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quarta-feira, 20 de abril de 2022

O NADA ENGOLINDO O TUDO.

Há muito tempo eu não sofria com problemas financeiros, claro, na minha vida nunca sobrou dinheiro mas as contas  estavam em dia e nada faltava em casa e fazia muito tempo que eu não pedia grana emprestado a alguém. Tudo começou com um atraso na entrega das páginas para a editora para qual trabalho atualmente, como eles pagam sempre de vinte a trinta dias após a emissão da nota fiscal, meus boletos chegaram antes de eu receber e aí, ó, os juros não querem nem saber. O tiro de misericórdia veio com aquele dinheiro que eu perdi (fato relatado aqui há algumas postagens atrás). Quando a coisa sai do controle fica difícil equilibrar de novo. É queridos e queridas, não está fácil! Mas já passei por crises bem piores.  Houve um tempo que eu não tinha trabalho nenhum.

Tenho tentado labutar num ritmo mais acelerado sem deixar cair a qualidade, mas não tem adiantado, não consigo correr com os traços mais rápido do que estou acostumado. O que me faz perder um certo tempo são as minúcias da história, faço o roteiro também e a saga de Alcides (alguns chamam de Alceu), na mitologia grega ele é conhecido como Héracles, entretanto é com a alcunha de Hércules que o identificamos. A jornada dele é muito pesada e dramática - muito antes dos famosos 12 trabalhos - e eu tenho que condensar tudo em 78 páginas, então tem elementos que preciso resumir sem deixar a carga emocional esvair. A arte, bem, essa é discutível.   

Minha mão direita dói, mais especificamente os dedos indicador e polegar (com eles eu seguro o lápis e as canetas). Meus lombares idem, minha cadeira quebrou e ela fica um pouco mais baixa do que deveria em relação à prancheta, uso um cobertor dobrado (na falta de uma almofada) para tentar compensar a altura, então sento-me para trabalhar em posição inadequada, e isso muitas e muitas horas por dia até alta madrugada e convenhamos, já não sou mais um mocinho.

Meus olhos estão cansados também, mas é de chorar. Hoje, dia 20 de abril, é um dia emblemático para mim; há um ano atrás meu irmão Gil partiu para a eternidade me deixando ser abraçado pelo vazio que cresce dia a dia. Não falo essas coisas com ninguém, não há palavras que façam a saudade diminuir e não quero ser alvo de comiseração e é chato incomodar os outros com lamúrias. A vida segue, claro, mas com fardos que pesam mais e mais a medida que os anos avançam. 

Coisas como as que eu digo aqui eram divididas com ele, risos, choros, sonhos...tudo. E agora é o silêncio. Uma ano. Como passou rápido! 

Eu precisava deixar registrado aqui. Tenho muito mais a falar.....mas de que adiantaria? As vezes penso nessas histórias que o homem cria para se livrar da dor, sobre outros mundos, homens que voam, homens de aço, seres de outros planetas, seres que do nada criam coisas......    então eu fantasiei que se existisse um lugar, sei lá, uma fonte inacessível numa certa montanha, num determinado dia e hora do ano em que seria possível você encontrar pessoas amadas que se foram para sempre e para isso seria necessário passar por certos perigos, com certeza eu arriscaria tudo para ter algumas horas com minha mãe e meu irmão. Ah, se fosse possível! 

Esse é o motivo pelo  qual existe a arte, por isso criamos essas fantasias, histórias nos pulps e nas HQs. Para tentar preencher esses poços profundos que temos dentro de nós.

Um beijo com muitas saudades, Gil! Até algum dia (espero que seja breve).

Eu e ele no final dos anos 90. Dias áureos para nós.



domingo, 10 de abril de 2022

ZÉ GATÃO - SIROCO (FIM DA CAMPANHA).

 Não tem muito tempo encontrava-me dentro de um mercado fazendo umas pequenas compras para casa, estava entardecendo e do lado de fora o céu despejava suas águas, a chuva caía com tanto peso que fazia um forte barulho no teto. Repentinamente como veio, ela se foi e uma massa ciclópica de nuvens se exibia no horizonte avermelhado revelando tantos matizes impressionantes que eu tive que parar no ponto em que eu estava dentro do estabelecimento para admirar. Pessoas alheias àquele espetáculo passavam ao redor de mim mas eu não desgrudava os olhos daquela pintura impressionante que eu observava através da imensa vidraça do local. Acho que fiquei estático ali por uns 15 minutos, era uma obra de arte que somente DEUS seria capaz de realizar e que nunca se repetia. Estamos tão afoitos com coisas comezinhas do dia a dia que não nos damos mais a chance de observar as riquezas ao nosso redor. Me pus a pensar que tudo o que Deus cria é perfeito, tudo obedece uma lei imposta por Ele e nunca há atrasos, no entanto o que o homem cria, embora também sejam coisas maravilhosas para nosso próprio conforto, acaba deteriorando cedo ou tarde. Por exemplo, este blog veio com algumas novidades faz um tempo, e nesse "upgrade" não consigo mais postar artes no cabeçalho, nas raras vezes que consigo, ficam grandes ou pequenas demais. Ainda estou aprendendo. Antes era muito melhor. 

