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sábado, 28 de dezembro de 2019

FELIZ 2020!!!!!!


Pois é, chegamos a mais um final de ano.
Depois de determinada idade é contagem regressiva. Sim, eu sei, ainda há uma boa estrada pela frente. O que nos trará ela? Temos que seguir em frente...esse é o problema, assistir o mesmo filme todas as vezes e saber qual o final. O desfecho é o mesmo para os bandidos e mocinhos. O que vem  depois que a alma se separa do corpo é que são elas......isso é realmente uma incógnita. Nisto reside o desespero da maioria dos viventes. As clássicas perguntas que coçam incessantemente o cérebro dos que tem capacidade de raciocino: de onde venho, pra onde vou? De onde venho a mim pouco importa. Pra onde vou? Ah, isto sim me perturba. Sou cristão - embora muitos possam duvidar pelo teor do meu trabalho e reclamações que sempre faço - e em minha defesa eu digo que sou sincero, reproduzo em meus desenhos e escritos o mundo como eu sinto e sobre reclamar, os profetas do antigo testamento também o faziam. Humanos que eram, sentindo suas dores. Jó deu vazão ao que ia na sua alma. Mas voltando ao tema, como cristão eu deveria estar seguro do meu destino, afinal, eu creio nas promessas de Jesus e Ele nunca falha. O ponto que as vezes me pega é: quem realmente é digno? Meus muitos tropeços as vezes me fazem duvidar. Mas sou um cara confiante, embora não pareça.

Eu cheguei a escrever uma sentença de várias linhas neste momento falando sobre os tormentos que as pessoas procuram para suas vidas e depois não sabem como se livrar deles, como a moça romântica que se enlaça com um cara dissimulado, cruel e ciumento, mas deletei, soei mais amargo que de costume e na verdade não tinha a ver com o que realmente quero dizer aqui.

Pensei em fazer um balanço deste ano que finda mas na verdade ele é foi quase igual aos anteriores, muito trabalho por pouco dinheiro, muita pressão e cobrança, a eterna sensação de estar enxugando gelo. Mas a saúde segue aguentando e tive o grato prazer de estar ao lado da família em Brasília na ocasião do casamento do meu irmão caçula. Todo o resto continua a mesma chuva de pedras que sempre foi a minha vida, com a diferença que ao ficar mais velho as pancadas vão ficando mais dolorosas.

Embora eu note que sou cada dia menos visitado aqui, quero deixar uma breve mensagem aos que ainda fazem o favor de me acompanhar semanalmente neste espaço. FIQUEM FIRMES, sei que temos momentos de agonia nesta vida e embora as horas de alegria não pesem na balança mais que os ruins, são os bons que fazem valer a pena. Estar com a família, amigos leais, um bom programa ao lado de alguém especial. Um trabalho que acrescenta...o que for que te deixe contente e motivado, lute por isto. Não deixe mágoa ou sentimento de vingança tirar o brilho que você tem.
Dia desses sai para comprar pão e me sentia bem azedo, a caminho da padaria, num cruzamento, foi possível ver ao longe um lindo por do sol, cores de um vermelho intenso com matizes violáceas, o horizonte pegando fogo numa pintura que somente o Criador é capaz de fazer. São momentos em que a existência tem um sabor mais doce. Eu tento me agarrar a isto, no sentimento de dever cumprido ao terminar uma arte, ao ver uma página de HQ pronta. Este ano saiu mais um livro de quadrinhos com meus traços, esforço que rendeu frutos. Nos menores frascos encontram-se os melhores perfumes, dizem, e embora isto pareça frase de para choque de caminhão eu digo com sinceridade, sejam fortes em momentos de fraqueza!

Um FELIZ 2020 A TODOS, queridos e queridas! 

Espero estar aqui com vocês no próximo ano, com mais alguns desabafos, contos e artes.

DEUS ABENÇOE A TODOS!

domingo, 22 de dezembro de 2019

O NATAL DE 2019.


Ok, estamos a dois dias do Natal. O tempo passou rápido? Certamente. A melhor coisa que me aconteceu este ano foi o curto tempo que passei em companhia da família em Brasília. O resto foi como tem sido. Há um gigantesco lobo negro, furioso, muito maior do que aquele do Thor Ragnarok, louco para me devorar, mas Deus colocou uma focinheira nele, no entanto, cada vez que ele luta para se libertar da mordaça, meu instinto de sobrevivência me faz encolher, sou, ainda que lute contra, envolvido pela mais profunda depressão. Mas, sem opção, sigo em frente fazendo meu trabalho, pessoas queridas dependem dos meus esforços, da minha atenção. E assim caminho, imaginando que cada dia será o último.

Dos 45 livros que ilustrei em 2010 para a coleção de clássicos da literatura brasileira só uns 20 foram publicados, o restante pelo visto ficará no limbo, guardado, longe dos olhos dos interessados. Pena, há artes muito bacanas ali, como esta abaixo, para "Lendas Do Sul".


A pouco tempo recebi alguns exemplares do último livro em quadrinhos do qual participei (relatei aqui). Ainda não tinha lido todo. Interessante, bem regionalista. Sempre tendo a achar que a grama do vizinho é mais verde, a parte que me cabia no tomo me parece ser a mais fraca. Não sei se isso é bom. Alguns acham que a modéstia não constrói. No entanto acho patético a postura de alguns artistas, principalmente os já consagrados. Este meio dos quadrinhos é cheio de gente que se acha acima da média. Vejo caras que se tornaram lendas vivas que tratam o público com arrogância, que cobram para tirar uma foto. Alguns fãs os justificam dizendo que esse é o trabalho deles, que eles perdem tempo sorrindo e fazendo sinal de positivo diante de uma câmera. Parecem ignorar que o tempo deles já foi pago pela empresa que os contratou, com certeza eles não vieram ao Brasil com grana do próprio bolso, mas ainda assim eles acham que estão fazendo um favor. Muitas dessas lendas hoje vivem, como é comum, de glórias passadas, pouco produzem, ou pior, poucos estão interessados em publicar suas novidades. Assim eles vem para um lugar onde ainda são reverenciados e bancam os tais. Felizmente ouço dizer que não são a maioria. Mas os artistas brasileiros tem uma postura pouco simpática. No entanto isto deve parecer apenas para mim, posto que não me sinto bem vindo em parte alguma.

Jesus disse que "quem tem muito, muito lhe será dado e ao que tem pouco, até este pouco lhe será tirado", claro que Ele falava a respeito dos talentos que Deus deu a cada um, mas podemos aplicar em todas as outras áreas da vida. Dinheiro chama dinheiro. Sucesso e fama atrai mais sucesso e fama, para o bem e para o mal. Meu irmão, quando ainda era estudante de medicina, ouviu da boca de um intelectual que o problema do pobre não é ser pobre, é ter amigo pobre. A pessoa certa pode muito ajudar numa ascensão profissional, basta ela indicar, pode atalhar um caminho. Nunca achei tal pessoa. Alguns editores viram algo bom em meus quadrinhos do Zé Gatão e lutaram ferrenhamente para publicar, em cada uma destas vezes eu pensei que somaria vários degraus e poderia produzir mais e assim viver do que sei e gosto de fazer, antes de me tornar o que venho me tornando agora, apático a isso tudo.

Todas essas coisas são uma ilusão muito grande, uma bela armadilha, principalmente quando você acredita nas suas próprias mentiras. O conhecimento não trás conforto, antes maior angústia, descobrimos o destino e não podemos mudar a correnteza da vida e sabemos bem onde ela desemboca.

Mas os fortes continuam suas lutas, pois não é possível deitar e morrer.

Perdoem-me este eterno desabafo, mas preciso faze-lo. Perdoem eu não ter aquelas belas mensagens de Natal.
Na verdade tenho sim: o Salvador nasceu e anualmente comemoramos Seu aniversário (poucos comemoram na realidade), Ele venceu e os que creem são vencedores com Ele, as lutas deste tempo presente não se comparam com a glória que está reservada aos que perseverarem na fé.

FELIZ NATAL A TODOS! Perdoem, amem, confraternizem. Sejam felizes por alguns momentos. Eu vou tentar.

Beijos e até a próxima postagem!

Meu amigo Elton Borges me enviou esta foto. Texto publicado numa revista da Chiaroescuro sobre heróis brasileiros. Não conheço tal revista.











 

sábado, 14 de dezembro de 2019

A ÚLTIMA AVENTURA DO PIMPÃO BANANEIRO (Um conto de Eduardo Schloesser). .

