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sexta-feira, 11 de março de 2011

PIRACICABA, MON AMOUR.

Se minha memória não falha (e ela tem falhado demais ultimamente), a coisa foi mais ou menos assim:
Em 2003, a Daniela Baptista, esposa do Gual, me ligou convidando para participar de uma exposição que ela estava organizando no SESC de Piracicaba. O tema era Piracicaba Mon Amour (nem sei se estou escrevendo isto certo). Parece-me que Claude Moliterni, um autor de HQs da França, esteve em Piracicaba uma pá de ano atrás e se encantou com a cidade a ponto de colocá-la como pano de fundo para uma aventura de seu personagem, o detetive Harry Chase. Comemorando o aniversário da passagem de tal autor pelo Brasil, vários criadores de quadrinhos de diversas partes do Brasil, teriam que fazer uma página de HQ relacionada ao tema. O desenvolvimento era nosso. Para mim, a única ressalva era não fazer cenas violentas ou eróticas (claro).
Eu morava em Brasília nesta época e me via na eminência de me mudar de lá, o que me provocava depressão e desconforto. Minha esposa já estava em PE providenciando apartamento para nós. A ideia para a página veio-me de forma natural. Trabalhei num tom de lápis (uma das minhas características) que combinasse com a aura melancólica da história sem parecer soturna demais. Confiram abaixo.
O livro negro do Zé Gatão, havia sido lançado pela Via Lettera aquele ano, e eu me preparava para ir a São Paulo para o lançamento. Então a Dani e o Gual aproveitaram a ocasião e me convidaram para a abertura da exposição.
Chegamos a Piracicaba numa agradável tarde de sexta feira, em nossa companhia haviam dois outros cartunistas que seguiam para outro evento relacionado às artes gráficas.
Me maravilhei com a cidade e a beleza de suas mulheres, agora eu entendia o facínio que o local exerceu sobre o francês. Me pareceu que tudo ali respirava a charges e cartuns. Conheci o espaço onde se dava o famoso salão de humor e as obras do lugar.
A noite chegou rápido e fomos para a inauguração da exposição. Lá estávamos eu, O Gualberto, Dani e o diretor do SESC.
E só.
Mais ninguém.
Alguém justificou a ausência de público porque no mesmo horário estava se dando outras duas exposições, uma delas com obras do Paulo Caruso.
Malgrado este fato, fiquei boquiaberto com com o que vi. As páginas de quadrinhos tinham sido ampliadas para mais de um metro e meio de altura.  Minha página estava lá, enorme, bonitona ao lado de feras como Júlio Shimamoto, Tako X, Mutarelli, Emir Ribeiro, Ofeliano, e vários outros. O único porém ficou pela economia que o SESC fez não publicando um catálogo das obras, o que fatalmente relegaria a exposição ao ostracismo em um curto espaço de tempo. Pena.
Depois fomos todos jantar. Comemos bem. Voltamos ao Hotel. Meu quarto era agradável e aconchegante. Pra variar eu estava com um pouquíssimo dinheiro na carteira, mesmo assim eu tomei um refrigerante do frigobar. Deitei-me desejando que minha esposa estivesse ali comigo. Tentei ligar a TV, mas não consegui faze-la funcionar. Sem saco pra chamar alguém que pudesse resolver o problema, resolvi dormir. Foi um sono profundo.
Na manhã seguinte, logo no café da manhã, eu Gual e Dani ficamos um longo tempo batendo papo.
O lançamento do "Crônica do Tempo Perdido" seria naquela tarde, o carro que me deixaria em São Paulo chegou. Me despedi e ganhei a estrada. Um frio arrasador abraçou a cidade quando cheguei ao apartamento do meu irmão.
Deste tempo, a única prova que ficou foi esta página de quadrinho, que já começa a amarelar.


2 comentários:

  1. Fala, Eduardo! Belíssima página! E por trás de toda página há sempre uma boa história pessoal. Bacana isso. Sei que a luta é árdua, mas teremos sempre algo pra contar.
    Bom fim de semana pra vc e a Verônica.
    Abração,

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  2. Muchas gracias, amigo.
    Bom fim de semana pra usted tambiém.
    Abraços.

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