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domingo, 17 de junho de 2018

AMOR POR ANEXIS E OUTROS CONTOS ( 02 ).

Não é segredo que comecei muito tarde no desenho. Na verdade nem comecei tão tarde, mas o amadurecimento do meu traço foi tardio. Talvez porque eu fosse um vagabundo; quem sabe, porque não soubesse o que fazer da minha vida e ficasse buscando aventuras e subterfúgios, procurando nada, só encontrando vazio e pessoas ocas onde quer que eu fosse. Boa parte da minha juventude eu busquei uma felicidade quimérica, sonhava em ter amigos que fossem como irmãos, daqueles que você pode sempre contar a qualquer hora, anelava por aquela namorada sempre presente, a eterna companheira. Quimeras. Me decepcionei em cada uma destas buscas. Mas sabem, o principal culpado sempre fui eu mesmo. Eu devia ser um chato de galochas, sempre indo à casa dos outros em horários inconvenientes, caçando amizades em quem não estava afim disso. Um desses caras chegou a me falar: "sabe qual o seu erro, Eduardo? Você espera das pessoas o que você dá a elas! Vai quebrar sempre a cara!" Ele estava certo. E mesmo assim não consegui mudar. O fato é que sem saber o rumo que devia tomar não me dei conta de que a arte seria esta porta de saída deste mundo, então, por consequência nunca me dediquei como devia, nunca estudei a fundo. Meu desenho era aquele espontâneo, muitas vezes copiados (mal copiados, na verdade) de mestres como Will Eisner, Richard Corben, Gustave Doré e outros e fazia só mesmo para extravasamento. Quando comecei a me descobrir desenhista - e que poderia ganhar a vida com isto - eu já contava com mais de 20 anos. Então decidi estudar mais a sério, mas sem um farol, o que me restava fazer era reproduzir desenhos de revistas de moda para fazer dobras de roupas e mulheres bonitas, atletas da musculação para acertar a anatomia, era assim que eu conseguia criar minhas fantasias heroicas no estilo do Frazetta e do Boris (e pensava que estava bom!). Só em São Paulo, indo a algumas exposições é que eu notei que teria ainda muito o que aprender, principalmente no tocante aos quadrinhos e decidi ser profissional nem que fosse na marra.
Não sei se consegui, eu não julgo o meu trabalho, que outros o façam, eu sigo a minha intuição como sempre.
Um certo escritor que trabalhou comigo uns anos em uma pequena empresa de comunicação em Brasília me reencontrou pelas rede sociais. Ele é um fã do Zé Gatão e de tudo o que eu faço, o que me enche de orgulho, pois é um cara muito inteligente. Trocamos uns e-mails falando um pouco do que foi as nossas vidas nestes anos em que não tínhamos contato e ele me disse que era inscrito em alguns canais nerds do Youtube e sempre esperou ver/ouvir comentários sobre meus quadrinhos. Nunca aconteceu! Claro, eu não fico surpreso. Ele sugeriu que eu me empenhasse mais em divulgar meus álbuns. As pessoas não acreditam, pensam que sou acomodado ou que desisto fácil, mas eu fiz tudo o que podia, tudo o que estava ao meu alcance. Fui a palestras, apertei mãos (até de artistas que eu não gostava), bati em portas de editoras, enchi o saco de editores, fui às redações de jornais e revistas que falavam sobre quadrinhos, cobrei resenhas e etc e etc. Hoje eu já não tenho o tempo, a mesma paciência (e nem material para distribuir) para youtubers para ver se eles fazem a caridade de resenhar meus livros. O fato é que esse amigo escritor encontrou um vídeo bem antigo do Pipoca e Nanquim, do mês 09 de 2011 falando muito brevemente sobre o Zé Gatão - Memento Mori. Ficaram mais falando que o nome do personagem é estranho do que qualquer coisa. Morreu aí.
Tenho certeza de que qualquer outro canal seria a mesma coisa, pelo simples fato de que a maioria das pessoas ainda continuam a julgar um livro pela capa ou pelo nome/aspecto dos personagens. Ah, na verdade cansei disso tudo! Basta!


A arte de hoje foi feita para um conto do Artur Azevedo.

Abração para todos vocês!


domingo, 10 de junho de 2018

DEEM - ME UM MARTELO.


