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quinta-feira, 6 de agosto de 2020

INFERNO VERDE PARTE 6 ( Um conto do universo Zé Gatão escrito por Luca Fiuza e ilustrado por Eduardo Schloesser).

25/04 a 29/04/20.
Parte 6:

12o Dia:

       No mundo exterior a tarde ia morrendo, quando a viagem de canoa chegou a um ponto da extensa caverna, segundo Izayana, já próximo à saída. Na parte da frente da embarcação se achava fixado um archote, iluminando o ambiente de maneira tênue. Repentinamente, a líder felina fez sinais para se reduzir o movimento e o barulho dos remos na água. Silenciosamente, apontou para o teto. Para o horror geral, a luz palpitante da tocha revelou uma quantidade razoável de morcegos pendurados de ponta cabeça, as
>negras asas de couro envolvendo a frente dos seus corpos adormecidos, quase da altura de Zé Gatão, enquanto pendiam como estalactites vivas sobre a canoa que passava. Se conseguissem sair dali sem despertar as criaturas, tudo estaria bem. Por sorte, lograram evadir-se, com pouco ruído. O sol prestes a desaparecer, anunciava a chegada da noite, ao brilho de uma estrela solitária, em um céu opalino de nuvens esparsas. De volta, o intenso e opressivo calor da jângal.
Após puxar a canoa para o seco, os viajantes se reuniram à beira do rio a pedido de Izayana. A líder pintada recomendou que se preparassem para lutar. Logo os morcegos, ao despertar e abandonar a gruta os localizariam com seus gritos ultrassônicos. Izayana solicitou que de um bamburral próximo, bambus fossem arrancados, no sentido de servirem como armas de defesa. Mostrou que ao sacudir intensamente os bambus, as vibrações provocadas por este movimento tinham o poder de confundir o radar daqueles mamíferos voadores. Ela e o Gatão manejariam os bambus. As felinas restantes usariam as flechas envenenadas e Karoll se ocultaria no bamburral.
     De onde o grupo estava, podia vigiar a saída do antro. Dito e feito! Assim que escureceu, uma horrenda revoada de morcegos lançou-se aos ares. Os gritos estridentes ecoando pelas cercanias! Uma parte grande, subiu aos céus, desaparecendo nas sombras. Um bando menor dirigiu-se para o exato local onde estava a reduzida tropa felina! Empunhando os bambus, Zé Gatão e Izayana começaram a sacudi-los violentamente! Desorientados com a forte vibração, os morcegos mais próximos foram recebidos a golpes de bambu, e ao cair eram impiedosamente flechados pelas pintalgadas panteras, mortalmente precisas ao disparar as setas embebidas em curare! Com o radar comprometido, muitos dos quirópteros foram aniquilados, ao se chocarem de cabeça contra as árvores, tombando ao solo estrepitosamente como frutas podres! Alguns fugiram desnorteados! Um mais afoito, conseguiu se jogar em cima de Zé Gatão, rolando os dois no solo arenoso! O Gatão agitou-se com o morcego por cima dele, fauces escancaradas! Forçando caminho em busca da jugular pulsante do felino!
     
Em um esforço hercúleo, o Gatão conseguiu empurrar o terrível ser para longe de si. Ato contínuo, avançou, aplicando um pesado murro na cara do bicharoco, arrebentando sua dentadura em uma explosão sanguínea! E não parou por aí! Bateu tanto e com tal violência que em vez de cara, só havia um pudim de carne, onde antes uma face existira! A batalha estava terminada com a vitória inconteste para a hoste felídea! Resolveram acampar ali mesmo, realizando os costumeiros turnos de guarda. No entanto, a noite passou sem novas surpresas. Pela primeira vez em muitos dias, Karoll dormiu mais tranquila.

13o Dia:

      A pequena hoste felina, bem como Karoll, despertaram cedo, pouco antes da alvorada. Tomaram um desjejum mais substancioso que consistia das carnudas e nutritivas frutas locais, um chá forte feito de um cipó com propriedades energéticas e antimalária, cujo o sabor lembrava levemente o do quinino. Como complemento, alguns tubérculos de gosto semelhante ao da batata, cozidos em água fervente. Após a boa refeição, a fogueira foi apagada e a viagem retomada. Pelos cálculos de Izayana chegariam ao Reino no meio daquela tarde. O tempo estava bom e o sol radioso. Sob o constante e desagradável calor úmido reinante, mergulharam na penumbra da luxuriante selva, conhecida no mundo civilizado, sob o nome de Inferno Verde ou Hiléia da Perdição, de onde quem entra, não sai. Zé Gatão ouvira muito destas histórias e agora sabia que não eram mentira, nem exagero. Se fosse outro e não tivesse a companhia, primeiro da arara-vermelha e depois das gatas pintalgadas, já teria morrido há muito! Lembrou-se de casos de algumas expedições de pesquisa e de caçadores de tesouros que ousaram penetrar na jângal e desapareceram. Grupos de busca e destacamentos militares, simplesmente evaporaram naquelas matas selváticas! Pensou consigo que precisaria de toda a sua capacidade física e mental para superar os perigos sempre crescentes, caso quisesse sobreviver e encontrar a saída daquele verdadeiro orco de horrores sem fim!

