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sexta-feira, 29 de abril de 2011

O QUE ACABEI DE LER.

  
Boa noite pessoal.
Acreditam que faltou energia elétrica de novo? E desta vez foi desde as duas da tarde. Perdi todo o dia de trabalho. Sabem, nestes últimos tempos cada minuto conta. A luz voltou agora pouco.
Passo aqui pra dar um alô e recomeço o que tinha parado para o almoço, ou seja, as ilustrações de "O Juiz De Paz Na Roça", livro do Martins Pena.
Acabei de ler "DC : A Nova Fronteira", e RECOMENDO, é uma leitura leve, bem escrita, com um desenho cativante, mas que requer alguma atenção, principalmente se você não está acostumado com a mitologia da DC Comics. Darwyn Cooke é de fato um quadrinista muito talentoso. Neste número dois, alguns pontos obscuros são melhores explanados. Os fatos reais mesclados aos fictícios ganham bastante verosimilhanças.
Quero aqui agradecer ao Franco de Rosa pela recomendação e pelo presente.
A vocês todos um excelente weekend.
Na semana que vem, tenciono dedicar as postagens à algumas bundas e um pouco de nostalgia.
Até segunda, querendo Deus.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

CARICATURAS ANTIGAS.


 Um dos melhores textos que escrevi para um curso, infelizmente não foi publicado. Nem sei direito porquê, falta de espaço talvez? Ele deveria constar em um dos volumes do "Método Dinâmico de Desenho e Pintura" da Escala, um que tratava das caricaturas. Nem possuo mais o original manuscrito, enviei pelo correio com algumas artes que não voltaram para minhas mãos. Bem, naquelas referidas linhas, eu contava sobre um período da minha vida em que tentei ser caricaturista. Na verdade nunca fui muito bom nisto. Vejo que existem caricaturas e caricaturas. Explico: Tem monstros sagrados como o Loredano, que a partir de linhas, digamos caóticas, numa distorção grotesca, conseguem retratar tais e tais personagens de maneira muito clara. Se vocês não conhecem o trabalho dele, não percam tempo comigo e corram no Google para sacar a que me refiro. Um cara como este é impossível copiar o estilo sem cair no ridículo. Aí temos caras como Chico e Paulo Caruzo, dois grandes mestres na área, mas que vão por uma linha bem diferente. Não há ali, exageros monumentais, apenas a deformação básica das partes peculiares dos "homenageados".


Ao observar as caricaturas do século XIX, noto que a maioria dos artistas faziam um retrato quase fidedigno da pessoa e colocava num corpo pequeno, o grande Ângelo Agostini seria um exemplo.
Mas para se sair bem nesta deliciosa parte das artes gráficas, o segredo como vocês já devem saber, é exagerar aquilo que a pessoa tem de mais característico, aumentando ou diminuindo. Só isto? Não, claro que não. Há que ter o "feeling", o estilo próprio. E isto como em tudo, só o treino, a observação arguta e os estudos sobre o tema.
A prática faz toda a diferença. Quando trabalhei no SENAC de Brasília, para defender um extra, eu fazia a caricatura de deteminada pessoa de um setor (alguns se divertiam da maneira como eu as via, outras nem tanto), e jogava um verde: Gostou? Custa "X". Alguns pagavam, outros não. Era um valor simbólico, mas o que eu ganhava na semana dava pra passear com a namorada no sábado e domingo. O fato é que com o tempo fui ficando melhor na coisa, ao ponto de criar rápido e de forma natural. Mas como eu disse, esta nunca foi a minha praia. Nunca fiquei confortável com desenhos de humor, aliás com o humor de um modo geral.


Numa época da minha vida eu quis trabalhar no Correio Brasiliense como chargista. Havia lá o Cássio, artista muito conhecido da Capital Federal. Tinha alguns amigos que eram íntimos dele, mas nunca nos cruzamos, cheguei a fazer algumas charges, tiras e caricaturas. Mas por me achar muito verde para a função, nunca tive coragem de levar à redação do jornal para a apreciação de alguém. Não sei por onde anda este material, deve ter se perdido em alguma mudança, o que sobreviveu do período foram os desenhos que vocês conferem hoje. Figuras políticas bem populares daqueles tempos, como Jânio Quadros, Mailson da Nóbrega, Delfin Neto, Ulisses Guimarães.... bem, Sarney e Lula estão aí até hoje.
Estes rabiscos não são lá grande coisa, mas pra mim lembram vivídamente uma época.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

UMA LEMBRANÇA QUASE ESQUECIDA.

