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domingo, 27 de maio de 2018

MEU PEQUENO MUNDO.



O melhor lugar para eu estar é no quartinho que tenho a ousadia de chamar de "estúdio". É um pequeno espaço sem janelas, com pouca ventilação mas que considero meu mundo particular. Tenho duas estantes atrás de mim contendo os livros e quadrinhos que julgo essenciais para minhas leituras e consultas, muitos dos quais não toco a anos, mas sei que eles estão ali, só esperando sua oportunidade de me ajudar. A minha esquerda, várias caixas empilhadas, fechadas, com outros tantos livros e gibis que aguardam o momento de serem manuseados e relidos, mas se dou a eles ar, aumenta a bagunça do lugar. Faz anos que eu planejo comprar outras estantes, mas o tempo vai passando e nunca ponho o plano em prática, sou mesmo uma negação!
À minha esquerda, empilhei várias pequenas caixas contento meu livros publicados (clássicos da literatura brasileira, bem entendido) e servem de apoio a outros compêndios sobre arte e quadrinhos que vou adquirindo. E em cima destes tomos e invólucros vou guardando envelopes e mais envelopes com esboços e artes originais, além de tubos de tintas, canetas, lápis e pincéis. Imaginem a bagunça! Bem, não é tanto assim, mas poderia ser um pouco mais organizado. Sei onde está cada coisa, mas tem hora que procuro uma revista ou desenho e está bem diante de mim e não encontro.
Nisso tudo o local só tem espaço para minha pequena prancheta (no passado eu tinha uma bem grande, escrevi um texto sobre ela - link:  http://eduardoschloesser.blogspot.com.br/2011/04/velha-companheira.html - quem não leu, leia, é legal!).


Tenho comprado cada vez menos livros e histórias em quadrinhos, afinal  quase não tenho espaço para me movimentar aqui, mas os originais vão crescendo, consequentemente os envelopes também, e os livros que publico e que são enviados pelas editoras vão sendo amontoados. Já imaginei tudo isto caindo sobre mim, livros, gibis, papeis e materiais de trabalho, todos muito íntimos e amigos, me sufocando e me levando para o além, me aliviando do fardo. Romântico e trágico, hein!


Me sento sempre aqui ouvindo minhas músicas (estou escutando Lalo Schifrin neste exato momento) para trabalhar e me sinto acolhido, querido, e isso é bom.


No entanto sempre sou assaltado por um pensamento: no dia em que eu me for, o que será deste mundinho? Provavelmente morrerá comigo. Não deixo descendentes que herdem isso tudo. Não sei quem fará proveito das coisas que criei, que destino terão. No entanto é um pensamento besta, o que for, será, na sepultura não há memória de nada. Toda a vaidade se desvanecerá. Quem se importa? Pra que se importar?


A arte no topo foi criada para um conto do Machado de Assis.
Os esboços são os estudos para arte de John Carter (aquele que vai parar em Marte, criado pelo mesmo autor do Tarzan), uma encomenda em andamento.

Boa semana a todos!












domingo, 20 de maio de 2018

O MAL QUE SE ESCONDE NOS CORAÇÕES HUMANOS.

Ah, esses dias próximos do fim! Quão lentos parecem na tristeza! Quão rápidos passam em momentos de bonança!

Eu nunca mais tinha comprado quadrinhos, mas esta semana passei na revistaria que costumava frequentar e me deparei com um "Coleção Histórica Marvel" dedicada ao Shang-Chi, o Mestre do Kung Fu. Adquiri na hora! A primeira vez que li este gibi foi em 1975, ano em que fui morar em Brasília. Por aquele período eu era fissurado em artes marciais, viciado nos filmes do Bruce Lee e na série televisiva Kung Fu (já declinei isso aqui um porrilhão de vezes!). Como minha leitura anda muito lenta devida ao tempo escasso, ainda estou nas primeiras histórias, mas dá para sentir que aquilo não envelheceu nada, tem o mesmo frescor, continua muito bom e me transportou àqueles dias ensolarados na Capital Federal. Ainda tem mais três edições para sair, fico no aguardo.

Esta semana fiz muitos esboços para trabalhos que estão em andamento e finalizei a arte do enigmático O Sombra. Mítico personagem criado na década de 30 para o rádio e depois adaptado para a literatura pulp, cinema e quadrinhos. A iustração foi encomendada pelo André Araújo, um cara muito legal que diz gostar dos meus traços e cores. Valeu a confiança, André!


