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segunda-feira, 28 de julho de 2014

MUNDO CÃO - Um conto do UNIVERSO ZÉ GATÃO escrito e ilustrado por Eduardo Schloesser



O conceito que o cão Rex tinha de de si mesmo era que ele era muito foda. Mestiço de cocker spaniel com vira latas. Na verdade ele não passava de um bosta. Tinha um cu preto e sujo, bem como um pau grande e roxo, desproporcional à sua estatura. A maioria dos animais que tinham contato com ele o achavam um grande filho da puta. Talvez fosse assim porque nunca conheceu pai ou mãe. A genitora, uma cadela de raça, falecera no parto e o pai, um vagabundo, sumira no mundo, alguns diziam que morrera de tanto beber, outros que fora atropelado.
O pequeno cão fora criado pela avó paterna, uma cachorra inchada, cachaceira e perversa. Toda vez que o neto saía da linha ela dizia: "Seu merda, cê parece muito com teu pai, um perdedor. Vá até aquela árvore e escolha a vara com a qual cê vai apanhar." Rex tomava uma sova quase todos os dias e geralmente era ele quem preparava o instrumento de sua tortura. Pouco foi pra escola, vivia com outros cães vagabundos aprontando travessuras, esmurrando e achacando gatos velhos. Gostava de foder as fêmeas e de espancar outros animais, geralmente os mais fracos que ele, como coelhos, gatos e esquilos.

Uma das lembranças mais vívidas da sua adolescência era a de um grande gato cinza com longas suíças e tufos de pelos nas pontas das orelhas que alugou uma casinha numa parte isolada da cidade e lá vivia quieto. Certa vez, o valentão da cidade, um gigantesco mastim negro que impunha terror a todos com quem não ia com a cara, resolveu desafiar o felino mestiço pra uma luta, que, a contragosto, aceitou.
Como se tivesse dinamite no lugar dos punhos, o gato nocauteou o imenso cão com apenas três porradas. Dias depois o gatão calado mudou-se e nunca mais foi visto. Por muitos anos Rex quis ser como aquele felino, mas nunca teve colhões para brigar com bichos mais fortes que ele, embora não admitisse.

Tentou entrar para o exército mas não logrou sucesso por dois motivos: não tinha pedigree para fazer curso de oficial e acima de tudo, odiava obedecer ordens e seguir as leis. Curtia carros e motos e acabou ganhando a vida como mecânico quebra-galho.

Uma das obsessões de Rex era fazer sexo com fêmeas de outras espécies. O conceito de pecado não existia pra ele, mas tal ato era proibido por lei, então, quanto mais elas resistiam mais aumentava o seu prazer. O estupro tornou assim a mais perfeita forma de extravasar seu ódio a tudo e a todos.
Teria sua avó contribuído para esta distorção de sua mente? Era do conhecimento de todos que a velha morrera na cadeia por ter sido flagrada tendo relações sexuais com um texugo.