Eu devia ter quatro ou cinco anos, talvez até seis, realmente a idade exata não dá para lembrar, mas neste período complicado na vida dos meus pais eu passei com minha saudosa avó materna. Ela era uma mulher de pavio curto, de veneta, de humor oscilante.  Se eu espirrasse num momento em que ela achava não era para pra espirrar, lá vinham sopapos, beliscões e puxões de orelha. Foi uma infancia dificil e infeliz. Mas não por causa das sovas sem motivos, mas por uma sensação onipresente de desproteção.
Lembro de forma vaga de um episódio ocorrido naqueles idos de 60. Minha avó tinha um coração muito grande, já comentei aqui que ela ia aos velórios prestar condolências a pessoas que ela nem conhecia, talvez fosse assim uma forma de se fazer notada, de ter importância para aqueles individuos. Morávamos em Guarulhos, num lugar que chamavam de Taboão (acho que era isso). Certa tarde, uma vizinha nossa, estava prestes a dar a luz, minha avó acudiu. Não sei dizer se a tal moça, não tinha ninguem por ela, mas a realidade era que minha avó esteve ao lado dela naquele momento crucial. Como não havia com que me deixar, acompanhei as mulheres naquela odisséia. Primeiro fomos de charrete até não sei onde (um posto de saúde ou hospital talvez?) e de lá para uma ambulância. No veículo (e isto eu me lembro bem), haviam dois leitos, de um lado a grávida, do outro um cara de farda militar com um dos pés (ainda com a bota) torto e totalmente esmagado. Foi uma visão estranha, o couro do coturno lacerado com muito sangue pingando. Aqui as lembranças ficam mais difusas, mas creio que chegamos ao hospital onde a parturiente ficaria internada. Recordo de um certo temor por todas aquelas luzes da cidade grande. Eu nunca havia estado num lugar com tantos neons multicoloridos. Um mundo novo e assustador. Devia ser o centrão de São Paulo. Ficamos horas a espera de um ônibus. Até hoje ignoro como regressamos para casa pois minha avó era analfabeta de pai e mãe.
Chegamos era madrugada alta. Realmente a misericórdia de Deus na minha vida é infinita.
Me lembrei disto hoje nem sei porque e me senti compelido a registrar aqui, antes que eu venha a me esquecer de novo e quem sabe permanentemente. Foi a minha infancia, não há como nega-la.
Na boa, não há qualquer tipo de mágoa ou ressentimento pela ausência dos meus pais neste período, sei que eles estavam batalhando para que tivéssemos nosso lugar, isto aconteceu um tempo mais tarde.
A arte de hoje é mais uma ilustração a bico de pena para o livro Quincas Borba. Gosto do tom dado a estas imagens. Como já disse em vezes anteriores, muito do que faço, é a forma como sinto a cena. Olhando para estes traços, eu me pergunto o que fatos como o que eu relatei acima influenciaram minha arte.

terça-feira, 26 de abril de 2011

DAS ANTIGAS.

Ao voltar para São Paulo em 92, eu desenhava compulsivamente.
De tudo.
Principalmente corpos humanos.
Femininos preferencialmente.
Eram mulheres idealizadas.
Não exatamente garotas com quem sonhava ficar, na verdade não me preocupava com isto. Viver daquilo que era a única coisa que sabia fazer, preenchia todos os meus pensamentos. Embora me sentisse extremamente solitário naqueles dias, não havia espaço para romance. Enquanto meu lugar ao sol não despontava no horizonte, com algum tempo que dispunha, eu tratava de aperfeiçoar os tais dotes artísticos.
Nunca segui uma regra. Nenhum método. Nada. Somente minha intuição. Lógico que tive noções de chiaro/escuro com um mestre no Rio de Janeiro (estou devendo um post sobre ele), e recebi dicas valiosissimas de feras no assunto, mas 90% do que sei ( ou penso que sei ) vem das minhas observações sobre os trabalhos de grandes autores (clássicos e contemporâneos) e da minha teimosia em conseguir os efeitos que traduzam o que vislumbro dentro da minha mente. E eu nunca consigo. A insatisfação é perene. Sempre acho que tal e tal detalhe poderia ter sido melhorado. Com o tempo passei a não julgar mais o meu trabalho, e nem me preocupar com o que os outros vão achar dele. Há os simpáticos que dirão que isto é positivo, pois evita a estagnação, mas não sei. Ainda persigo aquela obra, aquela HQ, o fruto dos meus esforços que eu possa olhar depois de um tempo sem me sentir contrangido. Acho que isto tem tudo a ver com o fato d´eu evitar os espelhos.
A mulher retratada nesta ilustração não era exatamente como eu a via, mas me atrevo dizer que era como eu a sentia. Ou antes, como gostaria que ela fosse. Como já disse, se ficou um bom trabalho ou não, que os outros julguem. Minha preocupação no momento em que riscava no papel, era de estampar no espaço em branco, não o que via com os olhos, mas o que eu sentia com a minha alma. Foi assim com quase todos os desenhos que fiz durante esta fase, as primeiras postagens deste blog estão cheios destes exemplos. Mesmo hoje, quando meus serviços são requisitados, eu tento não me deixar levar pelo racionalismo, mas permitir que a fantasia ocupe o espaço. Por isto que em trabalhos que requerem pesquisa histórica, como Edgar Allan Poe, eu sigo mais a intuição que a lógica. Retrato a coisa não exatamente como ela foi ( porque não há como saber com certeza ), mas como acho que deveria ter sido. Assim deixo na obra a minha marca, o meu pensamento, a minha alma.

                           

segunda-feira, 25 de abril de 2011

SENHORA ( A CAPA )


 O post de hoje é minha homenagem às mulheres. Este ser maravilhoso, belo, enigmático, complicado e irresistível! E ainda tem aqueles que não gostam, vai entender.
Senhora é um dos romances mais populares de José de Alencar. Eu o li faz muito tempo; era um jovenzinho tolo ( na verdade ainda sou, quero dizer, tolo, não jovenzinho) que sonhava com paixões quiméricas. Eu devia ter uns 20 anos, mas ecos do livro ficaram na minha cabeça.
Aurélia, moça muito bonita e pobre, torna-se rica após receber uma herança e decide "comprar" um marido. Foi com esta idéia na cachola que criei a capa do livro. Nada de detalhes fúteis.
Me inspirei numa obra de John Singer Sargent para pintar a protagonista e os dois quadros que preenchem os espaços foi uma leitura que fiz de pinturas brilhantemente executadas por mulheres. O da esquerda é um auto-retrato de Elisabeth-Louise Vigeé-Le Brun com sua filha.
Elisabeth foi filha de um pintor que a formou no ofício, brilhante retratista, foi coroada pintora oficial de Maria Antonieta em 1779.
No centro temos "A Dama de Azul" da virtuosa Camille Corot, que dispensa apresentações. Exemplos de damas que se sobressaíram num tempo em que as artes eram dominadas por homens.
Infelizmente o curto tempo para a execução desta aquarela não me permitiram vôos mais altos, mas acho que está valendo.  As ilustrações internas do livro virão depois.
Boa noite a todos.


quarta-feira, 20 de abril de 2011

FELIZ PÁSCOA A TODOS.

