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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

UMA BREVE RETROSPECTIVA.

Queridos e queridas é isso, o ano de 2011 acena com mãos débeis e cansadas o seu adeus. Passou rápido não foi? Estranha esta rotina de vida que faz com que não observemos adequadamente a passagem do tempo. Como gosto de metáforas, imaginemos uma bela viagem de trem por lugares insólitos e de paisagens exuberantes, ao invés de olharmos pela janela e nos deleitarmos com o panorama, nos fixamos no notebook à nossa frente, nas manchetes de jornais com o celular colado na orelha, e assim perdemos o que Deus nos concede gratuitamente. Daí pensamos, putz, já faz mais de dois anos que Michael Jackson morreu?!? Não foi a seis meses?......... Tá, concordo com vocês, tô sendo piegas pra cacete, eu mesmo passo 80% do meu dia fechado num quartinho que tenho a pachorra de chamar de estúdio pra ganhar a vida e não tenho moral nenhuma pra conclamar a vocês que parem um pouco esta roda viva e subam pra respirar um pouco. Gosto muito do que faço, mas confesso que queria ter ido mais ao cinema, ter caminhado mais ao entardecer na praia com a minha esposa, essas coisas, e isso nem custa muito, basta um pouco mais de ânimo e boa vontade (falo por mim apenas).

Mas malgrado algumas derrapadas ao longo da via, devo dizer que 2011 foi um bom ano pra mim. Ilustrei nove livros de autores clássicos, além de outras artes para os mais variados clientes. Meu personagem voltou à luz do sol após longa hibernação; em agosto foi lançado Grafic Pada Especial Zé Gatão por uma turma que ama as HQs e faz o que pode em prol desta ainda subestimada forma de comunicação e expressão. Em outubro a Devir lançou Zé Gatão-Memento Mori. Que mais eu poderia querer? Sim, esgotar as edições e ser badalado nos telejornais, licenciar o personagem para as mais diversas áreas do entretenimento e assim encher a burra de grana e viajar pelo mundo. Peraí, tudo a seu tempo! Mas falando sério, tô satisfeito sim, há coisas que poderiam ter sido melhores sem precisar sonhar tão alto, como uma melhor remuneração pelas minhas ilustrações, uma maior divulgação e distribuição dos meus livros, mas sabemos que a vida não é perfeita. Perfeito mesmo só Jesus, e é Ele quem concede vida e saúde para mim, para minha companheira, meus pais, minha filha, meus irmãos e os poucos amigos que tenho, e quase sempre esqueço de agradecer a  Ele por isto, pois são estas pessoas que Ele permite que estejam ao meu lado (reais e virtuais) que me auxiliam a caminhar por esta longa estrada, não permitindo que eu me prostre à beira dela, como sinto vontade as vezes.

E só pra constar, o Zé Gatão pela P.A.D.A. esgotou sua primeira tiragem.

Eu queria fazer uma ilustração ainda que rápida para turbinar este post, algo rápido e batido como um vovozinho com uma faixa com 2011 em volta de seu corpo cansado passando o cetro para um infante cheio de vitalidade simbolizando 2012, mas não consegui, fica aí a ideia. Ao invés disto fiquem com uma arte de um dos contos do Machado de Assis, creio que as personagens cumprem a função por mim concebida.

A todos vocês meus sinceros votos de boa passagem de ano e que em  2012 todos realizem os seus melhores sonhos.
Saúde, Paz e Pro$peridade.

Nos vemos no ano que vem, se Deus quiser? Eu espero vocês.



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

PAISAGEM DEPOIS DO NATAL

Bom dia a todos.
Minha segunda-feira começou com uma sensação de ressaca (não, eu não consumo alcool - não mais). Acho que os comes e bebes do Natal me deixaram preguiçoso, modorrento, apático. Pra piorar estou com torcicolo, devo ter dormido numa posição inadequada esta noite. Arre!

Um fato inédito na minha vida é que depois de muitos anos eu fiquei uns dias sem sentar na minha prancheta (desde sexta-feira última). Bem, ela merece uma folga; eu, ao contrário, estive bem ativo esses dias ocupado com compras, filas e como assistente de cozinha.

Acho que volto ao trabalho hoje, talvez não, sei lá. Sem inspiração para desenhar, nem para escrever.

Uma paisagenzinha para começar a semana.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

OS NATAIS DO PASSADO




Está chegando o Natal de 2011. Para mim pelo menos, é impossível não ficar nostálgico.

Eu e meus irmãos nem sempre gostamos desta festa, e existem dois motivos fortes para isto, em primeiro lugar por sabermos que Jesus, Senhor e Salvador, o aniversariante, é preterido sempre. Alguém vai argumentar que Ele não nasceu no dia 25 de dezembro, né? Pouco importa. Se nós aqui do ocidente escolhemos esta data para comemorar o nascimento do Messias anunciado por Deus desde o Gênesis, então tá valendo. Em segundo lugar porque apesar dos esforços da minha mãe em tornar esta data mais saborosa e colorida, meu pai e seu sistema autocrático sempre deram um jeito de nublar o clima. Era difícil não ter uma rusga quase sempre na hora da ceia. Aliado a estes dois fatores, parecia que neste período nossos dramas pessoais ganhavam uma evidência maior, tornando-nos um pouco mais sorumbáticos. Entretanto hoje, as lembranças biliosas perderam parte do seu amargor, talvez porque a medida que vamos envelhecendo, estas coisas outrora tão vívidas, vão se desbotando, sumindo, encobertas pela poeira do tempo e o que fica são mesmo aquelas que realmente tem valor.
Sempre tivemos mesa farta, além do tradicional peru, uma outra ave desta época, pernil, lentilha, tortas salgadas, farofas, arroz à grega, frutas de diversos tipos e variedade de castanhas, havia até três tipos de sobremesas além da tradicional rabanada. Vinho tinto, cidra e refrigerante à vontade. Parece muito para uma família de 6 pessoas, né? Mas em Brasília sempre tínhamos alguns convidados, nem sempre era alguém tão bem vindo, mas fazer o que se as pessoas apareciam na hora H? Fica disso tudo uma grande saudade, principalmente porque naqueles tempos estávamos todos juntos.