A primeira fêmea de outra espécie que Rex fodeu foi uma porca velha. Ele já a havia visto trabalhando como caixa num supermercado não muito longe de sua casa. A suína era farta nos peitos, ancas e pernas e isso chamou a sua atenção.
Viu-a numa tarde de um sábado quente num ponto de ônibus esperando a condução. Não teve coragem de fazer uma abordagem direta, ela era muito maior que ele e porcos são ferozes e violentos quando irritados. Não parecia casada - velha e gorda - essa puta deve ser carente, ele pensou. Como estavam apenas os dois no ponto, deixou que ela notasse sua ereção sob a calça de brim apertada. A fêmea reparou, com certa surpresa. Ficou envergonhada a princípio, mas depois passou a observar com certa discrição sentindo o tesão envolve-la. O cão fingindo que não estava nem aí. Vinha o ônibus. Ela deixou passar. Ele reparou. Veio outro e ela de novo não pegou. Rex podia interpela-la, mas estava gostando do joguinho.
De repente surgiu um camburão da polícia e parou próximo. Dois enormes pastores vestidos de negro desceram e foram em sua direção. Rex e a porca tremeram nas bases. Nada tinham feito, mas só a intenção já era uma declaração de culpa. O pau do cachorro murchou na hora e a suína também parecia ter diminuído de tamanho. Os PMs passaram por eles encarando-os com severidade e foram tomar um café numa birosca ali perto.
Se sentindo mais confiante, Rex perguntou à porca:
"Ei, o dia hoje foi complicado, vamos bater um papo e relaxar num local mais tranquilo?"
"Ham, b-bem...eu n-não te conheço!"
"Meu nome é Rex, sou mecânico e moro aqui perto."
Ela sorriu mostrando dentes amarelados.
"É...e-eu me chamo Sophia."
"Prazer, Sophia. Agora já nos conhecemos, então vamos sair daqui antes que aqueles 'pés de bota' voltem e resolvam cismar com nossa cara?"
"Ma-mas...ir pra onde?"
"Sei lá, beber alguma coisa lá na minha casa, que tal?"
A fêmea negaceou um pouco mas não muito tempo depois estava no quarto do cão, aspirando aroma de cigarro que vinha de cada canto da residência, deitada sobre lençóis encardidos e sentindo a língua e focinho úmidos sobre sua pela rosada cheia de estrias e celulites.  
O cachorro enfiou seu avantajado membro no orifício quente e úmido da imensa suína e cavalgou aquela montanha de banha flácida como se a vida dele dependesse disso. Não muito tempo depois gozava com demência, pouco se importando se ela o acompanhava. Saiu de cima dela com a língua suarenta pendente da boca. Acendeu um cigarro.
"Me arruma um também?" Pediu ela. Rex ofereceu o maço olhando-a de lado. Aquela porca suada de cabelos tingidos de um loiro afogueado. Seu faro captou o cheiro dela, era azedo como iogurte vencido. Sentiu náuseas. Desprezou-a em seu íntimo. Só não a expulsou a pontapés por temer uma denuncia às autoridades por assédio interespécie. Fingiu ser atencioso. Sophia começou uma lenga-lenga sobre os fracassos de sua vida sentimental, até que ele pegou no celular e simulou surpresa:
"Puta merda! Uma mensagem do meu irmão dizendo que nossa mãe baixou hospital! Tenho que ir lá imediatamente!"
"Oh, sinto muito! É grave?
"Sei lá, porra!"
"Vou te ver de novo?"
"Claro, eu te ligo. E olha, isto que nós fizemos..."
"Fica tranquilo, será nosso segredo, não quero ir pra cadeia."
"Ótimo!"

Depois deste episódio houve vários casos, alguns consensuais, na sua maioria ele teve que ameaçar e mesmo espancar as coitadas sob sua mira doentia.

Rex precisava comer e ter um teto sob sua cabeça, só por isto trabalhava, ainda assim de muita má vontade. Era constantemente pressionado e oprimido pelo dono da lanternaria, um velho são bernardo. Aquilo não fazia sentido para ele, os cães deveriam ser unidos, se fosse pra sacanear com alguém que fosse com os gatos, esses folgados filhos da puta, não com os da mesma espécie.
Nas horas de folga fumava seu cigarro olhando para os céus, invejando aqueles que tinham grana pra viajar de carro expresso, esses belos veículos que trafegavam nos ares lado a lado com os pássaros. Ele nunca teve dinheiro pra esses luxos.

Certa tarde de bastante calor, chegou em casa sentindo uma revolta crescente. Morava no segundo andar de um decadente prediozinho. O tempo passava e nada na vida dele mudava. Não era justo, a grana estava lá fora, a parte que cabia a ele, nas mãos de bichos que nem trabalhavam tanto. Filhos da puta, rosnou. Tirou os tênis rotos de tanto uso junto com as meias duras e fedidas. Foi até a geladeira e aborreceu-se porque ela estava desligada. Porra, pensou. Deu um tapa na lateral e ouviu-se um click e ela começou a funcionar. Pegou uma cerveja quente e bebeu de um só gole. Arrotou sonoramente. Amaldiçoou a geladeira, a cerveja quente e serviu-se de outra lata. Foi até a janela observar os passantes.
Caralho! Que cidade de merda! pensou consigo, o que aconteceu com os animais? Todos apáticos, gordos, caminhando para a morte, seguindo regras e obedecendo leis, vivendo mentiras.