Damas e cavalheiros, boa tarde.
Passo aqui apenas para desejar a todos vocês uma excelente Páscoa.
Que o peixe esteja saboroso e o chocolate adoçe suas vidas.
Bom feriadão a todos, e se Deus permitir, nos encontramos de novo na segunda.
Até lá.

terça-feira, 19 de abril de 2011

O QUE ESTOU LENDO ( 01 )

Não leio um gibi de super-heróis faz muito tempo. Muito tempo mesmo! Principalmente os da DC Comics. Nada contra, mas eu prefiro a Marvel, nem sei dizer porquê. Acho que os heróis da Casa das Idéias são (se isto é realmente possível) mais humanos, pelo menos tem os conflitos mais humanos. Ou tinham. Repito, não leio heróis tem uma cara. Eu comprava uma ou outra Marvel Max quando havia um arco de histórias interessantes.
Na revistaria que frequento, me limito a folhear as edições que saem regularmente e o que noto é que os desenhos são sempre espetaculares, mas os enredos pecam, como a muito, pela mesmice. Claro, uma edição fechada do Batman (herói que aprecio bastante) quando a Panini soltava uma, eu corria atrás, e geralmente era uma boa diversão.


 Quando estive em São Paulo recentemente, recebi de presente do meu amigo e editor Franco de Rosa, uma edição especial da DC em duas partes chamada de "DC: A Nova Fronteira" e estou achando muito legal. Entretenimento garantido. Ainda não acabei de ler o primeiro volume, pô, com o tempo escasso que venho tendo, sou obrigado a ler as coisas picadas, em intervalos de trabalho, geralmente pra dar uma descansada  na mão e nas costas.  Por exemplo, estava lendo e curtindo muito um livro de terror inquietante que meu irmão me deu, chamado de "A Estrada da Noite", do John Hill, (pseudônimo do filho do Stephen King) mas interrompi, por achar que livro você não lê assim, uma fraze num dia e uma página daí a uma semana.


Voltando ao quadrinho, esta edição é escrita e desenhada pelo Darwyn Cooke, que com seu traço que remete muito à idade de prata dos comics, consegue imprimir aquela áurea típica da época em que a história se passa, ou seja, as décadas de 40, 50. Recontando de uma forma bastante peculiar o surgimento de alguns heróis e traçando todo o panorama do período, misturando fatos históricod e ficticios. Até aí nenhuma novidade, mas Cooke, não parece ter a pretenção de ser Allan Moore com seu Watchmen como tantos fizeram. Ah, as cores sóbrias são do Dave Stewart.


Como disse, não acabei de ler nem o primeiro volume pra falar bem da obra de forma enfática, mas fica claro que esta é uma HQ de heróis bem diferenciada das que costumam aparecer no cenário. 
Quando terminar toda a saga, voltaremos a este assunto, se Deus quiser.
Boa noite procêis.










segunda-feira, 18 de abril de 2011

EDGAR ALLAN POE ( 06 )

Boa noite pessoal.
Aqui está chovendo diariamente e está quente pacas. Grande combinação que faz os mosquitos se multiplicarem de maneira sempre espantosa.
Meu trabalho com as capas dos livros vai seguindo de vento em popa,  editores de São Paulo me devem grana, mas tudo indica que não receberei nada até o final do mês, o que compromete a tradição de comer peixe (que dizem estar mais barato que a carne, mas nem por isto mais acessível) na Semana Santa. Resultado: Nada de novo no front.
A saúde vai bem, apesar da minha tendinite dar mostras ocasionais de que vai voltar com força total a qualquer momento (eu sempre esqueço de deixar a mão mergulhada em água gelada após uma intensa atividade).  Mas estas coisas não me incomodam tanto quanto trabalhos para os quais eu estava com o maior gáz, estarem parados por falta de tempo para continua-los. Principalmente quando a publicação é garantida, como é o caso da biografia do Edgar Allan Poe. Preciso tocar este projeto assim que tiver uma folga.
Fiquemos com mais uma página para não nos esquecermos dela. Ela há de ser concluida um dia.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

COISAS QUE DETESTO.


Gatinhas e gatões, muito boa noite.
Estou chegando e já estou saindo. Tempo, o tal tempo, sabemos que ele nunca espera por nada nem ninguém.
Na verdade nem planejei um assunto para comentar, nem desenho para postar. Só posso dizer que acabei mais uma capa de livro e já começo os esboços da próxima. Enquanto elas não ficam prontas rápido (a qualidade não pode cair), eu não recebo logo e o último pagamento que embolsei já está acabando. Provavelmente não teremos ovo de páscoa este ano. Paciência.
Só pra encher linguiça, antes de me despedir, me veio uma idéia.  Um desafio a mim mesmo. Listar algumas coisas que detesto, assim de sopetão. Tem coisas que não gostamos, outras que detestamos. Não irei pelo lado fácil de dizer que detesto falsidade, mentira e essas bobagens. Vamulá:

- Detesto gente desconhecida caminhando a três passos atrás de mim numa rua vazia (nessas horas, finjo que vou amarrar os sapatos e deixo a pessoa passar adiante).