O motor da velha Kombi 1973 grasnava enquanto avançava pela esburacada estradinha cascalhenta. Ao volante, o motorista limpava com o antebraço o suor da testa que teimava em cair como cascata sobre as grossas sobrancelhas; sacolejava dentro do vetusto veículo por causa das ondulações da empoeirada via; ao derredor, a paisagem árida exibia uma mata seca, moribunda, onde pés de mandacarus se erigiam como carrascos senhores da terra.
"Puta merda, que calor da porra!" pensava. "Aonde está a maldita casa?"
Seu nome era Intestine. Sim, isso mesmo, Intestine! Na verdade era pra ser Constantine, ideia de seu pai, um ávido leitor de gibis, maconheiro escroto que o pôs no mundo e fez o favor de morrer numa briga de bar. No cartório de registros, o tabelião, que devia ser um tipo sacana toda a vida, datilografou Intestine ao invés de Constantine. Sua genitora, uma jovem coitada que apanhava diariamente da mãe, só foi notar o equívoco muito tempo depois, deixando por isso mesmo, o que proveu ao menino desde cedo uma torrente de gozações que o marcariam por toda a vida.
Além do calor de mais de 40 graus, era atormentado por uma violenta coceira no cu, consequência, certamente, das hemorroidas, afinal, viajara de ônibus quase 36 horas até aquela cidadezinha desconhecida de qualquer mapa. Assim que chegou naquele arremedo de rodoviária, passou na casa de um velho conhecido dos avós, tomou um café com pão e margarina e pegou a Kombi emprestada para se dirigir a um local que só ele sabia a posição, a casinha que fora dos pais de sua mãe. Temia ter errado o caminho pois fora arrebatado de lá ainda muito novo e nunca mais voltara. Já maldizia sua situação quando vislumbrou de longe a pretérita habitação. "Ah, porra! Finalmente!"

Ao sair do carro uma forte tontura o acometeu, sentia o coração palpitar horrivelmente. Náuseas e suor frio. Caralho, não agora....não agora...não depois de tudo! pensou.
Ficou ajoelhado na poeira por uns minutos e, sentindo-se melhor, foi até a casa. Ficou um tempo parado diante da porta, o sol queimando o lado esquerdo do seu rosto. Procurou as chaves no bolso e introduziu na fechadura. Abriu. Um cheiro de algo que ficara guardado por muito tempo invadiu suas narinas, um cheiro indecifrável, antigo, acolhedor. Entrou e olhou o ambiente. Por uns segundos a infância retornou alegre. Nada havia mudado. Identificou o aroma de fumo em corda do avô. Devia estar impregnado na escassa mobília. Uma cristaleira vazia, uma mesa com três cadeiras. À esquerda um pequeno aposento onde jazia uma cama de casal. À direita uma cozinha com um fogão a lenha, um pequeno armário também vazio e uma pia com água encanada. Foi até lá, abriu a torneira. A pobre e enferrujada tossiu como uma tuberculosa, grasnou e vomitou uma água barrenta, cheia de ferrugem entre uma tosse e outra, por fim o líquido foi se tornando mais claro a medida que jorrava. Intestine colocou as mãos em concha e lavou o rosto suarento, molhou a nuca, o pescoço e as forças retornaram parcialmente. Logo uma cólica no abdome espantou as memórias da meninice junto aos avós, como a lembrar do dia que a mãe, uma pobre idiota sonhadora, o tirou da proteção dos velhos para levá-lo ao Rio de Janeiro, atrás do vagabundo do pai, iniciando assim uma existência recheada de merda. Merda que ele deveria expelir sem demora. O banheiro ficava do lado de fora da casa.....fedia a madeira podre, não havia privada, só um buraco no chão, tapado com uma tábua seca e farelenta. Retirou-a e encarou aquele buraco escuro cujo o fundo devia ter material que a muito tempo virara adubo. Aquela boca agora iria receber bosta fresca, provando que neste mundo tudo que vai, volta. Baixou as calças e ficou de cócoras. A merda, seca no intestino, teimava em não sair. Ele trincou os dentes e forçou. O tolete, grosso como uma tora, passou pelas pregas como que coçando o cu com uma palha de aço. Após aqueles segundos de agonia um forte cheiro subiu do buraco ostentando seu poder, tomando conta da casinha como se fosse um tirano. Não sabia com o que se limpar, ainda acocorado, retirou a camisa e limpou a bunda com ela. Merda e sangue declaravam a aposentadoria daquela veste. Largou lá e saiu para o ar seco da tarde.

Entrou na casa, pegou o telefone celular. Ali era o fim do mundo, mas as redes de transmissão realizavam o milagre de fazer as pessoas se comunicarem dos lugares mais improváveis. Teclou o número e uma voz quase infantil atendeu do outro lado.
- Alô?
- Amor, tudo bem?
- Sim, você já chegou?
- Já.
- Estava tão preocupada!
- Olha, não vamos perder tempo com isto. Foi até a casa do Sodré?
- Fui.
- Pegou a mochila?
- Sim, fiz exatamente como você falou, ninguém me seguiu.
- Belê! Escute, eu esqueci o meu remédio, o Cardizen....
- Está aqui comigo!
- Ótimo, só você mesmo para se ocupar das minhas coisas!
- Eu te amo!
- Também te amo, mas não percamos tempo com palavras, pegue o ônibus para cá e tome muito cuidado, acho improvável que te sigam, ninguém sabe que estamos juntos, mantive nossa história só pra mim, mas todo cuidado é pouco.
- Eu sei, estou com tanto medo!
- Eu também, mas vai dar tudo certo, o pior já passou. Com o que temos na mochila poderemos ter uma boa vida bem distante daqui, uma vida melhor para nós dois e nosso filho. Como ele está?
- Chutando muito, deve estar preocupado com você também.
- Oh, não vejo a hora dele nascer.
- Nem me fale....
- Melhor eu desligar, meu celular está com pouca bateria e eu não tenho como carregar aqui. Todo minuto conta. Cuidado com a mochila, não esqueça o meu remédio, não dá pra comprar sem receita e não tenho como ir ao cardiologista aqui. Não agora!
- Fico tão preocupada com sua saúde, benzinho!
 - Tá tudo bem, te vejo na rodoviária depois de amanhã.
- Certo.
- Beijos e muito cuidado.
- Você também. Não faça esforços, seu coração.....
- Eu sei, eu sei....te amo!
- Eu também. Tchau!
- Tchau!

Ao desligar teve uma sensação de alívio, ela estava bem e trazia sua medicação. Um coração fraco foi mais uma das desvantagens que a vida lhe deu. Mas com o dinheiro que estava na mochila tudo seria diferente. Bastava baixar a poeira e depois gastar. Nada melhor como aquele fim de mundo para ser esquecido por tudo e todos.

Das poucas coisas que trouxe numa pequena bolsa, retirou uma camisa leve, vestiu, pegou a velha kombi e  se dirigiu até uma pequena vila. Carregou o celular, tomou uma cerveja. Com a chegada da noite jantou carne do sol com arroz e macaxeira frita. Voltou para o pequeno sítio. O silêncio sepulcral quebrado apenas pelo sons de insetos noturnos trouxe um sono embriagador. Deitou-se pesadamente no colchão poeirento. Adormeceu olhando para o teto de vigas e telhas de um mundo velho.

Tivera uns sonhos confusos, acordou com a garganta seca e um calor dos diabos. Abriu os olhos e o que viu parecia ainda fazer parte dos sonhos, diante de si um indivíduo mulato, de óculos, porte atlético e sorriso mordaz o encarava com uma pistola na mão. A pequena casa iluminada à luz de um lampião.