O sol começava se por, acendeu um cigarro e observou uma franga jovem de tons amarelos e avermelhados saindo de um táxi e entrando num sobrado que ficava em frente ao seu prédio. Tinha um corpo escultural que fizeram brotar ideias pervertidas em sua mente. O que uma galinha estaria fazendo nesta parte da cidade? Raramente elas saíam das Granjas, esses condomínios abastados e bem guarnecidos por milícias de galos e gansos.
Ele nunca tinha fodido com uma ave. Esses bichos são ariscos e barulhentos, seria encrenca na certa. Ele já tinha ouvido histórias de animais que tentaram invadir as Granjas para roubar ovos e como foram presos e espancados pelos galos. Esses malditos tinham fama de ser violentos e cruéis.
Havia um Gambá, sujeito desprezível e nada confiável que sempre aparecia na oficina e que certa vez invadiu na surdina uma destas Granjas. Foi surpreendido molestando uns pintinhos num playground, os galos foram pra cima, sendo um animal muito violento, o didelfídio reagiu com fúria não dando tempo das aves sacarem suas armas, matando, inclusive, algumas delas, mas a superioridade numérica prevaleceu; os galos, nem usaram suas pistolas, munidos de cassetetes elétricos, punhos devastadores e dolorosas bicadas, prenderam o bicho fedorento e o entregaram às autoridades. Os cães da PM completaram o serviço transformando o gambá num farrapo inútil para o resto da vida. Foi noticiado nos jornais. Nunca mais se ouviu falar dele. Possivelmente morreu na solitária de alguma penitenciária.
Os pensamentos de Rex foram interrompidos por uma cólica intestinal. Foi ao banheiro e deu uma cagada das boas, a merda negra e dura bateu ruidosamente na água amarelada de mijo molhando-lhe a bunda, ele nem fez caso, limpou-se superficialmente e puxou a descarga, mas sem a pressão necessária da água o toletão dançou em círculos e permaneceu na superfície. "Ah, foda-se!"