Outra coisa que eu citaria como exemplo é a internet, ou melhor dizendo, empresas que fornecem o serviço. Tivemos vários provedores em casa mas eu citaria as duas últimas, a Vivo, que começou bem e depois deu início às oscilações e até cair com frequência, por fim, os bandidos (este câncer que infesta o mundo) começaram a roubar os fios de cobre e ficamos sem serviços por um longo período de tempo. Vejam, eu aceito isso, não é culpa da empresa se ela é roubada e perde em velocidade para os malfeitores, ou seja, eles roubam e a Vivo não consegue reparar os danos com igual pressa, o que me aborrece é a falta de consideração em não dar uma satisfação aos clientes, deixando-nos sem entender exatamente o que está acontecendo. Tivemos que cancelar os serviços e trocar pela Tim (que tinham fibra ótica, mais velocidade e tal). Foi tudo bem no começo mas nos últimos tempos começou a ficar lenta, cair demais e por fim ficamos mais de uma semana sem usar. Minha esposa ligava de hora em hora e cada atendente dava uma justificativa diferente, marcavam visita de um técnico que não apareceu até o presente momento, ou seja, a mesma atitude vergonhosa da operadora anterior. 

Olhem, não sou viciado em internet, no começo, reconheço, eu perdia um tempo enorme pesquisando coisas, visitando sites e blogs de artistas que eu admirava, com o tempo - cada vez mais escasso - eu fui diminuindo minha frequência na web e redes sociais, mas preciso desse mecanismo para ganhar a vida, não só fazendo pesquisas para meu trabalho, mas para envio de artes aos editores e coisas do tipo. Bom, tivemos que apelar para a Claro, que estamos usando há 3 dias e vamos ver como vai ficar, não me iludo, prometem um préstimo melhor e depois concluímos que é mais do mesmo. 

Tem sido tempos difíceis, um dinheiro suado que nunca é suficiente, corrida contra o tempo, sem ocasião para sonhos, ando muito cansado, dormindo pouco e tendo que matar um T-Rex por dia, como sempre, com a diferença que agora estou bem mais velho. Mas amo meu trabalho e isso tem sido minha forma de fugir de toda a opressão. No momento executo "Os 12 Trabalhos de Hércules". Me sinto como um guri num playground.

Mas o real tema dessa postagem é a campanha Zé Gatão - Siroco. Ela chegou ao fim ontem e só tivemos 32 apoiadores, parece vergonhoso, né? Já vi um bocado de material medíocre (não desdenho, é medíocre mesmo) tendo bom desempenho e eu que tenho tantos e tantos seguidores e vários compartilhamentos nos posts do Facebook, além de muitas congratulações pelas minhas criações, imaginei que teria um desenlace melhor. Se eu levar em conta que esperava só uns 20, então saí no lucro, mas confesso, lá, bem no fundo, que houvessem mais pessoas dispostas a ter uma nova aventura do felino tristonho um suas coleções. Mas não era pra ser, ok, não é nenhuma novidade. Tranquilo. Isso só reforça a minha decisão de aposentar o gato. 

Agora, segundo o editor, entra o processo de produção, tipo, revisão, editoração, impressão e depois enviar para os 32 apoiadores (MINHA GRATIDÃO A CADA UM DELES), deve levar uns dois meses ainda. Após isso, mais um capítulo (lido por bem poucas pessoas) encerrado.

Meus queridos e queridas, era o que eu tinha para dividir com vocês.

Muito obrigado e até a próxima. Se cuidem bem. 








  

sábado, 2 de abril de 2022

DESDITA E A ÚLTIMA SEMANA DA CAMPANHA ZÉ GATÃO - SIROCO.

 Que semana, amadas e amados, que semana!

As coisas não andam muito bem, minha mente parece não estar presente no meu corpo, minha natural inadaptabilidade ao mundo que me circunvizinha parece crescer dia a dia. Juro que queria ser diferente mas não consigo. Experimentei muita coisa, muito frio (velhos tempos em São Paulo) ora muito calor (aqui e no Rio de Janeiro). Parece nunca haver espaço para o meio termo. Citei o clima só para exemplificar de forma simplista outras coisas mais importantes da vida, tudo parece ser feito de extremos, só não experimentei ainda a riqueza, mas pobreza, já. Enfim....