Nos últimos tempos tenho recebido retornos muito emocionantes de pessoas que gostam do que eu crio. Bem, não chega a ser uma novidade, sempre leio comentários gentis de alguém que começou a desenhar depois que conheceu meus rabiscos. Mas teve dois episódios recentes que me marcaram e que vou guardar no coração com muito carinho. Antes de ter um computador eu frequentava uma lan house que ficava a umas quadras de distância da minha casa para escanear minhas artes e mandar para a editora Escala. Um menino que também comparecia ao local, certa vez, muito educadamente, me abordou: "O senhor é desenhista?" Eu: "Um pretenso desenhista, sim." Ele: "Eu também gosto muito de desenhar." Eu: "Que bom!" Ele: "Seus desenhos são demais!" Eu: "Obrigado!" Não lembro bem o restante do breve papo mas eu incentivei ele a continuar a se desenvolver no desenho. De lá para cá eu o encontrei algumas poucas vezes no bairro e sempre trocamos algumas ideias sobre quadrinhos. Ele sempre polido. É um mocinho miúdo de muito boa aparência. Gosta muito mais da DC do que da Marvel. O caso é que umas duas semanas atrás eu cruzei com ele (agora um rapaz - ainda pequeno em estatura - bem vestido e de cavanhaque) em uma esquina e no breve colóquio que tivemos ele me disse que na verdade não continuou desenhando, mas que  havia se formado em designer gráfico e ganhava seu dinheiro com isto, e acrescentou que isso só aconteceu pelo incentivo que dei a ele naqueles dias da Lan House. Fiquei feliz por ouvir de viva voz.
O outro caso foi uma mensagem que recebi no Facebook de um rapaz que disse que sofre de depressão crônica (sei bem o que é isso, e como sei!) e que numa das piores crises que ele teve o que o ajudou a superar foram meus textos neste blog e ao ler Zé Gatão - Crônica  do Tempo Perdido ele se sentiu "em casa", se não fosse isso ele não sabe o que poderia ter acontecido.
Deus trabalha de muitas maneiras misteriosas - eu creio nisto! - e parece que minha escrita e meus quadrinhos tiveram funções um pouco além do que meramente entreter.
Sinto-me recompensado.

Escrevo estas palavras hoje um tanto na pressa, portanto perdoem algum erro. 

Que todos vocês tenham uma ótima semana!

domingo, 13 de maio de 2018

OS FLINTSTONES.



Bah, como podem perceber o conto violento mencionado na postagem anterior não pode ser escrito. Estes tempos que estou vivendo não estão permitindo meus voos de fantasia com a mesma frequência. Gosto de escrever - de desenhar com palavras, melhor dizendo, ser escritor é outra coisa, eu estou longe disso - mas preciso de calma e reflexão para melhor traduzir em letras as ideias que fervilham na minha cabeça, a escrita para mim não é como aquele esboço rápido que faço sem pensar direito no que a mão vai criando no papel. Bem, uma hora eu deixo os compromissos sérios por um instante e digito a tal aventura.

Tenho feito interrupções em meus trabalhos comissionados, estes que pagam as minhas contas, para me divertir um pouco, é aquela velha história de descansar carregando pedras. Pelo menos uma vez por semana eu faço a releitura de um ícone da Hanna Barbera. Começou com o Space Ghost e aí vieram sugestões (não sei se vou acatar, eu só me sinto estimulado a fazer alguns, nem todos me inspiram, por exemplo, Johnny Quest é um desenho que eu gostava muito quando criança, mas ele não me rende uma versão original. Os Herculóides é bacana mas são elementos demais para caber em uma única página). Tenho ideias para alguns personagens, mas não muitos.
Meu amigo Luca me aconselhou a ir dando vazão as esses devaneios pois pode ser que alguém queira publicar um portfólio meu com estas ilustrações (que estão mais pra esboços bem acabados) num futuro, quem sabe? Pode ser, embora ache muito improvável. Bem, sigo criando enquanto isso me divertir. Depois, quem sabe eu não faça as minhas versões de He-Man e dos Thundercats?

Isso me lembra que interrompi uma série que criei que achava legal, os grandes monstros do cinema, desenhei o Jason Voorhees, criatura de Frankenstein, Nosferatu, Leatherface.... hummm....não me lembro de mais. Mas ficaram faltando Freddie Krueger, a Múmia (do Karlof, claro!), o Monstro da Lagoa Negra, Noiva de Frankenstein, Jekill e Hide, o Lobisomen e mais alguns. Preciso retomar isto. Mas como eu disse, o tempo parece ter encurtado.

Sobre a Hanna Barbera eu gostava muito das criações do lendário Alex Toth para o estúdio, eram heróis da pré história ou do espaço, tinham uma pegada de aventura bem legal, mas devo confessar que nunca fui um fã de Zé Colmeia, Tartaruga Touché, Lipe e Hardy, Dom Pichote e tutti quanti. Eu preferia os desenhos do Pernalonga e do Pica Pau. Scooby Doo sempre achei chato! Os Flinstones foi uma grande sacada, ambientar uma família  americana na idade da pedra funcionou muito bem, obrigou os idealizadores a usar a criatividade, mas as animações desses desenhos eram fracas. É sabido que até a década de 60 em uma animação do Pernalonga eram usados de 25 mil a 40 mil desenhos enquanto nos da Hanna Barbera isto caiu para dois mil para baratear os custos. Os personagens pareciam muito tempo estáticos só movendo a boca e a cabeça de um lado para outro e para facilitar o corte, colocavam uma gravata nas figuras para não mostrar os pescoços. O cenário também eram sempre os mesmos, talvez por isto, Tom e Jerry para mim era muito mais sedutor, embora ver o gato sempre se ferrando me incomodava.