Foi ao refrigerador e serviu-se de mais cerveja. Acendeu um cigarro e voltou à janela bem no momento de ver a franga gostosa saindo da casa e dirigindo-se para a avenida principal. Tomado de uma ideia insana, ignorou todo o bom senso e mais uma vez, como em toda a sua vida, cedeu aos instintos. Pôs uma camisa, calçou uns chinelos e desceu as escadas com impressionante velocidade alcançando a rua bem a tempo de ver a sensual ave dobrar a esquina. Não havia ninguém na rua. Sem demora se aproximou dela e disse:
"Ei amiga, muito cuidado, estas ruas são desertas a essa hora, tem muito animal mal intencionado por aqui."
"Mesmo? Bem, obrigada por avisar, mas é só o tempo de chegar até a avenida, pego um táxi e está tudo bem."
"Eu te acompanho, nunca se sabe..."
"Não precisa, obrigada, estou bem."
"Ora, acho que você não entendeu...."
"Me deixe em paz, cachorro, não se aproxime ou vai se arrepender!"
A galinha abraçou-se à sua bolsa, virou-se e caminhou rápido afastando-se dele. Enlouquecido de raiva pelo desprezo e o tom ríspido da ave, Rex correu atrás e deu-lhe um violento soco nas costas. Ela deu um cacarejo sufocado e dobrou-se para trás procurando respirar. O vagabundo agarrou violentamente o tufo de penas coloridas do pescoço da galinha e arrastou-a em direção a uma construção abandonada ali perto. Uns ratos observando de longe, pegaram seus andrajos e sumiram na escuridão dos bueiros.
Gemendo de dor a ave tentou se desvencilhar.
"Acho melhor cê relaxar e aproveitar a viagem, filhinha, será menos doloroso!"
"Nunca!" Gritou ela com voz típica fasianídea e num movimento brusco desvencilhou-se dele soltando dolorosamente as penas de seu pescoço. Tentou bica-lo nos olhos num ato desesperado mas o cachorro foi mais rápido, esquivou-se e aplicou-lhe um formidável murro no bico. A franga quase teve seu pescoço quebrado, caiu semi inconsciente com um filete de sangue escorrendo no chão de arenito.
Rex levantou-a pelos quadris deixando-a numa posição quase de quatro. Num gesto intenso rasgou a saia justa levando junto a calcinha revelando um belo traseiro ornado de penas vividamente coloridas acima do cóccix. Abaixou as calças revelando o membro teso, agora parecendo ter o dobro do tamanho. Lambuzou a palma da mão de saliva e besuntou a cloaca da ave que procurava forças para sair dali. Forçou a cabeça do pau no orifício da galinácea mas era apertado demais, ela tentava se mover mas ele a agarrava potentemente pelas ancas impedindo-a de sair. Como as grandes penas do cóccix atrapalhavam a ação, tentou arrancá-las. A franga cacarejou desesperada de dor. Eram muito duras para sair, ele desistiu. "Não adianta gritar, filhinha, aqui ninguém se mete em problemas alheios!" Dizendo isso o canídeo forçou impetuosamente o quadril para frente sentindo o caralho finalmente entrar no buraco quente; a pobre vítima urrou já quase sem forças. Num ato desesperado e improvável a galinha moveu a perna num movimento circular atingindo e vazando o olho direito do agressor com o esporão de seu calcanhar. O cachorro levantou  a cabeça aos céus e ganiu em aflição. Afastou-se da ave e tentou correr desesperado com o choque e a dor, mas esqueceu-se que estava com as calças pelas canelas e tombou pesadamente ao solo segurando o olho furado que esguichava sangue.
Apesar disso tentou entender o que acontecia. Sua vítima fugira? A resposta veio na forma de uma violenta pancada nos testículos com um vergalhão. O berro que soltou foi surreal. Uma segunda porrada estraçalhou-lhe o pênis e os ovos. Um ronco cavo foi só o que se ouviu. Uma terceira cacetada rompeu-lhe o joelho esquerdo. Quis gritar por socorro mas não teve forças, debilmente lembrou-se que ali ninguém se metia em problemas alheios. Ouviu um som como a quilômetros de distância, com o olho bom viu a franga nua colher do chão um pesado bloco de cimento desgastado pelo tempo e caminhar com dificuldade na sua direção.
"N-não, sua... puta, n-n-não faça...isso... eu te mato...juro..."
Sem acreditar no que ocorria, viu-a  posicionar-se diante dele e erguer sofregamente o pesado objeto acima da cabeça.
Desesperado, ele colocou as mãos na frente do rosto como se o gesto pudesse impedir o avanço da pesada peça. O bloco desceu quebrando-lhe os dedos para trás, atingindo-o em cheio na testa. Seu corpo sacolejou violentamente, mas ele ainda não morreu. Sentiu-a erguer a pedra de cima da sua ensanguentada cabeça para repetir o golpe. Era o fim. A última coisa que pensou foi que viveu como um bosta e ia morrer na merda.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

FANART DE ZÉ GATÃO POR RENE SANTINO.



Hello, boys and girls!

Passagem relâmpago por aqui para apresentar a vocês mais uma fanart do felino taciturno pelas mãos do talentoso Rene Santino.

Curto muito essas homenagens, em primeiro lugar pela vaidade, é claro - não sou de ferro.
É muito legal ver que apesar do personagem não ser popular, como por exemplo, o Bidu ou o Pererê, artistas talentosos das hqs independentes curtem o Zé Gatão - e meu trabalho - a ponto de retrata-lo segundo suas visões pessoais, o que nos leva ao segundo motivo de meu orgulho: esses artistas não se preocupam em emular o meu estilo de traço ou cor, eles (re)criam o felino segundo o que eles imaginam o que deveria ser este antropomorfo. Este do Rene, tem um físico mais rotundo, um tipo que não pensaria duas vezes em quebrar sua cara.


 Apresento aqui as etapas da produção.


 Adorei a homenagem Rene. Obrigado, de coração.


 Ah, sim, escrevi um novo conto ilustrado do Universo Zé Gatão. Minha intenção é posta-lo na semana que vem. Se você é do tipo sensível e se escandaliza fácil, não leia.

Até lá.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

PALHAÇOS.