        Ao fim da manhã chegaram diante de um extenso braço fluvial. Para atravessá-lo, construiu-se uma canoa de madeira comprida conhecida como piroga. As águas eram calmas e barrentas. Sem maiores dificuldades, alcançaram o lado oposto. Aproximando-se da margem, uma das guerreiras entrou na água para ajudar a melhor direcionar o barco no processo de atracação. Acidentalmente, a felina arranhou a perna em algum galho submerso, produzindo certa ardência local e um leve sangramento, não notado por ela ou por quem estava na piroga! Contudo, certos seres aquáticos perceberam de imediato a presença de sangue na água! Um cardume faminto de piranhas acorreu ao local e com a água já pela cintura, a guerreira, repentinamente desferiu um pavoroso urro de tormento, enquanto à sua volta, o fluído fervilhava como se estivesse em ebulição! Nada pode ser feito! Em segundos, a desventurada fêmea foi consumida até os ossos, indo seus restos arruinados, depositar-se mansamente no fundo do rio.
       Mesmo em choque profundo, os ocupantes da piroga tentaram manobrá-la para que sua proa encalhasse em terra firme e todos pudessem saltar sem perigo. Com certa dificuldade, felizmente, o conseguiram. Ficaram por algum tempo olhando as águas plácidas, sob as quais se escondia a própria Morte! Izayana se recriminava acidamente! Não deveria ter deixado sua subordinada entrar na água e se expor ao perigo! Poderiam ter aportado daquela maneira, mas não! Levianamente, condenara uma valorosa companheira de lutas a um tão trágico fim! Ninguém disse nada, pois não haveria palavras para consolar a líder guerreira, embora nenhuma culpa realmente lhe coubesse! Eram as onças filhas daquela terra e deveriam conhecer todos as agruras existentes naquele mundo de espantos!

      Tristemente, o grupo largou a canoa onde estava e continuou a jornada. A relativa tranquilidade de espírito e a animada tagarelice de Karoll do início da manhã foram substituídas por um silêncio pesado. De todas as guerreiras que havia, só uma restara ao lado de Izayana. Em outros tempos, ela não se importaria tanto com mais aquela perda. Porém, depois do contato com o felino taciturno e com a arara, alguns paradigmas mudaram em seu modo de ver as coisas. E silenciosamente pranteou a falecida confrade. Não podia, porém, entregar-se à autocomiseração! Não ali! Tinha seus deveres para com os vivos! Tinha uma missão, uma responsabilidade e daria conta desta incumbência dada por seu soberano e pelos sacerdotes da deusa ofídia, a terrível Bepnapatóchi, a Serpente Emplumada.

      Por mais algumas horas, o agora mais ainda diminuto grupo avançou pelos tortuosos caminhos da selva exuberante. Aproveitaram a pausa para o almoço para descansar um pouco em uma pequena clareira natural, banhada pela luz intensa do sol em pleno zênite. Não se demoraram mais tempo naquela área. No momento em que se preparavam para partir, um zumbido intenso se fez ouvir, enquanto do céu se precipitava uma libélula gigantesca, pronta para colher sua próxima vítima em suas poderosas garras, levá-la para onde pudesse melhor dominá-la e sugar suas entranhas liquefeitas por um potentíssimo solvente, biológico componente de sua saliva mortal. No fim, apenas uma casca vazia restaria. Era assim, no caso de insetos! Em seres de carne e ossos, o cadáver simplesmente se desmancharia em uma fétida papa carnosa, a qual serviria de pasto a uma miríade se insetos necrófagos, sempre próximos de onde havia libélulas se alimentando.

