Ok, estamos a dois dias do Natal. O tempo passou rápido? Certamente. A melhor coisa que me aconteceu este ano foi o curto tempo que passei em companhia da família em Brasília. O resto foi como tem sido. Há um gigantesco lobo negro, furioso, muito maior do que aquele do Thor Ragnarok, louco para me devorar, mas Deus colocou uma focinheira nele, no entanto, cada vez que ele luta para se libertar da mordaça, meu instinto de sobrevivência me faz encolher, sou, ainda que lute contra, envolvido pela mais profunda depressão. Mas, sem opção, sigo em frente fazendo meu trabalho, pessoas queridas dependem dos meus esforços, da minha atenção. E assim caminho, imaginando que cada dia será o último.
Dos 45 livros que ilustrei em 2010 para a coleção de clássicos da literatura brasileira só uns 20 foram publicados, o restante pelo visto ficará no limbo, guardado, longe dos olhos dos interessados. Pena, há artes muito bacanas ali, como esta abaixo, para "Lendas Do Sul".
A pouco tempo recebi alguns exemplares do último livro em quadrinhos do qual participei (relatei aqui). Ainda não tinha lido todo. Interessante, bem regionalista. Sempre tendo a achar que a grama do vizinho é mais verde, a parte que me cabia no tomo me parece ser a mais fraca. Não sei se isso é bom. Alguns acham que a modéstia não constrói. No entanto acho patético a postura de alguns artistas, principalmente os já consagrados. Este meio dos quadrinhos é cheio de gente que se acha acima da média. Vejo caras que se tornaram lendas vivas que tratam o público com arrogância, que cobram para tirar uma foto. Alguns fãs os justificam dizendo que esse é o trabalho deles, que eles perdem tempo sorrindo e fazendo sinal de positivo diante de uma câmera. Parecem ignorar que o tempo deles já foi pago pela empresa que os contratou, com certeza eles não vieram ao Brasil com grana do próprio bolso, mas ainda assim eles acham que estão fazendo um favor. Muitas dessas lendas hoje vivem, como é comum, de glórias passadas, pouco produzem, ou pior, poucos estão interessados em publicar suas novidades. Assim eles vem para um lugar onde ainda são reverenciados e bancam os tais. Felizmente ouço dizer que não são a maioria. Mas os artistas brasileiros tem uma postura pouco simpática. No entanto isto deve parecer apenas para mim, posto que não me sinto bem vindo em parte alguma.
Jesus disse que "quem tem muito, muito lhe será dado e ao que tem pouco, até este pouco lhe será tirado", claro que Ele falava a respeito dos talentos que Deus deu a cada um, mas podemos aplicar em todas as outras áreas da vida. Dinheiro chama dinheiro. Sucesso e fama atrai mais sucesso e fama, para o bem e para o mal. Meu irmão, quando ainda era estudante de medicina, ouviu da boca de um intelectual que o problema do pobre não é ser pobre, é ter amigo pobre. A pessoa certa pode muito ajudar numa ascensão profissional, basta ela indicar, pode atalhar um caminho. Nunca achei tal pessoa. Alguns editores viram algo bom em meus quadrinhos do Zé Gatão e lutaram ferrenhamente para publicar, em cada uma destas vezes eu pensei que somaria vários degraus e poderia produzir mais e assim viver do que sei e gosto de fazer, antes de me tornar o que venho me tornando agora, apático a isso tudo.
Todas essas coisas são uma ilusão muito grande, uma bela armadilha, principalmente quando você acredita nas suas próprias mentiras. O conhecimento não trás conforto, antes maior angústia, descobrimos o destino e não podemos mudar a correnteza da vida e sabemos bem onde ela desemboca.
Mas os fortes continuam suas lutas, pois não é possível deitar e morrer.
Perdoem-me este eterno desabafo, mas preciso faze-lo. Perdoem eu não ter aquelas belas mensagens de Natal.
Na verdade tenho sim: o Salvador nasceu e anualmente comemoramos Seu aniversário (poucos comemoram na realidade), Ele venceu e os que creem são vencedores com Ele, as lutas deste tempo presente não se comparam com a glória que está reservada aos que perseverarem na fé.
FELIZ NATAL A TODOS! Perdoem, amem, confraternizem. Sejam felizes por alguns momentos. Eu vou tentar.
Beijos e até a próxima postagem!
Meu amigo Elton Borges me enviou esta foto. Texto publicado numa revista da Chiaroescuro sobre heróis brasileiros. Não conheço tal revista. |
É interessante como há "lendas" e "lendas",meu parceiro de mesa na CCXP,o amigo e veterano Eduardo Vetillo,um sujeito que já desenhou 100 páginas de quadrinhos por mês(e hoje ainda desenha umas 40) me disse que sua grande alegria em participar de eventos como aquele é ver gente que cresceu lendo os quadrinhos que desenhou(Chet,Urtigão,Trapalhões ,Spectreman,Chapolim...) ir lá lhe dar um abraço...pois é,há pessoas e pessoas.
ResponderExcluirUma coisa que sempre notei é que os artistas da velha guarda são de outra estirpe, além de muito talentosos, são humildes e gentis. O contato que tive com Shimamoto, Flávio Colin, Rodolfo Zalla e Eugênio Colonnese foi o melhor possível. Mas esta da minha geração...esta não dá. Mas como eu disse, talvez seja uma impressão particular minha.
ExcluirObrigado por sua visita e comentário!
Feliz Natal atrasado!
ResponderExcluirTambém tenho um desabafo a fazer...
Confesso que gosto das festas de fim de ano, das luzes e dos significados reais. Mas às vezes acho o aniversário bem mais importante, isso só quando chegam perto de mim criaturas irritantes que sentem o maior prazer em plantar discórdia. Não entendo! Até parece que ficar de boa, na paz, virou crime pra tal gente?! Tipo, aqueles tios e primos que quando nos reencontram em festas de aniversário ou não, chegam sempre com discursos cretinos ou piadinhas nojentas! Um nojo!!
Paz!
Pois é, rapaz, o sentido real do Natal se perdeu com o tempo, o comércio desenfreado tomou conta e a maioria das pessoas só aproveitam a ocasião para mais uma diversão - longe do que deveria ser a real confraternização e comemoração pelo maior presente que Deus deu ao mundo, o Verbo da vida feito homem entre nós - e em tais ocasiões proliferam a hipocrisia e os fuxicos que você mencionou. Triste.
ExcluirNão é segredo que não ando bem, os últimos cinco anos tem sido pesados e só piora, pois vou ficando cada dia mais velho (claro) e sem energias. Mas sempre conto com Deus para me manter de pé até o dia derradeiro.
Grande abraço e fica firme aí nas tempestades da vida!