Tchuru tchu á, tchuru tchu á! Sentei-me aqui com este refrão da música da Rita Pavone torturando meu cérebro. Acho que sei porquê, minha sogra assistia a um programa na Record TV, um desses de variedades, ali exibiam uma matéria sobre um nordestino na praia vendendo certo produto e para entreter o público - e chamar a atenção para a mercadoria - faz paródia com letras de músicas famosas do tipo I Wanna Hold Your Hand, dos Beatles, e entre as tantas, Datemi Un Martello, que agora me persegue. Típica melodia que gruda na cabeça, quiçá, a mesma cabeça que Rita Pavone tem vontade de esmagar com um martelo, como diz a letra. Seria Datemi Un Martello uma das primeiras músicas abertamente transgressoras a invadir os lares e incitar os jovens contra as gerações mais velhas? Eu não duvidaria. Eu sempre achei que o comunismo e o rock foram perfeitas criações do diabo para levar um maciço número de almas para o inferno (e antes que alguém aí queira me jogar pedras, eu ouço rock e não quero ir para o inferno) e tem logrado muito sucesso. Mas no caso do rock acho que a coisa veio bem antes, talvez com o filme O Selvagem - excelente filme, diga-se de passagem! Vi a muito tempo e pelo que me lembro (tô com preguiça de consultar a sinópse) um bando de motoqueiros, liderados por um Marlon Brando vestido de couro, chegam a uma cidadezinha pacata e ali acontece de tudo quando aparece uma gangue rival. Claro que o Brando se envolve com a mocinha da cidade, que é filha do chefe de polícia, é acusado de crimes que não cometeu, se safa e ainda enche o Lee Marvin (lider da gangue rival) de porrada. Típico filme de rebelde sem causa que influenciaria James Dean, Elvis e Beatles. Bem, o mundo sempre foi uma bagunça só, mas toda essa quebra de valores que começou de forma sistemática nos anos 50, talvez um pouco antes, refletiu de forma profundamente negativa nos anos posteriores.
Mas sabem, pensar sobre isto....pior, debater sobre isso me enche de enfado. Eu sempre fui considerado um reaça, um quadrado (para citar uma gíria antiga). Na faculdade de artes fui chamado de Neandertal, por que não fumava maconha, não me relacionava sexualmente com homens e não dava selinho nas colegas de classe. Nunca fui um santo, tô muito longe disso, mas nunca curti promiscuidade, e drogas, é para mentes fracas. O caso é que a tal quebra de valores lá do passado deu na total decadência que testemunhamos hoje. Ninguém respeita mais ninguém. É fato. Mas você pode me chamar de retrógrado e teórico da conspiração, se quiser. E olha que nem falei sobre George Soros e família Rockfeller!

Na verdade nem era pra falar sobre essas coisas, mas a música da Rita Pavone estragou tudo. Eu ia comentar sobre o que ando lendo, então vamos lá: Na verdade relendo. Material antigo do Richard Corben, o mestre; reli "Bloodstar" e agora "Mundo Mutante". A arte do cara, seus enquadramentos e efeitos de luz e sombras são matadores!

O último filme que vi foi "Vingadores - Guerra Infinita". Poxa, gostei pra caramba!

Não estou vendo séries, mas quero ver se retorno aos "Agentes da Shield", que parei no meio da terceira temporada. Muito criticada mas eu me distraía.


Os desenhos de hoje são esboços de uma encomenda finalizada com sucesso.


Até semana que vem (se eu não levar uma martelada na cabeça - tchuru tchu á, tchuru tchu á)!














domingo, 3 de junho de 2018

AMOR POR ANEXIS E OUTROS CONTOS ( 01 ).


Hoje chego tarde aqui para deixar uma arte para vocês, sempre muito com que me ocupar. Faço meus planejamentos e não consigo dar conta nem de 30 %. Me obrigo a fazer textos resumidos e pouco inspirados se comparados aos que eu fazia dois, três anos atrás. Mas é a vida, seguimos o fluxo natural das coisas.

Tenho pensado, como sempre, no meu papel como desenhista (eu ia dizer, como autor de quadrinhos, mas minhas atividades não se limitam só a isso, felizmente) e chego cada vez mais à conclusão de que não faço parte do meio. Muito do que vejo hoje me dá azia. Gosto de estar antenado com o que passa à minha volta no que se refere ao campo das artes gráficas, então sempre ouço um podcast, um evento, uma entrevista, um vídeo sobre um novo gibi, tudo enquanto trabalho e tenho notado como os discursos idiotas se renovam. Os da nova geração parecem incapazes de dizer exatamente a que vieram. As frases são sempre entremeadas com a palavra TIPO, por exemplo: "Eu meio que faço quadrinhos, tipo underground, saca? Tipo Crumb, entende? Tipo, faço do meu jeito, tipo assim, sem me preocupar com o que vão achar, tipo, tô cagando se vão gostar ou não, saca? Tipo, se não for assim, não tem como me expressar!" Uns carinhas com jeitão desleixado, barbas enormes e cabelos como se tivessem levado um choque. As moças cheias de piercings, tatuagens e cabelos multicores. Na verdade o visual pouco me interessa, o que produzem é que me causa preplexidade. Não tenho nada contra quadrinhos engajados, mas usar esta tão rica linguagem apenas para este fim é que me preocupa. Na verdade nem me preocupa, não sou obrigado a ler, mas me causa estranheza. Alguns da velha geração vem sempre a público para falar que o capitalismo é opressor, que a esperança ainda reside no socialismo, que a polícia é fascista e o bandido só é bandido porque a sociedade burguesa não dá a ele chances de disputa em pé de igualdade. Tudo com muita empáfia na voz.

Vivemos, mais que nunca em dias estranhos, com pessoas trocando o certo pelo errado, dizendo que tudo é relativo, tentando te convencer que o claro é escuro e que o breu é luz. Definitivamente me sinto totalmente fora de tudo isto.


Hoje posto a primeira arte de um clássico que ilustrei (e nem sei se a editora já imprimiu), um livro de contos de Artur Azevedo.

Beijos a todos vocês!

A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE COMENTADO PELO ESCRITOR E POETA BARATA CICHETTO

 O livro que tive o prazer de trabalhar ao lado do ficcionista Rubens Francisco Lucchetti intitulado A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE, ...