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segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

UM SONHO RUIM


Eu não sei onde estava. Normalmente nunca sei onde estou nesses momentos; é estranho que em meu íntimo o lugares e situações sejam familiares embora eu não reconheça. Era tudo muito claro, de tons pasteis e os sons me soavam distantes. Me parecia que eu estava em um ambiente de construção civil e quem estava junto a mim era alguém próximo, do sexo masculino, embora fosse amorfo, quase um espírito. Num dado momento, um som como de um estalo forte, de algo como madeira se partindo, a pessoa ao meu lado se lamentava em agonia como se sofresse um revés, como se  o acontecido fosse lhe trazer consequências funestas. Foi então que divisei, quase aos meus pés, um corpo, como se tivesse sido jogado ali. Intuí que o estalo que eu ouvira tinha sido de algo que se rompera, um andaime, talvez, e aquela pessoa tivesse caído próximo a mim. Estava deitado de barriga para cima, um rosto de um homem maduro, de lábios finos e farto bigode grisalho, olhos fechados, uma coloração nas faces como se o trauma do acidente fosse provocar um sangramento pelos orifícios do rosto e poros a qualquer momento. Foi então que notei que aquela face não tinha corpo, era uma cabeça decapitada que jazia a poucos centímetros da minha perna esquerda. O som, na verdade havia sido de uma cabeça separada do corpo por algum maldito acidente e o capataz amorfo ao meu lado maldizia em agonia o acontecido como se fossem responsabilizá-lo pelo ocorrido. Minha atenção só se voltava, com uma sensação crescente de horror, para aquela cabeça no chão etéreo, aqueles olhos fechados de defunto, como se fosse cera, aquele rosto achatado, como se tivessem tirado os ossos de seu crânio, com textura de borracha.

Acordei, não em sobressalto, mas perturbado. Era manhã de domingo, depois de uma noite em claro que passei à minha revelia; o calor forte invadindo meu quarto. Um desânimo sobrenatural matando meus desejos.

Sonhos são sonhos. Muitos dizem que são premonitórios. Não sei. A Bíblia diz que "do muito pensar vem os sonhos", mas Deus falou a seus profetas através deles.

Vivo dias de muita pressão, tensão e quase todas as coisas para mim outrora tão caras vão se esvaindo no tempo; artes, HQs, filmes, livros, vão perdendo cor, embotando-se. Talvez seja melhor assim.....para que depositar preocupações em coisas que se perderão quando nem a lembrança do que fui existirá neste plano de existência?

O que sobra é o instinto de sobrevivência, responsabilidade. Pessoas dependem de mim, do meu esforço. Devo insistir e continuar produzindo o melhor e aprender a ser feliz em Cristo, porque deste mundo e dos homens que o compõe eu não devo esperar nada!

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