estado de coisas. Vou ficando cada dia mais cansado e nostálgico, e nem sei se tenho mais energia para levar adiante pelo menos os dois últimos títulos citados acima. Como publicar? Para quê? Quem vai ler? Vale o esforço? São essas as indagações. Sem contar, é claro, no tempo que não tenho mais. Tempo este que tenho que lutar pelo pão cotidiano.
 

2 comentários:

  1. O filme sobre a Guerra de Canudos foi o 1º que vi em tela grande, porque ninguém jamais me levou a uma sala de cinema quando eu era criança.

    Tenho um projeto secreto desenvolvido com meu irmão que imaginei como hq, mas ele disse preferir que (se um dia sair...) seja como livros ilustrados.

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    Respostas
    1. Sim, bem lembrado, Anderson, o filme sobre Canudos, esqueci de mencionar, depois de lançado um filme, não faria mais tanto sentido eu criar uma HQ.

      Fiquei curioso com este seu projeto secreto.

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