Em São Paulo, embora a mesa continuasse variada (minha mãe gostava de fotografar os belos pratos em cima da mesa), um dos meus irmãos não estava presente - tinha voltado à Capital Federal e se casado - o outro com namorada, as vezes passava a data na casa dos pais da mesma, as vezes minha filha estava presente, outras não. Mas os penetras continuavam. Entre eles havia um senhor vizinho nosso, um compadre do meu pai, (viúvo) que sempre era convidado, a gente não curtia muito. Era surdo e morreu na merda, coitado. Pensando bem, ele não causava nenhum incômodo.

Hoje, todos casados (excetuando o caçula), cada um na sua casa ou na casa dos sogros, ou viajando, mais ou menos isto. Continuamos ligados em espírito mas é difícil a reunião, a última vez que estivemos todos juntos foi no casamento do meu irmão médico. A vida é assim.

Lápis de cor é ótimo para desenhos feito às pressas, como foi o caso deste aqui, criado especialmente para esta postagem. O Papai Noel parece triste e cansado, não é? Realmente esta é prova que nosso estado de espírito fica transparente em nossas artes, apesar que me encontro muito melhor este ano do que no ano passado. O final de 2010 foi barra!

Dito isto, quero desejar a todos os que tem a gentileza de me seguir neste espaço e os que eventualmente me visitam, UM ALEGRE NATAL JUNTO AOS FAMILIARES E FELIZ CONFRATERNIZAÇÃO, LEMBREM-SE DO ANIVERSARIANTE E FAÇAM UM ORAÇÃO DE AGRADECIMENTO A ELE POR ESTE ANO QUE PASSOU. Comam bem e moderem no vinho, mas abusem dos refrigerantes (nesta data pode).

Se Deus permitir, semana que vem teremos mais postagens. Até lá.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

BANANAS E MAÇÃS




Pro dia não passar em branco, uma natureza morta das antigas. Como numa época da vida eu tive que produzir uma série destas peças para os cursos de desenhos passo a passo, nem lembro se esta chegou a ser publicada. Mas eu sei que não usei modelos para sua execução, excetuando a caneca azul que até hoje está no armário, inclusive já a utilizei em outras artes com este tema. Abaixo, o esboço para aprovação do editor.
É isso. Fui.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

RELEMBRANDO




 Se meus planos para o universo antropomorfo de Zé Gatão tivessem saído como planejei, teríamos vários arcos de histórias no mínimo curiosas. Uma delas seria uma saga colorida sobre prisão. Sempre curti o tema, e pensei muito num enredo após ler e ficar fascinado por "Memórias Da Casa Dos Mortos" de Dostoievski. O felino cinzento seria enviado para um presídio de segurança máxima e lá passaria por muitos apertos, haveriam histórias paralelas, fugas impossíveis, até Zé Gatão provar sua inocência. Cheguei a produzir o preâmbulo deste enredo (nunca publicado em papel), se você não conhece, taí o link se quiser conferir:

http://www.universohq.com/quadrinhos/pg01.cfm

Por diversos motivos tive que suspender a ideia e nunca pude retomar, uma que logo me dei conta que era muito difícil publicar HQs aqui no Brasil (aliás, em qualquer lugar), colorido então nem se fala! Depois, a qualidade gráfica imaginada por mim não sairia como planejado, pelo menos não naquele período. Outro problema é que um material pesado como este, colorido com as técnicas que me agradam, conflitariam com outros projetos que tinham mais urgência. Com o tempo deixei pra lá.
Recentemente até pensei em ressuscitar o tema após assistir as quatro temporadas de Prison Break, mas sinceramente meus caros, não tenho mais pique. Na boa, a menos que me paguem muito bem, não há como botar as mãos na massa. Com a meia-idade esmurrando as portas e família pra sustentar, fica muito difícil a arte pela arte, inclusive já falei isto aqui diversas vezes, não vou repetir a questão.


Fiquei muito feliz com a publicação de Zé Gatão - Memento Mori, mas foi quase ignorado pelo "mídia especializada". Foi anunciado pelo Universo HQ e pela HQM, mais nada. E até agora só foi resenhado pelo blog Melhores do Mundo:

http://www.interney.net/blogs/melhoresdomundo/2011/12/15/ze_gatao_memento_mori/

Uma crítica bacana, algumas pessoas parecem entender meus "points". Tentei deixar uma mensagem no blog mas não consegui. Fica registrado minha gratidão por aqui. Valeu Bugman. Brigadão também aos que tuítaram recomendando o álbum. Desta forma não tenho nem do que reclamar. Fiquei sabendo pelo meu brother José Roosevelt que na Europa bons artistas também batalham com certa dificuldade para publicar seus álbuns, e a tiragem também é baixa. Vendem mais nos festivais como os independentes daqui.

Bem, imaginei outros arcos de histórias mas nunca sequer fiz esboços de roteiros, apenas rabiscos de personagens, como estes mostrados aqui, pra ver se eram funcionais ou não.
Ainda há um argumento que gostaria muito de realizar com este personagem, seria o apocalipse dos animais, mas botar as ideias no papel vai depender muito do meu tempo daqui para frente. Boas vendas em relação às edições da DEVIR (sim, sai outro ano que vem) dariam um gás extra. Aguardemos os acontecimentos.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

FELINO RABISCADO

Amadas e amados, parece mentira que 2011 está a pouquíssimos dias do seu ocaso! Como passou rápido! Nestes dias em que muitos entram de férias, parece estranho que nos agitemos tanto e nos cansemos mais com os preparativos para as festas de fim de ano.