Chegando da rua a pouco, mortalmente cansado. Nada fora da rotina a qual estou acostumado, sem calor excessivo ou chuva torrencial, não teve trânsito caótico ou coletivos lotados, tudo fluiu na boa, apenas algumas filas estavam grandes, mas um bom livro nem deixou notar. Mesmo assim meu corpo ressentiu. Pede água e descanso. Sinto que há algo errado, mas nenhum exame detectou ainda.
Como sempre minhas obrigações lá fora me impedem de produzir e sinto o quanto isto faz falta, mas assim que acabar esta postagem vou dar continuidade ao Poe até a hora de dormir. Pelo menos pude rabiscar mais um pouco no meu sketch book na sala de espera, e rabisquei bastante pois demorei pra ser atendido.

Rola um Blondie no som e vamos ao que interessa:

O simpático Daniel Arcos, um amigo feicibuquiano de Brasília (e também artista) me convidou a participar de uma exposição na Web intitulada "Clowns On The World". Achei que o prazo ia até o fim de julho, mas quando me dei conta a data limite era no dia 10. Não quis desapontar o rapaz, então cometi este desenho que hoje vos mostro numa manhã. Intervalei para o almoço, escaneei e enviei. Para um trampo as pressas até que não ficou de todo mal. Para ver as outras artes da expo é só ir na página do Hotminds Comics no Facebook:
https://www.facebook.com/hotmindcomics/photos/a.656545377754441.1073741827.187548777987439/664616123614033/?type=1&theater

Palhaços são personagens muito interessantes de se trabalhar. Me sugerem algo trágico, ominoso até. Meu pensamento a respeito não advém de histórias macabras, como o IT do Stephen King, mas de um quadro que tivemos em casa, nos anos 70, em São Paulo. A referida obra retratava um pierrô com rosto triste tocando uma viola, na verdade ele chorava, seu rosto demonstrava mágoa e dor na alma. É uma lembrança forte que tenho. Mas o que marcou mesmo é que meu irmão Gil, quase um bebê na época, morria de medo daquele palhaço, a ponto de minha mãe ter que retira-lo e vira-lo para a parede. Depois foi vendido. Pela minha memória aquele quadro era muito bem pintado e tinha mesmo algo de assustador.

Acho que por hoje é só.


quinta-feira, 17 de julho de 2014

WANDER - HERÓI PORQUE SIM!

Queridos e queridas, estou melhor do que mereço, sei disso. Moro bem, faço mais de três refeições ao dia, tenho acesso a informação, trabalho duro, minha família me ama e estão travando suas batalhas, o que significa que estão aptos a combater o bom combate, há na vida deles, apesar dos percalços, saúde e oportunidades, conseguem ser luz em meio as trevas, e isto me enche de orgulho. Conquistei um público que embora seja reduzidíssimo se comparado aos outros bam-bam-bans das artes gráficas tupiniquins, é rico em discernimento e qualidade.  Eu cá dentro de mim não me sinto bem.
Perguntariam vocês: afinal, cara, cê tá bem ou não? Estou e não estou.
Não tenho ânimo para explicar agora. Na verdade nem deveria ter começado este post com essas palavras, elas saíram assim, meio sem querer, como um desabafo e se encontro coragem para falar é porque o público é invisível aos meus olhos, então, o constrangimento não me cala. Mas deixemos os queixumes para outra ocasião.

Quero discorrer sobre outra coisa.


O Luciano Félix é um dos grandes artistas que tive o privilégio de conhecer nestas terras quentes. Ele não só é um grande cara, do bem (tem muito artista talentoso que não é), mas também é dono de um traço sensacional. Senso de humor refinado (ele já colaborou com a revista MAD - não sei se ainda colabora) que revela nas suas "MISTIRAS" ( veja o blog do rapaz: http://www.mistiras.com.br/ ).

No final de 2011, num jantar de confraternização da PADA, o Luciano me pediu umas dicas de como publicar álbuns de quadrinhos pelas editoras mais renomadas, tipo, se haveria um caminho das pedras. Lamentei dizer a ele que não há. Não adianta conhecer o dono de uma editora, nem mesmo ser amigo pessoal de um editor (conheço e sou amigo de quase todos os editores que publicam hqs), não adianta ter um álbum muito bem escrito e maravilhosamente bem desenhado. Quem quer saber disto? Ter um nome forte no mercado ajudaria bastante, mas não muito.