-Detesto barata (preciso fazer um post sobre esses insetos).

-Detesto pessoas olhando diretamente pra mim (ou para minhas mãos) enquanto como.

-Detesto que me apressem quando estou no banheiro fazendo meu "serviço".

-Detesto que fiquem me cutucando quando falam comigo.

-Detesto pimentão.

-Detesto sapatos apertados.

-Detesto aperto de mão frouxo.

-Detesto pessoas desconhecidas prestando atenção quando você esta´conversando com alguém (num coletivo por exemplo) e ainda olha diretamente na sua direção (pô, sejam discretos pelo menos!).

-Detesto o compromisso de acordar cedo (geralmente acordo cedo, só não suporto saber que PRECISO acordar cedo). Coisa de doido, né não?

-Detesto parasitas.

Bem, chega, né?
Fica aí uns esboços para um material infantil que nunca foi usado.
Bom final de semana pra todos.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

DOIDO EM TODA A PARTE.

Um louco entrou num colégio em Realengo e provocou uma chacina.
Realengo.
Morei lá perto no período em que residi no Rio. Fato terrível. Não vou comentar o caso. Os "especialistas" cuidam do assunto. É um tema delicado e qualquer pessoa que se manifestar a respeito, nos dias de hoje, se não estiver alinhado com a maioria, pode ser vilipendiado em praça pública.
Com certeza aqueles que são a favor do desarmamento usarão fartamente esta tragédia em suas campanhas. A coisa já começou inclusive. Querem realmente que estejamos mais ainda a mercê da bandidagem. Infelizmente a revisão do Código Penal, prisão perpétua para crimes hediondos, aparato adequado e salário digno para a policia nunca são alvos de debates sérios. Pena. A coisa só vai piorar.
Tem maluco em toda a parte, já fiz um post comentando isto, lembram? De vez em quando me esbarro com um.
No início dos anos 90, certa noite fui até a Livraria Muito Prazer que ficava ali no centro velho de São Paulo. Havia lá nesta ocasião um cara sentado lendo um álbum encadernado (importado) do Watchmen - isto muito antes desta obra ter tal relevância . Conversei um pouco com o proprietário e não lembro mais porquê, aquele indivíduo se chegou e entrou no assunto. O cara era um fanático pela obra do Alan Moore e Dave Gibons. Estava lendo o gibi pela enésima vez, aquele item importado ele havia comprado, e estava pagando em prestações, ou seja, dava um tiquinho num dia, outro tiquinho noutra semana, e assim ia. O dono da loja me falou que aquele cara não era certo da cabeça, e só iria permitir que levasse o livro quando pagasse o último vintém. Numa outra noite voltei lá e o tal cara sentado num banquinho, lendo mais um pouco da sua quase propriedade. O capítulo em questão era aquele em que o Doutor Manhathan constrói um castelo em Marte. O figura me perguntou se eu gostava de Watchmen, respondi que sim, mas das obras do Alan Moore aquela não era a minha preferida, eu gostava mais do Monstro do Pântano. Aí o camarada veio com papo metafísico que o Manhathan era o arquétipo de Deus e outras teorias tais. Ou seja, o cara gostava de procurar pelo em ovo e levava isto a sério. Em seguida me indagou se eu conhecia Nietzsche. Sim, conheço. Já leu alguma coisa dele?  Já li "Assim Falou Zaratustra". Gostou? Não, respondi.
Neste momento o proprietário disse que ia fechar a loja. Me despedi deles e me encaminhei para a saída. O carinha devolveu seu quase livro e correu atrás de mim na rua. Queria saber porque eu não gostava do filósofo alemão. Não me recordo exatamente o que falei na ocasião, mas  foi algo do tipo, que a filosofia anti-cristã de Nietzsche era enojante. E não foi a toa que este papo furado sobre super-homem foi usado como propaganda nazista. O cara me olhou com uma expressão de ódio e disse que eu não sabia o que estava falando. Eu afirmei que sabia sim, disse que também não gostava de Sartre. Ainda com aqueles olhinhos cheio de rancor, ele retrucou que fazia parte de um grupo que estudava a fundo a obra do bigodudo e que eu deveria conhecer melhor, abriria a minha visão, e que isto salvaria a minha vida. Vendo que aquilo poderia não acabar bem, me despedi e virei as costas, o cara me segurou pela manga do casaco.
Hei me solta ô cara!
D-desculpe, olhe, onde é a sua casa? Po-podemos ir até lá, aí conversamos melhor, eu te convenço porque Nietzsche é tão importante, aí você será uma outra pessoa!
Dei uma desculpa qualquer e me desvencilhei daquele maluco antes de quebrar a cara dele.
Sei lá, o rapaz, podia ser  incoveniente mas inofensivo. Ou não. A mim pareceu que a qualquer momento ele poderia aloprar e fazer alguma merda.
Não apareci mais na Muito prazer à noite. Soube depois que o cara terminou de pagar o livro e nunca mais voltou.
Só sei que diante destas coisas todas, pela fé, eu me agarro às palavras descritas no Livro Sagrado: "Se Deus não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela".
Após um papo sinistro como este, relaxemos um pouco com este desenho que fiz (acho) a uns dois anos.
Au revoir.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

QUINCAS BORBA ( 05 )