Esta semana pra mim já começou com maremoto, são muitas pequenas coisas que resolver, compras, filas quilométricas, expectativa por trabalhos que estão custando a ser aceitos e eu perigo entrar no mês de janeiro de 2012 com os bolsos vazios.
Mas como disse Mr. John Lennon, "a vida é dura e você tem que ser forte". Não esmoreçamos na caminhada, achar que a partir do dia primeiro do ano que entra vai ser tudo melhor ou mais fácil é apenas uma ilusão que nos damos ao luxo de acreditar, algo como aquele valor que tem 99 no final, tipo R$ 3,99, ninguém pensa que na verdade o produto custa R$ 4,00, a mente te engana que custa R$ 3,00, não é assim? Bem, não sei se disse uma besteira, mas acho que vocês entenderam.

Estes dias, até o encerramento das postagens deste ano, pretendo exibir esboços e mensagens rápidas por causa do fator tempo. Fica aí um leopardo feito rapidinho na bic azul.

Boa semana procêis. Fui.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

EU E O TEATRO.




Eu resisti muito a entrar na faculdade. Queria falar sobre isto com mais tempo, mas se for esperar estar desocupado não escrevo nada aqui.
Na verdade só fiz minha inscrição para o vestibular em 1985, por muita insistência de minha mãe. Nunca me senti muito a vontade do meio das pessoas, então, assim que acabei o meu segundo grau, foi com um suspiro de alívio. Estudos, pensei eu, nunca mais. Nada contra o saber, que fique claro, o que nunca suportei era a escola enquanto instituição de ensino e seus métodos arcaicos. Pelo menos era o que eu dizia a mim mesmo. Hoje eu diria que era a minha inadaptabilidade a qualquer meio que me fazia pensar assim. Estar entre pessoas, ter que conviver com toda a gama de esquisitices que elas trazem me dava vertigens.
Já que você gosta tanto de desenhar, porque não faz algo ligado a arte? Indagava minha genitora. Tá, tudo bem, eu disse.
Fiz minha inscrição para as provas ciente que não passaria nem pela porta da faculdade. Sempre fui péssimo aluno. Mas passei, e com boa colocação. Não acho que fosse um curso muito disputado todavia. Licenciatura Plena em Artes Plásticas, foi minha escolha de curso, e eu nem sabia que raios isto significava.
Bom, como eu disse, passei, mas naquela época, se me lembro bem, só haviam aulas de manhã e a tarde, como eu trabalhava em tempo integral, tive que pagar a matrícula e tranca-la antes mesmo de começar o curso. Louco, né? Pois é, naquela faculdade era possível. Depois de um ano mais ou menos, abriu as aulas noturnas e finalmente me vi numa sala que ficava num anexo das instalações da faculdade no Centro Comercial Sul, o CONIC. Cadeiras colocadas em círculo e tive que passar pelo vexame de me apresentar, dizer de onde vinha e o que eu esperava do curso, como se estivesse no primário. Não lembro o que respondi,  mas recordo que não reconheci a minha própria voz. Eu trabalhava bastante durante o dia e a noite após as aulas eu tinha ainda disposição para puxar ferro no quartinho de empregada lá em casa, eu despejava  minhas frustrações nos pesos, era uma válvula de escape, sempre foi. Depois de umas duas semanas em certa agonia, mudo num canto da sala, tivemos nossa primeira aula de improvisação teatral, acho que o nome era esse. O professor, mais veado impossível, era uma figura que lembrava o Salvador Dalí até na forma de se expressar, cheio de caras e bocas, gesticulava mais que o Doutor Gori do seriado Spectreman, mestre em frases de efeito, se gabava se ter sido assistente do Ziembinski e que havia morado e comido pão com mortadela no período de vacas magras com a cantora Maria Alcina.
Foi por aí que comecei a me sociabilizar. As aulas, excelentes por sinal (aquele professor tinha ótima didática), me fez ficar a vontade nos grupos onde fazíamos grandes trabalhos. Ele dava um tema e nós desenvolvíamos à nossa maneira. Como ator, eu não podia ser pior, embora sempre fosse elogiado pelos colegas de classe (que era composto por uns 80% de mulheres), mas tinha bons argumentos para levar a cabo as ideias que eram propostas.
Eu esperava sempre ansioso por aqueles exercícios, isto porque as aulas de desenho, escultura, fotografia e etc, não me despertavam interesse, eram pouco desafiadoras e modéstia parte eu tinha bom domínio daquilo tudo, História da Arte então eu tirava de letra, só tinha notas boas. Eu me lascava mesmo eram em matérias como psicologia, didática e sei lá mais o quê, pois isto não me motivava. Mas teatro não, aquilo me impulsionava, me fazia querer mais; contar histórias, desenvolver cenas, mímica e tudo mais me tiraram de minha concha, pelo menos por um período.
Em 88, sofri um revés emocional que me deixou sequelas, não pude continuar o curso. Na verdade foi um somatório de coisas que quase me alienaram. Tranquei a matrícula. Voltei um ano e meio depois para o período vespertino pois estava desempregado, não era a mesma coisa, outra turma, outras matérias. Mas ali cheguei a produzir uns bons trabalhos a óleo sobre tela e algumas esculturas em argila. Estas artes ficaram em exposição um tempo e foram sumindo uma a uma. Não eram meus na verdade, pertenciam à faculdade. Alguns espertinhos, alunos e mestres levaram pra suas casas, eu acho.
Pintei ainda uns murais, muito elogiados. Foi ali que meu professor de pintura a óleo me deu um conselho que nunca segui: "Se você quiser fazer sucesso com a pintura, abandone esta sua veia neoclássica".
Conclui meu curso de professor de artes sem fazer parte da festa de formatura. Voltei pra concha.