A única via é continuar tentando, sem desistir, enviar o material aos editores e torcer para que caia nas graças de alguém e vejam potencial para fazer sucesso. Nem adiantaria uma recomendação minha, posto que até hoje sofro um bocado para publicar meus projetos, tanto que tenho alguns inéditos nas minhas pastas.

Dias depois daquele encontro ele me enviou um PDF de Wander - Herói Porque Sim.

Um material bastante profissional. Desenhado pelo Luciano e finalizado pelo seu compadre Téo Pinheiro (o Téo já fez uma fanart de Zé Gatão, lembram?).
Li e me diverti bastante.

Nos encontros subsequentes eu sempre perguntava se ele já havia enviado o projeto para alguma editora. Como era de se esperar, ele não conseguia espaço. Se você não se auto edita, seu trabalho fica na gaveta.

Agora ele procura financiamento via Catarse. Tenho certeza que ele vai conseguir pois o cara é fera, ele ainda vai obter o reconhecimento que merece. O link é este aqui:

http://www.catarse.me/pt/wander

Dê uma olhada lá, veja o vídeo legal que ele fez. Você só corre o risco de não resistir e querer apoiar pra por as mãos neste álbum bacana juntamente com os bônus prometidos.

Abaixo, uma versão do Batmorcego no meu lápis (não lembro se já postei esse desenho, acho que sim).


Se tudo der certo nos falamos semana que vem.
Beijos a todos.




terça-feira, 15 de julho de 2014

OS BRUZUNDANGAS ( 10 )


Bom dia.
Passagem meteórica por aqui, a correria tá grande esta semana, mas deixo com vocês uma arte nova, trata-se de mais uma imagem de um clássico do grande Lima Barreto.


Se for possível me sento até o fim da semana pra um papo mais longo, quem sabe? Até lá.


quinta-feira, 10 de julho de 2014

CADERNO DE EXERCÍCIOS 1 DESENHANDO ANATOMIA.



Amadas e amados, muito boa noite.
O dia hoje passou muito rápido. Dei um break nas artes do livro Helena para fazer meio de última hora uma ilustra pra participar de uma exposição na web cujo tema é palhaços (detalhes e arte brevemente aqui) e as horas passaram rápido. Intervalo para o almoço e finalização da obra. Scan. Envio. Uma saída rápida para a rua e quando volto é o tempo de sentar aqui e comentar brevemente sobre meu último trabalho impresso: trata-se do CADERNO DE EXERCÍCIOS referentes aos quatro livros publicados pela Criativo Editora. Ficou muito bonito. Esta editora capricha mesmo em seu material.


Elaborei todos os exercícios deste tomo e diria que está no nível hard. Bem, trata-se de anatomia, não é algo lá muito fácil de digerir. Quem adquiriu os quatro álbuns e os estudou detalhadamente agora pode por à prova se assimilou legal as minhas dicas.


Fiz essas fotos com meu celular, não estão lá muito boas mas dá pra ter uma noção de como ficou a capa interna.


Caso seja do interesse de alguém ele pode ser encontrado nestes links:
http://tinyurl.com/ComixEduardo


http://tinyurl.com/ArtcamargoEduardo


http://tinyurl.com/SCHLOESSER-SARAIVA


Por hoje é só.

Um bom fim de semana a todos.


segunda-feira, 7 de julho de 2014

OS BRUZUNDANGAS ( 09 )


Boa tarde a todos.
Mais uma imagem criada para o livro do Lima Barreto para começar a semana.


Não sou muito chegado nessa arte, se bem que eu não sou chegado em quase nenhum desenho que faço, alguns tem lá a suas qualidades, mas raramento fico cem por cento satisfeito com meus resultados, eles nunca saem como eu imaginava na mente, alguns até superam, é verdade, mas é algo tão raro que não conta. Faço sempre o melhor que posso, mas ao terminar uma ilustração...puff! podia ter ficado bem melhor! Tanto assim que no passado cheguei a fazer várias versões de um mesmo tema (há exemplos aqui no blog) pra ver se correspondiam ao que estava na minha cabeça. Hoje não posso me dar a este luxo, não tenho mais tempo; pra ser sincero, menos paciência que tempo. Faltam os dois na verdade e cheguei ao ponto de não me impostar tanto. Talvez porque a muito venho trabalhando em mais de dois projetos simultaneamente, daí se o objetivo foi atingido, não faz sentido tentar alcançar uma perfeição que nunca vou conseguir.
No caso do trabalho de hoje, creio que o equilíbrio e a composição compensam os traços pouco inspirados.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

VAN DAMME (UMA ARTE ANTIGA).