       Graças a sua impressionante agilidade, Zé Gatão rolou para o lado, evitando o terrível abraço daquelas garras preensoras! A libélula deu um rasante e elevou-se no ar num violento bater de asas. Fez uma curva ampla e voltou à carga, o corpo de um forte azul metálico rebrilhando ao sol! Em um átimo, o felino cinzento pegou do solo uma pedra. Neste ínterim, as duas guerreiras, Izayana e sua derradeira companheira de combates tentavam mirar na fera alada, no sentido de abatê-la a flechadas. Porém, a rapidez dos movimentos do inseto, impossibilitavam uma mira acurada! A criatura arqueou-se, preparando uma nova investida, quando ela começou a baixar, Zé Gatão atirou a pedra, a qual foi certeiramente furar um dos ciclópicos olhos vermelhos, multifacetados daquela deformidade voadora! O guincho daquela entidade foi semelhante ao desagradável som do giz passado em uma lousa por uma professora iracunda que deseja chamar a atenção de seus irrequietos e desatentos discentes! Só que mil vezes ampliado! Ainda assim, avançou caindo sobre o felino sorumbático. Este ainda conseguiu afastar a adversária com um chute forte no ventre! Em uma ação veloz, o gato arrancou o cardaço da bota direita, saltou no lombo da libélula e enlaçou sua cabeçorra com o cordel, puxando tão fortemente que obrigou a criatura num arranco, a se elevar para o alto em linha reta! Cega de dor, a libélula tentou desalojar o indesejado ginete! Sem sucesso, porém! Temendo ferir o grande gato, Izayana e sua guerreira desistiram de lançar as setas e rezaram aos deuses para que o felino gris escapasse com vida da ousada empreitada! Karoll lamentava a altos brados e como as outras, clamava a deuses grandes e pequenos pela salvação de seu único amigo!
     Entretido, no embate, Zé Gatão tentava forçar sua “montaria” a descer! Tanto fez que conseguiu obrigá-la a se dirigir a um grupo de árvores mais abaixo! Habilmente, guiou a libélula gigante, de modo a passar milimetricamente entre as árvores. O felino saltou, abandonando o inseto à própria sorte! Girou o corpo, agarrando-se em um galho e como um acrobata, foi cair no solo macio vários metros abaixo. Quanto à libélula, mergulhou estrepitosamente em um lodaçal, onde começou lentamente a ser sugada inexoravelmente pela lama fatídica! Já de pé, o Gatão julgou ouvir um angustiado grito de socorro! Uma voz macabra que parecia sair das vísceras ardentes do Tártaro! Era a libélula! Mas como era possível a Zé Gatão entender a incompreensível linguagem dos insetos? A única explicação possível era o efeito do sortilégio dos sacerdotes do Reino das Panteras Negras, o qual ainda estava agindo sobre o felino cinza! Cuidadosamente, ele aproximou-se da borda do atascadeiro, onde o infortunado ser freneticamente se debatia!
– Mamífero! Salva eu, mamífero!! Mamífero! Socorro!!
     O primeiro impulso do gato foi tentar fazer alguma coisa! Mas porquê tentar salvar alguém que pretendera matá-lo e depois devorá-lo? Os insetos eram temidos e odiados por todos os mamíferos e o Gatão não era exceção! Em sua vida e naquela selva, matara mais de uma vez para sobreviver! Não matava por gosto, mas sim para continuar vivo! Por que ter compaixão agora? Virou as costas e começou a se afastar, enquanto os apelos desesperados recrudesciam! Lembrou-se: “Sua mãe havia lhe dado uma educação refinada e com princípios sólidos, apesar das dificuldades e da pobreza que os assolaram em várias fases da existência.” Por estas razões, o felino voltou, contra todos os seus instintos naturais!
     Enquanto caminhava, ouviu o chamado de Karoll e das felinas, ergueu sem se voltar, um dos braços em um sinal de que estava tudo bem. À beira do lamaçal, arrancou de uma árvore um forte galho e o estendeu, firmando-se no chão, enquanto gritava: - Tente pegar a ponta! Eu te puxo daí!
    Agoniadamente, a libélula tentou alcançar a ponta de galho salvadora, mas estava exausta demais e a lama grudava-lhe no corpo e nas asas como cola, tampando os poros, impedindo que as traqueias absorvessem o oxigênio ansiado para suprir seu organismo. Por mais que se esticasse, o felino não conseguiu alcançar aquela vítima do atoleiro letal. O inseto deu um derradeiro brado, erguendo a cabeça para os céus em protesto! Afundou! Mais uma vida perdida para a selva desapiedada, onde os fracos não têm vez! Izayana e as demais viram os esforços do Gatão para salvar a algoz e quando o se aproximaram, esta já havia sido tragada pelo marnel! Ninguém entendeu a atitude do felino acinzentado! A título de explicação, este disse, apenas:
– Não podia simplesmente virar as costas a um pedido de socorro, por mais que detestasse aquela libélula, mesmo tendo a certeza de que teria de enfrentá-la quando a arrancasse da lama! - Sem mais nada dizer, afastou-se em direção à clareira ensolarada. Izayana, Karoll e a outra guerreira pintada ficaram olhando, tentando entender o comportamento inusitado do Gatão. Apenas Izayana, teve um vislumbre de compreensão, mas logo balançou a cabeça, contrafeita! Podia entender ajudar a amigos, aliados e consanguíneos! Mas inimigos? Era demais! Aquele felino de outras terras devia ser louco! Louco, talvez! Digno de admiração e respeito, também! Era muito mais do que um simples guerreiro! E Izayana gostava dele!
      O prosseguir foi tranquilo e não encontraram outras ameaças em meio as trilhas da jângal. Uma variedade de aves foram vistas nas árvores, olhando curiosamente, os viajantes. Um bicho-preguiça de ar simpático pode ser notado se movendo lentamente nas alturas do arvoredo. Parou um instante e olhou pachorrentamente aqueles seres terrícolas que perturbavam sua tranquilidade. Logo esqueceu-se daquilo e continuou no seu movimento ascendente que duraria horas!
     No meio daquela tarde, o grupo divisou os primeiros sinais do povo Jaguar, simbolizados por monumentais ídolos de pedra cheios de escritos hieroglíficos. Mais adiante, chegaram a um pequeno Teocali, onde dois alentados e espadaúdos guardas vigiavam o caminho. Ao divisar sua líder, acenaram amigavelmente. Em seguida, jogaram umas sementes pardacentas no braseiro, continuamente aceso. Uma densa fumaça preta ergueu-se. Era um comunicado que chegaria a outro Teocali do mesmo tipo que retransmitiria a mensagem para o próximo e assim por diante, até chegar à cidade santuário e consequentemente, a quem de direito.
     Tanto é, que felinos e arara, ao chegarem às portas da gigantesca cidade, incrivelmente populosa, foram saudados pelo toque vigoroso de gongos! O som cristalino encheu os ares, anunciando o fim da grande missão, iniciada há tanto tempo, em honra da grande deusa, protetora daquela nação felídea.
    Pela imensa rua principal, o pequeno séquito seguiu sob os olhares inquisitivos da população. Zé Gatão observou que eram bem alimentados e saudáveis, os moradores daquela imensa urbe, provavelmente com um milhão de habitantes ou mais, fazendo um cálculo aproximado.
    Adiante, erguia-se um monumental palácio de pedra, com certeza, o destino final da longa viagem. Neste ínterim, passaram por outra construção de rocha maciça, a Casa da Guarda, já que ali havia muitos guerreiros vestidos com armaduras leves, portando longas lanças. Na cinta uma espada curta, na verdade um gládio acondicionado em bainhas bordadas com fios de ouro puro. Pela porta saiu um grande e carrancudo jaguar que parecia exercer cargo de mando, pertencente às altas esferas militares daquela sociedade belicosa.
De cenho fechado, dirigiu-se à Izayana em tom áspero:

– Tardaste, tu a chegar, comandante! Enfrentaste dificuldades na jângal, imagino…!
– Verdadeiramente, enfrentamos nós percalços variados na mata, Capitão-mor. Pela clemência dos deuses, conseguimos os superar e cá nós estamos!
– Noto eu que o destacamento que partiu contigo voltou destroçado, pois! E pelos deuses, diga-me tu, a razão dos prisioneiros que trouxeste não estarem solidamente manietados! A ave vermelha não causa mossa! Mas o enorme felino cinéreo que trazes solto…! - Izayana exasperada, interrompeu a fala do outro, acrescentando:
– Capitão-mor! Só devo eu satisfações à Realeza e não a ti! Um subordinado meu! Não nos faça tu, perdermos mais tempo com tua inútil tagarelice! Nosso soberano e nossa rainha aguardam a mim para contas prestar! Some, pois de minha vista! Desaparece, antes que mande encarcerar-te por insubordinação! - O Capitão-mor deu a passagem exigida ao diminuto grupo, mas seu sangue fervia nas veias e o ódio quase o sufocava! Um dia, Izayana cairia do pedestal! Para isto, ele estava trabalhando na surdina! E quando ela finalmente caísse, ele estaria ali para fazê-la pagar! Ah! Pensou Zé Gatão: Muitas vezes nos enganamos, pensando que fora da Civilização existem mundos melhores e idílicos! Quão enganosa é esta ideia! Veja a selva, em sua beleza e biodiversidade! Na verdade é perigosa, insalubre e frequentemente mortal! E entre aquele povo de moldes antiquados? Pareciam donos de um misticismo que talvez os fizessem mais espiritualmente elevados. No entanto, ali há ódio, discórdia, a malquerença! No fundo não são tão diferentes dos animais que o felino gris encontrara ao longo de seu viver. Concluindo: há seres bons como Izayana, as guerreiras e Karoll e seres mesquinhos! Aquele sujeito era um dos mais ignóbeis! Como seriam os mandatários daquele Reino perdido?


Após arrostar inúmeros perigos, Zé Gatão e Karoll finalmente chegaram ao misterioso Reino Jaguar. O que realmente, os esperava? Saberemos na 7a parte.

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