 Há dias muito promissores para o trabalho, outros nem tanto. Hoje, apesar de não haver dormido as horas necessárias, foi uma manhã bastante produtiva. Estou acabando a pintura da capa do romance "MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS"; eu imaginei uma coisa, os esboços apontavam uma direção, e noto agora que as tintas tomaram um rumo diverso, como se tivessem vontade própria. Não sei dizer se isto é bom ou mau, eu diria que não é positivo. Afinal a imagem que crio na minha mente tem que sair o mais fiel possível na prancha. Não quer dizer que ela esteja ruim (apesar que quase nunca fico satisfeito com o resultado das minhas empreitadas) mas acho desconfortável não ter controle sobre um trabalho. Já me aconteceu antes, mas em outros tempos eu recomeçava a tarefa até ela ficar do meu agrado. Agora mais do que nunca, tempo é dinheiro.  A Verônica tem sido um bom termômetro, se ela gosta, então significa que o destino é certo, embora não pelas vias que eu tinha imaginado.

Após o almoço uma fadiga mortal me acometeu. Não, não é sintoma de doença não, embora pareça. É como se o corpo cobrasse um descanço negado por muito tempo, ou melhor, o corpo cobrando a fatura de alguns excessos do passado. Nos meus tempos de musculação séria, cheguei a fazer várias séries gigantes de supino com 120 quilos de peso. Nunca gostei de treinos ortodoxos, então submeti o corpo a esforços para obter ganhos musculares sem o uso de esteróides. A longo prazo dá resultados certeiros, mas também há risco de lesões. E eu tive várias. Aquelas sessões de treino deixavam as articulações extremamente sensíveis. Hoje tenho um cisto cinovial no pulso e uma lesão no ombro, que de tempos em tempos vem dar um alô, ambos do lado esquerdo felizmente, afinal sou destro.
Meus esforços com desenho também já me renderam tendinites no passado, os anos de 2003 e 2004, quando executava o álbum inédito "Phobos e Deimos", foram os mais difíceis.
Apesar da cabeça pesada a tal capa seguiu sendo executada. Amanhã, se Deus quiser, deverá estar pronta.
Pra ser sincero a postagem de hoje era pra ter outro tema, eu queria comentar sobre loucos homicidas e a nova campanha de desarmamento, mas fica pra manhã, quem sabe.
Hoje temos mais uma ilustração de Quincas Borba.
Fiquem bem.

terça-feira, 12 de abril de 2011

VELHA COMPANHEIRA.

Hoje pela manhã notei algumas formiguinhas caminhando pela minha prancheta. Na verdade ela anda precisando de uma faxina. Pedi a Verônica que deixasse a limpeza do estúdio por minha conta (afinal só eu entendo minha bagunça), e tenho negligenciado.
Ela é uma prancheta pequenininha, uma fiel ajudante de muitos anos, presente do meu amigo Ricardo Bermudez, e ela serviu a ele por muito tempo também. É gozado como nos apegamos a estas coisas mesmo elas sendo inanimadas. A primeira mesa que tive, eu comprei lá pelos idos de 80. Não fiquei muito tempo com ela. Eu era mais volúvel na juventude, assim que peguei uma grana com meus desenhos, eu comprei uma prancheta enorme com pernas de metal e mobilidade hidráulica. Eu era assim, tinha grana? Então era pra adquirir o que fosse de melhor. Lembro que foi nesta época que comprei alguns materiais que tenho até hoje, como um estojo de lápis de cor aquarelado CaranD´ache (acho que escrevi errado mas dane-se) de 36 cores. Tenho ele até hoje, a cor preta é só um toquinho. Os estojos de aquarela algumas cores ainda sobrevivem.
Minha grande prancheta era como essas mulheres opulentas, fiéis, guerreiras, testemunhou um sem número de artes, estava sempre atulhada de pincéis, tintas, lápis, papel de todo tipo, canetas, livros e gibis.
Ela só tinha um problema, eu machucava meu joelho no suporte de sustentação quase todas as vezes que ia sair dela, geralmente pela direita. Estou quase convencido de que ela gostava da minha companhia e aquela pancada era uma forma de demonstrar seu descontentamento com minha ausência.
quando nos mudamos pra São Paulo, claro que ela foi comigo. Nela, fiz quase tudo sobre Zé Gatão. Ela só não acompanhou o último álbum.
Enfim chegou o dia de retornar a Brasíla. Como iríamos morar numa quitinete, não haveria espaço para a minha amiga. Realmente, não havia necessidade de algo tão grande. Não queria vende-la, queria que fosse para as mãos de outro artista, então ofereci ao Lourenço Mutarelli, ele disse que não podia ficar com ela.
No final das contas, como ela ainda estava firme e forte, troquei-a por materiais de desenho numa casa especializada na Rua Rêgo Freitas, os donos do local já morreram, inclusuive.
Em Brasília, numa pensão na W-3 Sul, trabalhei numa mesinha, tipo essas de escritório, até que o Sr. Bermudez, me presenteou com sua pequena escudeira, que me acompanha até hoje.
Me sinto um pouco nostálgico com este texto (acredito que ele prescinda de imagem, por isto hoje não há desenho), creio que aqueles que vivem do mesmo ofício que eu, sentados todos os dias, com suas artes apoiadas na mesma e velha prancheta por anos, entenderão.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

SAPOS AMASSADOS.