Estas aquarelas e estudos são da capa do livro " O Juiz De Paz Na Roça" e " As Casadas Solteiras" do Martins Pena.

Tenham todos um bom fim de semana.






quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O MISTERIOSO CASO DOS LOBISOMENS GIGANTES (CENA 03)


Existem vários tipos de clientes, mas eu destacaria dois tipos, o fácil e o difícil. O fácil é aquele que você sente empatia logo de cara (é raro como chifre na cabeça de um cavalo, mas não impossível de encontrar), ou ele te passa o projeto te deixando livre para criar, confiando no seu talento, ou ele vem com as idéias prontas só pra você executar. Este tipo de raridade é o sonho dos ilustradores. Agora tem o tipo difícil, é aquele que normalmente não sabe bem o que quer, você tem que adivinhar o que está dentro da cabeça dele e tentar corporificar uma coisa que não está clara nem para ele. Resultado, nada tá bom, não era isso ou aquilo que ele pensava e etc. É horrível. Perde-se muito tempo e consequentemente a maioria te culpa pelo não andamento da coisa, no fim eles acham que você não é bom profissional e tudo que sobra são mágoas de parte a parte. No momento estou em negociação com três clientes que correspondem a este tipo difícil. Estou sempre precisando de grana e tenho que me submeter a certos vexames. Vamos ver o que vai rolar.

Temos aqui a terceira cena da minha série de Lobisomens Gigantes. Este está politicamente incorreto toda vida, dando margem (como sempre) pras pessoas julgarem meu trabalho e minha personalidade de forma errônea. Mas o que posso fazer se gosto de carregar meus temas com simbolismos? E claro, a tentaçãozinha de transgredir as vezes.
Este tema, que já expliquei em postagens anteriores, tem cinco imagens que por si só contam uma história que o expectador completa em sua cabeça. Bem, algo assim. Ando tendo umas ideias para criar mais desenhos, mas me falta tempo para tanto. Isto porque o enredo me fascina. Sabiam que já vi um lobisomem? É sério! E antes que vocês pensem que fiquei doido ou que dei pra mentir depois de velho, eu afirmo que vi. Ou penso que vi. Era imenso e com pelagem de tons avermelhados, tipo um lobo guará monstruoso. Eu era bem gurizinho na "Guarulhos selvagem" dos anos 60. Posso ter visto alguém fantasiado, como aqueles caras que colocam aquela roupas ridículas de gorila nos parques de diversões. Também posso ter sonhado, ouvi muitos relatos dos interioranos sobre homens-lobo e isto ficou registrado no meu subconsciente, vai saber. Por exemplo, por causa do que ouvi sobre os sacis, toda vez que eu e outros da minha idade víamos um rodamoinho de poeira, a gente corria pra casa com medo que ele surgisse. Não dá pra negar que tive uma infância cheia de fantasias. Well, se com os olhos da cara ou nos devaneios da mente, o fato é que vi. E a lembrança enevoada e fantasmagórica ficou registrada e de alguma forma tento transmiti-la através dos inúmeros lobos que desenhei. Mas nem de longe passa perto do que tenho como real.

Falando em pessoas vestidas de macaco nos parques, qualquer hora destas vou fazer um post sobre a Monga, a Mulher Gorila. Tenho lembranças interessantes sobre o tema.

Bom dia a todos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

ESBOÇO DE FELINO

Uma passada rápida por aqui para desejar a vocês um bom dia e também deixar uma arte.
Esta é a base esboçada para uma pintura em aquarela de um bichano selvagem. Um detalhe dela, na verdade.
Fiquem bem.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

UMA CONVERSA OCORRIDA A MUITOS ANOS ATRÁS.

- Bom dia Fulano, tudo bem?
- Olá, muito prazer.
- Muito prazer, não. Já conversamos em duas ocasiões!
- Mesmo? Puxa, desculpe aí a minha falta de memória...
- Ah, tudo bem, eu sou o autor do Zé Gatão.
- Sim, sim, lembrei agora! Como vai?
- Bem, obrigado. Seguinte, estou disponível, se tiver trabalho pode contar comigo.
- Trabalho, né? Sei, trabalho sempre tem, mas vou avisando logo que estou a procura de profissionais. De artista já estou de saco cheio, eu preciso é de gente que trabalhe bem e cumpra prazos.
- Então está falando com o cara certo.
- Será mesmo?
- Porque a dúvida?
- Vocês desenhistas sempre se acham importantes demais, querem impor suas aquarelinhas como se fossem
a última coca-cola da geladeira, não aceitam sugestões de ninguém e levam séculos pra terminar uma arte, não levando em conta que nós editores temos um negócio pra tocar.
- Olhe Fulano, eu não sou assim.
- Não? E porque você seria diferente?
- Procuro deixar o artista sobressair em meus trabalhos pessoais. Para os encomendados eu me comporto como uma puta. Pague o meu preço e faço o que você me pedir.
- Gostei de ouvir isto, espero que não seja uma puta de luxo.
- Alguns artistas são como putas de luxo. Por enquanto eu sou aquela da esquina da boca do lixo. Mas só por enquanto.
- Veremos. Tenho um projeto em que o seu traço pode ser útil. Fale com minha secretária na semana que vem.
- Estou falando com você agora.
- Tá brincando? Não trato de assuntos assim, no meio da rua. Marque uma hora com a minha secretária. Tem o número?
- Tenho.
- Ok, então aguardo sua comunicação. Passar bem.
- O mesmo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

MATANDO UM LEÃO POR DIA.