Ok, chega de tagarelar por hoje. Nem vou falar sobre o tal conto (tais, na verdade, tenho ideias para uns quatro), quando ele ficar pronto estará postado aqui. Lembrando que a nova aventura do Zé Gatão continua parada.

Abraços nos gatões e beijos nas gatinhas!
Até!

domingo, 6 de maio de 2018

A ESCRAVA ISAURA ( final )


A noite passada eu tive um sonho estranho - como são estranhos todos os sonhos - mas este me pareceu bem real no momento em que sonhava, claro, quando acordei eu distingui que as pessoas presentes na ação não eram exatamente as pessoas da vida real, de um momento para outro se metamorfoseavam em rostos e corpos diferentes e um ambiente dava lugar a outro bem distinto e no entanto era o mesmo. Mas isto pouco importa, no tal sonho eu recebia um diagnóstico médico em que tinha um tipo raro de câncer no sangue e teria pouquíssimo tempo de vida, menos de um mês, talvez nem isso; a boa notícia segundo o médico é que aquele carcinoma não provocava dor, não haveria sofrimento físico, no momento derradeiro eu sentiria uma forte sonolência e partiria para sempre deste vale de lágrimas. Não houve tristeza da minha parte; como tudo era um tanto confuso no tal sonho eu não sei explicar as ações que levaram alguns personagens a fazer parte dele, mas é certo que eu recebia a última visita de uns amigos mais chegados, um deles era o lendário editor Leandro Luigi Del Manto (se você, que sempre me acompanha não sabe quem é e é leitor de gibis, saiba que ele foi o responsável pelas boas graphic novels que leu na década de 80 e também editor das séries Akira, V de Vingança e Sandman entre outras tantas. Também meu editor nos títulos ZÉ GATÃO - MEMENTO MORI e DAQUI PARA A ETERNIDADE). Meu irmão André também estava presente e várias pessoas que não tenho recordação de quem eram. Acordei com uma sensação estranha, sem saber se ainda sonhava ou não. Seria bom se assim fosse de fato, sem dor, um sono pesado e depois mais nada. Mas sabemos que não é assim, penso que para justificar esta ruptura do corpo com a alma uma certa dose de sofrimento e desespero tem de fazer sentir.   
Nos últimos três anos tenho esta forte impressão de que já fiz o que tinha de fazer, como se tivesse perdido o bonde para o além e estivesse sobrando aqui só a espera do próximo. Enquanto ele não passa faço o melhor que posso as coisas que tenho que fazer. Meus desenhos prosseguem, tenho que continuar me alimentando e preciso de um teto sobre minha cabeça, há pessoas que dependem de mim e querem que eu continue aqui mais tempo. Minhas artes é que falarão por mim (talvez) quando eu não estiver mais aqui, então quero que elas tenham voz forte, por isto eu as executo com toda a alma.
Creio que este tal sonho se deu por ouvir de minha mãe no dia anterior sobre uma amiga dela, jovem ainda, que descobriu um câncer de medula e não durou um mês. Foi surpresa para todos o falecimento dada a rapidez com que tudo aconteceu.
Não somos nada nesta vida, se todos se dessem conta desta realidade talvez, quem sabe, deixaríamos de lado as picuinhas e nos respeitaríamos mais, nos amaríamos mais, poríamos de lado a vaidade e a sede de poder - seja em que nível for - e adoraríamos a Deus na beleza de Sua santidade e viveríamos a nossa breve passagem por este mundinho com mais harmonia. Mas nunca será assim, o ego do homem é maior que tudo e ele pensa que é eterno, entre o momento de seu nascimento até se dar conta que ele nada é, muita merda ele já fez por aqui.
Felizmente os homens tementes a Deus (que não estão lá no STF) mesmo sendo ínfima minoria, promovem o equilíbrio na balança. 


Com  esta arte, fechamos o livro A Escrava Isaura. Este, aliás, foi o único que postei todas as artes na íntegra, lembrando que ele, assim como outros vinte desta série de clássicos brasileiros, continua sem publicação.

Se o tal sonho não virar realidade durante esta semana, nos encontramos de novo aqui no domingo, quem sabe com um conto violento que estou ruminando faz uma data, espero ter tempo de escrever.

Até lá!




A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE COMENTADO PELO ESCRITOR E POETA BARATA CICHETTO

 O livro que tive o prazer de trabalhar ao lado do ficcionista Rubens Francisco Lucchetti intitulado A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE, ...