Ladys and gentlemen, buenas noches.
O título da postagem hoje era pra ser PASTEL DE SAPO, mas o que acabei adotando depois, creio, cai melhor. Explico já, já.
As chuvas por aqui começaram, isto quer dizer que o calor diminuiu. Bom? Sem dúvida, mas as chuvas trazem também certos inconvenientes, umidade (que altera os papéis que uso para aquarela e grudam as páginas dos meus book arts, papel couchê cês sabem como é, né?), mosquitos e alagamentos em determinados trechos - e nem precisa chover torrencialmente como em alguns lugares. Mas relaxem, não vou começar a reclamar da chuva não. No momento estou preferindo assim, quando encher o saco vocês saberão.
Este período tráz também um outro elemento pitoresco:
Os sapos.
Sim, amadas e amados, em dias de chuva, estes simpáticos bichos horrendos que, dependendo do tamanho impõem horror ao mais valente dos homens (eu, claro, me incluo), dão as suas caras horripilantes - sempre às noites - nas ruas do bairro.
Mesclado ao gostoso barulho de chuva (gostoso quando se está em casa, lógico), ouvimos aquele coral de anuros, em lugares indefinidos.
Tempos atrás, um sapo de grandes proporções (sei lá, acho que pesava mais de um quilo), resolveu fazer morada no jardim aqui do prédio. Se a função dele era comer insetos não estava fazendo um bom serviço, mas se era pular na sua frente quando se estava distraído, provocando gritos de susto, ah, então ele deveria ser promovido a gerente. Todo mundo aqui do condomínio tinha um comentário a respeito pra fazer. Eu mesmo, quando chegava à noite, dava uma boa espiada em volta, tentando localiza-lo entre os vasos de plantas, ou na relva, pra não ser pego de surpresa. Chato mesmo era quando ele ficava bem no meio do caminho. Eu tinha que passar por ele com cuidado, e ele nem aí, nem se movia. É um bicho inofensivo, útil, até, mas feio demais coitado.
Depois de um tempo, sentimos falta dele.
Sumiu.
Presumi que ele tivesse sido atropelado.
Sim, é bastante comum durante o dia ver nas ruas os cadáveres (de diversos tamanhos) esmagados desses animais. Já observei várias vezes, eles ficam estáticos no meio da rua, nem se dão conta quando o carro passa em alta velocidade.
Dia destes, na rua onde um gavião me atacou certa vez (os que me acompanham desde o pricípio vão se lembar desta postagem), vi uma cena pra lá de desagradável. Um sapão (maior que o nosso inquilino) morto com as tripas todas de fora. Saíam pela bocarra. Deve ter sido assim, o carro o pegou, mas passou apenas em metade do seu corpo. Como resultado, as entranhas foram comprimidas para fora. Blagh!!!
Se eu tivesse planejado esta postagem, teria feito um sapo pra ilustrar, mas.... pensando bem, não teria dado tempo. As capas dos livros tão dando um puta trabalho. Ficamos então com a figura desta mulher, feita com lápis de cor aquarelado. Saiu numa revista, nem lembro mais qual. 

Nas HQs do Zé Gatão muitas vezes os sapos são retratados como bichos pouco confiáveis, mas não tenho nada contra eles não. Basta que fiquem lá, na rua. Mas deviam tomar mais cuidado com os carros, pô.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

MAIS UMA NOITE DIFÍCIL.


Os dias não tem sido nada fáceis (mas isto não é novidade pra ninguém), eles tem sido complicados desde o dia em que o primeiro homem desobedeceu a uma ordem direta do seu Criador, de lá pra cá, lógico, a coisa só complicou. As noites então nem se fale. A minha última foi assim: Um bonito pé d´agua encharcou o bairro em questão de minutos no final da tarde de ontem, não foi o suficiente pra alagar, mas causou uma série de transtornos, um deles foi a falta de energia elétrica. Então ficamos assim, divididos entre o calor, as picadas dos insetos e a raiva por pagar taxas extras na conta de luz e constatar que os reparos demoram uma eternidade. A tal energia só reapareceu as 3:30 da madrugada. Ok, sei que não foi a primeira e nem será a última vez, então nem adiantar ficar resmungando.
Os desenhos de hoje, foram mais destas tentativas de relaxar.
Meu, definitivamente não levo jeito pro humor.
Bom final de semana a todos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

BATIDA DE COCO.

Tá chegando aí um filme do deus do trovão. A Marvel até agora não fez feio, só achei que o H d F 2 inferior ao primeiro. Acho que focaram muito no Downey Jr.  Tá certo, o cara rouba todas as cenas, mas acho que um personagem como Homem-de-Ferro permite cenas de ação mais consistentes. Outra coisa, um ator como Mickey Rourke, tem que ser melhor aproveitado. Mas diverte.
O segundo Hulk (gosto daquele do Ang Lee), só pecou por aquelas cenas iniciais no Brasil. Hilário. Mas a ação tava na medida.
Agora chega o Thor. Estou confiante que será um filme legal. Tomara. Levo mais fé no Capitão América, se focarem nos dramas pessoais do sentinela da liberdade. Afinal, imaginem a insegurança e responsabilidade de um jovem órfão em pleno conflito mundial, no corpo de um super-homem, tendo como inimigo um vilão do naipe do Caveira Vermelha. Como administrar isto? Agora, se ficar no terreno das piadinhas infames....sei não. É aguardar para ver.
Lia as aventuras do Thor, quando eram escritas pelo Stan Lee e desenhadas por Jack "the king" Kirby. Era legal, mas nunca me convenceu muito. Um deus banido para a Terra, e do nada vira um médico aleijado? Aí bate com a bengala no chão e vira um deus da mitologia celta com visual anos 70? Bem...
Parece que teve uma fase muito boa com Walt Simonson nos anos 80, virou até sapo e tal, essa eu perdi mas tenho curiosidade. Comentamos mais aqui quando o filme estrear, se Deus quiser.
Sei que o Thor em Asgard é chegado numa manguaça com aqueles "broder" dele, então me deu vontade de fazer este desenho, direto na caneta, sem borracha, só pra desopilar.
Yeah, a gente segue se falando.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

MAIS UM GIGANTE.