Como diz a música, o tempo não para. Acho que todos nós, num momento ou outro da vida, fazemos planejamentos pra um dinheiro que vai chegar. Na cabeça tudo parece possível, até o momento de colocar na ponta do lápis, aí sacamos que a realidade é bem diferente.
O que tenho ganhado com minhas ilustrações estes anos todos, tem dado pra manter minha família com um conforto razoável. Moro num bairro legal (embora esteja um tanto abandonado pela prefeitura), minha geladeira está sempre farta, me visto bem, vez ou outra pego um cineminha e tal. Mas quaisquer outros luxos... ah, nem pensar! Não tenho carro (sequer sei dirigir), meu apartamento é alugado (o sonho da casa própria vai se tornando cada dia mais inalcançável), e se me mantenho atualizado no mundos das HQs, em primeiro lugar, é que meus irmãos (meus grandes heróis) vez por outra me presenteiam com book arts e quadrinhos, e em segundo, alguns editores que me prestigiam, enviam suas cortesias.

Todas as vezes que vou negociar uma nova comissão, apresento os valores que acho razoáveis (fica inclusive bem abaixo da tabela proposta pelo sindicado de ilustradores do Brasil, que é o sonho dos desenhistas, mas reconheço que são impraticáveis), e nunca consigo fechar num preço que me permita respirar aliviado entre um job e outro. Os editores, consultores, atravessadores e sei lá mais o quê, tem sempre um monte de argumentos que nem valem a pena destrinchar aqui; eu que sempre estou matando jacaré a beliscão, tenho que aceitar o que eles "podem" pagar, e é sempre muito inferior ao que vale.

O assunto é velho e nem adianta ficar discutindo se existem soluções. Os impostos são altos, eu sei, mas eu também os pago, certo? O que me resta é agradecer a Deus por manter estas portas abertas, respirar fundo e procurar dar o melhor de mim não importando o quanto isto custe

.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ESBOÇOS DA ÉPOCA EM QUE NAPOLEÃO ERA CABO.





Hoje pela manhã ao procurar uns papéis antigos, me deparei com estes esboços feitos a guache.
São de 1986.
Lembro-me bem do dia que os fiz. Nesta época eu trabalhava no SENAC de Brasília e aguardava a aprovação de umas artes para apostilas. Enquanto esperava, eu lambuzava um bloquinho de recados com um pincel úmido com tinta.
Sempre preferi as figuras femininas para estes estudos. Preciso dizer porque?



quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

MAIS UM POE.

No som do computador estou ouvindo Sweet Dreams na guitarra do Mark Knopfler e do Chet Atkins pela milésima vez, dá pra se sentir nostálgico e melancólico. Sinceramente acho que é uma canção para se ouvir sozinho num dia frio, não no calor que faz nesta cidade. Mas como não há outro jeito, o melhor a fazer é relaxar e aproveitar o vento morno produzido pelo ventilador.

Estou vagabundo estes dias enquanto aguardo duas confirmações de trabalho. Sinto-me culpado, eu deveria estar adiantando minhas artes pessoais, mas qual o quê, ao me sentar na prancheta um desânimo sobrenatural submerge toda e qualquer inspiração. Tenho me questionado mais que nunca se vale a pena o esforço. Na verdade tive momentos de entressafra antes, então vou aproveitar estes dias sem esquentar demais a cabeça com coisas inúteis. O bom e velho desejo de criar sem a preocupação do retorno financeiro há de reaparecer, então vamos ver o que sai.

Enquanto isto não acontece, fiquem com uma cena da biografia do Edgar Alan Poe.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

UM BÁRBARO QUALQUER.


Já faz um bom tempo um editor de São Paulo me pediu uns esboços para uma HQ curtíssima sobre um bárbaro, tipo Conan. A história não teria texto. Ele me enviou um briefing e eu rabisquei. Nem lembro mais porque teria de haver espaços em branco (para por algum anúncio, talvez?), tampouco sei para onde isto seria destinado. Lembro que não era exatamente uma revista em quadrinhos.
Bem, até hoje não tive retorno, presumo que a coisa deu em nada. 
Achei estes traços por acaso numa pasta do meu comutador. Como não sei onde estão os rabiscos originais para escaneá-los numa resolução mais baixa, posto da maneira como estão só para ficar registrado. 




segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PRA COMEÇAR BEM A SEMANA.

Bom dia a todos.

Sabem quando não se dorme bem por qualquer motivo? A gente acorda com a cabeça pesada, cefaleia, olhos como se tivessem areia bem fina na superfície, lentidão de movimentos e por aí vai. Tenho estado assim esses dias, o calor também ajuda a dormir mal. Isso e outras coisas mais. É a vida... e temos que seguir em frente.

A arte abaixo é uma cena de um clássico brasileiro e reflete bem como eu e Verônica ficamos ao constatar que um dinheiro que deveria entrar na nossa conta na última sexta-feira não tava lá.

Quem sabe esta semana?

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ESBOÇOS PARA ILUSTRAÇÃO DE LIVRO



Amadas e amados, boa noite.
Dois rabiscos só para fechar a semana.
A arte já está pronta mas ainda não tenho permissão para mostra-la.
Em breve, querendo Deus.
Beijos a todos.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O BOM E VELHO MACHADÃO


Ontem pela madrugada terminei os CONTOS SELECIONADOS DE LIMA BARRETO, foi um trampo cansativo, não exatamente pelas artes, mas pelo prazo muito apertado, e acima de tudo tinha que manter o padrão de finalizações que escolhi para esta linha de livros clássicos.