Mais uma vez procurando algo perdido no meio da minha bagunça encontro uma relíquia. Havia me esquecido totalmente deste trabalho. Trouxe-me recordações do passado. Dias duros em São Paulo. Uma guerra tinha sido perdida em Brasília, em Sampa uma nova busca pelo Eldorado das artes, a realização profissional, viver (e viver bem, porque não?) daquilo que se ama fazer. Nada muito diferente de hoje, pra falar a verdade, ontem eu acreditava num mercado promissor para artistas, ou pelo menos supunha que bastava ter garra e cavar, nem que fosse no muque, o seu espaço; hoje sei que não é bem assim, e não é só no Brasil, não. É bem verdade que aqui não há tradição para a arte fantástica que propicie um ilustrador se aventurar por mares bravios. Temos, claro, nossa cultura, lendas, elementos fantásticos, nossas histórias, nossos monstros míticos, cangaceiros e todas essas coisas legais para se trabalhar em pinturas e quadrinhos. Monteiro Lobato, Guimarães Rosa não me deixam mentir. Mas na real é que o reconhecimento, o sucesso para um pintor ou quadrinista não é fácil nem lá fora, onde isto é mais valorizado. A sorte caminhando ao lado do talento, um pouco mais de dinheiro e uma dose de cara de pau, acho, compõem o tempero para a realização dos sonhos. Hoje eu diria que minhas pinceladas e traços estão mais soltos, tenho menos tempo e nem penso mais em publicar minhas hqs, o que vier é lucro, isto me diferencia, e muito, do Eduardo da época da realização desta pintura.


O Ano era de 1993, eu já retornara para a cidade natal havia dois anos. Batendo em muitas portas, editoras e mais editoras, trabalhando a preços baixos (outra coisa que não mudou). Neste período eu fazia muitas pinturas deste tipo para Revistas-Poster. Astros de filmes de ação e do rock.

Para este Van Damme o editor pediu urgência. Como eu não tinha grana pra comprar tela, fiz a pintura numa enorme folha de papel canson. Óleo sobre papel para mim é um troço complicado, a tinta não adere direito sobre a superfície, nunca soube se era necessário aplicar alguma coisa antes, mas eu me virava. Passei um dia e uma noite inteira para acabar no prazo. Arte entregue, pagamento recebido.
Foi publicada e eu nem fiquei sabendo, até que vi exposta numa banca do centrão. Notei que na impressão os tons de amarelos se sobressaíram. Comprei. A única cópia que tenho e que vi até hoje. Mandei para meu irmão em Brasília. Anos depois ela voltou para minhas mãos, nem me lembro mais em que circunstâncias e ficou no limbo até o momento em que achei no meio de outras artes que tinham se apagado das minhas lembranças. É um poster de grandes dimensões, foi fotografada com meu celular.

A arte original foi-me devolvida uns anos depois de sua publicação e presenteada à filha de um dono de uma livraria em São Paulo, a garota era fã doente pelo Jean-Claude. Na verdade o pai deu de presente à filha, eu apenas devia um favor.
Pode ser que esteja emoldurada e pendurada numa parede. Pode ser que esteja pegando poeira, esquecida em algum canto, ou amassada e embolorada entre papeis velhos, ou ainda, destruída como várias outras artes dos meus primórdios, quem pode dizer?
Mas ainda bem que ficou esta cópia, só assim eu posso dividir com vocês mais esta lembrança dos dias em que era jovem e andava meio perdido, mas tinha muito gás para produzir. Hoje? Hoje não sei como definir minha produção, sinceramente.

Nos encontramos de novo semana que vem? Então até lá, se Deus quiser.

A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE COMENTADO PELO ESCRITOR E POETA BARATA CICHETTO

 O livro que tive o prazer de trabalhar ao lado do ficcionista Rubens Francisco Lucchetti intitulado A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE, ...