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domingo, 25 de agosto de 2019

ZÉ GATÃO - O CÍRCULO VERMELHO


Estou relendo algumas HQs da Cripta do Terror, uma publicação da Record que saiu por aqui nos anos 90 e que infelizmente só teve 7 edições. Mais uma vez constato que a única coisa que faz algum sucesso por aqui é Turma da Mônica, heróis e alguns mangás.
Os quadrinhos da EC Comics, que originou a Cripta do Terror aqui no Brasil, será o próximo tema do meu "As Melhores HQs de Todos os Tempos".
Mas voltando ao foco desta postagem, entre as muito brilhantes histórias, destaco aquelas desenhadas pelo Bernie Kringstein; pra quem não sabe, este artista é o ilustrador favorito de muitos grandes da industria americana como Frank Miller e Art Spielgman. Ele se sobressaiu pelo modo ímpar como narrava a ação. Detalhes de movimento e soluções de passagens de tempo eram esmiuçadas por ele de maneira febril. Era um artista culto que sonhou viver da pintura, mas por força das circunstâncias teve que entrar para o mercado de comics para sobreviver. Desprezava esta mídia, mas ao perceber as inúmeras possibilidades que ela oferecia em termos de comunicação com o público, se apaixonou por ela. No entanto, se frustrava por se ver sempre limitado pelo número de páginas que lhe eram oferecidas (oito, para ser exato), o que lhe impedia de exercer sua imensa criatividade, ele queria explorar mais as capacidades que os quadrinhos ofereciam através do desenho. Com o código de ética em vigor nos anos 50, tudo piorou para Kringstein e ele terminou seus dias magoado e frustrado, dando aulas de desenho.
Me identifiquei com ele em muitos aspectos. As vezes olho a arte mais do que uma profissão que pague minhas contas, envolve criação, formas de confabular com quem se identifica, entre outras coisas.
O álbum ZÉ GATÃO - CRÔNICA DO TEMPO PERDIDO foi o livro que mais se aproximou do, podemos dizer, ideal de Kringstein, ali experimentei diferentes tipos de narrativa, materiais diversos e técnicas onde cada uma pudesse despertar uma emoção peculiar no leitor. Claro, essas coisas não são percebidas conscientemente, e eu meio que tateava no escuro, mas pensava estar no caminho certo.
Houvesse um mercado promissor no Brasil eu poderia ter contado muitas outras histórias, o que não foi possível.


A ilustração acima intitula-se O CÍRCULO VERMELHO, foi minha primeira ideia para introduzir o Felino no horror e nunca plenamente desenvolvida. Sempre pensei em como eu poderia usar os morcegos em meu universo antropomorfo. Teríamos um culto demoníaco, sacrifícios e conjurações. Assim como muitas outras concepções, ficou no limbo e utilizada de outra forma no conto DIA DOS MORTOS e na saga MEMENTO MORI. Mas ela ainda pede para sair, não com as mesmas fabulações de dias pregressos mas somando-se a novas concepções onde, acho, os morcegos nem estarão presentes. Estou maturando aqui para uma futura HQ curta; veremos. Ela entra na fila, ainda há histórias mais urgentes a serem desenvolvidas. O tempo dirá se terei condições de por tudo isto no plano físico.
Bernie Kringstein tinha muitos planos, a voragem, a maré contrária foi mais poderosa que ele. A diferença é que hoje a publicação independente é mais fácil se não almejo um público astronômico.

Fica claro que eu ainda quero contar minhas histórias. Veremos o que nos diz o amanhã.

2 comentários:

  1. Fui pesquisar sobre o Krigstein e graças a sua "dica indireta", vai pra uma lista de um vídeo de homenagens que me pediram pra montar, mas que ainda não posso dizer ou mostrar do que se trata.

    Tem tantas histórias que quero contar e ideias que me chegam à mente enquanto ouço música, que até parecem videoclipes.

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    Respostas
    1. Eita, agora fiquei curioso, Anderson! Mas aguardo com paciência o seu vídeo de homenagens.

      Eu também tenho montes de ideias e sei que infelizmente não viverei o suficiente para dar corpo a todas elas, mas as que eu puder, me esforçarei para concretizar.
      Valeu!

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