Idéias na cabeça até que não me faltam. Falta tempo. Careço daquela paz de espírito que me permitia, apesar de todo o caos que sempre foi a minha existência, sentar e dar vida às criações. Hoje as responsabilidades aumentaram e com elas a compressão pra não deixar a peteca cair. É como se em alguma esquina da vida eu tivesse perdido o pique, aquele "algo" que não sei traduzir em palavras, mas que parecia uma força motriz que me ajudava a dar corpo ao loucos quadrinhos que turbilhonavam na minha mente, eram páginas e mais páginas que ganhavam vida apesar da pressão cotidiana. Foi assim que as 400 pranchas de "Zé Gatão-Memento Mori" foram geradas, e também várias histórias curtas entre uma folha e outra.
Hoje, cadê a energia física e mental para fazer numa tarde, um óleo sobre um pedaço de eucatex, como a desta guerreira segurando a cabeça de um gigante?
Eu poderia me repetir e dizer que é a idade, mas embora os anos contribuam, não creio ser o motivo principal. Por um tempo eu atribuí a mágoa e decepção, por bater em tantas portas, vendos outros passarem por elas e eu ficando para trás, e assim teria secado uma fonte interna de desejos. Mas... não sei, as coisas agoram começam a acontecer, experimento um certo reconhecimento, e consigo manter a familia com meu modésto lápis. Ainda assim meus projetos pessoais continuam sepultados nos recônditos da alma.
Fico me dizendo que uma hora vou relaxar, vou estar com uma boa grana no banco e mandar às favas as artes encomendadas e voltar a experimentar em minhas telas, desenvolver os quadrinhos pirados que tantos disseram ser coisa de degenerado. Pode ser. Pode ser que não.
Não pensem que não valorizo o trabalho que faço para os outros, as aulas de desenho, os livros ilustrados, sou muito grato a Deus por me permitir viver do que gosto e sei fazer, mas sinto saudades daqueles rabiscos e pinceladas que me saem das entranhas. Mas como eu disse, não é só uma questão de tempo, mas de energia vital, que sinto, foi minada; e nem sei dizer quando isto começou. Enquanto não a revitalizo, continuo a caminhar na estrada, ela está um pouco tortuosa e esburacada, mas ainda consigo andar.
Uma tarde fria em São Paulo, uma idéia me surgiu, havia um pedaço de eucatex como que esperando por aquela ocasião, imediatamente peguei as tintas e em poucas horas lambuzei toda a superfície. Mas isto eu já havia falado, não?

 

terça-feira, 5 de abril de 2011

PAUSA PARA UM UISQUINHO.

Atualmente minha vida como ilustrador está as voltas com tintas, água e pincéis de pequeno e médio porte. Ao todo são nove livros clássicos nesta leva, e a editora me pediu o obséquio de fazer todas as capas primeiro. O lado bom é que adianto logo todo o serviço pesado, podendo me concentrar somente no bico de pena para as artes internas, o que não quer dizer que seja menos trabalhoso. O lado ruim é que normalmente eu tenho por hábito num trabalho deste tipo, deixar a capa por último, quando já estou bem familiarizado com a obra, podendo assim captar a alma da mesma e tentar transpo-la numa única cena que sintetize o que ela quer transmitir. Isto segundo meu dicernimento, é lógico. Como não é o caso agora, me vejo obrigado a passar apenas uma vista d´olhos na história para em seguida pintar aquela cena chave que (penso) ajude a vender a idéia. Felizmente a maioria destes livros me são bem familiares, então não fico como um burro olhando para o palácio. Menos mal.
Meus dias (de calor) tem sido assim, trancado o dia todo no estúdio entre leituras e pinceladas, com pausa para refeições. Estou negligenciando meus exercícios, não é a toa que minha barriga cresce na mesma proporção que meu dinheiro diminui. Quem trabalha com arte há de concordar comigo, ninguém aumenta o valor de uma ilustração. Mas as pessoas que te cobram juros pelo atraso de uma fatura não querem saber disto.
Bem, pra fugir um pouco da rotina, neste último fim de semana, cometi este desenho com o uso mínimo da borracha, só pra me divertir.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O CABELEIRA 01 ( A CAPA )


Boa noite a todos. Cá estamos de novo.
Como podem notar, a capa do livro "O Cabeleira" do Franklin Távora finalmente ficou pronta, já as ilustrações internas terão que esperar um pouco, pois ainda não recebi sinal verde da editora para começa-las.


 Meu grande problema com esta obra na verdade, foi a excelente adaptação em quadrinhos feita pelo Allan Alex, Leandro Assis e Hiroshi Maeda (inclusive já comentei sobre ela aqui no blog).  Eu não queria me influenciar pelo trabalho deles. Mas não deu pra fugir muito, isto porque pela descrição dos personagens no livro, eles são exatamente como foram concebidos na HQ.  José Gomes o Cabeleira, por exemplo é narrado como um individuo cuja natureza foi benevolente com ele, ou seja, era um cara de grandes proporções mas de feições suaves, quase infantis, e claro, bastos cabelos negros. Já os outros dois, Joaquim Gomes e Teodósio são relatados como mamelucos.