- Mas que porra....!
- Fica frio, cara, não faça nenhuma besteira pois este gatilho é sensível como o clitóris de uma menina de 15 anos!
- Eu...eu te conheço! Tu é o Cataldo, afilhado do Camanho!!!!
- Isso mesmo!
- O que faz aqui?!? Como me achou?
- Pela ordem? Vim aqui pra te matar por ter roubado o seu patrão - o meu padrinho Camanho. Como te achei? Fácil! Sou bom rastreador, aprendi com uns palestinos quando estive treinando no Marrocos, uns caras que eram financiados pelos Russos. O serviço de inteligencia deles te surpreenderia!
- Mas como?!?
- Seguir tua namoradinha magricela sem que ela percebesse foi fácil. Te localizar rastreando teu celular pelo dela foi mais fácil ainda, nem precisei apelar....
Ao ouvir tais palavras um calor intenso queimou as orelhas e a face de Intestine, um medo e desespero que beirava a loucura.
- O que tu fez com ela?
- Mano, não vou mentir, foi só colocar uma faca na barriguinha prenha e ela  cantou como um sabiá. Falou tudo sobre os planos de vocês e este lugar.
- Mas...mas...ela...tá viva? Ela tá bem?
- Cara, claro que não, sou um profissional, nesse ramo não há espaço para misericórdia. Mas não se preocupe, ela não sofreu.
Uma fúria insana tomou conta da alma de Intestine, com um berro medonho pulou da cama como um roedor acuado em direção ao assassino zombeteiro. Não contava porém com a agilidade deste, com um movimento de capoeirista ele inclinou o corpo para trás e aplicou um violento chute frontal chamado "benção" no peito do agressor lançando-o de volta ao lugar de onde saiu. Arfando de dor, com a cama girando mais rápido que um carrocel, sentiu o Cataldo pular sobre si e espancá-lo impiedosamente. Cinco potentes murros na cara como se fossem marteladas quase o levaram à inconsciência.
- Nossa, meu irmão, se tu visse a tua cara!!! Caralho! Eu caprichei desta vez, ainda bem que eu estou de luvas! Tem um galo enorme na tua testa, teu nariz tá torto e teu olho direito tá do tamanho de uma bola de bilhar.....nunca vi nada igual!!! Caceta!!!!
A dor no rosto era avassaladora, o chute no peito fez seu coração doente bater descompassadamente. Mesmo assim ergueu a cabeça e olhou para o rosto do mulatinho. Haviam dois deles, o segundo como se fosse um fantasma ao lado. O filho da puta devia ter ferrado com seu olho, sua retina, sabe-se lá. Os dois sorriam zombeteiramente, ao passo que grossas lágrimas caíam dos olhos de Intestine e se misturavam ao sangue de suas faces.
- C-cara....ela era uma menina inocente.... nunca fez mal a ninguém...e estava grávida!!!
- Culpa sua ter arrastado ela para sua vida de crimes bróder. Avião de traficante a ainda tem a pachorra de roubar dele!
- Eu...eu vou te matar...juro!
- Ah, cara, para com isso, sabemos que não vai......tá chorando pela morte da mina? Vai se encontrar com ela já, já, se é que tem algo depois da morte.
- Tu se acha muito foda, não é Pimpão?
- Como é?
- Conheço bem você, filho da puta! Na verdade todos na comunidade te conhecem....sumiu um dia e voltou como o maioral, o menino de ouro do Camanho. Uns diziam que você tinha ido pra Legião Estrangeira, outros que você treinava guerrilha em Cuba ou México, ou sei lá que merda. Mas voltou todo soberbo e superior.....todos tem medo de você...e com razão! Mas não foi sempre assim, né, Pimpão?

O rosto do mulato ia sendo tingido por cores sombrias a cada palavra de Intestine.
- Você era um menino chorão e mimado, que nunca conseguiu fazer a porra de um gol no campinho da comunidade, todos te batiam e em casa tua mãe te chamava de Pimpão. Como sempre te víamos comendo banana no recreio da escola, você ficou conhecido como o Pimpão Bananeiro, hahahahahaha!

O assassino sorriu friamente.
- O que tem este apelido de tão engraçado? O que espera conseguir? Quer despertar sentimentos enterrados em mim pra ver se eu fico puto e te mate mais depressa? É isso?
- Não preciso. Pra te deixar puto basta falar da tua mamãe...
- Cuidado, cara!!!
- Todo mundo sabia que tua mãe era a maior piranha da comunidade, todo mundo comeu ela, eu só não comi porque quando tive idade para isso o câncer já tinha deixado ela baranga!

A expressão de Cataldo agora era indecifrável.
- Ah, cara, pra que tu fez isso? Agora você estragou tudo! Eu ia te matar rápido, um tiro no olho, POW! e pronto, tava acabado, nada de agonia e dor até a alma se separar do corpo, mas agora tu conseguiu minha atenção! Vou te fazer sofrer enquanto esse teu coração doente suportar, pode apostar!
Dizendo isso, Cataldo puxou do chão uma pequena valise de onde retirou uns estojos, com diversos bisturis, seringas, umas ampolas e um objeto que lembrava muito aquilo com que se colhe bolas de sorvete do recipiente.
- Sabe o que é isso? Foi projetado por mim. Chama-se, o "espremedor de colhões". É muito eficaz para arrancar confissões. Ao apertar o saco de alguém com isso, o cara conta até o que não fez, hahahahah! Cê vai se arrepender de ter tirado uma com a minha cara!
Falava isso enquanto cuidadosamente ia colocando ao lado da cama os utensílios de flagelo.
- Isto aqui é uma máquina de choque, uns volts disso no buraco do dente e o cara vai até o inferno, hahahahah!
Num descuido, na penumbra do local, deixou cair uma grande pinça no chão.
- Merda!
No segundo que ele se abaixou para pegar, Intestine, mesmo vendo tudo dobrado, meio tateando no ambiente mal iluminado, pegou um pequeno bisturi e o reteve entre os dedos.
Com um sorriso maligno no rosto, o assassino pegou um par de algemas e se aproximou seguro.
- Well, primeiro vamos te prender na grade da cama pra tu não tentar nenhuma gracinha.

Intestine nos poucos anos que tinha na vida do crime percebeu logo de cara que o grande erro da maioria dos bandidos era o excesso de confiança, tão logo se achavam donos da situação abaixavam a guarda e reduziam os cuidados. Fingindo estar semi desfalecido pelas pancadas ele permitiu ao Cataldo pegar seu pulso sem maiores preocupações e assim que a oportunidade se apresentou, tão rápido como pode, enfiou o bisturi na nuca do mulato, fez com tanto ódio que enterrou a pequena e afiadíssima lâmina até o cabo no cerebelo do infeliz. Ao contrário do que ele poderia supor, como mostravam os filmes, o assassino não caiu duro, morto, mas estrebuchou no chão pesadamente se debatendo como um louco, soltando gemidos terríveis de agonia.
Era uma cena grotesca e patética. O corpo sacolejava barulhentamente no chão empoeirado e os ganidos doíam nos ouvidos.
Pensou em pegar a pistola e disparar contra o corpo e acabar com o suplício do seu algoz; mas desistiu.
Nisso, enquanto Cataldo estrebuchava, Intestine sentiu fortes dores no peito, falta de ar e náuseas. Levantou-se apressadamente da cama e à sua revelia vomitou toda carne de sol com macaxeira sobre o corpo que pernejava e gemia loucamente.
Cambaleando, suando como um porco, moveu-se para fora da casa, longe daqueles horríveis vagidos e sons de calcanhares golpeando o solo.

Um frescor noturno o recebeu de mal grado, caiu pesadamente no chão cheio de ervas daninhas e pedras. Em aflição, como se mil agulhas perfurassem seu coração, como se a cabeça fosse explodir e sem poder sorver ar o suficiente ele olhou  para o céu negro recheado de estrelas. Pensou nos avós, na mãe, na namorada, nas merdas que fez e nas pessoas que prejudicou.
Os milhares de corpos celestes foram se apagando rapidamente e ele nem teve tempo de se arrepender.

sábado, 7 de dezembro de 2019

57ANOS.

Esta época do ano faz um bocado de calor aqui. Acabei pegando um resfriado....poros abertos, suor, golpes de ar fresco, água gelada....muita coisa para o corpo processar. E o principal: STRESS!!! O bombardeio de situações que não consigo controlar, a passagem ultra rápida do tempo, baixam as defesas do organismo e.... pronto! Lá está o cara amarrotado, de cama.
Tenho sentido muito sono, pudera, não durmo decentemente a vários anos. Mas nos últimos tempos a coisa piorou um pouco...mas sei que não é só isso, tem uma coisa que li a muitos anos atrás numa revista de ciência....o corpo pede por repouso em casos de forte depressão, uma forma de se proteger, de resguardar seu organismo, poupá-lo. Deus é um sábio engenheiro, nos proveu de muitas defesas que nem nos damos conta.
Fiz 57 anos no último dia cinco. Eu já vinha me sentindo velho a muito tempo atrás, mas agora é uma realidade que nem mesmo o mais contumaz otimista tem como contra argumentar. Não é o fim do mundo, tem muita coisa pela frente, seu sei, mas a verdade que isto não me importa, não sei se são as vicissitudes sempre presentes muito mais atuantes que os hiatos de bonança, ou se a alma se prepara para o fim cada dia mais próximo, o fato é que muita coisa que antes tinham importância na vida hoje não causam os enlevos de outrora. É lógico que eu sinta prazer numa boa refeição, num bom papo com meus irmãos ou um amigo fiel, mas no tocante a outras coisas, se der deu, se não der, ok, foda-se! Por exemplo, a pouco tempo chegou às telas "Era Uma Vez em Hollywood", o novo filme do Quentin Tarantino, diretor que acompanho por fazer cinema fora dos padrões; quis assistir mas não foi possível, não me importei.....estou cada dia menos ligado em cinema.....não só porque a maioria das produções atuais são bosta, é porque não me interessa mesmo! Igual acontece com as HQs - bem, este sim é um prazer que me dou ao luxo, virou um produto caro, bom papel, boas cores, capa dura e tudo mais, mas se é algo que me interessa ler, como a série "ESCALPO", por exemplo, eu dou um jeito de comprar, mesmo que seja caro - pouca coisa tem me chamado a atenção. Tento reler coisas antigas, dos últimos 20, 30, 40 anos....e quanto mais velho melhor, como as de terror e suspense da EC Comics ou o Príncipe Valente. Mas o ponto é: deveríamos envelhecer com um pouco mais de sossego na alma, como um prêmio por ser graduado nas dores da vida, como se merecêssemos. Não é assim. Não há tréguas, não há onde repousar a cabeça por mais de algumas horas.