Até que apareça outro job, estou desempregado; bem que gostaria de aproveitar este tempo livre para retomar a biografia do Poe ou dar continuidade aos meus projetos pessoais parados a tanto tempo. Mas não sei se será possível, parece que a historinha da água para a COMPESA está sendo ressuscitada, aguardo uma ligação a qualquer momento.
Isto é bom, pois significa contas pagas em dia, por outro lado as artes pendentes vão envelhecendo nas gavetas.

Well, vamos seguindo em frente.


A arte de hoje é a capa para "RELÍQUIAS DA CASA VELHA" do Machado de Assis, pronta já faz uma data. Aquarela no papel canson. A paisagem foi inspirada num quadro do Almeida Júnior.
Esta nova fornada de livros deve ser impressa ainda este ano se Deus quiser.


Fiquem bem.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O ESCARAVELHO, DE DANIEL MUNIZ .

Ontem na minha página no Facebook tive a grata satisfação de encontrar uma mensagem do artista Daniel Muniz dizendo que o curta que ele estava produzindo sobre seu personagem O ESCARAVELHO já estava pronto. Trabalho muito legal e que merece ser visto. O Daniel é destes caras que não esperam que a coisa aconteça, ele bota a mão na massa (literalmente) e faz a coisa acontecer. De quebra, na abertura da animação, ele homenageia personagens brasucas (inclusive um certo felino, cria deste vosso humilde escriba).
Tentei colocar o vídeo aqui mas não consegui. Segue então o link:

http://www.youtube.com/watch?v=jS9vj21VGeo&feature=youtu.be

Para saber mais sobre O Escaravelho:

http://hqquadrinhos.blogspot.com/2011/07/escaravelho-by-daniel-muniz.html

O blog do Daniel Muniz:

http://www.danielrmuniz.blogspot.com/

Sucesso Daniel e grato mais uma vez pela homenagem.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

NOVIDADES EM BREVE

Passagem rápida aqui pra noticiar a vocês dois projetos que (espero) em breve entrarão no forno.

Aqueles que me acompanham a mais tempo certamente se lembrarão de um curso que desenvolvi de como desenhar super-heróis que foi abortado por uma editora de renome. Inclusive, várias imagens foram postadas aqui; pois bem, o dito material sairá em breve por uma outra editora. Aliás, este tema parece ser as minhas postagens mais populares, como pode ser verificado à direita desta página.
Ainda não há contrato assinado, nem nada, mas já estou retrabalhando os textos. Na verdade por causa do número de páginas tivemos que mudar o foco do projeto, será mais uma vez um estudo de anatomia, mas agora para super-heróis, com vários passos a passos de como desenvolver uma figura heroica, segundo a minha ótica, naturalmente.

A outra possível publicação trata-se da compilação em livro das HQs eróticas que criei nos anos 2001 e 2002. Digo possivelmente, por que já não é a primeira vez que um editor tenta juntar este material sem sucesso. Mas os interessados estão bastante entusiasmados, então vamos aguardar.
Pra ser sincero fico um pouco constrangido com estes quadrinhos, não pelo tema, mas é que embora tenham bons momentos, há passagens que eu poderia ter feito melhor, sei lá, acabo pensando assim em relação a tudo que faço, então...

Mas é coisa para o ano que vem, se tudo der certo. O de super-heróis deve sair primeiro.

A arte de hoje é a última ilustração de "Memórias De Um Sargento de Milicias".
Beijos pras gatinhas e abraços pros gatões. Fui.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

PAUSA PARA UM CHARUTO E ALGUMAS REFLEXÕES.

Esta semana na verdade nem era pra eu fazer postagens mais longas, me atrasei (como sempre) com alguns trabalhos e agora terei que recuperar o tempo perdido (como se fosse possível) se quiser receber dentro de um  prazo pra eu não ter que enfiar o pé na lama de novo. Só que mais uma vez me dou conta que não estou mais com 30, 40 anos, tenho me cansado rápido, no momento minha mão direita clama por água com gelo e uma gostosa massagem, se volto à prancheta agora (e eu precisava muito) a qualidade do traço fica comprometida. Descansar é preciso. Tem também o desgaste mental, daí o porque de me ausentar daqui um pouco, mas na semana passada ocorreu algo que me fez pensar (sim, por incrível que pareça, eu penso!) e uma ideia ficou na minha cabeça como uma torneira que pinga no silencio da escuridão. VIREI VERBETE DE ENCICLOPÉDIA.

Fui a uma consulta na sexta última e aproveitei pra ir ao shopping resolver umas coisas, pra não perder o costume eu entrei numa livraria pra dar uma olhada nas novidades. Agora é comum as grandes livrarias terem um espaço dedicado aos quadrinhos, então passei uma vista d´olhos pelos títulos e na seção de lançamentos me deparei com A ENCICLOPÉDIA DOS QUADRINHOS, da autoria do Goida e do André Kleinert . O Goida na verdade já tinha lançado uma edição da Enciclopédia dos Quadrinhos no início dos anos 90, mas era algo mais modesto. Esta nova edição está bem ampliada, com mais verbetes (grande parte deles de autores nacionais), mais informações e ilustrações e tal.
O livro é encorpado, bonito de se ver, como tinha pressa só dei uma folheada; claro que fui direto na letra "S", e foi uma surpresa encontrar o meu nome ali, por que na real, eu me considero um autor de HQs que ainda não conseguiu sair do underground, do esqueminha alternativo, enfim não sou um quadrinista popular ou se você prefere, não sou do primeiro time (e nem do segundo), daí é lisonjeiro que alguém tenha lembrado que eu existo.
Dei uma lida na informação e saí de lá bem satisfeito. Verdade, todos queremos ser citados, ninguém está imune a isso, pode ser o Bukowski, o Poe, o Lovecraft. Na verdade passamos a vida buscando a aceitação. Tem o fator vaidade claro, mas o que me interessa hoje quando vejo algo assim é, no que isso pode me ajudar a dar um passo além? Nada talvez, aí então o que sobra é apenas aquele orgulhinho besta de ser citado num livro.