 Fiz uma pesquisa para ver como eram as roupas que que se usavam no Brasil Colonia no período de 1700 e tanto, e notei que eram muito semelhantes aos dos Bandeirantes. De resto realizei alguns esboços preliminares pra pegar "o jeito" (como podem notar nestes exemplos) e comecei a aquarela. Resolvi de última hora mudar o tipo físico do Joaquim, bigodão era algo muito comum naquela época, e embora tenha ficado parecido com um general da guerra civil norte-americana, penso que deu um destaque a uma figura que ficaria em segundo plano.
Isso é tudo por hoje. Querendo Deus, a gente se encontra amanhã novamente.







sexta-feira, 1 de abril de 2011

QUINCAS BORBA ( 03 )


 Já estamos na sexta feira. Já?!? A semana passou voando!
Coisa incrível esta impressão de que os dias hoje passam mais rápido que outrora. Existem explicações para isto mas confesso que estou com preguiça de me deter sobre este assunto, só sei que fiquei perplexo quando a algum tempo atrás, alguém na TV comentou sobre um ano de morte de Michael Jackson. Quê?!? Mas o cara não morreu a uns três meses? Pensei eu. E já caminhamos pra dois anos da morte dele, ou se bobear já passa dos três anos e nem me dei conta. O caso é que se não tomamos cuidado, preocupados demais com trabalho e responsabilidades, mergulhados na rotina, um dia vemos o quanto envelhecemos e deixamos de viver. Não namoramos mais a nossa cara metade, não dizemos mais "eu te amo", não paramos pra admirar o pôr do sol, esta maravilhosa obra de arte que Deus pinta todos os dias sem nunca repetir as pinceladas, não curtimos mais o burilar das gotas da chuva na janela (cara, como curto o som dos pingos de chuva na janela!); ok,  se estou sendo piegas, vamos ver de outra forma, acho que os que me seguem aqui, curtem ler HQs, então qual foi o dia que você sentou relaxado no parque perto da sua casa para ler ( ou reler) um bom quadrinho? O quê? Não tem um parque perto da sua casa? Bem, então quando você relaxou na sua poltrona pra ler um bom quadrinho e apreciou a arte com calma? Lembre-se, o artista gastou um bom tempo da vida dele desenhando aquilo pra que você apreciasse e até para você valorizar a grana que gastou no ítem. Aposto que faz um bom tempo. Eu sei como é isto. Gibis, livros eu só tenho lido nos coletivos ou consultórios médicos, geralmente leituras "picadas". Até música que gosto tanto, só escuto quando estou trabalhando. Quando me dou conta o CD acabou e eu nem senti.
Todas estas coisas e outras mais, que parecem de pequena importância, nos farão falta em dias amargos, e pode apostar, eles chegarão. É inevitável. As pessoas romantizam bastante a respeito da velhice, claro, é lindo comemorar bodas de ouro, receber netos em casa nos fins de semana, ouvir  os filhos dizerem, oh, papai como seus conselhos são sábios, como aprendi com você estes anos todos! Sim, quantos tem esta sorte? Na boa, ninguém liga pra um velho, e eles geralmente são inflexiveis mesmo, principalmente com os jovens, ah, no meu tempo era assim, no meu tempo não havia esta pouca vergonha, na minha época um homem era homem mesmo e tinha palavra e por aí vai. Mas o ponto não é este. Domine-se. Reflita. Se teu pai foi muito duro contigo (como o meu foi comigo) seja mais gentil com seus filhos, dicipline-os, com severidade se preciso for, mas que eles sintam o quanto você os ama, e não é uma figura a ser temida. Quebre esta maldita cadeia de uma vez.
Dialogue com seu cônjugue, as vezes o que está faltando é uma boa conversa, uma palvra romântica, um afago.
Coma bem, você não precisa se entupir de gorduras e açucares, mas não se prive daquele pedaço de pudim, daquela lasanha, ou de um refrigerante. A menos que sua saúde não permita é claro. Vivemos hoje sob uma ditadura de magreza, de silhueta esguia. Virão dias que você terá vontade de comer o que está afim sem culpa, e talvez não vá poder. Isto, é claro, não é desculpa pra se tornar um obeso mórbido. Nem 8 nem 80, certo?
Bem, eu ia falar sobre Quincas Borba, e sua a filosofia dos humanitas e da célebre frase, "AOS VENCEDORES AS BATATAS", da arte que ilustra o post e que toca no ponto da frase, mas acabei falando da passagem do tempo, e perdi a retórica, mas o que digo amados, é que agora que vou envelhecendo (e nem por isto mais sábio) é que antes, mais jovem, eu me constrangia de admitir certas fatos, como ouvir música romântica (alguns vão tachar de brega, mas brega pra mim é outra coisa) e deixava de aproveitar algo que me dava prazer, por temer o rótulo das pessoas ao meu redor. Não faço mais isto, esta semana ouvi com saudades  KOKORONO NIJI com os Incríveis e TORNERO com o I Santo California. Ponto. Simples assim.
Bom, falei demais e não sei se disse alguma coisa. Eu dando conselhos? Putz, tô velho mesmo. Mas já que cheguei até aqui, deixe-me desejar a todos um bom fim de semana e recomendar que vocês namorem bastante,  larguem um pouco a dieta e apreciem um bom churrasco. Na segunda vocês deixam o tempo voar de novo.

A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE COMENTADO PELO ESCRITOR E POETA BARATA CICHETTO

 O livro que tive o prazer de trabalhar ao lado do ficcionista Rubens Francisco Lucchetti intitulado A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE, ...