Eu penso que os anos me tornaram um desenhista melhor, mais paciente, mais criterioso, mas isto também é uma armadilha, fiquei menos ousado em contra partida, sem espaço para as transgressões do meu intitulado "CRAZY SKETCHBOOK", por exemplo. E muito mais lento, também. Hoje demoro demais na elaboração de uma arte... num mundo cada dia mais rápido, isto é um veneno! Minha mente não para de criar, imagino mil situações para colocar no papel, projeto imagens onde gostaria de homenagear personagens que me marcaram na juventude e não consigo colocar em prática. Isto prova que minha mente continua jovem, rebelde, mas o cansaço do corpo dá a palavra final, assim os planos vão ficando na fila, se amontoando, aguardando.
Ainda tenho obras em quadrinhos inéditas, ilustrações que nunca mostrei em redes sociais, esperando saírem em papel por alguma editora. Eu teria esperanças que elas fossem publicadas postumamente se eu fosse um quadrinista conhecido e badalado, mas quer saber? Isto não importa mais, o que faço, no fim das contas, é para satisfazer a mim mesmo. Tendo atingido a meta, o resto é consequência.
No momento, ainda desenvolvo os storyboards para o filme de terror a ser rodado ano que vem. ZÉ GATÃO - SIROCO, avança bem lentamente por conta dos pagaluguéis. Confesso que depois que ficar pronto não sei o que vou fazer, digo, como levar aos fãs do Felino. Veremos.

Este blog, cada dia menos visitado, permanece por respeito aos poucos que ainda me acompanham. Por isto tento mantê-lo atualizado mesmo não tendo mais a mesma inspiração de outros tempos.

Tenho uns contos na cabeça, o problema é tempo para sentar e escrever....vou ver se faço todo dia pelo menos alguns parágrafos.

Creio que é isto, por hora.
    

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

UM SONHO RUIM


Eu não sei onde estava. Normalmente nunca sei onde estou nesses momentos; é estranho que em meu íntimo o lugares e situações sejam familiares embora eu não reconheça. Era tudo muito claro, de tons pasteis e os sons me soavam distantes. Me parecia que eu estava em um ambiente de construção civil e quem estava junto a mim era alguém próximo, do sexo masculino, embora fosse amorfo, quase um espírito. Num dado momento, um som como de um estalo forte, de algo como madeira se partindo, a pessoa ao meu lado se lamentava em agonia como se sofresse um revés, como se  o acontecido fosse lhe trazer consequências funestas. Foi então que divisei, quase aos meus pés, um corpo, como se tivesse sido jogado ali. Intuí que o estalo que eu ouvira tinha sido de algo que se rompera, um andaime, talvez, e aquela pessoa tivesse caído próximo a mim. Estava deitado de barriga para cima, um rosto de um homem maduro, de lábios finos e farto bigode grisalho, olhos fechados, uma coloração nas faces como se o trauma do acidente fosse provocar um sangramento pelos orifícios do rosto e poros a qualquer momento. Foi então que notei que aquela face não tinha corpo, era uma cabeça decapitada que jazia a poucos centímetros da minha perna esquerda. O som, na verdade havia sido de uma cabeça separada do corpo por algum maldito acidente e o capataz amorfo ao meu lado maldizia em agonia o acontecido como se fossem responsabilizá-lo pelo ocorrido. Minha atenção só se voltava, com uma sensação crescente de horror, para aquela cabeça no chão etéreo, aqueles olhos fechados de defunto, como se fosse cera, aquele rosto achatado, como se tivessem tirado os ossos de seu crânio, com textura de borracha.

Acordei, não em sobressalto, mas perturbado. Era manhã de domingo, depois de uma noite em claro que passei à minha revelia; o calor forte invadindo meu quarto. Um desânimo sobrenatural matando meus desejos.

Sonhos são sonhos. Muitos dizem que são premonitórios. Não sei. A Bíblia diz que "do muito pensar vem os sonhos", mas Deus falou a seus profetas através deles.

Vivo dias de muita pressão, tensão e quase todas as coisas para mim outrora tão caras vão se esvaindo no tempo; artes, HQs, filmes, livros, vão perdendo cor, embotando-se. Talvez seja melhor assim.....para que depositar preocupações em coisas que se perderão quando nem a lembrança do que fui existirá neste plano de existência?

O que sobra é o instinto de sobrevivência, responsabilidade. Pessoas dependem de mim, do meu esforço. Devo insistir e continuar produzindo o melhor e aprender a ser feliz em Cristo, porque deste mundo e dos homens que o compõe eu não devo esperar nada!

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

O BICHO QUE CHEGOU À FEIRA E O FIM DE TODAS AS COISAS



Um quadrinho legal que participei ao lado de outros grandes desenhistas (cada um desenhou capítulos distintos da existência do protagonista onde o momento de sua vida tinha a ver com o traço de cada artista) finalmente foi publicado e chegou às minhas mãos esta semana. Na verdade ainda nem li, só conheço os capítulos que ilustrei. Ficou um livro muito bonito embora eu ache que a capa deveria ser mais chamativa. O roteirista Marcelo Lima, que participa de muitos projetos culturais pela Bahia, já começa a fazer divulgação e palestras onde encontra oportunidade. Isso é bom.


Os seis exemplares a que tinha direito já acabaram. Como foi um projeto bancado pelo governo, não há certeza de uma segunda edição, exceto on line. Então o futuro dele, assim como todos os quadrinhos que já produzi é incerto e arrisca a não chegar nas mãos daqueles que verdadeiramente fazem o mercado, aqueles que tem canais no You Tube e sites especializados e tudo o mais.
Mas isto é o de menos, o importante é que mais uma obra veio a público. Pra mim é apenas vaidade folhear o tomo e achar que eu poderia ter feito tudo diferente, melhor.
Tenho questionado muito o meu talento para isto, meu desenho sempre soará este tom alternativo, underground....sei lá.


Não sei se este livro, Zé Gatão e Edgar Allan Poe, obras ignoradas pelos tais especializados em quadrinhos, assim como canais que falam de gibis ecoarão no futuro, eu acho que não. Nem sei se Phobos e Deimos e ZÉ GATÃO - SIROCO (inéditos) serão publicados. Já não tenho o mesmo espírito combativo de antes para ficar batendo nas portas das editoras nem enchendo o saco dos "jornalistas" para que divulguem. As coisas que tenho feito, mais que nunca é para mim mesmo e só faço em minúsculos intervalos dos meus trampos pagaluguéis.


Tenho notado que os quadrinhos produzidos hoje, tanto por editoras quanto pelos independentes, nada tem a ver com as minhas propostas. Não estou dizendo que todos são ruins, longe disso, alguns caras são muito bons, é só a nova geração que chegou e ignora uma mais antiga. E nem dá pra dizer que eles estejam errados, afinal Jesus falou que tudo nesta vida passa e há de passar.


Não ando bem, como dos frutos que um dia plantei sem saber que as sementes não eram boas, mas fiz consciente, então nem tenho do que reclamar.


A chegada deste novo álbum foi uma alegria que durou um único instante. Já passou, mas eu quis deixar registrado aqui.


Até um outro momento, sabe Deus quando.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

DEZ SÉRIES QUE ME MARCARAM.


Sempre fui um solitário, mesmo quando cercado de pessoas; por um breve tempo me senti acolhido junto à minha mãe e irmãos após o falecimento do meu pai. Foi talvez o único momento onde me senti em casa. Hoje, cada um tem sua família e minha mãe vive com o caçula, então não tenho mais um recanto onde me sinta a vontade.
Na infância eu sonhava muito. Imaginava mundos com criaturas fantásticas onde os heróis sempre venciam. Hoje ainda sonho um pouco, mas bem menos. Quando guri, eu andava distraído, minha mãe dizia: "este menino vive no mundo da lua!"
Não só os livros, gibis e cinema, mas também novelas e séries de tv me acompanharam ao longo da minha existência. Foram muitos, principalmente na infância, mas destacarei apenas alguns que fortemente me tocaram.