No início da semana (acho que terça feira à noitinha) fui ao caixa eletrônico no supermercado próximo de casa para sacar o dinheiro do meu aluguel. Tirei, guardei numa carteirinha junto ao cartão com minha cédula de identidade e tal. Fui burro o suficiente para sair de casa com uma bermuda que só tinha um bolso e não era lá muito fundo. Sim, levei o celular também (algo que raramente faço, posto que quase nunca tenho créditos para ligações, isto porque ninguém me liga e eu não ligo para ninguém). Verifiquei o preço das frutas e chamei minha esposa pelo zap (tinha wifi no estabelecimento) para informar que os valores estavam absurdos. Ela sugeriu eu ir a outro local próximo. Fui. No caminho ela me ligou para falar algo. Bem, pra encurtar a história, num determinado momento quando mexi no bolso para pagar pelo que eu estava procurando, notei que a carteira não estava mais ali. Gelei. Olhei em volta. O rapaz que me atendia perguntou se eu tinha perdido algo, respondi que sim e saí dali em disparada pelo caminho que havia feito. Seguramente no momento que o celular tocou - e eu atendi - a carteira deve ter caído do bolso. Burro, burro, mil vezes burro!!!! "Por favor, meu Deus, não permita, é o dinheiro do aluguel" pensava eu com o coração aos pulos. Fiz e refiz o trajeto e nada de encontrar a carteira pelo caminho. Liguei para a Verônica e ela veio ao meu encontro. Procuramos juntos, era noite, uma avenida de três faixas, a do meio era para pedestres. Nada, não achamos nada! Quase mil reais, suados, duramente conquistados, perdidos!!! Pouco me importei com o cartão de crédito e a identidade, eu não sabia como iria quitar o aluguel desse mês.  Vazio e me sentindo um merda procurei pensar assim: quem quer que tenha achado, espero que estivesse precisando mais que eu e que tenha sido muito útil. 

Bem, já passei por momentos piores, é claro. Já enfrentei barras bem pesadas, então é seguir em frente......   cancelei o cartão, já requeri outro, e informei à imobiliária que tive um contratempo e o aluguel vai ser pago com atraso. Só não consegui ainda fazer o boletim de ocorrência pela perda do documento, agora é feito pela internet mas a delegacia virtual do Jaboatão parece estar com algum problema e eu não consigo acessar. No meio disso tudo, meu trabalho que está sempre atrasado agora está duplamente vagaroso e eu preciso de grana pra ontem!!!!  

Pedi a um bom amigo para colocar umas artes minhas à venda no E-Bay por um preço até baixo para tentar sanar algumas dívidas, mas até agora NADA! Ando um bocado desprestigiado, hein! Vejo tanto desenho meia boca sendo vendido, leiloado e eu ficando para trás! Cést la vie.

Essa é a última semana de campanha do Zé Gatão e não tivemos mais que 30 apoiadores até o momento, como eu intuía, acho que não passará disso. Ok, eu disse que esse seria um álbum para os verdadeiros fãs do felino, só pensei que houvessem mais fãs além de 30!  Não engulo muito a ideia de que a campanha é cara e está todo mundo sem dinheiro, pois vejo neguinho pagando mais de 300 reais nos omnibus do Quarteto Fantástico ou do Conan e esgotam na editora. Só falta, como sempre acontece, virem aqueles querendo o álbum depois que não for mais possível. Mas tudo bem, nem é legal da minha parte fazer esse tipo de queixa, minhas HQs nunca foram muito populares mesmo. Agora é esperar ser impresso, enviado aos que me prestigiaram e sentir aquela boa sensação de dever cumprido. O felino casmurro se aposenta após Siroco.

Essa ilustração do Zé Gatão, acima, foi criada pelo Edgar Franco, também conhecido como Cyberpagé. Um artista verdadeiramente multimídia. A ele minha sincera gratidão pela fanart, pelo apoio e divulgação da campanha  nas redes sociais.

E esta fanart foi feita pelo talentoso cartunista Lucas Libanio, criador da tira Hans Grotz. Ele é um artista que admiro muito e um dos poucos que consegue me arrancar algumas risadas com seus quadrinhos. Brigadão de verdade, Lucas!

É isso por hora, meus queridos, aos que creem, orem por mim, realmente as vezes fica muito difícil continuar existindo.

Abraços a todos e até a próxima postagem, se Deus quiser. 


A SAUDADE É MAIS PRESENTE QUE NUNCA

   No momento que escrevo essas palavras são por volta das 21h do dia 21 de abril. Hoje fazem três anos que o Gil partiu, adensando as sombr...