Mas o que me levou a escrever sobre isto, além de me exibir, foi que fiquei ruminando o texto da enciclopédia. Ali falava, lógico, do Zé Gatão, que com um único álbum eu, blá blá blá... sim, citava também  meus álbuns de anatomia. "Um único álbum?" Existem pessoas que só conhecem o primeiro gibi do Zé Gatão, e tem pessoas que só ouviram falar daquele que saiu pela Via Lettera. E pelo visto pouquíssimos sabem que saiu o terceiro pela PADA e o quarto pela DEVIR. Boa parte dos que me que me conhecem nunca viram os quadrinhos eróticos que fiz no início do novo milênio. E porquê? Simples, alguns trabalhos não são divulgados adequadamente, outros são alardeados a exaustão.
Certa vez eu e o Arthur Garcia conversávamos sobre isto. HQ nacional não vende, diziam; sim, não vende naturalmente porque não existe propaganda do produto. Ah, mas o Maurício de Souza tem mais saída que Homem-Aranha e X-Men juntos. Óbvio, porque dos produtos dele todos falam a respeito.
O que levou as Spice Girls fazerem tanto sucesso naquele período? Não quero aqui discutir modismo ou qualidade musical, só lembrar que a difusão em cima das garotas foi maciça.

O Goida e o André Kleinart, com certeza nem sabem que existem mais HQs minhas por aí. Divulgação e distribuição ainda continua sendo um problema pra mim. Com isto não estou dizendo que meus editores não fizeram um bom serviço, eles querem vender, talvez os jornalistas especializados se esqueçam ou não deem bola, sei lá. A esta altura do campeonato já nem interessa mais pra ser sincero. Como já disse aqui, fiz a minha parte.

Para quem se interessar por mais informações sobre esta publicação seguem aí um link com uma entrevista legal com o Goida:
http://www.lpm-editores.com.br/site/default.asp?TroncoID=805133&SecaoID=500709&SubsecaoID=0&Template=../artigosnoticias/user_exibir.asp&ID=527221

Beijos a todos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O DEMÔNIO INTERIOR.

Ele já estava cansado de filas, aquela era a terceira que ele enfrentava em um curto espaço de tempo. A primeira foi no caixa eletrônico pra ver o saldo. Havia uma velha e um gordo na sua frente. Ele sabia, gordo é velho é garantia de lentidão aonde quer que seja. Não deu outra, foram mais de 20 minutos pra uma simples operação de verificação de extrato e saque.
A fila seguinte foi no mercado, ele só fez as compras que sua esposa pediu antes de ir pagar a conta na casa lotérica porque havia poucas pessoas na fileira. Ledo engano, os poucos caixas de atendimento eram mais lerdos que uma lesma manca e foram pelo menos mais 25 minutos de desperdício de tempo. O pior era um cara atrás dele, falando como um revolucionário idiota, que o que faltava era concorrencia, que aquela demora toda era porque brasileiro não gostava de trabalhar. Na sua frente uma velha começou a dizer que todo mundo reclama mas na real ninguém faz nada pra mudar, em vez de observar o pôr do sol, ou ouvir o canto dos pássaros, as pessoas preferem se queixar. Estava entre a cruz e a espada.

Na lotérica a fila não demorou tanto, quando chegou a sua vez foi atendido por uma negra obesa e estrábica, ela olhou para ele dando a impressão que fitava o cara de trás. Primeiro fez sua fézinha na mega sena, pagou com uma nota de dois reais, uma cédula que parecia ter sido ruminada por um bovino doido e depois cuspida. Estava louco pra se livrar dela. A mulher pegou a nota com nojo. Depois ele apresentou a fatura. A negra digitava enquanto conversava com a colega do lado, ambas atrás de um vidro espesso com película. Pagou meio sem jeito por causa das sacolas com as compras. Olhando para a pessoa de trás a enorme atendente perguntou algo. "Quê?!?" Indagou.
"Tem dois reais pra ajudar no troco?" O tom da mulher era ríspido e impaciente. "Não, não tenho". Com um bufar na respiração a gorda lhe deu o troco, ainda conversando com a parceira. Alguém atrás reclamou da demora, pensou que fosse o cara do mercado, não era, é que o mundo estava cheio de gente assim. Pelos menos esses verbalizavam o que sentiam. Ansioso pra sair dali, meteu as moedas e cédulas no bolso e ganhou a rua, batia uma brisa fresca vinda do leste, foi aí que conferiu o dinheiro e se deu conta de que a nota  de dois "triturada" tinha voltado pra ele, e pior, faltava ainda dois reais no troco. A mulher arrogante, papeando com a amiga, não prestara atenção ao trabalho. Voltou pronto para a reclamação, mas desistiu ao constatar que ela estava tendo um violento entrevero com outro cliente.
Dois reais não valem a pena mais uma dor de cabeça, pensou, depois ele errou não verificando a grana ainda na presença do caixa.
É, não tinha sido um bom dia.

 

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ZOO DOIS, MAIS UMA VEZ.