BATMAN
As séries do Batman com Adam West e a do Superman com o George Reeves tiveram um forte apelo na minha vida, não é exagero afirmar que tudo começou ali.
Eu não via, naqueles tempos, o tom de picardia no seriado do Homem Morcego, eu roía as unhas todas as vezes que os vilões prendiam os heróis em alguma geringonça para os matar....como eles sairiam, sempre veríamos no episódio seguinte, como era muito comum nas séries de ação americanas daqueles tempos. Isto me lembra de umas aventuras em capítulos intitulada "Marte Invade a Terra" e "O Homem Foguete", alguém se recorda disso?


ZORRO
No mesmo período do Batman haviam também Nacional Kid e Cisco Kid, contudo O Zorro, produção de Wlat Disney com Guy Willians teve importante destaque. Ótimas atuações, comédia e tensão sempre na medida certa e havia espaço para um tom sombrio.


O TÚNEL DO TEMPO
Avanço um pouco agora na vida, eu saía da tenra idade para a meninice e os seriados de ficção científica fortemente calcado na guerra fria me envolveram. Tivemos Perdidos no Espaço e Viagem ao fundo do Mar, mas o Túnel do Tempo, com os dois cientistas que se perderam nas suas viagens temporais, me fisgaram e não me soltaram, era dramático demais. Me recordo que eu e os filhos de um amigo do meu pai rolávamos no chão tentando emular a cena em que Doug e Tony passavam de um tempo a outro. Pena que a série terminou sem um desfecho. Seria legal vê-los voltando para seu tempo atual.


TERRA DE GIGANTES
No mesmo período do título acima, mas  esta parecia mais madura, mais dramática. Haviam todos os clichês do gênero, o comandante fodão e seu co-piloto negro (uma espécie de escudeiro), as mocinhas que sempre ficavam em perigo, o engenheiro almofadinha, o gordo covarde que servia de alívio cômico e, claro, um menino e seu cachorro. A tensão era constante. O mundo dos gigantes simulava o burocrático mundo soviético antes da queda do muro. Os efeitos, para a época eram muito bons!


ULTRAMAN
Na verdade, o alienígena vindo da Galaxia M¨68 (se me recordo do seu local de origem corretamente) entrou na minha vida logo na infância na pele do Hayata, era o primeiro Ultraman. Mas em meados dos anos 70, acho que a extinta TV Tupi exibiu o Regresso de Ultraman (hoje, mais conhecido com Ultraman Jack - sei lá porque). Esta nova série era mais bem feita e continham histórias muito dramáticas. Eu já morava em Brasília neste período e até hoje me lembro com carinho da ansiedade que me dominava antes do programa começar. Nesta época eu já brincava de desenhar e eu criava novas histórias do herói. Deixo registrado aqui também a série Kung Fu com David Carradine, que comecei vendo em São Paulo, e que também me inspirou a fazer tirinhas com lutadores, mas o destaque fica para o Ultraman Jack.


ARQUIVO CONFIDENCIAL
Uma das melhores séries policiais de todos os tempos na minha opinião, James Garner na pele de  Jim Rockford, um detetive um tanto canastrão. Me perdoem o Kojak e Columbo, mas Rockford os supera em charme e ironia. Gostaria de ter tempo de assistir de novo em DVD. Quem sabe quando toda a poeira de tensão que invade meus olhos, ouvidos e nariz se dissipar um dia?


BARETTA.
Tony Baretta, estrelada por Robert Blake era um policial que não tinha parceiro, resolvia casos violentos por meio de informantes e gostava de se disfarçar, vivia no apartamento 2C de um hotel na Califórnia com uma cacatua. Tinha todos os elementos que eu curtia numa série policial, boas tramas, porrada, humor na boa medida, porrada, raramente um romance pois o protagonista nunca foi feliz na vida amorosa e mais porrada. 
Passava muito tarde da noite mas eu não perdia um episódio.       
Queria rever. Teria a mesma atmosfera hoje em dia?


POBRE HOMEM RICO.
Assisti esta fantástica tele-série quando morei no Rio de Janeiro. Muito premiada, foi baseada no best seller de Irwin Shawn. Estrelada por Peter Strauss e Nick Nolte. Minhas recordações da história não são precisas e não curto fazer pesquisas na internet, gosto de escrever levado pelas minhas emoções e lembranças.
Dois irmãos que trilham diferentes caminhos. Strauss á ambicioso e fica rico, mas é infeliz. Nolte ganha a vida com os punhos, vira lutador de boxe. Entra um vilão perigoso na jogada, Falconetti, interpretado pelo frio Willian Smith. Nunca mais revi este drama.
Quero marcar também a série o Incrível Hulk e também alguns capítulos de Dallas, no mesmo período.


ARQUIVO X
Não dá para não mencionar. Foi marcante.
Quem me indicou foi meu irmão Gil, embora eu já conhecesse de fama, mas em São Paulo, com várias atividades, eu não tinha tempo para ver TV. Arrisquei e fiquei viciado nos primeiros episódios. Havia ali vários elementos que me agradavam, terror bizarro, ficção B, ação e muito mistério. Os efeitos eram um tanto canhestros mas era compensado pelas ótimas histórias. Pena que depois a mitologia da série ficou confusa e a saída do Fox Mulder na quinta temporada me desmotivou a seguir com o programa; embora visse um episódio aqui, outro acolá, em casa de um amigo. Dois filmes para o cinema e tentativa de resgate da série que deram em nada. Foi importante no tempo que estreou e pelos anos posteriores, mas deu o que tinha que dar.


BREAKING BAD
Considerada uma das melhores de todos os tempos. Com justiça. Não vi Família Soprano (tenho muita curiosidade) nem Mad Men (ídem), mas a história do exímio professor de química canceroso Walter White e seu parceiro junkie Jesse Pinkman, produzindo anfetaminas foi uma das coisas mais legais já criadas para a tv. Personagens bem construídos e a cada capítulo parecia-me estar vendo um excelente thriller no cinema. O que é curioso é que o protagonista, apesar de ser brilhante no que faz, quer parecer um cara legal, que tem justificativas razoáveis para ser um criminoso, mas no fundo é um filho da puta. E ele também quer parecer um cara mal mas não passa de um bosta, convenhamos.
Muito já se falou desta série e eu não preciso aqui acrescentar argumentos.
The Walking Dead estaria na minha lista se não tivesse tantos altos e baixos e Game of Thrones também, se não tivessem cagado toda a série nas duas últimas temporadas.

Bem. Por hoje é isto.

No caos que anda minha vida não posso garantir que estarei aqui na próxima semana, mas vou tentar. Deus é quem sabe.

Beijos a todos e muito obrigado aos que continuam me acompanhando ferrenhamente.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

PAUSA.

Crise, crise e crise.
Depressão. Mergulhado no trabalho.
Notebook que deu pau.

Por essas e outras é que fiquei quase duas semanas sem atualizar este blog.
O BRAÇO FORTE DE JESUS CRISTO TEM ME SUSTENTADO!
Ainda estou me organizando.

Alguns esboços de trabalhos diversos executados no passado.

Espero que tudo volte a normalidade nos próximos dias.

Beijos a todos!!!!






sábado, 26 de outubro de 2019

SEM PALAVRAS, HOJE.


AMADAS E AMADOS, SEM CONDIÇÕES PSICOLÓGICAS DE ESCREVER AQUI, HOJE.
A VIDA É UM MAREMOTO CONSTANTE MAS TEM VEZES QUE O VENTO SOPRA MAIS FORTE E AS ONDAS TRIPLICAM DE TAMANHO. SÓ MESMO DEUS PARA NÃO DEIXAR O BARCO SOÇOBRAR.

PORÉM, ESTE MOMENTO RUIM IRÁ PASSAR....TUDO PASSA. AS HORAS ALEGRES, OS DIAS NEGROS, OS SORRISOS, AS NOITES TRISTES. TUDO CAMINHA PARA O FIM INEVITÁVEL.

ESPERO QUE SEMANA QUE VEM EU POSSA LISTAR UNS QUADRINHOS, OU SÉRIES DE TV QUE SE DESTACARAM EM MEU VIVER.

ATÉ LÁ, ESPERO!

domingo, 20 de outubro de 2019

VINTE CANÇÕES QUE ME MARCARAM.


Vinte. Dez seria muito pouco. Vinte músicas que me embalaram através destes meus muitos poucos anos. E ainda é pouquíssimo para falar das melodias que até hoje são marcantes em minha vida. Mas não vamos abrir demais o leque, senão ficamos uma eternidade aqui falando só deste assunto.

Os dias tem passado rápido demais, parece que foi ontem que escrevi aqui sobre alguns filmes que me tocaram....na verdade ainda é um mistério para mim o porque de eu continuar a escrever e registrar essas memórias. Tudo me parece efêmero, ínfimo. Perda de tempo, pois ninguém liga, afinal, quase não recebo retorno. Mas, sei lá, há uma força interior que me obriga a continuar apesar de todos os pesares.

Já tem tempo que não posto uma arte aqui, não é? Pois sim, apesar de não ter nada a ver com o tema, deixo este desenho feito para um dos tantos clássicos do Machado de Assis que ilustrei.


Mas vamos às músicas:

1 O MILIONÁRIO ( Os Incríveis ) - Foi nos fins doas anos 70 que esta música invadiu os meus ouvidos e envolveu a minha alma. Não saberia dizer, como todas as outras que citarei aqui, qual foi a primeira vez que ouvi, mas deve ter sido numa das tantas casas que minha avó frequentava e que tinham rádio sintonizados nos programas populares da época. O que dizer do solo de guitarra? Da linha de contrabaixo que dá um balanço singular à canção que já não tenha sido dito? Essa é pra eternidade.

2 I STARTED A JOKE  ( Bee Gees ) -  Talvez a mais famosa canção do trio americano - que, aliás, é fabuloso (no período Disco, eles caíram demais pra mim) - Tocada demais nas rádios no início dos anos 70. Até hoje aquelas notas sensíveis me enternecem.

3 MY LOVE  ( Paul MacCartney ) - Eu nem imaginava que o Paul tinha sido dos Beatles quando ouvi esta canção pela primeira vez. Foi anunciada pelo Silvio Santos num programa de "As 10 Mais" que ele tinha, se não me engano, na rádio nacional. Grande melodia!

4 MEDO DA CHUVA ( Raul Seixas ) - Eu tenho uma relação de amor e ódio com Raul Seixas, eu comprei o compacto "Gita" que tinha "Não Pare Na Pista" no lado B e ouvi até quase o disco furar. Mas cito aqui Medo Da Chuva por lembrar de uma das tantas vezes que a ouvi, com o rádio baixinho embaixo do meu travesseiro nas noites eternas do frio paulista nos idos de 74. Naquela época nunca entendi a letra. Só depois de muitos anos é que me dei conta que falava das intempéries da união conjugal, acho que é uma letra típica do Paulo Coelho. Pensei em citar "Trem Das Sete", mas acho que a melodia de MEDO fala mais ao meu coração.

5 FLORES ASTRAIS (Secos e Molhados) - Outra de 1974. Penso que foi a primeira vez que imaginei meu espírito viajando pelo universo ao ouvir uma música, por isto não dá pra esquecer. Ouço sempre que posso.

6 LEMBRANÇAS (Odair José) - O grande Odair teve a coragem de falar sobre a pílula anticoncepcional e sobre o cara que quer tirar uma puta da rua e dar-lhe uma vida decente e esses temas popularescos lhe deram grande sucesso. Mas ele teve momentos bem intimistas como essa terna "Lembranças", também de 1974. A base musical teve a participação do grupo Azymuth e do Hyldon. Na verdade todas as canções deste ano meio que me ajudaram a atravessar uma fase difícil (e qual foi fácil?). 

7 ALEGRIA, ALEGRIA ( Caetano Veloso ) - Outra impossível ficar indiferente embora eu ache o compositor um saco. Mas ele criou algumas obras memoráveis ao longo de sua carreira.

8 BANDA DA ILUSÃO ( Ronie Von ) - Tenho forte identificação com esta música. Ela cala fundo na alma. Embora seja uma letra muito deprê há uma mensagem de esperança, não de luz no fim do túnel, mas incita  você a procurar a tal luz.

9 OVELHA NEGRA ( Rita Lee ) - Melhor música da Rita, ao lado de "Jardins da Babilonia". Quando estourou nas paradas eu já estava morando em Brasília, na SQN 104. Todas as cores daqueles dias retornam vivas ao ouvir este clássico.

10 HEY JUDE ( Beatles ) - Claro que Beatles não poderia ficar de fora, pra dizer a verdade quase todas as músicas de todos os discos são significativas, mas eu destaco Hey Jude por ter sido, talvez, a primeira música que ouvi do Fab Four nos fins dos anos 60 sem nem mesmo saber que esta banda existia. Dispensa mais comentários.

11 NO RANCHO FUNDO ( Lamartine Babo e Ary Barroso ) - Música pungente e tenho muita afinidade com o personagem retratado na letra. A poesia de Lamartine Babo não poderia ficar de fora e eu estava entre esta e a "Serra Da Boa Esperança". Citei-a em uma HQ de lendas folclóricas brasileiras (ainda inédita). Lamentavelmente uma peça tão bonita foi assassinada por uma horrível dupla sertaneja no final dos anos 80.

12 #9 DREAM ( John Lennon ) - Letra viajandona mas com um lirismo que só a poesia de Lennon era capaz de transmitir; e os arranjos, então? A segunda metade dos anos 70, Beatles e ex Beatles me aconpanharam diuturnamente.

13 PHOTOGRAPH  ( Ringo Star ) - O baterista dos Beatles em co-autoria com George Harrison criou esta pérola de canção que até hoje ouço com reverência. Eram os dias em que eu estava prestes a ir para o Rio de Janeiro.

14 SPREAD YOUR WINGGS  ( Queen ) - Abordar o Queen sem ser uma canção do Mercury ou do Brian May? Sim, esta é do baixista John Deacon e pra mim a melhor do álbum News Of The World.

15 BILLIE JEAN  ( Michael Jackson ) - Esse batidão marcou presença em um importante momento de transição na minha vida, na mesma época eu ouvia "The day Before You Came", o canto de cisne do ABBA. Michael viria a ser o "grande" (não para mim) nos anos vindouros, mas Billie Jean é uma obra única.

17 SHOUT  ( Tears For Fears ) - Uma época em que uma nova luz surgiu na vida, certa independência, ficando, talvez, mais adulto. Responsabilidades, estudos e trabalho. Eu era envolto por "Bye, Bye Love" do Cars, "In Your Park" do Scorpions, "Love Ain´t No Stranger" do Whitesnake.
"Shout" falou muito comigo nestes tempos. Pra mim não envelheceu nada.

18 ALONE ( Heart ) - Baladão de 87, eu vivia um momento legal na vida, foi como aquele momento de calmaria que precedia uma grande tempestade. Foi como se eu estivesse sedento e sonhasse que bebia e acordasse com mais sede ainda.

19 LOVE ON THE AIR ( David Gilmour ) - Faixa do segundo álbum solo do guitarrista do Pink Floyd. Álbum este muito subestimado, na minha opinião. Neste tempo eu já começava a perceber que sonhos são sonhos, os que sonhamos acordados são os mais cruéis, pois mentimos a nós mesmos, pior, mentem para nós e acreditamos. Love on the Air tem uma frase que diz numa tradução livre: "Ninguém vai me controlar a partir da minha dor". Tomei isto como meta, mas fracassei como provariam os anos que viriam depois.

20 QUANDO ( Roberto Carlos ) - Claro que o Roberto (de rei ele não tem nada) possui canções fantásticas de 77 para trás, mas "Quando" é o que melhor traduz como me senti ao final de um relacionamento.

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BONUS TRACK

Para finalizar, quero registrar mais duas: "Acrilic On Canvas" da Legião Urbana, que ouvi muito na casa da Verônica em 95  e "Our Shangri-La" do Mark Knopfler, depois de me mudar para o Nordeste, voltei a Brasília para visitar a família e ouvir esta música do fantástico guitarrista, hoje, me transporto às noites frias de 2004.

É isso, amadas e amados.

Na próxima postagem, se tudo correr bem, falarei sobre algumas séries de televisão que tiveram destaques  em minha vida.

Até lá, se Deus quiser!.     

domingo, 13 de outubro de 2019

DEZ FILMES QUE ME MARCARAM


O Facebook tem umas coisas interessantes, as vezes sou convocado a participar de umas brincadeiras como postar filmes, gibis, livros, artes preferidos e tal. Gosto disso, embora o tempo exíguo não me permita devaneios longos, tudo ali é muito volátil, mas é legal ler os comentários e impressões dos outros, além de ver e saber o que os desafiadores gostam também.