Recebi esta semana (não, minto, semana passada) meu exemplar autografado do Zoo 2 do meu companheiro de tantos anos, Nestablo Ramos Neto.
Rapaz, ler uma HQ tão envolvente, tão bem ilustrada, escrita de forma que te convida a entrar na trama e não largar até chegar a última página, me faz crer que realmente os quadrinhos nacionais vivem um bom momento. Não acho que exista um mercado ainda, mas já falamos disto, né?
Tenho percebido que há uma tendencia em muitos gibis atuais ao traço mais tosco, mais sujo, por assim dizer. Um desenho feito com pincel grosso, quase seco, primário até. Não digo isto com tom de crítica, embora pareça. Trata-se de estilo, de auto-expressão, de dar mais voz ao conteúdo que a forma (embora isto também seja uma bela desculpa para não fazer a coisa direito). Já ouvi pessoas dizerem que estão cansadas do traço certinho, eficaz, querem ver coisas mais "ousadas". Então é natural que uma graphic novel como Persépolis faça tanto sucesso (aliás, não li ainda, tenho curiosidade) e venha no vácuo um monte de coisas duvidosas. Por estas e outras, o Zoo 2 é algo tão legal.
Netão, como costumo chama-lo, critica de forma franca os maus tratos aos animais, levantou esta bandeira e pelo visto vai lutar esta guerra até o fim através do seu belo trabalho, não importando quão difícil seja. E o faz com muito estilo, elegância e bom humor, o que dilui a violência de algumas cenas. Enfim, é um excelente álbum. Recomendo.

E puxando brasa para a minha sardinha, Zé Gatão faz sua pequena (mas eficaz) participação como mostra uma das páginas abaixo. Obrigado pela homenagem amigão.


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

ZÉ GATÃO - CRÔNICA DO TEMPO PERDIDO (ENCERRAMENTO)


Embora eu sempre afirme que um dos meus sonhos é ler algo que tenha publicado sem me sentir constrangido, não posso deixar de sentir certo orgulho de algumas coisas que produzi, e isto é muito mais pela sensação de dever cumprido do que propriamente pelas qualidades da obra em si. Uma parte de mim insiste em afirmar que poderia ficar muito melhor (de fato é verdade), enquanto outra parte tenta me convencer de que faço o melhor que posso com as condições que disponho (o que também não é mentira). Mas há uma ponta de tristeza quando vejo um material, como o meu segundo álbum, se despedindo do público. Trata-se de "Crônica Do Tempo Perdido".


 Conversando com o editor da Via Lettera fiquei sabendo que o foco da empresa no futuro não serão os quadrinhos, e Zé Gatão (que nestes quase dez anos de editora não foi exatamente um sucesso de vendas) não terá uma segunda edição. A editora possui pouquíssimos exemplares em estoque, fora alguns consignados ainda com alguns clientes, portanto, você que está conhecendo agora e tem interesse em adquirir, ou já conhece a muito tempo e sempre adiou a aquisição, eu aconselharia não perder tempo e procurar em alguma Comic Store ou pela internet, soube que o Submarino possui o item em promoção, e também algumas livrarias virtuais. Já me passaram e-mail perguntando se tenho para vender. Não, não tenho.
Evidentemente sempre há a possibilidade de republicação por outra editora, mas na boa, eu duvido que isso aconteça.
De qualquer forma fica aqui expressa a minha gratidão aos editores Jotapê Martins, Monica Seincman e Roberto Gobatto.


A Via Lettera editou 1000 exemplares deste livro. A população brasileira ultrapassa o número de 180 milhões de habitantes. Tiremos a grande porcentagem de analfabetos, subtraiamos os que não tem o habito de ler quadrinhos, separemos os que só curtem HQs de humor, super heróis ou mangás, coloquemos de lado os que desprezam o material nacional que não seja Monica ou Pererê. Afastemos os que não tem grana pra gastar com gibis caros vendidos em livrarias. O que sobra? Um número reduzido que gosta de colecionar  material alternativo, ou indie, ou underground, ou como raios você chame. Tenho certeza que são poucos, mas ainda assim certamente ultrapassa os tais mil. Entendem o que quero dizer?


Bem, não posso me queixar no final das contas. Limitei muito o meu público fazendo meus quadrinhos como quis (que no fundo faz parte de um grande desabafo), e não me arrependo. Fiz sozinho, ninguém me apontou um único lápis. Demorou, mas consegui publica-los sem fazer parte de grupos ou panelas. Acho que posso me considerar um vencedor.
Glórias a Jesus.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

REEDIÇÃO DE DESENHANDO ANATOMIA FIGURA FEMININA


O álbum de Anatomia Feminina, editado pela Opera Graphica foi meu único trabalho que esgotou em pouco tempo. Digo isto com uma pontinha de orgulho. E, claro, o natural seria uma segunda edição, só que a referida editora fecharia suas portas um tempo depois. Neste período, uma reedição era estudada por uma nova editora. Demorou um pouco mas, os planos finalmente se concretizaram. Já está em circulação ( faz um mês ) uma nova edição deste título pela Editora Criativo, revisado e ampliado. Me pediram para acrescentar mais alguns desenhos e informações e também agregaram matérias de outros cursos que fiz.


Eu havia elaborado uma capa diferente para este livro mas acharam sensual demais. Tentei uma outra versão mas também não gostaram ( as duas já foram postadas aqui no blog ), então acabaram usando a original da primeira edição.


Não julgo nem comento meu próprio trabalho, deixo isto para os outros, o que posso dizer é que está uma belíssima edição. Os interessados em adquirir é só entrar em contato com a Comix no link abaixo:

  http://www.comix.com.br/product_info.php?products_id=14400

Um bom final de semana a todos vocês e muito obrigado pelas visitas.

A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE COMENTADO PELO ESCRITOR E POETA BARATA CICHETTO

 O livro que tive o prazer de trabalhar ao lado do ficcionista Rubens Francisco Lucchetti intitulado A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE, ...