Eu resolvi fazer minhas listas aqui no blog, como vocês já perceberam pelas duas últimas postagens. Hoje o tema é com os filmes que me impactaram. Esses filmes não são necessariamente os melhores ou que fazem parte do meu top 10, mas em algum momento de minha vida eles me marcaram, fosse porque o filme realmente era mesmo tão bom que ficou gravado em mim ou porque o momento em que vi foi importante e o filme só foi acidental.

Mas claro, opto por falar só daqueles que gostei; por exemplo, assisti com primeira namorada "Os Embalos de Sábado a Noite", com o John Travolta, marcou por eu estar ao lado de uma pessoa importante, mas eu acho o filme uma merda.

Bem, vamos a eles:


 A MOSCA DA CABEÇA BRANCA - ficção B temperada com horror. Assisti na tv nos anos 70 em algum cine terror de um dos tantos canais da época. A primeira coisa que me chamou a atenção nele foi a presença do David Hedison, o eterno capitão Crane de A Viagem Ao Fundo Do Mar e falecido recentemente. Tinha também o grande Vicent Price que eu já conhecia dos clássicos góticos. A figura da grande cabeça de mosca no humano não me impressionou tanto quanto a pequenina cabeça humana no corpo do inseto ao final do filme. Eu era guri e fiquei umas noites com o sono perturbado. Um filme de grande suspense e tensão.


OS DEZ MANDAMENTOS - filmaço! Embora o meu preferido seja Ben Hur (esse, sim, está no meu top 10).
Minha mãe me levou para assisti-lo no Cine Comodoro. Entramos a tarde e saímos a noite, a fita tinha quase quatro horas de duração, havia um intervalo no meio. Impossível esquecer. Diálogos, cores, efeitos, atuações. Repito: filmaço!


O PLANETA DOS MACACOS - Assisti em uma sala em São Paulo, talvez em 73 ou 74, que passava dois filmes (nem lembro qual era o outro), e depois revi diversas vezes na tv, VHS e DVD. As sequências, séries e reboots embora não me desagradem, não se comparam a este clássico! Que agonia! Que final impactante! 


A NOVA VIAGEM DE SIMBAD - título original: The Golden Voyage of Sinbad. O segundo do mestre Ray Harryhausen. Foi em 74. Fã de filmes de fantasia (não é atoa que criei um universo antropomorfo em quadrinhos) e figuras mitológicas, esse filme me agarrou e até hoje me causa enlevo. Devo tê-lo assistido umas dezenas de vezes em todos os cinemas do centrão de São Paulo, por onde ele passou.


O LUTADOR DE RUA - sou fã do Charles Bronson (esse sim, personificou o cara durão nos cinemas!) e Hard Times - no original - é um dos melhores protagonizado por ele. Difícil apontar o melhor do Bronson da década de 70, mas acho que esse se destaca - além da excelente história - por mostrá-lo em grande forma mesmo com mais de 50 anos.


LIBERDADE CONDICIONAL - grande filme um tanto obscuro com uma atuação impecável de Dustin Hoffman! Filme de bandido, mas que ficamos torcendo por ele. Sem tons de cinza, o cara não vale porra nenhuma, ele é o que é, faz o que faz porque quer fazer. O cinema americano  até o final dos anos 70 era mais realista, com finais trágicos, propunham reflexões; muito disso morreu com a chegada de blockbusters estilo Star Wars e coisas do tipo. Assisti algumas vezes no Rio de Janeiro com a namorada. Depois em VHS nos anos 80. Depois nunca mais ouvi falar dele.


BRUCE LEE NO JOGO DA MORTE - ok, esse não é de fato o filme idealizado pelo mestre das artes marciais. Ele morreu jovem, no auge da carreira e deixou takes de várias cenas do que seria o Game Of Dead, sua película pós Operação Dragão. Eu já havia visto tudo do Lee dezenas de vezes, a notícia de que completariam o filme inacabado foi algo que ansiei por muito tempo. Claro que ele tem muitos problemas, afinal tiveram que usar um dublê (coreano, soube depois) com o rosto parecido e que usava óculos escuros em cenas meio às sombras quase o tempo todo. O estilo de luta emulando a técnica de Lee ficava muito devendo à graça do original, contudo, não fazia feio. Mas o filme crescia mesmo quando o verdadeiro aparecia em tela com seu macacão amarelo e seus socos e chutes ultra rápidos. No todo o filme virou um clássico para mim, com uma história convincente apesar de saber que só os minutos finais eram com Bruce Lee. Assisti com a namorada no Rio, com minha mãe em São Paulo e amigos em Brasília. Vi, revi e ainda assisto cenas no youtube (meu aparelho de DVD foi pras picas faz tempo).


A LARANJA MECÂNICA - outro que faz parte do meu top 10. Claro que este eu só assisti no começo da década de 80 quando foi liberado pela censura militar, ainda tinha aquela bolinha preta na genitália dos personagens. Assisti todas as vezes que a oportunidade se apresentou. É Kubrick com uma fodástica atuação de Malcom MacDowell e música hipnótica. Uma viagem cheia de violência estilizada. Apesar de criatura execrável, nos apegamos ao protagonista.


CONAN, O BÁRBARO - este não podia ficar de fora. Fã do Arnold desde muitos anos antes e fã de Conan; o melhor de dois mundos para mim. Quando o  filme chegou às telas eu fiquei extasiado com as cenas de truculência e a música envolvente que preenchia os imensos momentos de poesia visual. Penso que dificilmente conseguirão fazer algo com o personagem tão bom como o que fizeram nesta fita. Como é sabido pelos que me seguem neste blog desde que ele começou, meus anos no Rio de Janeiro foram marcados por muitas desditas e este filme foi um companheiro de jornada.


MAD MAX 2 - gosto de todos da franquia, o 3 é mais fraco e o último peca pela mudança do ator (pô, Mel Gibson é o Max!) e empoderamento feminino, embora as cenas de ação sejam de tirar o fôlego. Meu preferido é o primeiro da série. Mas é no segundo que George Miller consegue marcar o personagem, foi muito imitado, inclusive por mim. É um tanto piegas mas as cenas de ação são lendárias. Fabuloso!

Semana que vem, mais uma lista.

Até lá!


sábado, 5 de outubro de 2019

DEZ DISCOS QUE ME MARCARAM.


A música fez parte da minha vida desde sempre. Lembro de minha mãe cantar algumas canções para mim quando eu era bem tenro (uma que recordo bem era "Cantiga por Luciana" na voz da Evinha do Trio Esperança) e, claro, as músicas sertanejas raiz, no rádio da minha avó. Mas alguns discos tem lugar especial em minha vida pelo que representaram em determinado momento. São muitos, evidentemente, mas para não delongar demais, fiz a seleção de dez. Vamos a eles?


SELVA DE PEDRA (internacional) de 1972
Nem vou falar a respeito da novela, isso não interessa, mas as canções...ah, impossível ficar indiferente! Evidentemente o que puxou o disco foi o tema do casal protagonista, a melosa "Rock and Roll Lullaby" interpretada pelo B J Thomas (não é a melhor canção na voz dele, na minha opinião, prefiro "Songs", também tema de uma outra novela que agora não lembro qual). Deste LP eu destacaria "Jesus" do Billbox Group, "Floy Joy" com The Supremes e "Ain´t No Sunshine" do Jackson Five. Mas todas as canções são boas.
Não tínhamos vitrola em casa, para ouvir o vinil eu marcava ponto em uma loja de discos que ficava no caminho para a escola, tocavam diuturnamente e quando não o faziam eu pedia ao cara do balcão a gentileza de rodar a bolacha. Eu devia ser um molequinho bem chato. Ouvindo aquelas melodias eu me transportava para uma outra dimensão bem menos dolorosa do que aquela em que eu vivia.


SECOS E MOLHADOS (1973)
Dá pra sacar porque uma banda de mascarados chama tanto a atenção dos jovens: sugere mistério, aventura, quadrinhos e coisas tais. Vide o sucesso do KISS (que conta com músicas bem legais) e Slipknot (odeio).
A capa era algo ousado e a música deste conjunto, que misturava rock com vários ritmos se tornou uma febre no Brasil e eu não fiquei de fora. Nunca tive o LP, também ouvia nas lojas de disco. Eu gostava da primeira à última faixa.


BEATLES - PLEASE, PLEASE ME (o disco é do ano do meu nascimento - 62 - mas eu só fui conhecer em 1976)
Não foi o primeiro disco do quarteto de Liverpool que ouvi integralmente (o primeiro mesmo foi o Rubber Soul, na casa de um amigo), mas Please, Please Me foi o primeiro que comprei e ouvi até desgastar a agulha. Ele também embalou bons momentos que passei com a primeira namorada.


QUEEN - A DAY AT THE RACES (1976)
Quem me apresentou ao Queen foi um amigo chamado Hélio, que era uma verdadeira enciclopédia musical, em 1977. O primeiro disco que ouvi foi o News Of The World puxado pela famosíssima "We Are The Champions", mas o meu preferido da banda é o A Day At The Races, melhor inclusive que o lendário A Night At The Ópera. 
Eu gostava de ouvir sozinho, no escuro.


GEORGE HARRISON - ALL THINGS MUST PASS
O álbum triplo do assim conhecido beatle discreto é um dos mais importantes da história do Rock e não é por acaso. Todas as faixas são excelentes, difícil destacar qual é a melhor.
Foi muito marcante em minha vida no final dos anos 70. Eu nunca tive dinheiro para comprar a caixa com as três bolachas, tinha as canções gravadas em fitas cassete.


PINK FLYOD - WISH YOU WERE HERE (1975)
Todos gostam do Dark Side Of The Moon mas o meu preferido é o Wish You....penso que este dispensa comentários.


DIRE STRAITS - MAKING MOVIES (1980)
Eu já era fã do Mark Knopfler desde o disco de estreia, mas o que me ligou a este álbum em particular foi a afair que tive com uma menina que estudava comigo no Colégio Casanova no Rio de Janeiro. Eu ouvia a faixa "Romeo and Juliet" num disco que reunia vários sucessos (inclusive a música estava cortada e eu não sabia). A tal menina, cujo o nome eu nem me recordo mais, sumiu. Sumiu da escola, da casa dela e virou caso de polícia. Foi encontrada semanas depois, me parece; apenas havia fugido de casa.
O LP eu comprei em 85 e "Tunnel Of Love" pra mim é uma das melhores baladas de todos os tempos.


HEART (1985)
Eu já conhecia o Heart por causa de "Barracuda", um rockão bacanudo que ouvi não lembro mais onde em 1977. A faixa "If Looks Could Kill" tocava na tv em um comercial de cigarro. Hard Rock fodaço intercalando com baladas bem maneiras.
1986 e 1987 foram anos bons para mim, e este disco fazia o pano de fundo.


SCORPIONS - FLY TO THE RAIMBOW (1974)
Uma pena que o guitarrista Uli Roth, foi substituído pelo Mathias Jabbs, acho ambos bons, mas o Roth sempre me pareceu muito mais inventivo e cheio de energia. Este segundo álbum da banda é o melhor de todos, na minha opinião. O Scorpions que me foi apresentado pelo meu irmão André, que sempre foi chegado num metal; Os escorpiões me acompanharam boa parte dos anos 80.


RUSH - HOLD YOUR FIRE (1987)
Eu achava o Rush legal, mas não fazia muito a minha cabeça, o vocal do Geddy Lee me soava estridente demais e aquelas roupas um tanto cafonas. Ouvi "Close To The Heart" em programas que passavam vídeo clips (muito antes da MTV) e o batera Neil Peart já me chamava a atenção. Mas foi com o Hold Your Fire que eu fiquei fisgado por esta banda canadense.
Ao contrário da maior parte dos fãs, eu curto mais a fase dos anos 80 com teclados e sintetizadores.

Cabe aqui uma menção honrosa para o THE CARS (1978) e o QUENSRYCHE - OPERATION MIND CRIME (1988).

Na próxima semana, dez filmes que assisto sempre que posso. Até lá, se Deus quiser.

 

domingo, 29 de setembro de 2019

LIVROS QUE ME MARCARAM.


Hoje resolvi comentar um pouco sobre alguns livros que fizeram (e fazem) parte da minha vida. Elenquei 10 para ficar um número redondo. Evidentemente centenas de livros me tocaram, alguns eu li várias vezes, outros nem tenho mais no meu acervo, mas estão guardados na minha alma como a recordação de velhos amigos nunca mais vistos porém sempre lembrados. Mas conversar sobre todos ficaria longa a postagem e o tempo tem sido o meu pior adversário.
Vamos a eles, então, não por ordem de importância ou data (se bem que a maioria exerceu forte importância na minha vida na juventude).

1 - OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO de Érico Veríssimo. Na verdade nunca tive este livro, foi-me emprestado pelo meu old pal, Luca. Eu era um adolescente de uns 15 anos e as descrições das situações de vida de Ângelo, o protagonista, ficaram entalhadas no meu coração, a identificação, sob muitos aspectos, foi imediata.


2 - HISTÓRIAS EXTRAORDINÁRIAS de Edgar Allan Poe. Conheci o Poe primeiro nos quadrinhos sem saber que era o Poe. Até que nos fins dos anos 70 me caiu nas mãos uma edição que compilava seus contos mais famosos. A Queda da Casa de Usher, O Gato Preto, Os Crimes da Rua Morgue, O Poço e o Pêndulo e outros.....foi na veia, viciado na hora. Dispensa maiores comentários.


3 - DOIDINHO  de José Lins do Rego. Eu estava no Largo da Carioca no Rio de Janeiro e passava por um sebo (sempre fui frequentador de sebos) e procurava algo para ler; o livro, bem baratinho, puído nas quatro bordas, com páginas amareladas foi meu companheiro por um tempo, eu lia e relia as desventuras do menino do engenho agora numa escola de padres; minha inadequação ao ambiente em que eu vivia me transpunha para as situações tristes do protagonista.


4 - MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS de Machado de Assis. Pra mim o melhor livro do Machado, um dos melhores de todos os tempos. Irônico, envolvente sem o amargor de um Dom Casmurro, por exemplo. Indispensável!


5 - MADAME BOVARY  de Gustave Flaubert. Tenciono reler este livro mas a oportunidade não se apresenta. Impossível ficar indiferente a ele, principalmente a segunda metade do tomo. Ema te envolve de tal forma que as páginas vão sendo devoradas até o dramático desfecho. Eu o li em Paty do Alferes durante a ligação que tive com a mãe da minha filha.


6 - MEU PÉ DE LARANJA LIMA de José Mauro de Vasconcelos. Outro da infância que me partia o coração e mesmo na entrada da vida adulta extraía lágrimas dos meus olhos. Esqueça as adaptações para a tv, leiam o livro.


7 - SHERLOCK HOLMES - UM ESTUDO EM VERMELHO de Conan Doyle. O primeiro da série do famoso detetive britânico. Neste volume do Círculo do Livro - do qual fiz parte por muito tempo - vinha também o excelente O SIGNO DOS QUATRO. Li tudo do Holmes escrito por Doyle, mas este eu reli diversas vezes e nunca me canso.


8 - MUSASHI de Eiji Youshikawa. Esse eu li  (os dois grandes volumes) indicado pelo Marcelo Fontana, um querido amigo que nunca mais vi e por quem tenho uma imensa dívida de gratidão. Tem que ter tempo e disposição para absorver, pois é bem longo. Ação, violência, filosofia, drama, romance. Completo, enfim. Infelizmente, em meu poder, só tenho o segundo volume, o primeiro se perdeu. Tenho que tentar recuperar.


9 - CRIME E CASTIGO de Fiodor Dostoievski. Este foi um dos tantos que li algumas vezes, depois de alguns capítulos não é possível largar até o final. Um dos grandes de todos os tempos e com certeza está no meu top five.


10 - QUIXOTE  de Cervantes. Li já velho. e ainda bem, fosse mais novo talvez eu não apreendesse tudo o que este romance tem para oferecer. Brilhante, terno, belo, triste e também muito engraçado. Teve passagens em que eu não conseguia parar de rir. Sabem, o triste cavaleiro é uma figura idosa, de aspecto frágil e aguenta levar porradas como ninguém. Eu sei que é uma heresia da minha parte, mas não consigo desassociar meu Zé Gatão deste personagem. Ora, não tem nada a ver, diriam alguns. Será que não?  Os dois não estariam na mesma sintonia? O mesmo espírito que move um não conduz o outro? Sei lá.


Bem, fica aqui a menção para AS LIGAÇÕES PERIGOSAS de Choderlos de Laclos, DRÁCULA, de Bran Stoker, O PERFUME de Patrick Suskind, BAUDOLINO, de Umberto Eco, O HOMEM INVISÍVEL de H G Wells, MISTO QUENTE de Bukowski, OS 12 TRABALHOS DE HÉCULES de Monteiro Lobato, MIGUEL STROGOFF de Júlio Verne e....bem, melhor parar, há muitos e muitos livros marcantes, mas os primeiros que me vieram à memória foram estes.

Semana que vem, se der, relembrarei 10 discos que fizeram minha cabeça.

Até lá, se Deus permitir.     

ZÉ GATÃO POR THONY SILAS.

 Desenhando todos os dias, mas como um louco, como fiz no passado, não mais. Não que não queira, é que não consigo; hoje, mais que nunca eu ...